Narrado por Charlie.

— Charlie Nilson. — gritou minha mãe. — Será possível que eu tenho que te chamar trezentas vezes até você acordar? — Exagero é mais uma das qualidades da minha mãe. Ela se chama Melissa Nilson e é médica, então eu quase não vejo ela. Já meu pai, ele não mora aqui em Los Angeles e sim em Nova York, e bem, ele é um cara que manda um dinheiro todo mês, mas fora isso o nome dele é Harry e se nos vimos umas três vezes foi o muito.

— Já to indo mãe! — falei sonolenta. 

— Então vai logo! Seu irmão já deve estar quase pronto. — Cody é mais velho, tem dezoito anos é um cara totalmente sociável, ao contrario de mim, bonito, e as garotas não param de correr atrás dele. — Se quiser ir de carro, se apresse! — gritou ela saindo do quarto. 

Levantei da minha cama não querendo muito, fui para o banheiro tomei um banho rápido — coloquei uma calça jeans, a blusa da escola e meu tênis — peguei minha mochila e desci as escadas até a sala. Encontrei meu irmão impaciente me esperando na sala.

— Eu ia te deixar pra trás Charlie. — falou já indo em direção a porta. 

— Eu queria tomar café Cody!  — resmunguei.  — não poderia esperar cinco minutos? Você é um péssimo irmão.

— Eu tenho que passar na casa do Tom. — disse, entrando no carro, eu parei na porta do mesmo.

— Ah fala sério, aquele garoto é insuportável. — respondi de mau humor. E para piorar ele e Cody são melhores amigos, inseparáveis.

— Você também é bem implicante, em Charlie. — Cody falou. — Não vai entrar no carro? Prefere ir de a pé? — entrei no carro com a cara feia.

— Agora você é motorista particular do otário do Tommy? — disse revirando os olhos.

— Cala boca Charlie. — mandou irritado. — Quero saber quando você dois vão parar com essas briguinhas de criança.

— Quando seu amigo parar de ser irritante, que tal? — respondi ríspida. Acho que ele ficou todo “putinho” porque até o caminho da casa do babaca do ano não falamos mais nada. Cody parou o carro na frente da casa do Tommy que não era muito longe da nossa. A casa dele era muito bonita, grande e tinha dois andares. Cody começou a buzinar e isso estava me irritando, então me pronunciei.

— Será que da pra parar? — perguntei olhando pra ele. — seu amigo é babaca, mas acredito que não seja surdo. — Ele me olhou com cara de tédio e voltou a apertar a buzina, eu bufei e me virei para janela, vi a porta da casa se abrir e Tommy sair de lá. Ele estava com uma calça jeans rasgada e uma jaqueta de couro com uma blusa preta por baixo, até que ele era bonitinho. Tá ele era muito mais do que “bonitinho”, ele era lindo e gostoso. Mas ele não precisa saber disso. Ele veio andando bem rápido até o carro e abriu a porta do mesmo, a porta da frente onde eu estava sentada.

— Sai, quem senta na frente sou eu! —  seu tom de voz era arrogante.

— Não saio! — olhei para ele irritada. — eu sentei aqui primeiro.

— É mesmo? — ironizou. — Não me interessa!

— Vai logo Charlie!  — Cody interrompeu nosso começo de discussão.

— Mas Cod.. — ele me interrompeu mais uma vez.

— Vai ou vamos chegar atrasados na escola. — saí do carro e fiquei em pé na frente do Tommy, ele era muito mais alto do que eu.

— Satisfeito? — indaguei com raiva.

— Sim. — respondeu com um sorriso cínico. — E da próxima vez que me vê, tenta não babar Charlie... Eu sei que sou gostoso. — Essa parte ele falou baixo, só para que eu ouvisse, além de tudo é convencido, irritante. Eu o empurrei e entrei na parte de trás do carro.

— E ai Cody. — Tommy cumprimentou meu irmão. — Como estão as coisas? E aquela garota lá?

— Qual delas? — perguntou meu irmão rindo.

Eu bufei e revirei os olhos.

— Você sabia que é falta de educação revirar os olhos garota? — Tommy indagou me olhando pelo espelho do carro. 

— Não sei e nem quero saber!  — eu disse por fim. Coloquei meus fones para não escutar as merdas que os dois falavam.

Chegamos na escola e eu desci rapidamente do carro, fui em direção a Jas que estava perto do portão me esperando.

— Demorou Char. — Jas era minha melhor amiga, ela era uma garota de cabelos longos, pretos, era alta e magra, parecia uma modelo.

— Culpa do babaca ali. —  falei olhando na direção do Tommy.

— Ai Charlie, vocês dois não tem jeito não é mesmo?! — falou começando a rir.

— Ele me irrita muito! — falei com cara de tédio. — ele é extremamente babaca.

— Quem é extremamente babaca? — escutei a voz de Jeff, logo constatei que ele chegou de surpresa. Jeff era meu amigo também, não como Jas, mas andávamos todos juntos. Ele era alto, loiro um gostoso, o que ta acontecendo comigo? Só pode ser os hormônios. Preciso parar com esses pensamentos.

— Adivinha?  — Jas falou.

— Tommy?! —  ele perguntou começando a rir. — Ele é extremamente irritante mesmo, mas com você, ele é mais.

— E extremamente gostoso também. — Katie disse se intrometendo na nossa conversa. Essa garota me incomoda muito, não só por ser uma vadia, mas por se achar demais só porque Tommy tem "alguma coisa” com ela.

— Não mesmo! — falei rindo com deboche. — E pelo o que eu sei, ninguém te chamou aqui.

— Só não vê quem não quer! — ela disse me olhando. — ou vê e fingi que não.   — e completou. — Eu só estava passando e escutei você falando do meu namorado. — ela deu ênfase no "meu" — mas já estou indo, queridinha. — e saiu rebolando com aquela micro saia mostrando o útero.

O sinal tocou e nós fomos para nossa sala, eu e Jas eramos do segundo ano e Jeff terceiro. — ele era da sala do meu irmão e do Tommy.

Fui para minha sala acompanhada de Jas, que estava falando sobre um livro que ela tinha terminado de ler, mas eu não estava prestando a menor atenção porque nesse momento os meus olhos encontraram com dos de Tommy e nos encaramos profundamente, eu me perdi naqueles olhos castanhos e foi a primeira vez que não tinha ódio, ou raiva nos nossos olhares. — Assim que chegamos na sala e nos sentamos nos nossos lugares — na frente — o professor de matemática entrou na sala — tivemos duas longas aulas — quando as duas aulas terminaram a professora de história entrou na sala e começou a explicar a matéria. O sinal para o intervalo tocou e eu sai apressada da sala puxando Jas comigo, estava morrendo de fome. 

— Espera Charlie. — disse parando. — eu tenho que ir até a biblioteca. Te encontro no refeitório, tudo bem?

— Ta bom. — assenti com a cabeça. Jas pegou o caminho da biblioteca e eu fui para o refeitório. Assim que entrei no mesmo, vi Jeff na nossa mesa de costume, me sentei de frente para ele e começamos a conversar sobre algumas matérias, Jas chegou e se sentou do lado de Jeff e apenas observava a nossa conversa sem interesse de se pronunciar. Até que sinto algo molhando caindo sobre meu corpo, quando olhei para o lado vi Tommy parado com uma lata de coca-cola na mão. Eu me levantei do banco e o olhei com muita raiva. Todos estavam olhando para nós dois.

— QUAL O SEU PROBLEMA GAROTO? — gritei com raiva — Você fez de propósito Tommy!

— Ah foi sem querer Charlie. — falou me olhando com aquela cara de cínico. 

Algumas pessoas começaram a rir.

— Vem Charlie, vamos no banheiro limpar isso... — Jas falou tentando interromper, mas eu a ignorei.

— Olha o que você fez seu retardado! — falei mostrando minha blusa e parte da minha calça toda suja. — Você me paga Tommy! — ele começou a rir alto fazendo mais gente rir junto com ele.

— Então eu quero vê Charlie... - falou duvidando e rindo de mim. Eu perdi a paciência e peguei meu copo de suco e joguei bem na cara dele.

— VOCÊ É MALUCA GAROTA?! — ele gritou com raiva e irritação.

— Você que começou... Não se faça de santo! — eu o olhei com mais raiva ainda. 

— Foi sem querer! Eu esbarrei em você, já você não, jogou todo o copo de suco em mim! — que garoto mais cínico. Eu perdi o controle e fui pra cima dele, Jas tentou me segurar mas não conseguiu. Então quando eu ia dar um tapa no rosto dele senti alguém me puxar pela cintura e me afastar de perto dele.

— Charlie você é doida? — Cody perguntou depois de ter me afastado. 

— Ele que começou! —  falei apontando na direção doTommy.

— Eu só esbarrei nela Cody... — Meu irmão olhou para Tommy com uma cara feia.

— Depois a gente conversa Tommy! — Tommy revirou os olhos ao escutar as palavras de Cody.

— Posso saber o que estar acontecendo aqui? — A diretora chegou, e todos ficaram em silêncio. — Ninguém vai me responder? — perguntou irritada.

— Tommy jogou refrigerante em mim, Sra Smith. —  eu respondi.

— E ela jog... — Tommy ia responder mas a diretora o interrompeu.

— Tinha que ser o senhor, não é Radcliffe? — ele fuzilou ela com o olhar — os quatro já para minha sala!

— Espera ai, os quatro?! — Jas indagou confusa.

— Sim senhorita Glynne! — Eu, Jas, Cody e Tommy seguimos em silêncio para sala da diretora, depois de escutarmos ela falando um monte de coisas sobre nós precisarmos crescer e que Tommy precisava agir como um homem de dezoito anos fomos liberados sem nenhum castigo. Isso porque eu e Jas estávamos lá, porque se não teria sido muito pior para Tommy e para Cody que não tinha nada haver com isso. Assim que saímos da sala eu e Tommy nos fuzilamos com o olhar.

— Eu te odeio Radcliffe! — falei com toda minha raiva.

— Pois fique sabendo que é recíproco! — ele me respondeu e depois disso Jas me arrastou até o banheiro para que eu limpasse minha roupa, tentar pelo menos. Eu entrei no banheiro bufando de raiva, encostei na pia e abaixei a cabeça.

— Eu o odeio Jas! Com todos as minhas forças! —  falei sentindo meu sangue ferver de raiva.

— Cuidado Charlie... Ódio e amor andam lado a lado. — Jas falou me olhando.

Levantei meu rosto e olhei nos olhos dela.

O que ela queria dizer?