– Eu nem sei como vai ser agora que não passei Cebola – Monica se justificou olhando para os próprios pés.

– Você não precisa ficar sozinha em um quarto lembrando e sofrendo, você ama dançar não é? Então anima as crianças fazendo algo que ama – Cebola concluiu anunciando seu xeque mate.

– Por que está me ajudando assim? Nem me conhece direito – Monica o olhou desconfiada.

– Gosto de distribuir o bem – Cebola respondeu sorrindo.

– Ta, tá bom, eu aceito participar – Monica concluiu abrindo um sorriso.

Xeque Mate Cebola comemorou em silencio

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– Ta rindo de que? – Monica perguntou ao ver a cara dele sorridente.

– O que? – Cebola perguntou saindo do transe.

– Ta rindo do que?! Você estava viajando olhando pro nada rindo – Monica questionou ainda o olhando.

– Ah, nada, esquece – Cebola disfarçou quando percebeu que tinha entregado sua felicidade por ela ter aceitado. – A propósito, desculpa perguntar, mas, por que não te aprovaram? – Ele tentou mudar de assunto.

– Ah... Falta de inovação... Disseram que os passos estavam impecáveis, mas não tinha nada de novo – Monica concluiu chegando na portaria do prédio.

– Hum, entendi – Cebola concluiu pensativo.

– Bom, vou subir Cebola – Monica falou se despedindo.

– Perai, como vamos nos encontrar para eu te passar a coreografia? – Cebola perguntou lembrando que não tinha o numero dela para combinarem.

– Olha vou ter que voltar pro Rio pra conversar com meus pais, e vou tentar convence lôs a me deixarem passar as férias aqui, assim consigo ensaiar pra sua apresentação ok? E vamos nos falando pelo celular – Monica propôs o olhando atenciosamente.

– Ok, então por enquanto vou adaptando minha coreografia, passar de individual para em dupla – Cebola comentou sorrindo – A propósito, você dança muito, não se abate, vai dar tudo certo – Ele concluiu dando uma piscada de canto de olho e indo embora.

Monica continuou a o observar, por alguns segundos esqueceu a tristeza que inundava seu coração naquele dia e sorriu.

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– E ae velho – Cebola cumprimentou o Cascão que estava sentado comendo na padaria do Quim.

– E ai Careca, de boa? Senta ai véi, as meninas já mandaram mensagem avisando que a Monica ta em casa – Cascão o cumprimentou com um toque.

– Ah encontrei ela no caminho – Cebola respondeu levantando a mão para pedir algo. – Um dogão e uma coca por favor.

– Ah, a mina tava mal? – Cascão perguntou o olhando.

– Sim mano, encontrei ela chorando la no parque, mas já dei uma contornada, relaxa – Cebola rebateu sorrindo.

– Haha se você diz, tenho até medo de imaginar – Cascão concluiu rindo.

– Cala boca hahaha, fiz nada demais só pedi pra ela participar comigo da minha apresentação na festa da ONG – Cebola falou rápido pegando seu lanche que chegava a mesa.

– Cof cof... O que? – Cascão se engasgou com seu refrigerante.

– É ueh, ela topo véi, vai tentar passar as férias aqui em Sampa – Cebola comentou abrindo sua coca.

– Ela topou? Escuta isso é jogo baixo, propôs isso só pra ficar mais fácil né, ficando perto dela suas chances aumentam, mesmo assim tenho certeza que não pega, ela é patricinha demais pra você sabe - Cascão brincou rindo.

– Não duvida não, observe e aprenda – Cebola se gabou.

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– Então você estava onde ami? Ficamos preocupadas – Denise reclamou sentando no sofá olhando o rosto abatido da amiga.

– Eu estava no parque, fui espairecer um pouco – Monica respondeu chateada – Alias vou voltar hoje mesmo amigas para o Rio.

– Como assim? Não, não vai não, você está de cabeça quente, vai de manhã Mo – Magali falou preocupada.

– Não ami, estou decidida, quero voltar, contar logo pros meus pais, ver o sermão que levarei e as consequências disso tudo – Monica respondeu indo pro quarto arrumar sua mala.

– E as passagens? Você ta doida? – Denise perguntou entrando no quarto rapidamente.

– Compro na hora, é fora de temporada, vai dar certo, aviso vocês quando eu chegar lá meninas, obrigada de verdade pela estadia – Monica agradeceu as abraçando em conjunto – Só não sou uma boa compania hoje amis, estou realmente chateada, preciso ficar sozinha.

– Bom se você insiste – Magali falou cabisbaixa.

– Ah, o Cebola me chamou para participar da festa da ONG, e pra eu apresentar com ele uma coreografia, vou tentar passar minhas férias aqui, posso? – Monica pediu fechando sua mala.

– Claro que pode ami, será um prazer – Denise concluiu a ajudando a levar as coisas para a sala.

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Não demorou muito para Monica sentar em sua poltrona e seguir sua viagem de volta, encostou a cabeça na janelinha e tentou pegar no sono sem sucesso, sua cabeça trabalhava a mil por hora, pelo menos tinha conseguido comprar sua passagem sem fila, e essas horas já estava sobrevoando de volta para casa.

Assim que pousou, pegou um taxi e resolveu tomar coragem para responder a mensagem do seu professor, digitou deixando mais um monte de lágrimas rolarem assustando um pouco o taxista que a perguntou se estava tudo bem.

Abriu a porta de sua casa torcendo para que seus pais estivessem dormindo, estava sem a mínima vontade de dar explicações sobre o assunto. Foi com um susto que deu de cara com os dois sentados na sala vendo TV.

– Monica? – Seu Sousa perguntou assustado.

– Oi... – Monica cumprimentou jogando as malas no chão.

– Está tudo bem filha? – Dona Luisa questionou levantando rapidamente e indo em sua direção.

– Não mãe – Monica a abraçou e se permitiu chorar tudo que não tinha chorando antes.

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Magali estava vendo TV deitada no sofá, mas na verdade não se concentrava nem um pouco do programa, vira e mexe checava o celular pra ver se a amiga tinha chegado bem em casa.

Foi em uma dessas olhadas que viu uma mensagem nova no whats, abriu rapidamente, mas não era de quem esperava.

– Falai Maga, tudo bem? – Cebola digitou rapidamente.

– Tudo Cebola, e você? – Magali perguntou curiosa.

– Suave, falai a Monica está bem?

– Ah, bem desconfiei você me chamando essa hora, ela foi embora já, a essa altura deve estar pousando no Rio – Magali respondeu bocejando.

– Como assim foi embora? Ela viajou do jeito que estava? – Cebola questionou.

– A gente tentou impedir, mas ela não queria ficar aqui – Magali respondeu se irritando.

– Mas não devia ter deixado – Cebola digitou bravo.

– Qual é a sua Cebola? O que você ta pretendendo? – Magali perguntou nervosa.

– Como assim? – Cebola se assustou com a resposta da amiga.

– Ueh, que preocupação é essa? O que você quer com a Monica ein? – Magali tentou arrancar algo do amigo.

– Não quero nada, só fiquei preocupado – Cebola contornou do jeito que conseguiu.

– Te conheço desde pequeno Cebola, você não se preocupa com mulher nenhuma, fica esperto ein, a Monica é muito legal, ela não é qualquer uma – Magali digitou desconfiada.

– Ah vê se não ferra Maga – Cebola concluiu largando o celular.

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Contar para seus pais até que não foi difícil, mas ver a cara de indignação deles foi o pior, seu pai ficou claramente decepcionado, mas já programou milhares de eventos nos quais ela teria que comparecer.

Ela sabia que seria assim, uma vez que não estivesse mais ensaiando e de férias na escola de balé ele a carregaria de coisas da empresa para participar.

Sua mãe tentou lhe aconselhar, ficou chateada pela filha não ter conseguido realizar um sonho então se abateu um pouco, e lidar com isso foi muito difícil, ela não conseguiu olhar muito bem em seus olhos, e preferiu não falar sobre seus planos para suas férias naquele dia, subiu para seu quarto, tomou um banho quente e caiu na cama, avisou as amigas que chegou, ficou olhando um pouco a paisagem da sua janela e assim pegou no sono sem coragem para ler a resposta do seu professor.