Fogo e Água escrita por Mikaeru Senpai, Torcai


Capítulo 13
A Verdade.


Notas iniciais do capítulo

Oh ho ho minna-san, genki deska? Soka soka. -w-

Uma semana~

Eu já sabia que ia deixar esse hiato de uma semana, ele foi muito bom pra saber o que fazer. Então eu espero que vocês gostem.

Gostaria de agradecer a Arno Dog Head e a Akashiya Kuromi pelas recomendações carinhosas. Queria abraçar vocês, obrigada pelo apoio!

Agora... Só espero que vocês gostem, sei lá. ._.



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—  Lyra, eu preciso te contar uma coisa. 

A voz de Silver soou estranha. Sentiu a brisa envolvê-los vinda de trás de Lyra e trazendo o perfume da menina consigo. Se manteve sério enquanto a expressão dela mudava pra curiosidade e aparente receio. Parecia com medo de saber o que ele tinha a dizer. Ela se importava com o que ele tinha a dizer. A mão dela estava quente na própria, confortável. Não queria soltar e ela não parecia incomodada com aquilo. Ele desceu a mão de ambos, mas não a soltou, apenas apoiou sobre a grama. 

—  Eu não fui... - Suspirou. Desviou o olhar para o lado, encarando a lua trêmula refletida na superfície irregular da água - Eu não tenho sido completamente honesto com você. 

—  Como assim? 

Ouviu Lyra se mover e olhou para ela. Ela cruzou as pernas com o vestido preto apoiado sobre as pernas, escondendo-as, e ficou de frente para ele. Estavam agora do mesmo jeito. O reflexo dos dois podia ser visto na água ao lado deles. Ela tomou sua outra mão e segurou, parecia solidária, estava menos tensa, mas ainda aguardava sua respostas. 

—  Eu não sei muito bem como dizer isso. - Murmurou. 

—  Silver. - Ela apertou um pouco as mãos dele antes de voltar a falar - Nós não começamos particularmente bem, você era extremamente desagradável e eu não tentava amenizar a situação... Então o que quer que seja que você tenha pra dizer, eu vou levar em conta que... Agora somos amigos. Então faz sentido você só conseguir contar isso agora. Tá tudo bem, eu prometo.

Lyra sorriu. De alguma forma aquele sorriso o acalmou. Ele precisou que ela o lembrasse disso. Ela não ficaria brava ou o odiaria, ela tentaria entender. Essa era ela. 

—  Certo. - Ele desviou o olhar novamente - O antigo líder da equipe Rocket. Giovanni. 

—  O que tem ele? 

Silver tremeu. Afrouxou as mãos e as sentiu tremer contra as dela. Não pesava nisso fazia muito tempo, havia conseguido tirar de sua cabeça, mas ainda o fazia mal. Inspirou tentando manter a calma e olhou para baixo. 

—  Silver...? - Segurou com firmeza as mãos dele novamente e as ergueu próximas ao próprio rosto - O que foi? Qual o problema com ele? 

—  Ele... - Conseguiu então enfim olhar para ela - É meu pai. 

O vento assolou aquele local novamente. Frio, rude e veloz, ele agitou seus cabelos e roupas. Silver tremia mais do que podia controlar. Sentia em seu estômago um misto de raiva, desgosto, ressentimento e tristeza. 

— Há três anos... - Voltou a falar - Ele foi derrotado em Viridian. Depois disso ele... Foi embora. Não importou nada do que eu disse pra ele, ele foi embora e me deixou. E... Eu não sei... O motivo de ter te contado isso. 

Sentia-se mal. Realmente mal. Seu estômago continuava seu protesto violento e, sem perceber, ele apertava as mãos dela. Lyra estava boquiaberta. Talvez fosse demais, talvez nem mesmo sendo como ela era conseguiria aceitar aquilo. Filho do líder dum grupo criminoso. Ela não era obrigada a aceitar, entenderia se ela levantasse, desse meia-volta e entrasse em casa informado que estavam todos certos. 

Como ele esperava, ela soltou as mãos das dele. O vento frio as segurou no lugar da menina, tocando a superfície quente de sua pele úmida e causando arrepios. Ela levantaria e iria embora agora. Ele sentiu a dor do estômago se expandir e se alocar em seu peito, doía tanto que lhe faltou ar. Lyra levantou e andou para trás dele sumindo da sua frente. Silver estava tão tenso que não se moveu, não conseguiria. 

Sequer prestou atenção no ruído atrás dele, mas percebeu quando foi para trás. Ela o puxou contra si. Os braços dela repousaram sobre seu peito em um abraço apertado e confortável, e as pernas dela nas laterais de seu corpo pareciam terminar de ampará-lo. Lyra apenas o segurou em silêncio, apoiando o rosto sobre a cabeça dele. Sentiu-se acomodado, seguro. Era estranho, ele se sentia vulnerável, ele se sentia bem, ele se sentia desolado.

 

Ergueu uma das mãos e apoiou contra o próprio rosto. Ainda doía, mas ela continuava ali. Ela não foi embora. Respirar era doloroso e imaginava que fosse irritá-la pois as lágrimas começavam a molhar seu braço. Ele não conseguia interrompê-las, ele não sabia que falar disso seria tão difícil e tão ruim. Sua respiração estava irregular enquanto ele soluçava, e tudo o que ela fazia era segurá-lo com mais firmeza. 

— Não importa quem era o seu pai... - Sussurrou passando inesperada tranquilidade - Importa que você, diferente dele, é uma pessoa boa... Quem ele é não te define.

Sentiu os braços dela afrouxarem um pouco e uma das mãos de Lyra tocarem seu queixo. Cuidadosamente ela o virou de frente para ela mesma. Sentiu-se mal pelo rosto molhado, por ser tão fraco, por tudo isso ser na frente dela. A menina acariciou seu rosto secando as lágrimas com o polegar, e então ele sentiu um arrepio passear por todo o seu corpo.

Sua respiração cessou por um momento, seu coração interrompeu o constante pulsar, tudo parou. O vento não soprava mais, a água não tremulava e o farfalhar das folhas também se extinguira. Os lábios dela eram macios contra os próprios. O toque era leve, quase não havia pressão, havia apenas as delicadas cócegas que sentia quando ela expirava tão próxima. Podia sentir o gosto das próprias lágrimas intrometer-se no contato entre os dois. O tempo pareceu parar. Ele não esperava que ela fizesse aquilo, ele não esperava.

Lyra se afastou um pouco, os dois expirando enfim. A respiração dela era morna contra a pele alva de Silver, e estava mais curta do que estivera antes. Ele havia parado de tremer. Os dois se olharam em silêncio enquanto o mundo voltava ao normal. Os sons noturnos pareciam ensurdecedores agora que existiam novamente. 

  O silêncio os abraçou. Inicialmente bem-vindo, ele logo se tornou estranho. Os dois continuavam próximos se olhando, compartilhando do mesmo ar. Talvez nem mesmo ela soubesse a razão daquela atitude. Ele não sabia como se sentir diante da ação tomada. Lyra se afastou e colocou a franja atrás da orelha. 

— Então... Está tarde... Acho melhor você ir pra sua casa, eu vou dormir em algum lugar hoje... Apesar de ainda não saber onde. 

— Você pode... 

— Achou que sei pra onde vou... Então vamos embora. - A menina levantou e bateu as folhinhas que enroscaram em seu vestido.

— Tem um hotel em Goldenrod. 

— Não... Não é o que eu quero... 

Silver levantou e cruzou os braços preocupado. 

— Você podia ir pra Goldenrod e...

— Não vou te atrapalhar mais, pode voltar sozinho. - Lyra sorriu para ele. Ela não entendia. 

— Não é isso. - Silver suspirou - Eu... Não tenho Fly. 

— ... Não tem? - Lyra segurou o riso, ele podia ver que ela segurava - Então como você vai pros lugares? - Tentou manter a seriedade.

— Não. Tem. Graça. - Rosnou. - ... Eu vou de bicicleta. 

Parecia que ela havia desistido de tentar. Explodiu em um riso exagerado, realmente não tinha graça, mas ela não percebia. Continuou rindo escandalosamente enquanto Silver dizia para que parasse, mas ela o ignorou. O garoto foi até ela e segurou sua bochecha levemente, apenas o suficiente para que ela parasse. 

— Pare de rir. 

— Mas é engraçado! - Lyra lamentou - Você ter que andar ou ir de bicicleta, é tão triste. 

Silver franziu o cenho ainda com a mão no rosto dela. Parou de apertar sua bochecha, mas manteve as pontas dos dedos onde estavam. A garota recuou um pouco aparentemente constrangida. O garoto afastou a mão do rosto de Lyra e a colocou de volta no bolso. Olhou para o lado e suspirou.

— Aqui. 

— O que? - Virou novamente para encará-la e a viu esticando o braço em sua direção com uma caixinha na mão. A caixa era fina e transparente, o CD em seu interior era perfeitamente visível. - Isso...

— É o HM Fly, você pode usá-lo para voar de um lugar para o outro, é também um ataque muito poderoso. - Declamou o texto pronto como se a própria vida dependesse disso. - Pode ficar.

— Mas é o seu Fly... - Silver arqueou as sobrancelhas. 

— Eu já usei, o Lulu e a Pidgeot tem, então não preciso ficar com ele sempre. Se eu precisar eu te aviso. 

Suspirou conformado e aceitou o HM. Lyra acenou para ele e assoviou para que seus pokémons voltassem. Recolheu todos, menos sua Pidgeot. O pokémon voador parou imponente ao lado dela e piou despreocupado enquanto ela andava até Silver. 

— Foi por isso?

— Por isso o que? - Ele apanhou uma das próprias pokébolas.

— Que você se atrasou. - Colocou os braços para trás e olhou para o lado - Você chegou muito rápido para alguém que veio de Goldenrod sem Fly. 

— Eu tenho meus meios. - Jogou a pokébola para o alto. Ela abriu, o Golbat saiu e agitou suas asas, e a pokébola caiu fechada na mão do treinador. 

— Obrigada. - Ele olhou para ela em silêncio, mas ela logo virou de costas e foi até a Pidgeot. - Obrigada por se esforçar por mim. 

— N-não... - Tossiu e deu as costas para ela cruzando os braços mais uma vez - Não foi por você. 

— Claro que não foi. 

Lyra riu e montou em seu pokémon. 

— Até mais, Silver. 

Ele cobriu o rosto com os braços quando as fortes asas bateram e, em um impulso só, o pokémon ganhou altitude e sumiu no céu noturno. Apenas o som das asas batendo existia. Silver começou a preparar o HM para ser utilizado quando se lembrou. Teve, por um momento, os lábios dela contra os próprios. Não sabia o motivo, não sabia nem mesmo se havia realmente acontecido, mas aquilo voltou para assombrá-lo. 

Mas não entendia o motivo da sensação permanecer tão real todas as vezes que ele repassava o acontecimento. 


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Notas finais do capítulo

E ai? O suspense está me matando, o que acharam? ;-;



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