Fogo e Água escrita por Mikaeru Senpai, Torcai


Capítulo 2
Decisão impensada.


Notas iniciais do capítulo

Ah sei lá, leiam ai. :v



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Enquanto via Lyra cair no chão totalmente inerte, sua mente era tomada por uma irritante sensação de impotência. Seus pokémons estavam todos inconscientes após a batalha com a garota, então não tinha como se defender, nem como defender mais alguém. O Onix rugiu e encarou Silver, deixando claro que ele seria o próximo. Podia apenas ter fugido de lá, daria tempo e ele tinha espaço para correr dali, mas por algum motivo sequer pensou nesta alternativa. Correu sem pensar duas vezes até Lyra e a pegou pelos ombros. Ela era quente e por um breve segundo ele pode estranhar como a pele dela era macia, até que voltou a si e a apoiou em seu peito, procurando a pokébola roxa no cinto que ela usava. Olhou para o "M" brando sobre o roxo e suspirou, falando decidido, mantendo Lyra junto a si.

– Lugia, não sou seu treinador, mas a sua precisa da sua ajuda!

Arremessou a pokébola roxa na direção do Onix selvagem, tenso pela possibilidade do pokémon se recusar a sair. Ela bateu no chão e o som metálico ecoou ali, e para seu alívo, ela se abriu. A pressão devastadora voltou a consumir o ambiente quando as asas se abriram e ele se colocou entre o pokémon atacante e os dois treinadores.

Onix recuou assustado, mas não pôde sair, Lugia não permitiria. Sem qualquer ordem, Lugia usou Hydro Pump. O jato de água era tão forte que Onix foi destruído ao colidir com a parede da caverna. Pedras voaram para todos os lados, mas o lendário protegeu Silver e Lyra daquela chuva dolorosa. Um ganido baixo de dor escapou dele e alguns pequenos ferimentos eram visíveis quando este virou e encarou o ruivo. Lugia sibilou, encarando Silver em seus olhos. Ameaçou-o silenciosamente, mas ele não recuou. Havia algo mais importante a se fazer. Ajeitou Lyra em seus braços e a ergueu em seu colo com uma mão atrás das costas e outra atrás dos joelhos.

Lugia permaneceu estático, e então, o julgou. Silver se esforçou para resistir quando uma pontada dolorosa e inesperadamente intensa invadiu sua mente. O lendário pokémon avaliava as intenções reais de Silver. O momento de análise pareceu durar para sempre, e para sua surpresa, ele aceitou suas intenções quando nem mesmo o garoto sabia quais realmente eram. Lugia se acalmou e voltou ao seu semblante sereno. Começou a dar passos curtos em direção aos dois e, quando estava próximo o suficiente, abaixou.

– Quer que suba em você? - A voz de Silver ecoou na caverna, e a pergunta tola fez Lugia olhá-lo com desdém. - Tá, desculpa.

Silver subiu nele e colocou Lyra à sua frente, apoiada em seu peito. Ela não estava bem e não parecia ter a intenção de acordar em qualquer momento próximo. Sua respiração estava lenta e aos poucos a temperatura de seu corpo subia. Deixou-a em seu colo da melhor forma que pôde, apoiando uma mão no pescoço de Lugia e segurando-a com o braço livre.

– Podemos ir.

Poucas coisas em sua vida foram tão incríveis quanto aquele momento. Lugia saiu daquela caverna em apenas uma batida de suas fortes asas. Deixaram o local para trás tão rápido que ele precisou fechar seus olhos devido à violência do vento na subida. Sobrevoaram o Indigo Plateau. Ele admirou o destino que ambos almejavam, embora soubesse que nenhum deles o veria tão cedo. Lamentou em silêncio, apertando cautelosamente a garota em seu colo para que ela não caísse.

– Lugia, nos leve para Goldenrod. - Ordenou, e logo veio a ele como esta fora uma péssima ideia. De imediato Lugia parou de avançar, interrompendo o voo com um bater de asas pro lado oposto ao que seguia antes, o que fez Silver se desequilibrar e soltar um ganido de surpresa, e então parou no ar, mantendo-se estável ali. O lendário olhou por sobre o próprio ombro ameaçadoramente para Silver, que decidiu apenas não confrontá-lo - Por favor? - Pediu com a voz mais suave que antes. Lugia o encarou por mais alguns momentos, desconfiado, antes de decidir retomar a viagem. Sibilou satisfeito e mudou seu caminho para o destino pedido, voltando suavemente a retomar velociadade.

Sobrevoaram silenciosamente boa parte de Johto, com o ar frio da noite passando por eles e esfriando rapidamente o rosto do ruivo. Silver evitava olhar para baixo, onde Lyra estava. Olhar para baixo seria ainda mais estranho que a situação em que já se encontrava, teria que encará-la. Mal sabia por que estava ali, não queria piorar a própria confusão. Mas, apesar de não olhar para ela, ele não a deixava de forma desconfortável. Corrigia sempre a própria posição e a dela em seus braços para garantir sua segurança, prestava atenção às manobras de Lugia e se curvava de acordo, para que não houvesse qualquer complicação durante o caminho.

Depois de pegar velocidade, Lugia passou a planar. Mantendo a altitude e a estabilidade dos dois às suas costas ele avançava em ondas, descendo um pouco para pegar velocidade e depois subindo, evitando bater as asas o máximo que pudesse. O vento estava gelado. Silver sentiu um pouco de frio, e logo percebeu que Lyra estava quente e suas roupas não a protegiam do vento gelado. Suspirou. Ela dava trabalho demais, o que ele ganharia com tudo isso? Rosnou e olhou para o lado oposto ao dela. Respirou fundo e sua mão livre foi de seu pescoço até o começo da cintura desabotoando a jaqueta que vestia. Tirou com cuidado, um braço por vez sempre ajeitando Lyra. Quando se livrou da peça, teve um pouco mais de trabalho. Vestiu a garota com sua blusa, abotoando de cima a baixo a peça na treinadora. Agora ele estava apenas com uma camiseta preta e sua calça azul, e o vento o fez se arrepiar pelo contato repentino com seu corpo antes protegido.

Por um momento após este processo ele cedeu ao impulso de observá-la. Ela parecia estar apenas dormindo tranquilamente. Seus olhos estavam fechados e ela respirava notavelmente devagar. Levou a mão até o rosto dela e afastou alguns fios de seu rosto, sentindo sua temperatura baixa cada vez mais alta. Novamente reparou como sua pele era macia, escorregando as pontas dos dedos pelo contorno de seu rosto. Quando retornou a si, ele recuou a mão e a colocou novamente sobre o pescoço de Lugia, ignorando a sensação de seu rosto corando.

– Droga. - Olhou em volta para identificar onde estavam e distrair-se do que havia acabado de fazer, logo constatando que sobrevoavam a rota 32. Já estavam próximos. - Nos deixe no centro pokémon, eu moro perto dali... Por favor. - Revirou os olhos. Recebeu um rugido de desaprovação, mas ele não parecia mais tão disposto a brigar.

Pouco depois, o pokémon pousou. Graças ao horário, as ruas estavam praticamente desertas, tornando possível recolher Lugia à sua pokébola sem que atenção fosse chamada. Silver não gostava de receber atenção. Colocou a pokébola de volta ao cinto dela e a carregou para dentro do centro pokémon ainda em seu colo. Logo na entrada ele a colocou em uma poltrona, pegando suas pokébolas e carregando-as para o balcão junto às próprias.

– Bom dia, seja bem vindo ao Centro Pokémon. Precisa que eu os cure? - Perguntou a sonolenta enfermeira Joy com um sorriso simpático.

– Sim... - Ele entregou as doze pokébolas para enfermeira, que pressionou os lábios e o encarou séria.

– Mocinho, por que tem tantas pokébolas com você? Você as roubou? Você bem que parece...

– Não! - Silver a interrompeu e rosnou - São minhas e daquela menina, ela não está se sentindo bem, só preciso que os cure pra quando ela acordar, que droga!

Ele estava muito mais irritado do que deveria. Joy o olhou de cima desconfiada e levou as pokébolas. Em duas etapas ele pode vê-la depositar os objetos em sua máquina e eles serem curados. Logo que terminou, Joy trouxe de volta as 12 pokébolas.

– Sempre que precisar. - Devolveu as pokébolas e encarou Silver de forma incisiva. Silver apanhou os objetos e a olhou de volta, desaprovando seu comportamento em silêncio.

Enquanto ele voltava para onde estava Lyra, ele podia sentir o olhar da enfermeira sobre seus ombros. Rosnou e devolveu as pokébolas para o cinto dela mesmo que não soubesse a ordem correta em que ficavam. Abaixou ao lado da poltrona e a pegou, colocando-a de volta em seu colo. Caminhou lentamente até a porta do Centro Pokémon e deteve-se ali, quando esta se abriu, tirando um momento para encarar Joy por sobre o ombro de forma ameaçadora. Então saiu.

Ela não era particularmente pesada, mas também não é como se fosse leve. A sorte de Silver era morar em um prédio muito próximo dali, então pouco caminhou até alcançar seu destino.


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Notas finais do capítulo

Eu gosto do silver :3

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