Anjo Mau escrita por annakarenina


Capítulo 48
Dor


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo é narrado por Emily Foster



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 O sangue se espalhava pelo chão como água, e o rasgo do pulso de um eu semelhante estava aberto e evidente. Eu me arrepiei — Sam estava tão semelhante à mim que era como se eu me visse num espelho. E enquanto isso, Philip envolvia seu braço esquerdo na minha cintura, observando atentamente cada ação de Sammuel. Ezandriel e Susan vinham logo atrás, murmurando alguma coisa que eu não consegui entender. 

Segundos depois, Sam começou uma cantoria agonizante. De fato, a música era ruim e medonha, e me incomodava de uma maneira assustadora. 

 — Já vai acabar — disse Philip, sussurrando no meu ouvido. 

 A cantoria que saía da boca de Sam não parava, e tornava-se cada vez mais alta à medida que ele mudava seus sons, desde um grave até um agudo, e vice versa. A letra parecia não fazer sentido, as palavras eram rápidas e embaralhadas e em uma língua desconhecida, e os olhos de Sam — meus olhos — emergiam uma aura assustadora e penetrante, como numa hipnose profunda e irreversível. O nada fazia parte dele, e sabe-se lá aonde a sua mente estava nesse momento. 

 E então ele parou, e sua cabeça virou para mim em um movimento rápido.

 — Eu irei para o meio do campo, e encontrarei com Lúcifer. E então, farei o que eu puder — as palavras de Sam saíram com dificuldade, e seus olhos arregalados demonstravam o medo evidente dentro de si. Era o desespero que invadia Sammuel, o desespero que invadia o meu eu interior. E agora eu via na minha frente, relutando contra si mesmo de fazer isso. 

 Philip segurou minha mão com força, e isso de certa forma me preocupava. Como eu iria agir — de qualquer modo — com minhas mãos presas à sua? 

 De repente, uma ventania avassaladora fez remexer todas as plantas do lugar. O vento atingiu a todos, e de forma surpreendente, o céu de Summerland tornou-se repleto por nuvens enegrecidas, grossas, espessas e dotadas de pequenas faíscas que reluziam em torno de si. O azul que antes tomava conta do céu, acompanhado de um sol visivelmente deslumbrante, agora era composto pelo cenário nublado e monótono, como num clima constante de um dia chuvoso e frio. Pequenos pedaços de poeira levantaram-se, formando-se um redemoinho à alguns quilômetros de distância, e em menos de dez segundos, esse pequeno rodamoinho cresceu de maneira abrupta, tornando-se algo semelhante à um tornado. Porém, não era um tornado em si. Ele não caminhava por entre o campo, ele girava no mesmo lugar, como um portal vindo do céu. Ou um pião em sintonia perfeita com o próprio eixo.

 Mas a verdade que todos sabemos é que o suposto rodamoinho não vinha do céu, ele surgia das profundezas do subsolo, das profundezas de um universo espiritual. Das profundezas do inferno. Relâmpagos imensos e assustadores invadiram os céus. Raios já estavam visíveis, e em seguida, um ronco estrondoso de uma trovoada latejou meu tímpano. Já de longe, eu via Sam como meu eu exterior, e seus cabelos que na verdade eram uma personificação minha, voavam contra o vento de forma arrebatadora. Seus braços estavam abertos, como se quisesse receber Lúcifer de maneira diplomática — mas algo dentro de mim me dizia que isso era ruim, muito ruim. 

 De repente, o rodamoinho foi perdendo forma, e de longe, uma figura já conhecida e brutalmente assustadora pairou há poucos metros de Sam. Estávamos escondidos atrás de um tronco robusto de uma árvore, e minhas mãos tremiam tanto que eu mal conseguia conte-la sem a ajuda de Philip. 

 Mas a aparência do demônio desta vez, não era a mesma que a de antes. Dessa vez, Lúcifer parecia um príncipe devido suas vestimentas antigas e clássicas, e o quê jovial que antes estava presente nele, agora simplesmente não existia. Ele me lembrava um homem de trinta anos, já maduro e com expressões de dureza no rosto. Um nariz pontudo e pequenas cicatrizes no rosto unia-se com a rigidez da sua expressão, junto com sua frieza espontânea. Como um humano, Lúcifer pareceria um modelo finamente montado para aquela ocasião. 

 A permanência no olhar entre Lúcifer e a suposta Emily foi demorado. O demônio olhava a figura a sua frente atentamente, inclinando sua cabeça como se analisasse até os minuciosos detalhes. Eu tremi, nervosa, e apertei ainda mais a mão de Philip na minha. 

 — Minha querida, Emily — disse Lúcifer, estranhamente sem emoção. — Há quanto não nos vemos? Alguma surpresa?

 Sam andou um passo na direção do demônio, e sorriu.

 — Há pouco tempo, Lúcifer. 

 Lúcifer franziu o cenho.  

 — O que te fazes chamar-me? — Perguntou ele. Por que ele estava usando um vocabulário estranho? E como eu conseguia ouvi-los de tão longe?

 — Quero ir com você — disse Sam, e de certa forma, essa resposta não pareceu surpreender Lúcifer. 

 — Então decidiu que seu lugar é ao meu lado? 

 Sam o fitou por alguns segundos.

 — Por favor, deixe-me ir com você...

 — O que houve com o nosso querido Philip? Ele ainda possui a marca, desistirá simplesmente dele?

 — Philip é um idiota, ele só estava me usando — respondeu Sam, e essa frase tirou um sorriso aparentemente espontâneo de Lúcifer. 

 Estava dando certo... mas quando Sam iria atacar? 

 — Sabe, Emily, há algo estranho em você... você parece tão mais... calma

 Sam enrijeceu, até que segundos depois manteve-se ao normal.

 — Lucifer, eu quero ir com você.

 — E o que me garante que você não irá me trair?

 Sam sorriu levemente.

 — Bem, não há forma de provar isso. Você só precisa acreditar em mim.

 Sam olhou para as mãos de repente, como se conferisse algo. Lucifer o observou, mas pareceu não se importar tanto. 

 — Há poderes em mim. — Disse Sam.

 — Eu sei, é por isso que pretendo ter um universo com você.

 Sam revirou os olhos.

 — Não podemos ter um universo. Você é um demônio, o universo pertence à Deus. 

 Lucifer riu, debochando.

 — E se eu te disser que Deus não está com tanta vontade assim de reinar?

 Meu coração disparou. Como assim Deus não quer mais reinar? O que isso significa? 

 De longe, eu não conseguia ouvir a voz de nenhum dos dois, e de repente, estranhei tal fato.  Olhei para Philip, que parecia estar estranhamente concentrado em Lúcifer e Sam. O que me apavorou. Será que ele iria perceber alguma coisa? Será que Philip tinha entendido tudo?

 Mas quando eu olhei para o meu outro eu que possuía Sam dentro, ele olhou novamente para as suas mãos, e de forma clara, fechou-as em punho. Era essa a hora que eu deveria atacar? Espera, por que Sam não havia me contado a hora certa de atacar.

 — Philip?

 Chamei-o, nervosa.

 Ele se virou para mim, e fez um gesto com a cabeça, como se quisesse saber o que eu queria falar.

 — O que vai acontecer agora? 

 Minha cabeça girava, e o pressentimento horrível dentro de mim invadia a minha garganta, me dando náuseas. Eu queria gritar, eu queria chorar, porque na verdade, a dor que eu sentia era da minha intuição pura e cruel me dizendo que algo muito ruim estaria prestes a acontecer. Eu coloquei a mão na boca, e segundos depois, a mão direita a qual segurava a de Philip, soltou-se da minha, e nesse momento, olhei para cima buscando o seu olhar.

 Um raio caiu há poucos metros de Lúcifer, e uma chuva contínua de granizo começou a formar-se. 

 Philip então olhou nos meus olhos, fitando-me, com a expressão rígida e séria. 

 Mas conforme eu explorava aquele olhar, não via a certeza nas suas íris cinzas, eu via um olhar conhecido, até quem sabe, medonho. 

 E então olhei para baixo, para o braço de Philip, e a falta de algo primordial agonizou-me por dentro, e eu reprimi um grito estrondoso. 

 Não era Philip. Os olhos eram de Sam. 

 E quem estava lá, com Lúcifer, na verdade era Philip. 

 — Não, não, não! — Eu disse, afastando-me de Sam no corpo de Philip. — O que você está fazendo? — Sam balançou a cabeça em negativo. 

 E quando olhei para a Emily do campo, que na verdade era o amor da minha vida, eu gritei. Gritei o mais alto que consegui, até notar que havia algo impedindo a minha voz. Olhei para trás e vi Susan, com as mãos na posição de pare, com dificuldade. Seus olhos estavam repletos de lágrimas que caíam constantemente. Ela soluçava. 

 Ezandriel, logo atrás dela, carregava consigo o livro de Deus em aberto, e sussurrava pequenas palavras estranhas. E então eu tentei correr, mas minhas pernas foram paralisadas por gigantescas raízes grossas que surgiram do chão, enroscando-se em minha canela. Eu me debati, ainda tentando gritar. Era uma união de dor e desespero. De longe, eu via Lúcifer colocando a mão na testa de Philip, como se sugasse o que restava de dentro de si. Até que finalmente eu confirmei tudo — a aparência de Philip estava voltando a ser de Philip, Lúcifer estava quebrando o feitiço, e no lugar de Philip, Sam voltava a ser o que era.

 — Susan, por favor, me deixe ir!

 Era uma luta constante entre meu coração e a minha necessidade de correr. Susan parecia desesperada e com dificuldade de manter-me presa. E num pequeno relance, vi Sam observando tudo à espreita, como se assistisse de forma convincente, e talvez até feliz, os últimos momentos de Philip. 

 Eu gritei. 

 Com toda força, eu gritei novamente, até que o feitiço que impedia-me de prevalecer pareceu fraquejar, e um olhar assustado de Ezandriel para Susan foi suficiente para eu entender que estava no caminho certo. 

 Eu permaneci tentando gritar o mais alto que conseguia. Sentia terra na minha garganta, algo áspero parecia ainda impedir-me. Parecia cabelo ou algo do tipo. Mas eu não desisti. 

 A força que estava se criando dentro de mim era ao mesmo tempo maligna e cruel. Não era uma força humana — e talvez, nem mágica. Era uma força assustadora, que jamais, em todo o meu processo de ser uma guardiã, havia sentido. Essa força me sucumbia, me envolvia, e me ordenava também. Dentro de mim uma chama reluzia, queimava, fervia de forma tão doentia e atordoante que era difícil meus olhos manterem-se abertos. 

 Talvez fosse a necessidade. A tal da necessidade. Do desespero. O tal do amor

 E então, minha cabeça girou de forma continua, meus ombros fraquejaram — mas não para uma desistência, e sim para um impulso maior, um impulso que me libertaria. 

 Neste momento, eu ouvi um estrondo.

 Mas o estrondo não vinha de mim. 

 Vinha do campo.

 — NÃO! — Gritei, e engasguei. 

 Havia uma fumaça constante pelo campo. Eu não via Philip, ou Lúcifer, eu só via um céu nublado.  Até que momentos depois, a fumaça foi-se sumindo, e minha visão foi suficiente para acometer-me num alívio temporário. 

 Philip segurava o pescoço de Lúcifer, como numa emboscada o demônio tivera caído. Lúcifer rangia, e eu permanecia paralisada, observando os dois seres poderosos frente a frente. 

 E então o cenário mudou. Philip colocou dois dedos na testa de Lúcifer e olhou para a nossa direção — mais especificamente, Ezandriel. O anjo assentiu com a cabeça, como num acordo, e novas palavras estranhas começaram a sair da sua boca. 

 Outro estrondo. Desta vez, foi um raio. 

 Susan e Sam pareciam atentos, sérios, como num transe.

 E então de repente, um soco de Lúcifer atingiu em certeiro Philip. E eu me debater ainda parecia insuficiente. De repente, numa velocidade extremamente assustadora, Lúcifer avançou na direção de Philip, ainda caído no chão.

 — Não, por favor, NÃO Lúcifer! 

 E o mundo pareceu parar. E então, antes de um golpe fatal, o demônio parou, como se me ouvisse. Sua atenção foi automaticamente desviada para a floresta. Para a minha direção

 Há quilômetros de distância, nossos olhares de chocaram, e uma aflição iminente atingiu-me. Por dentre as árvores, Lúcifer sabia muito bem para onde olhava — e para quem olhava. 

 Ele saiu do seu modo de ataque, e Philip, já caído no chão — e com sangue, muito sangue —, permaneceu daquela forma, indefeso. 

 — Estou aqui — eu disse, finalmente com a minha voz normal. Eu não tinha outra chance. É Philip, ou eu. É o amor da minha vida, ou eu. 

 Lúcifer caminhou breves passos na direção da floresta, ainda me fitando de longe. E num breve estalar de dedos do demônio, as raízes que me prendiam se soltaram. Susan lançou um suspiro assustado. Ezandriel fechou o livro, como se suas esperanças se esgotassem naquele momento. E Sam, abaixou a cabeça, reconhecendo o fracasso. Ele me olhou por longos segundos, até balançar a cabeça em negativo. 

 Lúcifer parou, e fez um gesto para eu ir até ele. 

 E eu o fiz, se era assim que deveria acontecer. Se era assim que poderia haver alguma chance de salvar o mundo, era assim que eu o faria. Era só eu conseguir pará-lo…

 Lúcifer estendeu a mão, aguardando que eu a tocasse. Eu tremia, por dentro e por fora, meus nervos saltavam, assustados, indefesos. Minha mente dizia que um cheiro inevitável de morte se aproximava, mas eu busquei ignorar tudo isso. Eu não suportaria ver Philip morrer. De forma alguma, eu suportaria. 

 Eu a toquei, finalmente, e um sorriso exuberante atingiu o rosto do demônio. 

 — Você é tão mais linda sem nenhuma materialização…

 — Lúcifer, deixe-o ir. — Eu disse, entredentes. 

 Lúcifer fez uma cara de dúvida. 

 — Ele ficará bem, Emily. Mas… já que agora estou falando com a verdadeira Emily… vamos ao assunto que importa, não é mesmo? — Eu não respondi. 

 — O que você quer? 

 — O que não conseguimos terminar, lá no inferno. — Ele riu. 

 — Um casamento? 

 Ele sorriu.

 — Perfeito. 

 — Quer me tornar sua esposa, Lúcifer? 

 Ele assentiu, eufórico, como uma criança prestes a ganhar o melhor presente do mundo. 

 E eu engoli em seco, percebendo um breve deja vu na minha mente. A parte do casamento, que de alguma forma que não me lembrava… fora interrompida.

 — Por favor, chame seus amigos para nos presenciar. Alguns amigos meus estão a caminho também. Será uma festa! 

 Amigos

 Eu não respondi, estava nervosa de mais para isso. 

 — Então… entendo porque está tão seria… ainda é adepta à formalidades, não? 

 Eu sorri, falso.

 Lúcifer ajoelhou-se à mim, de repente, e seu gesto assustou-me. Ele olhou para cima, como um cego apaixonado, e de repente, abriu uma das mãos. E dela, surgiram duas alianças com brilhos tão intensos que poderiam cegar caso fitasse por muito tempo. 

 — Emily Stanford Foster, aceita casar-se comigo? 

 Foram segundos de luta, segundos intermináveis. As palavras se formaram, mas as tentativas de dizer um sim foram todas elas falhas, inúteis. O ser abaixo de mim aguardava ainda ansiosamente pela resposta, e não havia nenhum sinal do meu corpo que tal resposta fosse ocorrer. 

 E então de repente, meu medo foi despertado pela risada monstruosa de Lúcifer. Ele fechou a palma da mão de repente, e numa fração de segundo, as joias despedaçaram-se em pó, sem a menor dificuldade.

 Lúcifer levantou-se, e seu olhar havia mudado de um apaixonado para um vingador. Ele ficou serio, e eu só conseguia ver o ódio em seus olhos.

 — Sabe o que vai acontecer, querida Emily? Eu irei matar a todos deste lugar. Eu irei massacrar a Terra, onde vivem os seus ancestrais. Irá tudo acabar, Emily. Inclusive, você. Eu não a amo, não mais. Você não passa de uma pirralha que busca antes de mais nada, viver nesse mundinho de merda onde só existem fracos. SÃO TODOS FRACOS, EMILY! Entenda. Eu lhe dei uma, duas, dez chances, mas nenhuma delas eu fui correspondido, então eu espero que não seja nem um pouco agradável a sua morte…

 Mas antes que ele pudesse terminar a sua frase, suas mãos gigantescas envolveram meu pescoço, e de repente, o ar foi sumindo de forma rápida e urgente, como se obrigados a fugirem. Eu me sacudi, de forma inútil. Ele era forte de mais, ele era absurdamente forte. Sua garras me perfuravam lentamente, num processo árduo e doloroso, e eu sentia as feridas se formando conforme suas unhas entravam em minha carne. Minha cabeça esquentou, e meu cérebro pareceu explodir. 

 De repente, um leve movimento afrouxou. Lúcifer desviou sua atenção a algo que o impedia de continuar. Susan, Sam e Ezandriel avançavam em sua direção de forma rápida e confusa. Eu só conseguia enxergar, com dificuldade, a ponta da asa de Ezandriel — asas gigantescas. Até que um grito dele foi suficiente para eu saber que ele havia sido ferido. 

 A asa de Sam também se abriu. O céu tornou-se mais escuro, como numa sombra infinita causada pelas penas gigantescas. Lúcifer estendeu a outra mão, visando alcançá-lo, mas Sam era estupidamente rápido. Eu me balancei, tentando dificultar o demônio, mas a cada movimento exigia mais ainda da minha energia — e meu ar esgotava-se a cada fração se segundo. 

 Susan também estava em jogo. Algo surgiu nos pés de Lúcifer — as raízes, as mesmas raízes — mas ele foi mais rápido e tirou todas elas. 

 E então num movimento curto, ele me levantou do chão, segurando apenas em meu pescoço. Eu estava em desespero, o ar não chegava, e meu corpo inteiro estava adormecendo. 

 E a visão limitada permitiu-me ver algo formando-se na mão de Lúcifer. Era algo negro, obscuro, no formato de uma bola. Parecia um buraco negro, com uma profundidade e uma força maligna, medonha. Neste momento, os aliados pararam de lutar, e o barulho fino e insuportável de uma bola gigantesca formando-se na palma da mão de Lúcifer foi o centro da atenção. E eu senti a energia de todos ao redor — e suas energias apontavam para o medo. E a desistência

 Fora como se a bola fosse o limite da realidade, o limite da força que um ser maligno poderia ter. Ela estava sendo preparada para mim. Lúcifer afrouxou bem levemente a minha garganta para que eu pudesse pegar um pouco de ar — para que eu não morresse antes dele atacar-me num golpe fatal com aquela força maligna que ele segurava. 

 Ele queria me ver sofrer.

 Lágrimas escorreram dos meus olhos — o restante de vida que ainda havia em mim foi breve o suficiente para fazer-me aceitar meus erros, e talvez, quem sabe salvar quem eu amava

 Fechei meus olhos, numa aceitação evidente, e senti o calor do sorriso de Lúcifer. 

 E então, aguardei o momento. 

 O barulho aumentou, meu coração disparou, e um vento breve e forte atingiu meu rosto. 

 Senti um cheiro.

  Um cheiro conhecido. 

 E ouvi um estrondo, junto de um grito mortal. 

 Um grito também conhecido.

 Abri meus olhos, em desespero, não suportando acreditar que…

 — PHILIP! 

 … que era o amor da minha vida, bem na minha frente, entre eu e Lúcifer. 

 A forma maligna foi cravada nele, inteiramente pelo demônio. E um milímetro de distância separava-me da gigantesca esfera negra que por uma fração de segundo não atingiu-me.

 Philip não deixou me atingir.


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Notas finais do capítulo

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