Para Todos Os Garotos Que Já Amei escrita por BTShiver


Capítulo 1
If The Infinity Comes Up... 8


Notas iniciais do capítulo

Primeira carta.
W.S.



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Maldito.

Eu poderia dizer, do jeito mais meloso possível, que me lembro da primeira vez que te vi. Mas não lembro. Sequer sei qual é a lembrança mais remota que tenho da sua existência.

Mas eu te conheci, e acho que esse foi o ponto de largada. Daí em diante, só ladeira abaixo.

Passamos meses como colegas, nos falando apenas quando necessário ou quando eu precisava de ajuda na maldita Matemática, matéria que, como você bem sabe, nunca me dei bem. Lembro que você era inteligente e “estudioso”, sempre levantando a mão e indo ao quadro nas aulas.

Mas, em algum momento no tempo em que nos conhecemos, você mudou. Não sei se foi porque começou a andar com pessoas novas ou simplesmente enjoou de mim, mas você mudou. Parou de vir falar comigo. De me chamar. Ou ajudar.

Descuidou-se nos estudos, de professor virou o cara que vinha me pedir as respostas, já que nem tentou resolver seja lá o que fosse. Simplesmente tacava o foda-se, afinal, a tola sempre te ajudaria, não?

É, isso está ficando uma merda. Alguém conhece um jeito de suicídio melhor do que o amor? Enjoei dele.

Se eu pudesse, graças a você, jogaria meu maldito coração atual pela janela e arranjaria um novo, dessa vez blindado desses sentimentos idiotas que repentinamente inventaram de se alojar nele.

Eu não me lembro de quando te conheci, mas recordo-me claramente do dia mais desesperador da minha vida: quando descobri que estava “gostando” de você.

Porquê não bastavam os quase quarenta graus de São Paulo, nem ter que passar O DIA INTEIRO na escola, eu tinha que entender que a sensação que eu sentia no estômago cada vez que me aproximava de você não era o resultado de alguma coisa estragada que eu deveria ter comido...

Claro que o fato de você ter ficado inteiramente lindo com os cabelos bagunçados e andando pra lá e pra cá com seus coleguinhas populares não ajudou em nada. Tipo, nem um pouco. E te ver provando aquela maldita fantasia de coelho rosa, uns três números menor que o seu corpo, foi incrivelmente hilário e fofo ao mesmo tempo.

Ver aquela maldita menina idiota tentando arrumar as suas orelhinhas também não ajudou em nada. Sério, por que você não a espantou e pediu a minha ajuda? Eu teria feito.

E depois, nos estandes de apresentação, quando você ficou ao meu lado, odiei quando o meu maldito coração começou a disparar como um louco. Ou quando as minhas mãos começaram a suar. E você saiu minutos depois, apenas pra falar com a minha melhor amiga e sumir por aí.

Mas te perdoei uns minutos depois, quando você me trouxe aquele brigadeiro.

Ainda não sei como não estranharam o meu comportamento, exigindo sempre a cadeira do canto, onde poderia ficar mais perto de você. Mas, claro, a maldita tinha de estragar a minha jogada e sentar no seu outro lado, monopolizando a atenção que deveria ser minha.

Já cansei de ficar pensando em coisas mais aleatórias que o normal, nunca deixando a mente esvaziar, simplesmente para que você não aparecesse mais nela. Mas não adiantou, claro, porque sua imagem e sua voz estavam sempre comigo. Seu maldito idiota!

Por que tinha de me conquistar? Logo eu, que sempre fui livre de qualquer tipo de sentimento, que nunca liguei pra nada ou ninguém? Oposto ao meu ser em cada célula, você me cativou pelo que é, mesmo que minha mente viva encontrando defeitos no seu jeito de agir.

Perdi a conta da quantidade de vezes que te chamei de idiota, e meu sangue gelou quando estava lendo um livro e o mocinho disse que “ninguém chama tanto uma pessoa de idiota se não tiver sentimentos por ela”.

Parei de usar essa palavra depois daquele livro.

Eu e minhas amigas temos até um codinome para você, seu maldito. Oito, já que é o número de um rei com o mesmo nome que o seu. Acho que falei demais, mas ninguém que te conhece lerá isso. E, de acordo com o Google, existem uns três ou quatro reis VIII por aí, então nosso segredo está seguro.

Agora, sentado tão perto de mim, sequer sabe que é o protagonista do que escrevo com a caneta vermelha no meu tão secreto caderninho. Acho que se você o arrancasse da minha mão nesse instante, eu morreria de vergonha. Mas você não presta atenção na nerd esquisita, então tudo certo.

Claro, teve aquela vez que estávamos conversando e eu, brilhantemente, fui tentar encontrar a minha marca de nascença, que fica na panturrilha – esqueci em qual perna a tenho – sobre uma legging apertada e acabei me atrapalhando toda. Você se virou para falar com seu amigo e não me encarou pelo resto do dia.

Vou parar de escrever essas asneiras agora, pois o professor cansou de esperar pelos alunos e começará a corrigir as atividades, que, como de praxe, você não fez.


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Notas finais do capítulo

COMENTEM!W.S.