Coração De Seda escrita por Maria Fernanda Beorlegui


Capítulo 92
Capítulo 92


Notas iniciais do capítulo

Pois, gente. Cheguei com um capítulo curtinho hoje, mas prometo que o próximo será um pouco maior, OK?



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Acabo me esquecendo de acordar cedo, quando me levanto vejo que o sol já está alto no céu. Não acordo disposta, acordo sonolenta como sempre. Vejo que a embarcação já está pronta, por isso trato de me preparar com pressa.

—Anippe? —Ouço Leila me chamar e então sorrio. —Nem está pronta. —Ele fala e então vem até mim. —Dormindo até tarde?

—Não dormi bem. —Falo e então bocejo. —Eu logo irei ficar pronta. —Falo e então Leila escova meu cabelo. Sorrio e então vejo o quanto ela gosta em amaciar meus fios claros.

—Quando você era criança, a rainha pediu para que sua mãe cortasse seus cabelos. Mas Ramsés permitiu que você tivesse os cabelos longos, e assim seguiu. —Leila fala. —Eu sempre escovava seu cabelo. Mas na maioria das vezes, sua mãe sempre fazia isso por mim.

—Como será que ela está? —Indago curiosa. —Soube de Lyanna?

—Djoser me contou. —Leila fala risonha. —Não vejo a hora de conhecer Lyanna.

—E Baraquias? Já está de pé? —Pergunto pelo filho de Leila.

—Com Gahiji. —Leila responde e então sorrio por saber o quanto feliz ela está. —Zion disse que chegaremos ao anoitecer.

—Mas minha mãe não está no palácio. —Falo desapontada. —Está na Núbia.

—Mas logo você vai estar com ela. —Leila fala e então sorri completamente feliz. —E então vamos voltar a ser a família que éramos.

—Ou quase isso. —Falo triste ao me olhar no espelho.

—Fala sobre seu pai, não é? —Leila indaga e então afirmo. —Tudo já passou, Anippe. —Ela fala ao ver que meus olhos estão marejados, mas nenhuma lágrima cai.

—Eu nunca fui ao cortejo dele, nunca vi meu pai morto, apenas em sonho. Mas mesmo assim, todos os dias, eu me sinto como ele. Morta por dentro, esquecida por fora. Como se uma marcha fúnebre tomasse conta de mim todos os dias, como se uma canção fúnebre tocasse para mim, como se todos os meus pensamentos fossem acumulados todos os dias. —Falo.

—E não se cansa? —Leila pergunta.

—Todos os dias. —Falo para a surpresa de Leila. —Eu posso estar feliz por dentro e por fora, mas no fundo estou infeliz. —Falo.

(...)

—Não dormiu bem? —Pergunto para Yaffa ao vê-la bocejar.

—Demorei a dormir. —Yaffa responde enquanto jogamos uma partida de Senet. —Você está com olheiras. —É a vez dela chamar minha atenção.. —Desde que saímos do acampamento.

—Não sei o que pode ser. —Minto. —Mas você nunca foi de dormir tarde.

—Sempre tem uma primeira vez. —Yaffa fala com um pouco de irônia me fazendo duvidar dela mesma. —Olhe. —Ela fala ao mostrar o anel em sei dedo anelar. —Seu irmão me deu. —Yaffa revela e eu tento esconder minha insatisfação. —Ele disse que assim que chegarmos vai começar os preparativos.

—Então você ama mesmo o meu irmão.

—Assim como ele me ama. —Yaffa fala sorridente e em seguida fica pensativa. —Djoser me ama, Anippe. Disso eu tenho certeza. —Ela fala e então me lembro de tê-los visto se beijando na noite anterior. Será que isso tem alguma relação com a noite mal dormida de Yaffa? Não pode ser...

—Minhas princesas. —Djoser fala ao chegar e beijar o topo da cabeça de Yaffa e em seguida beija a minha. —Dormiu bem, minha irmã? —Ele indaga.

—Claro. —Respondo.

—Logo, logo estaremos no palácio e você vai encontrar o aconchego de nossa casa. —Meu irmão fala e então me faz levantar. —Vou roubar minha irmã de você por alguns instantes, Yaffa. —Ele fala e então Yaffa sorri ingenuamente para meu irmão.

—O que vai me dizer? —Pergunto ao me distanciar de Yaffa, ao lado de Djoser. —Que se deitou com Yaffa?

—Como? —Djoser pergunta incrédulo. —Ela não é nada. —Meu irmão fala e eu me surpreendo. —O que Amun pensaria ao ter a filha desonrada? —Ele pergunta como se fosse algo natural.

—E se fosse eu? E se alguém fizesse isso comigo? —Pergunto com a consciência pesada.

—Você é pura, não é como Yaffa que se entregou sem reservas. —As palavras de Djoser me deixam tonta. Se ao menos ele soubesse o que eu fiz com Arão.

—Também se deitou com Halima. —Falo. —O que pensa em fazer com Halima?

—Vou casar com ela, Anippe. —Meu irmão fala. —Um rei pode ter quantas esposas quiser. —Djoser fala. —Mas somente uma será a grande esposa real.

—Yaffa. —Falo, mas Djoser nega.

—Halima. —Djoser fala me surpreendendo. —Quer mais humilhação para Yaffa? —Ele pergunta vingativo e então sorrio. —Amun vai ver a filha sofrer da pior maneira possível, Anippe. Ele vai pagar caro por isso.

—Eu acredito nisso. —Falo e então Djoser me abraça forte.

—Quando Uri morreu, eu vi que quem teria que proteger você e Lyanna, antes mesmo dela nascer, e proteger nossa mãe. —Djoser fala e então ouço sua risada abafada. —Nós vamos ganhar essa guerra, Anippe. E logo, logo vamos estar todos juntos.

—Só falta o papai. —Falo ainda em seus braços.

—Ele está conosco, minha irmã. —Djoser fala ao afagar seus dedos em meu cabelo. —E está olhando por nós.

—Você vai cuidar de mim como prometeu à ele quando éramos crianças? —Pergunto nostálgica.

—Para sempre. —Djoser fala e então beija meu rosto. —Você vai governar ao meu lado, Anippe.

—Ainda acho estranho. —Falo e então meu irmão sorri.

—Halima será a grande esposa real, você a rainha e Yaffa... —Djoser brinca com sua vingança. —Eu vou cuidar de todos, mas eu e você temos que cuidar de Lyanna.

—Vamos cuidar. —Falo. —Não vejo a hora de conhecer minha irmã!

—Ela é doce, meiga... —Djoser fala. —Com a delicadeza de nossa mãe e a generosidade de nosso pai. —Djoser revela. —Com cinco anos, apenas isso, Lyanna sabe o que quer e o que não quer. Uma vez, Gab estava com ela e nossa mãe a beira do Nilo, e Lyanna queria muito entrar na água. Mas nossa mãe disse que não, assim como todos, mas ela bateu o pé pela primeira vez, e logo em seguida a segunda, acha mesmo que não teve uma terceira?

—Claro que teve. —Falo.

—Lyanna só se esqueceu desse capricho quando Gab contou que na água haviam crocodilos. —Djoser fala e então rimos da situação. —E assim vamos enganando Lyanna até chegar uma época em que ela não se deixe calar.

—Vou estragar nossa irmã. —Falo, fazendo Djoser rir.

—Ela mal dorme no próprio quarto. —Djoser fala. —Nossa mãe sempre coloca ela para dormir no quarto dela.

—Então Lyanna é mais mimada do que eu. —Falo. —Se nosso pai fosse vivo, Lyanna então...

—Seria mais teimosa que Uri e mimada que você. —Djoser me interrompe e então sorrimos. —Você logo vai conhecê-la, Anippe. —Ele fala esperançoso. Djoser então beija o topo de minha cabeça carinhosamente, fazendo assim que eu acredite que ele gosta mesmo de mim.

(...)

—Anippe. —Zion fala ao me ver andando sozinha pela embarcação luxuosa. —Não fique andando sozinha por aí.

—Meu irmão te mandou aqui? —Pergunto risonha.

—Também. —Ele fala. —Mas eu sei que você não vai ser louca ao ponto de se jogar na água.

—Nunca duvide de mim. —Falo e então sorrio.

—Se quisesse morrer, teria feito isso antes. —Zion fala seriamente. —Sonhei com seu pai. —As palavras dele me surpreendem. —Sonhos são ilusões, não acha? O sonho que tive foi uma ilusão dolorosa.

—Todos sonham com meu pai, menos eu. —Falo estarrecida. —Como foi o sonho?

—Ele te esperava. —Zion fala. —Você chegava no palácio e ele estava lá.

—Mas não será assim. —Falo. —E você sabe...

—Dar meia volta? —Ouço Leila perguntar para Gahiji. —Porque?

—O que aconteceu? —Pergunto assustada.

—Amun. —Gahiji fala e então permaneço atenta. —Invadiu Moabe.

—Como? —Indago incrédula. —Ele fez algo contra o nosso povo?

—Não, seu objetivo é outro. —Leila fala. —Não se sabe o que aconteceu com os reis, apenas se sabe que Amun é o novo soberano de Moabe.

—Isso faz de Yaffa uma princesa. Princesa de Moabe. —Falo estarrecida. —Se meu irmão se casar com ela...

—Haverá a unificação de reinos. —Zion fala abismado. —Ele tem um exército preparado para nos matar.

—Para derrotar Amun, teríamos que ter um exército mais preparado que o dele. E se ele foi capaz de ganhar Moabe... —Leila não termina de falar e então me olha assustada.

—Não vamos perder. —Falo. Maldita hora que Amun voltou para o palácio. Antes ele tivesse ficado no Alto Egito com sua família e o sentimento que tinha pela minha mãe. —Djoser dará um jeito. —Falo apenas confiando no meu irmão. —Dessa vez ele não vai deixar Amun escapar.

(...)

Vejo Djoser conversar com alguns soldados sobre o que fazer daqui em diante com Amun. Espero por ele, não quero interromper a conversa. Vejo o quanto ele está nervoso e bravo, mas mesmo assim tenta manter a calma. Os soldados tentam não transparecer o medo ao ver Djoser tão bravo por causa de Amun, mas eu consigo ver.

—Não se preocupe. —Djoser fala ao chegar perto de mim. —Eu vou cuidar de tudo. —Ele fala no momento em que vejo Yaffa aparecer.

—Prenda ela. —Ordeno para choque de todos. —Prendam Yaffa. —Falo mais alto e então Djoser tenta me segurar.

—Calma, Anippe. Mantenha a calma... —Djoser pede ao segurar firme o meu braço. —Calma... —Ele pede ao me abraçar.

—O pai dela matou o meu! —Exclamo fazendo Yaffa se assustar. —O meu pai... —Falo ao finalmente entender que meu pai de fato morreu. —Prendam Yaffa! —Ordeno e assim os guardas fazem.

—Djoser! —Yaffa chama por meu irmão, mas ele tenta me acalmar. —Djoser!

—Calma, Anippe... —Ele pede e então tento me soltar dele. —Tenha calma, você não deveria ter feito isso. —Djoser fala e aos poucos vou me acalmando. —Calma, minha irmã. —Ele pede pela milésima vez enquanto sinto uma necessidade súbita de matar Yaffa.

—Anippe, pare com isso! —Zion pede ao me segurar firme já que Djoser não consegue. —Olhe para mim. —Ele pede ao segurar meu rosto e me obrigar a olhar para seus olhos. —Respire...

—Não me trate como uma louca! —Exclamo e então ele me puxa para longe das pessoas. —Me solta! Me solta, Zion! —Peço loucamente, mas ele me segura com toda sua força.

—Se acalma, Anippe! Se acalme! —Zion pede ao me abraçar forte e então choro. —Yaffa não tem culpa de nada, calma... —Ele fala enquanto tenta me acalmar. —Você está confusa... —Fala. —Apenas confusa.


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Notas finais do capítulo

Segura a Anippe!



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