A Darkland Tale escrita por DarrenShanLover


Capítulo 9
UM SONHO...


Notas iniciais do capítulo

Ahhhhh!!!! Eu sei que faz um super tempão desde que não posto!!! Mals T.T
Mas enfim, depois de tamto tempo, o cap. 9
Espero que gostem X3



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UM SONHO...

         - Você é muito lenta... – ele comentou enquanto desaparecia e reaparecia no galho da próxima árvore.

         - Claro, não sou eu que nem precisa estalar os dedos para aparecer metros adiante! – respondi, fingindo irritação.

         Já devia fazer um tempinho desde que Cheshire e eu deixamos a floresta. Achei que seria meio tenso caminhar com ele, achei que estaria desconfiando de cada passo que ele desse, porém, Cheshire era o mais perto de um amigo que eu tinha encontrado ali, bom, nem tanto, né? Pelo menos ele não tinha tentado me matar!

         Mas não podia dizer que confiava inteiramente nele. Cheshire sabia sobre o relógio e tinha alguma coisa estranha sobre o guizo que eu carregava no pescoço, também. Poxa, será que não podiam ter me arranjado uns acessórios normais?!

         Agora, caminhávamos em uma ruazinha feita de paralelepípedos, não estava mais escuro, a Lua havia se escondido há algum tempo enquanto atravessávamos a Floresta de Cheshire. Um sol rosado ameaçava descer o céu e colinas verdes estendiam-se para a direita e esquerda, árvores com copas abertas determinavam a rua. Diferente e muito melhor do que trilhar os caminhos sinistros que eu havia percorrido até aquele momento.

         - Hm... onde estamos? – eu perguntei.

         - Você provavelmente deve estar desconfiando da paisagem tranqüila, não é? – olhou para mim, esperando uma resposta.

         Assenti. 

         - Longe dela... – ele disse simplesmente.

         Ela... acho que ele estava falando da mesma pessoa que Dormouse. E, novamente mais mistérios. Eu parecia ser a única que não estava a par das coisas. Só que, dessa vez, resolvi não perguntar nada. O aviso da garota ainda ecoava assustador em meus ouvidos.

         Cheshire pareceu perceber minha frustração e aquele sorriso irritante apareceu de novo.

         - Que foi? – perguntei.

         - Ver você se contendo é muito divertido! Achei que explodiria para cima de mim com perguntas.

         Abri a boca para contestar, mas parei assim que tentei formar as palavras. Ele estava certo. Odiava admitir que eu estava errada, então fiquei quieta.

         - Então, você sabe como me levar pra casa? – mudei de assunto.

         - Tenho um palpite... – ok, aquilo já estava irritando...

         - E você não pretende me contar esse palpite?

         - Não – ele respondeu num tom alegre, sem se dar ao trabalho de parar e olhar para mim.

         Suspirei. Acho que se eu quisesse encontrar algumas respostas aqui, eu teria de encontrá-las sozinha.

         O Sol estava se pondo no horizonte. O caminho estava ficando cada vez mais mal iluminado. O céu tomou um tom azul escuro, salpicado de estrelas. Não me incomodei com a chegada da noite e continuei andando.

         Então, percebi que Cheshire não se encontrava mais nas árvores, nem ao meu lado. Quando percebi aquilo, parei de imediato, virando-me para trás.

         E lá estava ele, folgado, com as costas encostadas a uma árvore há uns dois metros.

         - O que está fazendo? – perguntei, irritada por ele ter parado e me deixado andando sozinha.

         Ele bocejou, como se tivesse todo o tempo do mundo e, abrindo o olho esquerdo vagarosamente, respondeu:

         - Me preparando para dormir. Você devia fazer isso também.

         - Dormir??? – por acaso ele estava louco?

         Em um espaço minúsculo de tempo (acho) eu havia sido atacada por uma marionete, ouvindo um aviso estranho de uma voz na minha cabeça, encontrado um bando de loucos...

         Tudo bem que, agora, nós parecíamos estar num lugar relativamente tranqüilo, mas eu não ia baixar a guarda.

        De repente, ele abriu os olhos, me encarando. Não era aquela encarada provocativa de antes, era mais uma expressão preocupada, um pouca mais séria do que o normal.

         - Escute, Alice, - ele começou. – desde quando chegou aqui? Três dias, mais ou menos? E aposto que não dormiu nada. O primeiro erro de todo mundo é esse: ficar alerta demais.

         Não esperava o conselho. Na verdade, não sabia o que esperar de Cheshire. De um segundo para o outro, ele passava do personagem sabe-tudo e provocativo para alguém completamente diferente, preocupado, que dá conselhos. Aquilo me lembrou do rosto dele ao perceber o guizo. Surpreso... até mesmo confuso. Mas eu não achava que ele não conhecia o guizo. Pelo contrário... e o objeto devia ser realmente importante...

         Fechou os olhos novamente, e, sem aviso, começou a roncar. Como alguém pega no sono assim, tão rápido? Bem, lá estava eu, sozinha, no meio de lugar nenhum, Cheshire estava dormindo e o dia já se transformava em noite...

         Estalei a língua... Estava ficando sem opções, não iria embora, mal sabia onde estava, que dirá para onde ir... Meio que de má vontade, concluí que dormir era a única coisa que poderia fazer... Mas sabia que ia demorar uma eternidade para eu cair no sono.

         Encostei me a uma árvore perto de Cheshire e deslizei até me deitar no chão frio. Tentei achar uma posição confortável para a cabeça – aliás, acabei desistindo... A Lua começou sua subida lenta. Os roncos do garoto meio gato eram a única coisa que perturbava o silêncio.

         Assim que meu corpo relaxou, eu senti a onda de cansaço bater de uma vez. Não tinha percebido o quanto eu precisava descansar. E, em menos de um segundo, também peguei no sono.

²²²

         Eu estava correndo. Mas, ao mesmo tempo, parecia que não me movia nem um centímetro sequer.

         O ambiente mudava constantemente. Vez ou outra eu podia jurar que estava cercada de rosas vermelhas, outras vezes, rosas brancas com manchas de tinta. Os espinhos machucavam enquanto eu corria, mas a dor desaparecia quase de imediato.

         Eu me vi em frente a um espelho enorme. Mas não era o meu reflexo que eu via. Paradas à minha frente estavam duas garotas, da mesma idade que eu e Charlotte tínhamos. Uma delas estava usando um vestido estilo séc. XVII, parecido com o de Dormouse, mas muito mais trabalhado, com rendas e babados, todo em vermelho e preto. Ela sorria, não pude dizer se era um sorriso provocativo ou de alegria... Os cabelos castanho-escuros, caíam em ondas pelos seus ombros, muito parecidos com os de minha irmã.

         Ao seu lado, eu podia dizer que era o meu reflexo, porém, não estávamos usando as mesmas roupas. Ela tinha o mesmo cabelo descolorido. Estava usando um vestido também, estilo Inglaterra séc. XVII, mas tinha uns toques mais modernos. Era curto como o de Dormouse, mas, por exemplo, não era de alças. A manga, preta, era como um tecido a parte, ligado ao vestido por um fio de linha dourado. As mãos estavam cobertas por uma luva sem dedos. Seu vestido, por sua vez, era feito todo em preto e branco.

         O que me chamou a atenção era que o meu suposto reflexo segurava o relógio. Ela sorria como se soubesse das coisas, como se soubesse perfeitamente o que era o relógio.

         A imagem mudou novamente.

         Dessa vez, eu estava em um castelo. No que parecia ser a sala do trono, vazio. Grandes colunas sustentavam o teto, o corredor era demarcado por um tapete xadrez, branco e preto. Em cima do trono, os naipes de paus e espadas.         Dormouse, Mad Hatter, o garoto com orelhas de coelho... todos estavam lá. Mas suas roupas estavam impecáveis e, apesar de terem um ar arrogante e brincalhão, não possuíam aquela aura perigosa e desesperada.

         Cheshire também estava lá, olhando para o trono como se esperasse que alguém chegasse e sentasse lá. Usava o mesmo estilo de roupas, seu olhar não era triste, com se esperasse algo. Tinha seu mesmo ar irritante, mas muito mais feliz.

         Ele olhou para mim como se fosse por mim que ele estivesse esperando. Abriu um sorriso debochado, mas que se mostrava feliz por me ver. E foi aí que eu percebi.

         No pescoço de Cheshire... o guizo.

         O mesmo que eu estava usando quando o encontrei...

         Como eu poderia estar com aquele guizo se ele pertencia a Cheshire e nunca eu o tinha visto antes? Aquilo explicava por que ele ficou tão desconcertado quando percebeu que eu o estava usando...

         Devia ser lago importante para ele.... Devia ser..

         Era...

        

²²²

         - Hey! Era para dormir, mas nem tanto assim! – Cheshire me acordou.

         Levantei de imediato.

         Eu estava encostada à mesma árvore de antes; estava na mesma estrada, no mesmo lugar tão desconhecido – como se todos ali não fossem. Agora, quem subia o céu era o Sol, e, pelo seu ângulo, já era começo de tarde. Cheshire já estava de pé, pronto para recomeçar a caminhada para sei lá onde, me esperando.

         Cheshire...

         Resisti ao impulso de levar a mão ao guizo.... Droga! Eu sentia que eu estava a poucos segundo de encontrar a resposta... Que tudo estava na ponta da língua, mas, mesmo assim, não conseguia descobrir o que era.

         - Vamos? – ele chamou.

         Preferi não comentar nada. Tinha a impressão de que não adiantaria, de que eu iria ter de descobrir o significado daquilo tudo sozinha.

        Levantei desajeitada, espanei as roupas, e fiz o máximo para esconder a expressão frustrada.         

         - Ok, mas se teletransportar, ou seja lá o que for que você faz, não vale!

         Ele abriu o sorriso irritante, tão longe do caloroso que eu vi em meu sonho e desapareceu, apenas para reaparecer em cima da próxima árvore.

         - Desculpe, não ouvi direito. – ele disse, sorrindo.

         - Você só ouve quando quer, não é?

         Desapareceu novamente, agora estava uma árvore mais para frente, me ignorando totalmente.

         Assim, comecei a andar de novo... Eu estava disposta a descobrir o que o guizo era...

         Suspirei.

        Caramba... Mais um mistério para adicionar à lista, que, em menos de dois dias estava parecendo aumentar cada vez mais...


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Notas finais do capítulo

Adivinha.... REVIEWS!!!!