Entre Rosas e Correntes escrita por Gabitfs


Capítulo 4
O pequeno químico




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Fui conduzido até a minha cela permanente, aos chutes e empurrões.

Me jogaram lá e me desejaram boa sorte com o meu parceiro de cela, eu não entendi nada.

Era uma cela muito pequena, com uma beliche de ferro de cada lado, um vaso e uma pia em um canto e duas mesas encostadas na parede, todas as duas cheias de livros. Havia 3 paredes, pois a quarta era uma grade que dava pra um corredor, pelo que eu vi pelo caminho, existia celas coladas umas nas outras, mas não dava para ver os garotos das outras celas.

Havia só um garoto em cima da cama lendo um livro grosso sobre química, ele era menor e ainda mais magro do que eu, essa foi a primeira coisa que eu reparei. Seu cabelo era castanho, curto e bagunçado e usava óculos redondos com lentes muito grossas.

A cela tinha vários posters com fotos de assassinos como Adolf Hitler, Mary Bell e Mary Ann Cotton. E o maior deles não tinha foto, apenas estava escrito “Jack” no meio, com letras grandes e vermelhas, sobre um fundo preto. Deveria ser homenagem a Jack o estripador, mas decidi não comentar sobre seus ídolos.

Não dei oi, apenas joguei minhas coisas em cima da cama do outro lado do quarto.

— Oi. - Ele disse, deixando o livro de lado - Por que está aqui?

— Matei, e você? - Não dei detalhes.

— Envenenei minha família. Todos morreram. - Ele me olhou, parecia me examinar como se eu fosse um rato de laboratório.

— Sou Robert Miller.

— Muito prazer, Miller, Sou Nicky Young.

Assim paramos de conversar. Eu decidi estudar que tipo de pessoa ele era, ele pareceu fazer o mesmo.

Nicky tinha muitos livros sobre química, física e havia muitas garrafas de água em cima da mesa.

Ta bom, o garoto era viciado em química e assassinos, estava preso por matar a família e tinha várias garrafas contendo líquidos. Eu não iria chegar perto daquelas coisas, nem daquele garoto, parecia ser um pequeno envenenador genial.

— Miller. - Ele falou no fim da tarde, como se fosse um médico dando o resultado dos exames - Observador, sério, desconfiado e atento. Exatamente o tipo de pessoa que eu preciso.

— Precisa? - Desconfiei.

— Vamos fugir daqui, juntos. - Ele estendeu a mão - Vamos fechar um acordo.

— O que diria esse acordo? - Me interessei pela palavra fugir, mas não toquei sua mão, não confiava nele.

— Vamos ser parceiros até sairmos do país. Vamos nos ajudar, não vamos nos trair nem abandonar. Até sairmos do país, somos a base um do outro. Fechado? - Ele disse extremamente sério, ainda com a mão estendida.

— Fechado. - Apertei sua mão. Nicky falava sério quanto a ser a base. Eu ainda não confiava nele mas ele certamente não iria me trair, pois não tinha nenhum traço de mentira nas suas palavras. Sempre fui bom em perceber quando as pessoas mentem, devo isso a meus 14 anos de prática, acreditando e contando mentiras.

E também, eu não queria correr o risco de ser envenenado por aquele garoto.

Nicky parecia satisfeito, sorriu e me pediu para sentar do lado dele.

— Você não é que nem os outros idiotas que foram presos nessa cela, eles se achavam os mais perigosos desse lugar, me diziam que se eu chegasse perto, seria enforcado. Amadores medrosos. - Ele riu - Você não, você é fraco e não ataca que nem um animal selvagem e burro. Você observa antes.

— Não pretendia atacar você, só queria ver se era do tipo que me ajudaria na fuga. - Talvez estivesse mentindo.

— Então temos uma atitude em comum, isso é muito bom. Iremos nos dar bem, Miller. - Sorriu pra mim.

— Eu acho que sim. Mas, como sairemos dessa caixa de fósforos que chamam de cela?

Ele expôs os planos, que mesmo vindo da mente genial de um, pelo que eu deduzi, prodígio, haviam várias falhas.

Nada disso daria certo, era extremamente louco e dependia de coisas imprevisíveis.

Coloquei vários “e se” no plano, dizendo para ele que precisávamos de um mais certo.

Pegamos as cadeiras do quarto e nos sentamos de frente pra mesa, com papel e um lápis.

Assim, começamos a desenhar o pequeno mapa do que sabíamos sobre a prisão. Nicky era experiente demais ali, me fez querer perguntar a quantos anos ele estava preso ali.


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Notas finais do capítulo

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