Coração De Seda escrita por Maria Fernanda Beorlegui


Capítulo 96
Capítulo 96


Notas iniciais do capítulo

Trazendo o capítulo 96 bem cedinho hsuahaiahaia quem aí tá ansioso para O Rico e Lázaro? Neusta é vida loka, gente. Oposto de Henutmire, tô rindo.



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Ando plenamente calma pelo palácio pensando em como vou convencer Zion. Convencer sim, até porque a criança dentro de mim cresce e eu preciso estar casada para poder anunciar minha gravidez. Não sei como fazer isso em pouco tempo. Faltam poucos dias para se completar dois meses que voltei pra casa, mas isso foi tempo suficiente para eu mesma saber que estou grávida. Como se não bastasse, Halima e Yaffa estão grávidas de Djoser.

—Eu queria mesmo falar com você. —Zion fala ao me ver. —Seu irmão me falou que Amun amaldiçoou sua mãe e ele. —Ele fala. —Alegando que a primeira esposa de Djoser teria o ventre seco.

—Isso não vai acontecer já que Yaffa e Halima já estão grávidas. —Falo.

—Mas a primeira que se casar com ele, ser a grande esposa real, pode perder a criança e se tornar infértil. Eu não acredito nisso, apenas em Deus. Mas prefiro não arriscar a fertilidade de minha irmã. —Zion fala preocupado. —Por isso fiz Djoser me dar sua palavra.

—E ele lhe deu alguma garantia? —Pergunto.

—Sua mãe fez seu irmão me dar uma garantia sobre a palavra dele. —Zion fala e então olho incrédula para ele. —Você.

—Eu? —Indago confusa.

—Você por Halima. —Zion revela. —Djoser será rei em breve. Sua mãe vai aproveitar a ocasião para casá-lo com Yaffa.

—E fazer da filha do nosso inimigo... Uma rainha. —Falo enfurecida.

—Sim. —Zion afirma com um sorriso. —Yaffa será a rainha do Baixo Egito.

—Do Alto também. —Falo enojada.

—Sua mãe dividiu o reino. —Zion revela. Faz séculos que o Egito se unificou, minha mãe não deveria ter feito isso. —Você será rainha como ela quer. Rainha do Alto Egito. —Zion revela para mim. —E como garantia de que nada vai acontecer com Halima, sua mãe me concedeu a sua mão. —Tal revelação me deixa incrédula. Fico sem reação alguma, mas não ouso recusar tal coisa. Já estava nos meus planos me casar com Zion para que meu filho tenha um pai. Mas eu não esperava que minha mãe fosse escolher ele, justo Zion que tanto amei e depois deixei de amar. Meu amor de adolescente que fiz questão de esquecer. Que morreu com o tempo e deu espaço ao amor que tenho por Arão agora. —Está sem palavras, não está? —Zion pergunta e confirmo. Ele acaba me abraçando como forma de consolo já que não sei o que falar. —Logo vamos nos casar, meu amor. E você logo vai voltar a me amar, Anippe. —Zion fala seguro de si enquanto tento não chorar de medo. Eu não faço a mínima ideia de como é a vida de uma mulher casada.

—Vamos casar na mesma cerimônia que Yaffa e Djoser? —Pergunto.

—Sim. —Zion responde ainda abraçado à mim. —Ela é filha de Amun. Nada pior para ele do que saber que a filha sofreu com a praga que ele fez contra sua mãe e seu irmão. —Ele fala e então me assusto. —Mas Yaffa não sabe sobre a praga, Anippe.

—Ela vai perder o filho. —Falo e então olho para Zion. —Já imaginou a dor dela?

—Não. —Zion fala e então me assusto. —Não se preocupe.

—Mas a criança também é de Djoser. —Rebato.

—Mas tem o sangue de Amun. —Zion fala e eu concordo. —Você está sensível em demasia por causa dessa criança. Qual o motivo?

—Nenhum. —Falo ao imaginar a dor de Yaffa. Talvez eu esteja sensível pelo simples fato de carregar uma vida comigo assim como Yaffa.

—Não precisa se preocupar. Quando for a nossa vez, vamos estar prontos. —Zion fala.

—Do que fala? —Pergunto.

—De termos nossos filhos. —Zion fala me fazendo sentir arrepios.

—Sim, claro. —Falo nervosa, mas logo sorrio. —Fui cega em não ver que você é de fato o amor da minha vida.

—Eu sempre soube que mais cedo ou mais tarde você ia dizer isso. —Zion fala antes de beijar meu rosto e seguir sozinho. Abraço à mim mesma com a intenção de me amparar, mas eu me recuso a acreditar que minha mãe vai mesmo me casar com Zion.

(...)

—Mãe... —Lyanna chama pela nossa mãe enquanto estamos nos servindo. —O meu irmão vai matar o pai da Yaffa? —Todos se olham com a pergunta de Lyanna. Logo a refeição perde completamente o sentido já que estamos todos unidos na mesa.

—Se for preciso, Lyanna. —São as únicas palavras de minha mãe. Ela estava nervosa com o rumo da conversa. Lyanna ainda é uma criança, não pode ter esse tipo de conversa.

—Não deveria falar disso na frente dela. —Djoser fala e então repreende Gab e nossa mãe. Yaffa tenta não se mostrar nervosa, mas eu e Halima notamos o quanto nervosa ela está.

—Falta muito para Anippe casar com Zion? —Lyanna pergunta e então é a minha vez ficar nervosa.

—Não. —Minha mãe responde e em seguida se serve do vinho.

—Acha prudente que eu mate o pai de Yaffa? —Djoser pergunta para Lyanna enquanto olha para Yaffa.

—Sim. —Lyanna nos surpreende com sua resposta. —Por causa dele o papai não pode voltar para casa. —As palavras de Lyanna me fizeram olhar para Djoser. —Quando tudo acabar a mamãe vai buscar o papai? —A menina pergunta. Todos se olham tristes, mas logo Gab fala por todos nós.

—Sua mãe não pode fazer isso. —Gab fala tranquilamente.

—Eu quero o meu pai, tio. —Lyanna pede e então tento não chorar.

—Ele está bem, Lyanna. —Yaffa nos surpreende ao falar. —Peço a Deus todos os dias para que ele tenha paz. —Sua voz é embargada devido ao choro. —Com licença. —Ela pede antes de sair para que ninguém ouça seu pranto.

—Viu? —Djoser pergunta para Lyanna. —O papai está bem.

—Eu só queria ir para onde ele está. —Lyanna pede com toda sua inocência. —Como da outra vez. —Lyanna fala me deixando confusa. Eu poderia dizer que Lyanna sonhou com nosso pai, mas ela é uma criança e não sabe bem o que é sonhar. E nunca viu o rosto de nosso pai.

—Venha, Lyanna. —Minha mãe pede ao se levantar com a ajuda de Gab. Minha mãe então faz Lyanna sair da mesa. A menina olha para minha mãe com um certo receio, mas logo sorri.

—Eu levo-a. —Djoser fala e então pega Lyanna nos braços. Os três saem da mesa já que é hora de Lyanna estar dormindo.

—Ela não merece isso. —Gab fala para mim sobre Lyanna. Halima então me olha com uma certa curiosidade, mas logo desvia seu olhar. —Lyanna ainda é uma criança.

—Ela fala como se meu pai fosse vivo. Mas eu entendo. Ela tem cinco anos, não sabe o que é morrer. —Falo. —Mas você sabe. Também sabia que meu pai seria morto.

—Com licença. —Halima fala antes de sair e me deixar sozinha com Gab. As vezes Halima me surpreende.

—Hur também sabia. —Gab rebate. —Eram boatos em que Amun mataria seu pai, não sabíamos o dia, nem a hora. Até que Amun atacou. E seu pai pressentiu, tanto que deixou sua mãe com Lyanna no ventre. Hur sabia que se os homens de Amun encontrassem ele com Henutmire, os homens matariam sua mãe ainda grávida. Matariam Djoser também. A prova é que Hur fugiu, mas foi para a sala do trono. E então os homens foram, com ordem exatas, matar Ramsés também. —Gab revela. —Não foi a toa que Ramsés morreu envenenado.

—Quem me garante que foi Amun quem matou meu tio Ramsés? —Indago. —Você fez Radamés tirar Lyanna de minha mãe...

—Hur também sabia disso. Ele pediu ajuda para Radamés. —Gab revela. —Sabia que Radamés esteve na cerimônia em que seus pais se casaram? E também na cerimônia em que você foi apresentada aos nobres? —Gab indaga e eu nego. —Sem Hur e Ramsés, eu e Djoser terminamos o plano de fazer Amun acreditar que Lyanna estava morta e sua mãe louca.

—Eu não confio em você. —Falo descaradamente. Olho bem nos olhos de Gab, todavia não vejo mentiras nele. A única coisa que vejo é um homem apaixonado pela própria irmã e que me vê como uma filha.

—Vou lhe contar uma coisa que nunca contei para ninguém. —Gab fala e então vejo-o fazer um gesto para o servo fechar a porta. —Eu tive uma filha. —A revelação de Gab me surpreende.

—Você repetia para os quatro ventos que não tinha filhos. —Falo ao me lembrar das poucas vezes que vi Gab falar de sua vida.

—Ela deveria ter a sua idade. —Gab revela me fazendo entender muita coisa. —Foi quando vi Djoser e Amenhotep nascerem. Antes mesmo de sua mãe saber que você era um vestígio de vida dentro dela. Quando parti, a mulher que carregava minha filha me revelou.

—E o que aconteceu? —Indago curiosa.

—A menina morreu. Ela tinha a mesma idade que Lyanna tem agora. —Gab revela. —Quando mandei servos saberem da menina, soube que ela adoeceu e morreu com a idade que Lyanna tem agora.

—E qual o motivo de contar isso para mim? —Indago.

—Sua mãe delirou com essa menina quando Ramsés mandou prende-la. —Gab revela. —E em alguns sonhos, minha filha apareceu para Henutmire. Sua mãe sempre me falava da menina que dizia ser neta do faraó, de olhos negros e pele clara. Eu sempre disse que Henutmire viu Lyanna, até porque naquela época sua mãe estava grávida. Mas depois que Lyanna nasceu e foi crescendo, Henutmire negou. A menina dos sonhos não era Lyanna, era a minha filha. E se conto isso para você é pelo simples fato de vê-la em você. Você e ela teriam a mesma idade se os pulmões dela não tivessem adoecido e a febre não tivesse ido embora com sua vida. Uma vida sofrida e curta. Mas toda vida curta e sofrido é maior que a cobiça de um rei.

—Não a legitimou. —Falo. — Porquê?

—Fui covarde como Seti foi. Mas quando mandei meus servos para trazerem ela e a mãe... —Gab não ousa terminar.

—Ela morreu. —Falo. —Sinto muito. —Lamento. —Qual era o nome dela?

—A mãe a batizou em homenagem á tia paterna. —Gab fala e então sorri. Mas eu permaneço assustada ao entender o enigma.

—Henutmire? —Pergunto incrédula. —Sua filha tinha o nome da minha mãe? —Indago e então ele me olha novamente. —Ela sabia que você amava a minha mãe?

—Sabia. —Gab fala e então sinto meu estômago embrulhar. —Só não viveu o bastante para saber que a princesa do Egito era minha irmã. —Ele fala antes de se levantar. —Nem sua mãe sabe desta história. Não ouse contar para ninguém que tive uma filha bastarda, Anippe.

—Não contarei que existiu uma princesa bastarda chamada Henutmire, Gab. —Falo com ironia e então vejo o homem sair. —Se minha mãe soubesse... —Falo e então me levanto. Ouço um barulho e então caminho perto das pilastras avermelhadas do palácio, o som vem delas.

—Anippe. —Ouço alguém me chamar e então vejo Leila. —O que foi?

—Escutei alguma coisa. —Falo ao olhar bem entre as pilastras. Tenho a sensação que alguém está me observando, mas logo sorrio. —Coisas de minha mente, esqueça. —Falo e então volto minhas atenções para Leila. —E Baraquias?

—Já está dormindo. —Leila responde nervosa e então olha para as pilastras. —Você deveria fazer o mesmo. Está com a aparência cansada.

—Tem razão. —Falo e então tento esconder meu nervosismo. —Fazem noites que não durmo bem.

—Ainda tem pesadelos como tinha quando criança? —Leila pergunta e eu não posso evitar o riso.

—Agora meus pesadelos são reais. —Falo e então ando ao lado de Leila para fora da sala. —Leila, eu posso te fazer uma pergunta?

—Claro que pode, Anippe. Você sempre foi ousada para perguntar. —Leila fala enquanto sorri.

—Como é ser mãe? —Indago curiosa e então Leila olha para mim com um certo receio.

—Eu não deveria lhe falar sobre isso já que ainda é uma menina. —Leila fala e então vejo o quanto estou sendo indiscreta. —Ser mãe é sempre pensar no filho. Pensar nele primeiro que você mesma. —Leila fala e então eu tento entender. —Quando você tiver um filho vai ter que aprender isso. Mas eu acho difícil. Você é... —Leila tenta achar a palavra certa. — Individualista. —Ela finalmente fala e então tento não ficar envergonhada. —Mas você mesma disse que não queria ser mãe...

—Eu era uma criança. —Falo.

—Você ainda é uma criança. —Leila rebate me fazendo olhar para ela com uma certa indignação.

—Eu sou uma mulher. —Falo aborrecida e então sigo andando sozinha. Reviro os olhos após a conversa que tenho com Leila, mas logo olho para meu ventre. —O que vou fazer com você? —Indago. —Vai ser muito injusto de minha parte não falar para seu pai... —Falo enquanto ando sozinha. Entro em meus aposentos e de imediato começo a escrever em um papiro. —Arão precisa saber. —Falo determinada e então começo a escrever.

"Nunca fui boa em escrever, disso você sabe muito bem, também nunca fui em boa em expressar meus sentimentos. Mas este papiro não tem como finalidade o amor que temos um pelo outro. Mas tem uma única finalidade, a notícia que nos une, mas que também nos separa agora que se casou novamente. Quero que saiba que fico feliz por você, Arão. Todos devem seguir em frente. Mas eu quero que saiba, e que seja ainda mais feliz com o que tenho para te revelar. Trago a notícia que serás pai, Arão. Pai de um filho meu. Meu primogênito é seu filho também, seu sangue, sua carne. Peço que não conte para ninguém, estou prestes a me casar e não quero também que pense que estou ameaçando você. Na verdade não quero nada de você, esse papiro tem apenas como função deixar claro que o sumo sacerdote é pai de um filho, ou quem sabe filha, da princesa híbrida do Egito e Israel. "


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Notas finais do capítulo

Bastardos estão por todos os lados. Bom, já resolvi o mistério da menina que apareceu para Henutmire quando ela ainda tava presa a mando de Ramsés (Faz tempo hein). Agora vamos resolver a gravidez de Anippe.



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