Cebola a beijou intensamente, sentia cada batida do seu coração pedir por mais, a abraçava forte enquanto a beijava fazendo com que ela ficasse totalmente sem reação.

Por alguns segundos Cebola abriu os olhos e viu seus amigos reclamando em protesto, tornou a fechá-los sorrindo, na verdade naquele momento nada mais daquela aposta parecia fazer sentido. 

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— Cara... Não acredito – Ricardo protestou ao ver a cena.

— Lá se vai meu dinheirinho lindo, quem foi que inventou essa aposta mesmo? – Cascão perguntou lamentando.

— Foi o Ricardo, o gênio... Ah velho sério que vou ter que dar cem conto? – Xaveco reclamou coçando a cabeça.

— Ah nem vem que na hora todos toparam, era tipo impossível ele ficar com essa mina, são totalmente opostos – Ricardo concluiu rindo – Cem conto de cada e ponto, ele tem o skate dele e a gente tem nosso amigo de volta, ele anda passando muito tempo investindo nessa aposta.

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Passar todas as tardes da semana ensaiando com ele era incrível, estavam cada vez mais próximos, agora os ensaios eram mais coloridos, recheados de pausas para beijos, abraços e brincadeiras. Como ensaiavam sozinhos na sala que ninguém utilizava, se preocupavam pouco em serem vistos.

A coreografia estava tomando forma, e como a apresentação do meio do ano também se aproximava, começaram a ensaiar ambas, a da audiência dela e a da festa das multinacionais, na verdade ela nem sentia falta de voltar para o apartamento, na maioria das vezes quando se davam por conta a escola já estava fechando e a Alice os interrompendo para trancar a sala.

Saiam sorrindo de mãos dadas, Cebola sempre a levava para casa, seja a pé, naquelas noites quentes que as estrelas brilham iluminando o olhar dos casais apaixonados, ou seja de moto, em dias que paravam no meio do caminho para comer, conversar e até dançarem em algum lugar.

Estar apaixonada é como flutuar por entre as flores, quando se anda em um jardim daqueles cheios de azaléias de cores vivas, era assim que Monica se sentia a cada vez que o via.

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— Ce, acho melhor quando você agachar, eu levantar, ai posso passar a perna por cima de você – Monica parou o passo em que faziam para ajustá-lo.

— Assim? – Cebola perguntou agachando lhe dando espaço para  exemplificar.

— Isso, ai eu passo a perna por cima dando uma meia volta e quando você se levantar já me roda para o outro lado, o que acha? – Monica palpitou animada.

— Eu acho – Cebola começou a falar se aproximando dela – Que alguém aqui está aprendendo direitinho como criar coreografias – Ele concluiu a abraçando e pousando um beijinho em sua boca.

— Olha se eu aprendi, eu não sei, mas que estou amando o incentivo, isso eu estou – Monica brincou lhe dando mais beijinhos apoiada em seu pescoço.

Cebola que estava de frente para o espelho, viu ao longe a coordenadora do balé se aproximando pelo corredor, mostrou rapidamente em um gesto mudo para a Monica, e ambos voltaram a ensaiar disfarçando todo e qualquer vestígio de romance por ali.

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Cebola caminhava de volta para a casa tranqüilo após ter deixado a Monica no apartamento, não conseguia explicar ao certo o quanto estava gostando de tudo isso que estava acontecendo.

Monica era quase que de toda oposta dele, mas isso os unia de uma forma inexplicável, sem contar que quando dançavam juntos entravam numa mesma sintonia, sem diferenças, sem discussões, permaneciam unidos.

Olhou seu celular novamente, não precisou desbloquear a tela para ver as cinco chamadas perdidas da Camila, não sentia vontade de retornar, mas sabia que lhe devia uma explicação, afinal antes dele se envolver com outra pessoa tinha um caso com a menina. Ele sabia que o quanto antes fizesse isso melhor, mas resolveu deixar para outro dia, já era tarde e seu corpo pedia por uma boa noite de sono.

Depois de jantar e tomar banho Cebola deitou em sua cama de bruços, sentiu seus músculos doerem ao relaxarem depois de um dia puxado, como sempre seu pensamento lhe pregava peças e nesse momento o levou até ela, era difícil admitir o que sentia, não era muito bom com sentimentos, não tinha um histórico de namoro, na verdade nem se lembrava a última vez que tinha se envolvido pra valer com alguém, nem se quer sabia se já tinha sentido por alguma mulher, o que sentia no momento.

Pensou nos amigos, na postura em que sempre manteve, e como era difícil confessar que estava apaixonado, devido ao cansaço não demorou muito para pegar no sono, mas antes concluiu que talvez ainda fosse cedo demais para contar isso aos amigos.

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— Ami – Magali a chamou.

Monica abriu os olhos lentamente, com um pouco de dificuldade, reparou no rosto das duas amigas a olhando, virou um pouco de lado e viu o controle caído no chão e a TV ligada passando alguma coisa que ela não identificou o que era. Seu celular estava em sua barriga e lembrou num susto que provavelmente tinha deixado o Cebola falando sozinho no whats.

Esfregou os olhos e com a voz falhada perguntou que horas eram.

— São meia noite e quinze amiga, eu acabei de chegar e a Maga que estava dormindo veio ver onde você estava – Denise explicou rindo – Vai dormir na cama ami.

— Nossa, apaguei no sofá gente, desculpa – Monica sentou assustada arrumando os cabelos.

— Magina ami, mas deita na cama senão pode dar mal jeito no pescoço – Magali recomendou voltando para seu quarto.

— Pode deixar, já estou indo – Monica se levantou ajeitando as coisas da sala.

 - Como estão? – Denise perguntou ligando as luzes do corredor.

— Quem? – Monica e Magali perguntaram juntas.

— Você e o Cebola amiga – Denise respondeu olhando para ela.

— Estamos ótimos meninas, acho que nunca me senti assim em relação a relacionamento sabe?! A gente ri muito juntos, conversamos, ele me enche de carinho... É, é eu sei que é estranho imaginar isso dele, mas é verdade – Monica riu ao ver a cara das amigas.

— Então está sério mesmo hein ami – Magali comemorou – Quero ser madrinha.

— Hahahaha pode deixar, está digamos que dando certo, é novo pra mim e pelo que percebo é novo para ele também, mas sei que ele sente a mesma coisa que eu, meninas, quando dançamos parece que nos fundimos em um só sabe, não tem nossas diferenças, tem o amor pela dança e isso é realmente incrível – Monica concluiu suspirando.

— Uallll, está mesmoooo apaixonadaaa – Denise riu a abraçando – Fico muito feliz por isso Mo, tenho certeza que só vai melhorar daqui pra frente.

— Agora só falta nossa amiguinha aqui – Monica sentou ao lado da Magali na cama.

— Ah não, nem começa – Magali riu jogando o cobertor por cima do rosto.

— Ueh Maga, por que não sai logo com o Cas e para de enrolar, eu hein a loka – Denise perguntou jogando uma almofada na cabeça da amiga.

  - Ah gente, o Quim vive atrás de mim, vocês me conhecem não gosto de machucar as pessoas – Magali concluiu tirando o cobertor de cima de sua cabeça.

— Mas ami, e você mesma?! Não está se machucando com tudo isso? – Monica perguntou bocejando ainda sonolenta.

— É a Mo está certa, acho bonito e tal você se preocupar com o Quim, mas e sua vida?! Vai deixar o carinha que você gosta ir embora?! Tenho certeza que se aparecer alguém legal na vida do seu ex, ele não vai pensar duas vezes em tentar de novo – Denise concluiu saindo do quarto – Agora vou mimir que amanha acordamos cedo, beijinhos minhas lindas.

Magali permaneceu em silencio, observou a Monica se levantar e deitar em sua própria cama, pousou a cabeça no travesseiro e admirou o teto, pegou seu celular e abriu a conversa com o Cascão, a releu e por fim tomou coragem de escrever.

“Cas, sabe nosso jantar? Topa amanha? Beijinhos boa noite”.