— No que você estava concentrado ein? – Ricardo questionou caminhando até a janela da sala que o Cebola admirava. – Olhando a Monica?

— Não... Nada a ver, é que estava passando e fiquei curioso pra saber quem estava usando essa sala, vi que era ela e tive uma ideia pra me ajudar na aposta – Cebola respondeu rápido voltando a caminhar para a sala deles.

— É por falar nisso tinha que ter prazo viu... Ta demorando já hahah – Ricardo brincou o empurrando.

— Relaxa cara, minha próxima carta já está na manga – Cebola concluiu entrando na sala.

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  Falar que tinha obtido sucesso em sua nova coreografia na semana que se seguiu seria mentira, Monica já estava estressada de tanto mudar os passos para tentar inovar, passou horas com seu professor no telefone conversando durante alguns dias, pediu ajuda com os passos, ficou todos os dias até tarde na escola, e assim foi tentado entrar nos eixos.

Estava bem mais amiga das meninas, elas saiam pra jantar quase toda sexta juntas, assistiam filmes em casa, e participavam de aulas juntas na Lemon, o mesmo ela já não podia dizer dos meninos, manter seu sentimento controlado requereu que se mantivesse distante do Cebola e consequentemente dos meninos, quando todos saiam juntos ela tentava não ir, mesmo sob protestos das amigas, ainda era muito novo o que sentia e não queria dar corda para esse sentimento.

Foi em uma tarde em meados de Fevereiro que ela se sentou no chão depois de exatamente quatro horas de ensaio ininterruptas, totalmente decidida de que a primeira parte de sua nova coreografia estava pronta.

Gravou e mandou para seu professor, desligou o som e saiu da sala com as pernas doloridas reparando pela janela que já era noite.

Alice que passava por ali para fechar a escola, observou satisfeita por sua escolha de chama lá para equipe, como a menina era dedicada, sem sombra de duvidas era a melhor bailarina da equipe dela, e isso ela comprovou na primeira apresentação que tiveram no meio da semana, tudo tinha ido bem, Monica não era o destaque, mas, mesmo assim a beleza dos seus passos se destacaram por entre as outras.

Cebola tinha tentado falar com ela umas duas vezes, mas ela não respondeu nenhuma de suas chamadas, ela sabia que poderia parecer infantil, mas esse foi o jeito que encontrou para não se iludir. Bloquear sentimentos, era perita nisso quando o assunto era relacionamento. Lembrava que quando terminou com o Do Contra decidiu não se entregar facilmente a mais ninguém, e seguia fielmente essa decisão.

Ela caminhou para casa ouvindo sua playlist preferida, estava animada por ter concluído a primeira parte da coreografia, a apresentação era em Setembro tinha mais alguns meses para deixa lá impecável... E inovadora claro.

Estava ansiosa com o que seu professor iria dizer, a opinião dele era mesmo que de longe de extrema importância para criação e definição da sua nova coreografia.

Entrou no apartamento aparentemente vazio, ainda ouvindo suas musicas, percebeu que o celular parou de tocar para avisa lá que uma mensagem nova tinha chegado.

Abriu a mensagem enquanto fechava a porta atrás dela, e se jogou no sofá quando viu de quem era, Cebola.

— Olá baixinha, me bateu saudade de você.

Monica leu aquela mensagem com o coração disparado, e foi com essa cara que as duas amigas a encontraram assim que saíram do quarto.

— Nossa não sabia que tinha chegado Mo – Magali comentou indo em direção a cozinha.

— E ai como foi o ensaio? – Denise perguntou enquanto desfazia a trança em seu cabelo, sentando no sofá.

Monica continuou olhando aflita para a tela do seu celular, o segurando com força nas mãos.

— Mo? Está tudo bem? – Magali questionou rindo.

— Ai meninas, mil desculpas, ando tão cansada com os ensaios que fico aérea, minha coreografia está um caos pra falar a verdade – Monica respondeu se levantando e sentando para olha las de frente.

— Calma Mo, você é ótima, vai dar tudo certo, tenho certeza que você vai montar uma coreografia linda – Magali falou voltando para a sala e se aproximando da amiga.

— Amigas, amo vocês – Monica as abraçou fazendo Magali se desequilibrar rindo.

— Ihhhh sem chororo hein! Vamos comer que a Maga hoje fez um macarrão integral, borá – Denise comentou vendo os olhos da amiga se encherem de lágrimas.

— Mas eu quero chorarrrrrr – Monica reclamou indo lavar a mão.

— Mas não vaiiiii – Denise gritou da mesa.

— Monica, vem comer logo que esse macarrão está tão bom, deixa de deprê – Magali falou

— Nem uma lágriminha? – Monica brincou se juntando as amigas na mesa.

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Cebola acordou assustado, olhou no relógio eram quatro da manhã, mais uma vez sonhando com ela. Levantou um tanto sonolento, e caminhou até a cozinha para beber um copo de água.

Voltou para cama, mas o sono não o acompanhou, seu pensamento inquieto voou para perto dela, começou a pensar no sorriso, lembrar do cheiro doce que ela espalhava pelo ar sempre que passava por ele, das risadas nos momentos de ensaio e em como sentia falta disso.

Passou uma mão por trás da cabeça e ficou admirando o teto, sempre que se perdia em seus pensamentos ele retomava a sanidade olhando para o skate, afinal era isso que ele queria ganhar... Ou não?!

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Monica chegou na escola no dia seguinte disposta, Magali veio com ela contando sobre umas mensagens que o Cascão tinha mandado na noite passada, era cedo e as amigas entraram juntas se aquecendo para a aula depois de guardarem suas bolsas.

— Calma, conta direito, como assim ele te chamou pra sair? – Monica perguntou estralando os pulsos ao aquece los, seu professor a mataria se visse isso.

— É, então, ele mandou uma mensagem me chamando pra jantar, disse que há tempos queria fazer isso – Magali contou rindo baixinho.

— Ai que demais, você aceitou né? – Monica questionou ansiosa.

— Falei que ia pensar – Magali falou voltando a ficar séria.

— Como pensar Maga?! Está na sua cara que ta afim dele.

— Não, amiga, nos somos amigos há muito tempo, tenho medo de confundir e estragar tudo – Magali concluiu vendo a professora entrar na sala.

— Não viaja, nada a ver – Monica sussurrou para a amiga.

— E o Cebola? – Magali perguntou tentando desviar o assunto para a vida da Monica.

Monica se desequilibrou um pouco no aquecimento em que fazia e permaneceu em silencio deixando claro que sobre aquele assunto ela não falaria, não ali.

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O horário do seu ensaio chegou e o corpo dela pedia por descanso, a aula tinha sido puxada, caminhou lentamente até a sala do meio, jogou suas coisas no chão e tirou o CD da bolsa, o colocou no som, e deixou as musicas rolarem.

Trocou a sapatilha por uma mais confortável, tirou a blusinha ficando somente com o collant, e se levantou amarrando seu cabelo em um rabo de cavalo.

Aqueceu novamente aproveitando os últimos vestígios do por do Sol e em seguida começou a dançar sem parar repassando toda coreografia já pronta até ali, voltou algumas vezes como de costume e continuou como todos os dias, ensaiando até anoitecer.

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Cebola saiu da sua aula, e foi caminhando rápido até o armário pegar sua mochila, estava com um pouco de sono devido a noite mal dormida, arrumou suas coisas na mochila, trocou de roupa no vestiário, colocou seu boné e saiu em direção a recepção, estava mexendo no celular enquanto caminhava quando passou pela antiga sala desativada, voltou um pouco e olhou novamente lá para dentro como fazia esporadicamente.

Monica continuava a ensaiar incessantemente, ele resolveu ver o que ela já tinha coreografado até o momento, apoiou os braços no vitral e continuou a olhando.

Assim que ela terminou o que ele imaginou ser a primeira parte da coreografia, Cebola ficou preocupado.

Não era isso que eles buscavam, ele sabia disso, queriam inovação e para ele aquilo foi uma repetição dos mesmos passos em ordem trocada. Coçou a cabeça agoniado, e por alguns segundos de impulsividade entrou na sala fazendo a Monica se assustar.

Ela deu um pulo e instantaneamente parou a musica, o encarando de braços cruzados.

— Não sabe ler não? Na porta diz sala ocupada – Monica falou pegando sua toalhinha rosa e enxugando o rosto.

— Oi, boa tarde pra você também – Cebola cumprimentou rindo.

— Oi Cebola, o que você quer ein? Estou um pouco ocupada.

— Eita menina chata, só reclama! Vim te ajudar – Cebola comentou jogando a mochila no chão.

— Que? Ajudar no que? – Monica perguntou rindo da audácia do garoto.

— Ueh, vi que você não está conseguindo fazer nada de inovador ai, e tive uma idéia.

— Ei, perai, estava me espiando? Seu... POF... Intrometido... POF – Monica deu dois empurroezinhos nele.

— Já acabou com a histeria? –Ele questionou sem sair do lugar. – E antes que comece a tagarelar de novo, por que não inclui passos de street nessa coreografia?.

— Haha, você só pode estar brincando né?! Não é qualquer escola de dança, é a melhor academia de balé do Brasil, não posso chegar lá dançando hip hop, eles querem ver balé... B a l é, entendeu? – Monica respondeu se sentando numa das cadeiras encostadas sob o espelho

— Para de ser careta menina, a escola é de balé mas o pedido é de inovação, e eles querem ver que você tem postura, criatividade, não dança só por dançar, dança com a alma – Cebola falou a olhando.

— Nossa primeira coisa que presta que você falou até hoje – Monica riu – Não sei Cebola, tenho medo de ser desclassificada novamente.

— Monica você dançou lindamente pelo que soube, passos impecáveis de balé, e não passou, vai por mim, faz uma coreografia despojada, eu posso te ajudar a criar – Cebola concluiu como se fosse uma conta de um mais um.

— Você tem um minuto para me convencer de que devo acreditar em você – Monica pediu se colocando de pé – Me tira pra dançar e me impressione...