Coração De Seda escrita por Maria Fernanda Beorlegui


Capítulo 42
Capítulo 42


Notas iniciais do capítulo

Preparem seus corações...



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—Está decidida mesmo a ser esposa de Gab? —Ramsés pergunta e então olho duvidosa para Gab. Ele me olha apreensivo, talvez com medo de que eu enfrente Ramsés novamente. —Vai abandonar os seus filhos?

—Eles estarão seguros com o pai. —É a única coisa que falo para Ramsés. Meu irmão vem até mim e me lança um olhar penoso ao ver o quanto estou doente.

—Se é o que você deseja... —Ramsés fala sendo cínico como sempre. —Quando pretende ir?

—Assim que essa praga cessar. —Gab responde por mim e então Ramsés o olha pela primeira vez. —Não quero perder tempo. Pretendo me casar com sua irmã o mais rápido possível. —Um sorriso se formou nos lábios de Gab enquanto ele age falsamente com Ramsés.

—E porque não a cerimônia ser aqui mesmo? —A ideia de Ramsés faz com que o sorriso falso de Gab desapareça, todavia o meu medo é visível.

—Eu não vou permanecer aqui quando me tornar esposa de Gab, Ramsés. O correto é que eu vá para a Núbia e lá me case com ele. —Minhas palavras são levadas como uma ameaça para Ramsés, mas logo em seguida ele concorda.

—Tem toda razão, minha irmã. Você vai para a Núbia sendo a noiva de Gab. Lamento por não presenciar a cerimonia. —Ramsés fala olhando fixamente para mim. —Espero que essa praga logo acabe. Não vejo a hora te ver partir como a noiva de Gab.

—Isso não vai demorar. —Falo me sentindo uma verdadeira infeliz e desgraçada pelo irmão que tenho. Como posso ter um irmão tão impiedoso como Ramsés?

—Leila voltará a ser sua dama até que você parta para a Núbia. —Ramsés revela. Leila terá paz até eu ir para a vila, mas novamente será dama de Yunet quando eu partir. —Era só isso o que eu tinha para dizer. —Ramsés se retira do quarto de Gab e rapidamente me levanto da cama.

—Por um momento eu pensei que tudo fosse dar errado. —Falo. —Acha que ele desconfia de algo?

—Ramsés é esperto, Henutmire. Temos que ter muito cuidado com ele!

—Eu não vejo a hora dessa praga acabar para que eu possa ir embora. —Falo pensativa. Como meus filhos devem estar?

—Precisamos avisar Hur e Moisés sobre a sua ida. —Gab fala e em seguida abaixa a cabeça. —Eu o vi quando Ramsés anunciou nosso casamento. Ele estava no meio da multidão quando ouviu o pronunciamento do rei. —Arregalo os olhos ao saber que Hur esteve presente quando Ramsés anunciou o meu possível casamento com Gab. Ele deve estar se sentindo traido por mim! —Talvez Leila deva ir para a vila.

—Ela deve ir o quanto antes. Hur deve estar pensando horrores sobre mim! —Falo. Por Deus! Hur deve estar se sentindo o pior dos homens por ter ouvido Ramsés falar do meu possível casamento com Gab.

—Leila irá fazer isso hoje à noite. —Gab avisa para me acalmar. Me sento na poltrona totalmente cansada, as úlceras parecem sugar toda a minha força pouco a pouco. —Eu me preocupo com a segurança do palácio. A maioria dos guardas estão mortos.

—Eu nunca vi tanta destruição. —Falo me levantando aos poucos e vou até a sacada do quarto de Gab. É então que posso ver algumas pessoas fora do palácio mortas e outras desmaiando na frente do palácio. —Eu estou com medo de que algo de muito grave, algo pior quem sabe, aconteça com todos nós.

—Vai acontecer caso Ramsés não liberte os hebreus. —Gab fala me seguindo e então ele permanece ao meu lado enquanto eu observo a desgraça do meu povo. Mesmo eu acreditando no Deus de Israel, o povo egípcio é o meu povo. —O Egito está ruindo aos poucos, ouvi falar que o tesouro do palácio está abalado e os pastos estão inférteis. Os animais morrem aos poucos seja de sede ou de fome. —Gab fala me deixando ainda mais assustada. —Há pessoas doentes por causa dos piolhos, com fome e outras doentes ainda pela falta de água que tivemos. Outras morreram contaminadas por alimentos e tudo isso deve-se pela infestação de moscas.

—E agora todos nós sofremos na pele mais uma vez. —Falo ao sentir a dor causada pelas úlceras se tornar ainda mais insuportável. —O que vai ser de todos nós? —Pergunto apavorada. Minha mão vai até o meu rosto e acabo tapando minha boca para não falar mais.

—Não sei. Eu não sei o que será de nós. —Gab fala pensativo. Acho que ele deve estar pensando nas consequências que a Núbia deve estar sofrendo. —Mas se esse confronto continuar...

—Fale. —Insisto ao ver o temor no olhar de Gab. —O que teme em dizer? —Pergunto já aflita.

—É possível que o Egito desapareça e todos nós sejamos esquecidos. Não haverá mais rei, nem rainha, nem príncipe ou princesa do Egito. —Gab fala de uma vez e então volta suas atenções para a paisagem que nos é oferecida. —Anos e anos construindo templos, imagens, lutando contra nossos piores inimigos para no final tudo ruir.

—O único culpado disso é Ramsés. Nenhum de nós pode escolher por ele.

—Não sei como você vai ter coragem de abrir mão de tudo isso, Henutmire. —Gab fala sobre o palácio e a vida que tenho nele. —Você sempre foi adorada por todo o Egito desde que nasceu. É visível a adoração que o povo egípcio tem por você, isso fica claro nos cortejos...

—Nada isso me completa, Gab. Me sinto vazia com tudo isso. —Minhas palavras o assustam novamente. —Eu me sinto de lado em alguns momentos. Desprezada até pelo simples fato de ter feito de Moisés um príncipe. Eu não nasci para ser princesa do Egito.

—Já é a segunda vez que escuto você falar isso. —Gab chama a minha atenção. —Você não quer ir para Canaã com Moisés, Henutmire. Isso está estampado em seu rosto. —Por algum motivo desconhecido lágrimas se formam em meus olhos com o que Gab fala. —Você quer poder, Henutmire. É disso que se trata...

—Poder? Veja o que o poder fez com meu pai, com Ramsés que tinha um coração leve e simples. Até mesmo Nefertari se corrompeu com tanto poder!

—Mas quem não iria se corromper? —A pergunta de Gab me fez permanecer muda. —Você poderia se corromper facilmente, Henutmire. Ramsés só se tornou quem é porque sempre quis deixar claro que poderia fazer melhor que o faraó Seti. Poder é subestimar os seus próprios limites.

—Você acha mesmo que eu tornaria como Ramsés se eu tivesse tanto poder em minhas mãos? —Minha pergunta foi feita com medo da resposta de Gab.

—Não. Você não se tornaria uma pessoa como Ramsés que não tem escrúpulos. —Gab responde me deixando muito aliviada. —Você seria pior que ele. —Gab completa e me assusta. Eu o olho abismada com suas palavras porque sei que ele está falando sério. —Seria pior que ele e Seti por que você já teve o coração tomado pela mágoa e pela dor. —Gab fala com uma certa tristeza na voz. —Seti, assim como Ramsés, não tomava decisões se deixando levar pelo o que o coração sentia, e isso é perigoso. Mas você é mais perigosa porque se deixa levar pelo coração, Henutmire.

—Por isso mesmo eu irei embora daqui. —Falo.

—Isso não muda o que você sente e o que você quer —Gab consegue me deixar impaciente com sua insistência. —Você pode estar se deixando levar pelo momento. Você pode se arrepender depois...

BASTA! —Grito brava com a má insistência do príncipe. Gab então me olha apavorado, até porque eu nunca levanto a voz como venho fazendo. —Eu não permito que escolha por mim e muito menos que coloque idéias absurdas em minha cabeça para que eu permaneça aqui! Como ousa?

Ai está a fera. —Gab fala e em seguida força um sorriso. —Por um momento pensei que fosse o faraó Seti falando e não você.

—Eu não sou como ele! Por acaso você é algum especialista em comparar pais e filhos? —Pergunto já exaltada. —Eu não permito que me compare com ele!

—Você querendo ou não tem o sangue dele, Henutmire! Vai negar o sangue do seu próprio pai? —A primeira pessoa que me veio em mente com a pergunta de Gab foi Anippe. Agora eu vejo o quanto eu e minha filha somos parecidas. Da mesma forma que Anippe renegou o sangue de Hur, eu também nego o sangue de meu pai. Como posso ser tão egoísta a esse ponto? Se não fosse pelo meu pai talvez eu sequer existisse.

Como eu poderia exigir que Anippe não negasse o sangue de seu pai se fiz isso com o meu próprio pai? Minha filha se espelhou em mim e somente eu sou a culpada por tudo isso. Mas Anippe corrigiu o seu erro e agora pede o perdão do pai. Enquanto eu sigo sem perdoar o meu até hoje.

—Você tem razão. —Falo profundamente magoada comigo mesma. —Eu sou pior que meu pai. No final eu sou terrivelmente pior que ele.

—E o que você vai fazer? —Gab pergunta assim que dou as costas para ele novamente. —Henutmire, fale alguma coisa!

—Eu não sei nem o que sinto, Gab. Agora eu não sei nem mesmo quem eu sou! —Falo. Arrasto meu corpo até a porta do quarto de Gab, as úlceras insistem em me enfraquecer. Mas o que mais me deixa aflita é saber que agora estou de fato com duvidas sobre o que quero e o que sou.

—Princesa! —Sou surpreendida por um abraço forte de Leila ao sair do quarto. —O que faz aqui? —Ela pergunta com uma certa censura na voz ao saber que acabo de sair dos aposentos de Gab. 

—Me leve até meu quarto, Leila. —Peço, mas Leila não se move e me olha de uma maneira estranha. —Porque me olha assim?

—Não! Por nada! —Leila muda de expressão rapidamente. —A senhora deve estar se sentindo horrível com tudo o que está acontecendo...

—Estou confusa. —Falo e então Leila me segura para que eu não caia enquanto ando. —Não sei mais quem sou ou que sinto.

—Era nesses momentos que a senhora sempre pedia um conselho para a rainha Tuya. —Leila fala nostálgica e força um sorriso. —Eu ainda me lembro de como ela ficou quando o faraó permitiu a sua união com o meu sogro...

Flash Back On

—É verdade o que seu irmão me disse, Henutmire? —Minha mãe pergunta assim que entra no harém e me vê acompanhada por Leila. —Você e Hur vão mesmo se casar?

—Não sei o que os deuses fizeram para que meu irmão entendesse que Hur e eu nos amamos, mãe. Mas isso não importa! —Falo afoita ao sentir o peso do anel em meu dedo. —Olhe! —Falo e mostro o anel para minha mãe.

—Eu estou tão feliz por você, minha filha. Você não sabe a alegria que me dá saber que você vai ser feliz ao lado de Hur. —Minha mãe fala ainda olhando para o anel. —Leila, você pode me deixar a sós com minha filha? —Minha mãe pede um pouco mais séria. Assim que Leila se retira do harém, minha mãe passa a me olhar com uma certa duvida.

—Por que me olha desse jeito? —Pergunto.

—Tem certeza que ama Hur, Henutmire? —A pergunta de minha mãe me fez cambalear para trás. —Não está usando esse homem para esquecer Disebek?

—Porque a senhora está perguntando isso? —Pergunto incrédula. O que minha própria mãe está pensando sobre mim?

—Faz pouco tempo que Disebek morreu, minha filha. E também faz pouco tempo que você e Hur estão se relacionando...

—Acha que o que sinto por Hur não é amor? —Pergunto.

—Quem deve responder isso é você, Henutmire. —Minha mãe fala e me deixa sem palavras. —Porque se você não estiver certa do que sente por Hur, você sabe que pode machucá-lo.

—Mas...

—Eu sei o quanto ele te ama. Sempre notei os olhares indiscretos de Hur para você, mas ele se continha porque sabia que você era casada. —A revelação de minha mãe me choca ainda mais. —Enquanto ele pensava em você, você tinha olhos somente para Disebek.

Flash Back Off

—Ela se preocupou ao extremo com a senhora no dia da cerimônia. —Leila relembra. —Tuya não permitiu falhas na cerimônia.

—Eu me lembro bem. —Falo.

—Também se lembra do dia em que desapareceu repentinamente? —Leila pergunta e se refere ao dia em que despertei no quarto de Hur pela segunda vez antes de nosso casamento. —Se não me engano foi no dia seguinte que a senhora não dormiu em seus aposentos...

—E onde eu haveria de dormir? —Pergunto nervosa. Não é possível que Leila saiba que me entreguei a Hur antes de nos casamos. Quanta vergonha estou sentindo agora.

—Isso não importa agora. Não podemos mudar o que aconteceu. —Leila fala com uma certa ironia na voz.

—Eu quero te pedir um favor, Leila. —Falo e então olho para os lados temendo que alguém ouça o meu pedido. —Vá até a vila e traga notícias de Hur e de meus filhos.

—A senhora está com saudades deles, não está? —Leila pergunta tendo como reposta as minhas lágrimas.

—Há dias que não vejo meus filhos! Que não vejo Hur, Leila! —Falo sendo tomada pela dor causada pelas úlceras. —Eu sinto tanto a falta deles...

—Eu imagino. —Leila fala e então me abraça forte tentando me consolar. —Mas eu irei fazer o que a senhora me pede.

—Diga que estou morrendo de saudades e conte sobre o que irei fazer, Leila...

(...)

O céu escuro da noite silenciosa e entediante me deixa ainda mais angustiada. Olho para os lados e me deparo com o vazio que está o meu quarto, mas mais vazio está o meu coração. Meus pensamentos estão voltados em Hur e em como ele deve estar se saindo ao cuidar sozinho de nossos filhos.

—Eu não posso sequer imaginar o que você deve estar pensando de mim, Hur. —Falo ao lembrar do que Gab me falou. Hur deve estar se sentindo traído por mim e eu temo por uma suposta reação dele, talvez eu tema por uma revolta vinda da parte dele. E então uma doce lembrança se torna amarga...

Flash Back On

—Você aceita se casar comigo, Henutmire? —Hur pergunta.

—Aceito. —Falo baixo o suficiente para que Hur duvide de mim. Mas a emoção é tanta que eu não sei o que falar. —Mas é claro que eu aceito ser a sua esposa e passar o resto da minha vida ao seu lado. —Minhas palavras fizeram Hur colocar o anel em meu dedo e então se levantar para me olhar nos olhos. —Eu não sei nem o que dizer...

—Seu olhar diz tudo. —Hur fala afastando os fios de cabelo que insistem em esconder o meu rosto. —Temos como testemunhas o céu e o rio Nilo. —Hur fala e então olhamos para o sagrado rio.

—Hur? —O chamo e ele me olha rapidamente com atenção. —Eu te amo tanto... —Falo.

—Eu te amo muito mais. —Hur responde. —Agora volte a sorrir como sempre sorriu. —Eu de fato sorrio para ele com suas palavras carinhosas. —Eu te amo mais do que á mim mesmo.

Flash Back Off

—Uri. —Falo ao ver meu enteado entrar em meu quarto.

—Como está? —Uri pergunta ao ver várias úlceras em meu corpo enquanto estou deitada.

—Não estou nada bem. —Respondo. Minha atenção é dada a uma caixa média de madeira mesclada que está nas mãos de Uri. O que será que tem dentro? —O que é isso?

—Era exatamente isso que eu vim saber. —Uri fala e então me mostra a quantidade absurda de pedras preciosas e o outro em abundância. —Isso é de meu pai.

—Impossível. De onde Hur tiraria tanto ouro? —Pergunto ao pôr minhas mãos no ouro e nos diamantes.

—Diamantes, rubis, ônix, safiras e ouro em abundância. —Uri ressalta. —O mais interessante é o papiro que o faraó deu para o meu pai.

—Porque Ramsés daria tudo isso para Hur? —Pergunto assim que me é entregue o papiro.

—O faraó exigiu todas essas pedras preciosas, vindas de diversos reinos aliados como uma prova de lealdade ao Egito para formar uma jóia. —Uri fala me deixando ainda mais assustada. —O faraó pediu para que meu pai fizesse uma coroa com tudo isso. —Meu olhar então foi até todo o tesouro novamente.

—Certamente esta coroa seria dada para Nefertari. —Falo ainda admirada com todo o ouro. —Estou certa?

—A coroa seria feita exclusivamente para a senhora. —Uri revela e me deixa confusa. —O rei pediu isso para o meu pai.

—Eu não entendo. Porque Ramsés pediu isso para Hur? —Pergunto. —Seu pai nunca me falou nada!

—Eu não sei o motivo de tanto mistério entre eles, princesa. —Uri fala também confuso. —É tão estranho. Meu pai nunca me falou sobre isso, mas hoje quando fui organizar todas os baús...

—Encontrou isso. —Falo ainda abismada com o tesouro que está em minhas mãos.

—Tem certeza de que irá abandonar tudo isso para ir para a vila? —Uri pergunta. —Não faz sentido.

—Até agora nenhuma dessas pragas fez sentido, Uri. Nada mais faz sentido...

—Mas porque o rei e meu pai manteriam essa coroa em sigilo? —Uri pergunta pensativo. —O aniversário da senhora...

—Faltam muitas luas para meu aniversário, Uri. Não faz sentido este ouro, prata e diamantes para uma única coroa. —Falo sendo tomada pela dúvida. Por que Ramsés daria tanto ouro para Hur? —Pela quantidade seriam pelo menos três.

—Eu não sei o que dizer e muito menos o que pensar. —Uri fala e então fecha o baú novamente. —Somente o rei e meu pai pode esclarecer tudo isso.

—Isso não vai mudar nada, Uri. Muito em breve não estarei mais neste palácio. —Falo segura de que irei embora, ou seja, se que o plano de Gab dê certo.

—Acha mesmo que o príncipe Gab irá ajudar a senhora? Eu não confio nele. —Uri fala com receio. —Talvez seja uma armadilha, princesa.

—Claro que não, Uri. Gab se mostrou fiel e além do mais... —Paro de falar imediatamente ao ver Leila entrar em meu quarto completamente eufórica.

—Saia, Uri! Por favor! —Leila pede eufórica e então meu enteado sai cabisbaixo de meu quarto. Então eu olho para minha dama a espera de notícias de meu marido e meus filhos.

—Meus filhos, Leila! Como eles estão? —Pergunto eufórica, é então que noto que estou rouca, minha voz já começa a falhar. Meu corpo já não se mantém equilibrado o suficiente, portanto Leila me ajuda a me sentar na cama.

—Meu sogro estava péssima, senhora. Mal se alimentava por pensar que a senhora o traiu. —Leila fala e então lágrimas brotam de meus olhos. —Mas ele segue firme pelos filhos de vocês e agora que sabe que faz parte de um plano já não se sente mais traído.

—Mas eles estão se adaptando?

—Bezalel e Moisés conseguiram uma casa para que meu sogro e seus filhos possam se sentir mais à vontade, princesa. —Lágrimas de alegria saíram de meus olhos ao ouvir Leila falar de minha família. —Joquebede e minha irmã, Abigail, estão cuidando de Anippe nos momentos que ela se sente sozinha. Assim como Moisés e Arão cuidam de Djoser.

—Meu filhos, Leila! —Falo ao ser tomada pelo desespero. —Meus pequenos...

—Eles estão bem, princesa. Mesmo sem o luxo que eram acostumados a ter! —Leila ressalta. —Meu sogro espera ansioso pela senhora!

—Ele está bem? Ele está se cuidando? —Pergunto preocupada.

—Agora que ele já sabe que a senhora vai fugir para a vila e que não não irá para a Núbia, ele se sente melhor. Ele estava se sentindo traído pela senhora, mas sentia que algo estava errado. Ele espera pela senhora agora...

—É tudo o que eu mais quero, Leila! —Minha voz saiu embargada pela dor.

—Não se altere, princesa! —Leila pede ao me ver passar mal com uma crise sucessiva de tosse. Minha mão foi de encontro a minha boca para abafar minha tosse, e ao olhar para a palma de minha mão assim que paro de tossir me deparo com sangue. —Mas isso é sangue! —Leila fala assustada.

—O que está acontecendo comigo, Leila? —Pergunto aflita por mim mesma. —Porque estou tossindo sangue?

—Não sei! Por Deus! —Leila pede ao ver minha boca suja com sangue e em seguida limpa meu rosto com suas delicadas mãos. —Eu vou chamar o sumo sacerdote.

—Vá rápido, Leila! —Peço aflita pela dor que estou sentindo em meu corpo que é causado pelas úlceras. Sinto minha pele queimar por conta das úlceras que estão espalhadas em meu corpo, mas parece que estou queimando em carne viva. Dou um gemido demonstrando toda a minha dor. Meu corpo tenta descansar, mas a dor é constante e perversa. —Eu preciso aguentar toda essa dor. Preciso ser forte ou caso contrário não irei ver mais os meus filhos. —Falo e tento me manter forte diante das úlceras espalhadas em meu corpo frágil. Mas eu não sei até quando irei aguentar toda essa dor, meu corpo já está enfraquecido demais, mal tenho equilíbrio nas pernas. Será que eu vou resistir a essa praga?


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Notas finais do capítulo

Tenho dois grandes avisos para vocês.
1. O próximo capítulo (capítulo 43) será o capítulo decisivo onde iremos saber se Henutmire morre na sexta praga ou não. Finalmente a tão desejada resposta que eu devo dar a vocês será realizada respondida.

2.Espero que vocês não tenham problemas cardiovasculares porque o próximo capitulo nos reserva grandes surpresas, lágrimas e dor. Inclusive, espero que me perdoem e não deixem de acompanhar a história.

Até o próximo!



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