P.D.V BELLA

Não tenho a mínima noção de quanto tempo chorei, de quanto tempo falei mal, de quanto tempo me odiei e canalizei toda essa raiva em mim.

Ligaram-me mais de cinco vezes, mas não atendi – deve ter sido Paul.

Minha mãe tentou entrar, mas tranquei a porta, o mesmo aconteceu com meu pai.

Não almocei nem nada. Não fazia sentido, não me entendia.

Estava na ponta do precipício, como se fosse cair. Eu tinha Paul, pelo menos era o que eu me convencia mentalmente.

Depois dessa briga de hoje, ele embaralhou tudo o que se passava em minha mente e no meu coração, eu estava numa Maré de duvidas e confusões.

- Bella sai daí – dizia minha mãe insistente. Mas eu nem respondia, ela que falasse sozinha, já não bastou ter atormentado toda a minha vida, quer me atormentar agora?

Nem sabia que horas eram, e nem me interessava. Mas se via de fora da janela o crepúsculo.

Este crepúsculo que marcará este momento, o Edward – as lembranças boas, as ruins também, mas acima de tudo as boas.

Ele estava me mudando, eu sentia – assim como o crepúsculo faz o sol se por e a lua indo substituí-la para que a noite não seja escura e sombria.

- Bella, sua amiga está aqui – disse minha mãe.

Quem será? Abri a porta e me deparo com uma baixinha que tanto amo, era a Alice.

- Posso falar com você? – disse Alice.

Eu a indiquei para que entrasse. Ela se sentou em minha cama e começou o falatório.

- Nossa, está com uma carinha horrível, chorando? – perguntou Alice, mas ela não deu tempo de que eu respondesse – sim, eu sei o que aconteceu, Edward me contou.

- Se sabe por que passou aqui?

- Ai Bells, estúpida em? Enfim, eu queria dizer para pensar em suas atitudes, eu sei de Paul, e bem, você tem que ter cuidado com o coração.

Lembrar-se de que ele prega peças na gente. Temos de pensar com racionalidade... – disse Alice, ela queria dizer mais ou era impressão? – eu te amo muito você sabe, fiquei chateada por saber que você não confiou em mim e não me contou sobre Paul, mas isso não vem ao caso no momento. O que vem é que você deve estar confusa por isso deve pensar duas vezes antes de dar qualquer passou a diante. Eu lhe entendo perfeitamente, acredite.

- Sim Alice, só isso? – disse grossa, estava chateada demais pra escutar sermão.

- Não Bells, eu queria te deixar esse papel, aqui está escrito um poema do Shakespeare; quando estiver em duvida leia, te ajudará, e quando você absorver todas as palavras no papel escritas, seu coração estará livre. Prometa-me que lerá? – disse Alice.

Quanto mistério! Não estou com cabeça pra ler, mas lerei depois, quem sabe.

- Alice, eu prometo depois ler, mas eu posso ficar sozinha? – disse quase chorando.

Ela em vez de sair me pegou de surpresa com um abraço – um abraço que eu tanto necessitava, e o aceitei – me sentia protegida em seus braços, ela era a melhor amiga que alguém poderia ter, e eu tinha a sorte de ter.

- Chora Bella, tire tudo de mágoa e dor de dentro do seu peito, lhe fará melhor, e pense que tudo passa. Até uva passa – disse Alice fazendo piadinha. Dei um riso involuntário – viu minha linda, tudo passa.

Ficamos quietas, Alice apenas me consolando e dizendo que não deveria ligar pro que o Edward falou.

A noite estava um inferno depois de Alice ir embora. Fiquei trancada no meu quarto apenas escutando o som da chuva e pensando como tudo seria diferente.

Se Edward queria me magoar conseguiu. Eu iria assumir o meu namoro... Não tenho mais nada a perder. Ou tenho?

Fui tomar um banho e coloquei meu pijama, não demorou muito estava na cama quase cochilando e pensando no que Alice tinha me dito, ela deixou o papel em cima da mesa do computador, queria ler, mas sabia que não era a hora certa, meu coração dizia que não era e eu iria escutá-lo.

Depois de ficar pensando na vida, peguei no sono.

Desta vez estava de novo na clareira, mas estava mais crescida, com a minha real idade.

Eu estava com um vestido preto, estava um dia ensolarado – eu andava tranquilamente apreciando as flores que dava um ar mais puro e mais belo a campina.

Eu andei e encontrei um homem de costas pra mim, ele era bonito de costas, tinha algo em sua mão, andei em sua direção...

Sentia meu estomago dar voltas e voltas. As borboletas a minha volta saíram voando o mais rápido possível, e começou a dar trovoada.

Algo me dizia que não deveria chegar perto daquele homem. Mas a curiosidade era maior que qualquer aviso.

Eu cheguei perto dele e ouvi uma risada maligna, era ele, era James. Ele era o meu maior pesadelo só que real.

Ele se virou e disse:

- Saudades minha pequena? – ele vinha em direção a minha, eu recuava, mas ele era mais rápido – eu estava morrendo de saudades, mas é uma pena que não dará tempo de matar... A saudade, claro – eu via em sua mão algo que brilhava conforme a luz do céu batia, e eu pude indetificar, era uma faca, bem grande. 

Ele ia me atacar quando um homem entra na minha frente, ele acertou o, eu vi ele caído no chão, cheguei perto e para o meu espanto, era Edward, ele estava ensangüentado, olhando para os meus olhos, com um sorriso no meu rosto, olhei James e ele estava fugindo.

Eu apenas queria salvar Edward.

- Bella, toma cuidado – dizia Edward com o pouco que ainda tinha de vida.

- Edward, calma, eu vou te ajudar – disse visivelmente desesperada.

- Não dá Bella – ele deu uma pausa pra respirar – mas mesmo assim quero que saiba que te amo mais que a mim mesmo, você era a minha vida, mas eu a devolvo.

E assim ele fechou os olhos e faleceu na minha frente, eu somente chorava, só sobravam lagrimas, sua vida evaporou-se  junto de minha confiança

Eu apenas gritava.

Acordei totalmente suada, chorando. Era a mesma sensação que estava sentindo, aqui acordada, Edward sumindo de minha vida.

Tentei voltar a dormir, demorei um pouco, mas finalmente dormi.

"A dor é a origem do conhecimento. " ( Simone Weil )