Stay With Me escrita por Baby Boomer


Capítulo 8
Benditas carrancas


Notas iniciais do capítulo

Esse é o maior capítulo da fic até agora! Espero que gostem desse cap, é uma mistura de Jogos com questões paternais e uma pitadinha de Baby Everlark



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POV Katniss

No café da manhã, Peeta não parava de colocar morangos e uvas em meu prato. Ele também me proibiu de ingerir bacon e coisas muito gordurosas, mas, em compensação, tentava me entupir de coisas saudáveis e, meu Deus, eu já estava ficando cheia.

– Peeta, ela está grávida, não com desnutrição. – Johanna alfinetou, fazendo as pessoas na mesa rirem.

– Katniss está grávida? – Paylor perguntou.

Enobaria se voltou para nós e abriu seu sorriso afiado.

– Qual é, gente? Até eu fiquei sabendo e a presidenta, na casa dela, não sabia?

– Sua mãe já sabe, Katniss? – Plutarch me perguntou, enfiando o garfo na boca.

Balancei a cabeça, em um não.

– O que ela acharia disso?

– Bem, se com 16 ela me achava nova demais pra namorar, sinceramente não sei o que pensar. Mas depois de descobrir que eu teria de me casar e que eu estava grávida, graças ao que Peeta disse em rede nacional, não acho que ela vá se importar com isso. Posso ter apenas dezoito, mas muitas coisas durante esses meses me fizeram amadurecer. Acho que posso me considerar uma mulher de 30 anos.

Todos riram da minha ironia, entretanto, assunto não durou muito porque todos viram, pela minha carranca, que eu não queria conversar sobre isso.

Enquanto nós íamos para o Centro de Tributos, Annie foi me dando umas dicas para passar o enjoo e me dizendo o que eu enfrentaria nesses primeiros meses de gravidez. Eu ainda não conseguia acreditar que estava grávida. Era muito surreal para mim.

Peeta e eu conhecemos Riley primeiro, ficamos sabendo que ele era filho único de seus pais. Era um rapaz muito mimado, mas muito engraçado também, pois fazia algumas piadas legais. Ele não parecia estar com medo dos Jogos, o que me fez achar que ele era um pouco masoquista, pelo menos até certo ponto. O garoto nos mostrou que era muito bom em corrida e disse que sempre vencia os campeonatos da escola, chegando sempre em primeiro.

Não estava sendo tão ruim quanto eu achava que ia ser. Pensei que reviveria todo aquele pesadelo novamente, entretanto, não elevei minhas expectativas quanto a isso, pois tudo poderia mudar e virar exatamente o que eu pensava que ia.

Riley parecia orgulhoso em nos conhecer e ter a oportunidade de treinar conosco, aparentava nos admirar muito.

Já Henry, o gótico de cabelo roxo, estava apavorado. Parecia em choque, não falava muito, não comia, não conseguia manter contato visual com nada além do chão. Ele só foi fazer algo não zumbificado quando começou a chorar, reação normal a qualquer ser humano naquela situação.

Peeta e eu nos entreolhamos por uns instantes e nossas mãos foram parar nas costas do garoto, dando tapinhas reconfortantes. Apesar de ser apenas quatro anos mais velho que eu e da minha altura, senti-me na obrigação de tentar mantê-lo seguro e calmo. Seriam meus instintos maternos aflorando?

– Calma, nós estamos aqui para te ajudar. – Peeta falou.

– Eu sou um inútil! – O garoto berrou e se agarrou a mim. O gesto me pegou de surpresa, mas, depois de hesitar um pouco, acabei retribuindo o “abraço”, ou fosse lá o que fosse.

– Claro que não é inútil. – Peeta falou, olhando para uma versão de mim que não sabia o que fazer. A parte mental é com Peeta, decidi.

Quando ele se acalmou mais, conseguimos descobrir que ele era o filho mais novo dentre três, o único menino. Ao perguntarmos suas habilidades, ele disse que a única coisa que sabia fazer era desenhar, afirmando que isso não o ajudaria nos Jogos.

– Claro que ajuda, Peeta pode te ensinar a se camuflar e eu posso te ensinar a atirar uma faca ou usar o arco e flecha.

Ele ficou um pouco mais confiante depois dessa nossa conversa e nós prosseguimos discutindo a teoria das habilidades, o que já era um começo.

Na vez de Violet, recebemos olhares reprovadores e resmungos em vários tons. Ela estava pouco se lixando para eu e Peeta, só queria saber como poderia melhorar sua habilidade com cordas. Fiquei incapacitada de falar por um tempo por causa da lembrança de Finnick, mas consegui dizer a ela que ele havia me ensinado algumas coisas e que eu poderia passar para ela minhas artimanhas. Peeta perguntou a ela sobre sua família, e ela respondeu que tinha um irmão pequeno, mas ele morreu com as bombas que também mataram Prim.

– Foi culpa de vocês, não foi? Foram os rebeldes que mataram meu irmão? – ela gritou, deixando o rosto branco completamente vermelho.

– Não sabemos, tudo que sabemos é que a irmã de Katniss morreu na segunda explosão. – Peeta falou, contido.

A menina, pela primeira vez, me olhou como se eu não fosse uma aberração.

– Prim morreu?

Assenti, tentando sorrir para não chorar, mas foi difícil conter as lágrimas.

– Eu não… eu não sabia. Desculpe por isso, eu…

– Acabou o tempo. – um funcionário da Capital avisou e Violet olhou para eu e Peeta , dessa vez com pena.

Nos entreolhamos e suspiramos.

– Falta só mais uma, mais duas horas e isso acaba. – Peeta me falou.

– Mas nós sabemos quem é agora.

Demetria, a neta de Snow, estava parada no vão da porta, quase imóvel e completamente contida.

– Vem cá, nós não mordemos. – Peeta sorriu, estendendo a mão. A garota de cabelos escuros – entrançados com minha característica – aproximou-se e tomou a mão dele, trêmula.

– Eu sei que deveria estar com medo dos Jogos, mas, para falar a verdade, eu estava com medo de conhecer vocês. Sempre quis tanto isso que, agora que tenho a oportunidade, parece mais assustador do que realmente é. – ela sorriu triste e nos abraçou, um em cada braço.

– Eu me lembro de ver você se esgueirando entre os móveis na mansão, para que seu avô não visse que você estava me bisbilhotando.

Ela corou, envergonhada.

– Ele não deixava eu te conhecer, dizia que você estava debilitado demais com a ausência de Katniss. Mas, sim, eu sei me esconder muito bem e Peeta está de prova disso.

Beliscamos alguns salgadinhos que nos foram dispostos e eu comecei a sentir meu estômago embrulhar novamente. Rezei para não botar essa criança pra fora, de tanto que eu vomitava loucamente.

Demetria contou que era filha única e que seus pais viviam na mansão, em uma parte separada dela, mais para os fundos. Ela também era a única neta de Snow.

– Eu demorei um tempo para perceber as verdadeiras intenções de vovô, mas ainda não entendi por que ele mandou condicionar Peeta a matar você. – ela falou, inocentemente.

Respirei fundo para contar. Ela provavelmente morreria de qualquer maneira mesmo, então… que mal faria?

– Finnick diz que percebeu que nosso romance não era atuação quando Peeta esbarrou no campo de força e eu simplesmente me desesperei. Na hora, eu também não percebi a magnitude da minha reação nem percebi quando aquilo deixou de ser atuação, foi tão natural que eu nem percebi. Comecei a me apaixonar por ele lenta e instantaneamente, sem esforços.

– Espera… quer dizer que meu avô sabia que era atuação? Era para ser atuação? Tudo aquilo?

– Sim, mas virou algo mais. Quando Snow viu meu desespero ao ver Peeta morto, ele percebeu que eu realmente o amava e decidiu usá-lo para me incapacitar de ser o Tordo, ele sabia que se destruísse Peeta, me arruinaria também.

– Epa… - ela trincou os dentes. – Eu acho que fui eu que o fiz ver isso. Eu comentei com ele, enquanto assistíamos a essa parte dos Jogos, que queria amar alguém tanto quanto você amava Peeta, dava pra ver pela sua reação. Ele começou a se preocupar depois disso.

Preparei-me para dar um tapa na cara da garota, mas meu vômito impediu que eu realizasse o ato. A lixeira ao meu lado recebia o segundo jorro de vômito do dia. Demetria devia me olhar preocupada, porque Peeta comentou:

– Ela está grávida.

Quando me recompus, vi o sorriso no rosto da garota e fui incapaz de bater em alguém que gostava tanto de mim, apesar de já ter matado milhares de pessoa inocentes. Eu tinha que compreender, ela era criança, não entendia que aquilo era mais do que apenas Jogos.

Nós discutimos sobre esconderijos e camuflagem e blá-blá-blá, eu estava muito enjoada para falar muito, por isso apenas ouvi e citei algumas poucas coisas.

Quando o tempo acabou e um funcionário a chamou, ela se despediu de nós com um abraço. Eu ainda estava com raiva dela, mas não demonstrei isso. Depois de desvencilhar os braços de mim, me olhou com seus grandes olhos azuis e sussurrou:

– Terceiro andar, segundo quarto à esquerda pela escada principal, última gaveta do guarda-roupa. É uma agenda marrom.

Ela queria que eu achasse uma coisa, não demorei para sacar isso.

Peeta e eu pudemos, finalmente, voltar para a mansão. Eu estava começando a seguir o rumo que ela me indicou quando me deparei com uma figura pálida e loira.

– Mãe?

Senti Peeta enrijecer com o tom da minha voz e o fuzilei. Ele a havia chamado.

– Vamos ter uma conversa mais tarde, moço. – Sussurrei e voltei-me para minha mãe.

Eu a sentia longe novamente, imersa no limbo de seus pensamentos e sentimentos, apesar de ela estar na minha frente, tentando sorrir.

– O que faz aqui?

O rápido olhar dela para minha barriga me fez entender tudo. Quando fuzilei Peeta novamente, vi que ele tentava não rir da minha carranca.

– Katniss, precisamos ver se vocês estão bem. – Ele falou, a voz contida bem forçada.

Bufei e findei assentindo e cedendo aos cuidados de minha mãe. Em nosso quarto, ela mediu minha pressão e usou uns aparelhos para verificar meus níveis de vitaminas e proteínas.

– Você precisa de mais vitamina C. – Ela esclareceu, limpando o sangue que gotejava de meu dedo. – Vou fazer um exame tátil agora, tudo bem? Tire a blusa e o sutiã, por favor.

Fitei-a por uns instantes, esperando uma ação a mais.

– Não vai pedir para Peeta sair?

– Ele já engravidou você mesmo… com certeza viu mais do que isso.

Quando eu tive aquelas queimaduras, meu corpo foi completamente exposto à equipe médica e, qual é, minha mãe também já me vira nua, ou pelo menos seminua. Bufei, impaciente com o fato de ela ter que me ver como vim ao mundo.

Fiz o que ela pediu e corei um pouco, constrangida por Peeta estar me vendo naquela situação. Tudo bem que ele já vira meu corpo daquele jeito, mas eram em situações em que contato carnal era necessário. Quando se vive a emoção do momento, de modo tão apaixonado, não dá para sentir vergonha do corpo, porque era simplesmente uma situação cabível.

Minha mãe tateou minha tireóide e procurou algum nódulo ou inchaço. Nada ali, pelo que parecia. Quando apalpou meus seios inchados, eu meio que franzi o cenho de dor.

– Está dolorido?

Assenti, afirmando.

– Isso é normal. Pode botar o sutiã de volta, vou fazer a ultrassonografia.

Hesitante, pus o sutiã e me deitei, avaliando a expressão impassível de minha mãe. Imaginei quanto tempo teria levado para que ela trouxesse todo esse equipamento para cá, apesar de serem até pequenos.

Senti um gel quente em minha barriga e minha mãe olhou para mim, como se pedisse permissão para botar o aparelho. Eu assenti uma vez só e um pequeno troço foi parar embaixo de meu umbigo.

Na pequena tela, vimos uma perfeita visão do contorno do bebê. Prim comentou comigo que os equipamentos da Capital eram bem avançados para esse tipo de coisa, dava para ver perfeitamente o útero e o feto. Só fui perceber que sorria quando minha mãe mexeu com o aparelho, fazendo-me cócegas.

Peeta chorava ao meu lado, feliz e encantado com o nosso bebê que tinha o tamanho de uma uva. Ele olhou para mim e beijou minha testa, fazendo-me esquecer por um momento que estava com raiva dele. Minha mãe dava um pequeno sorriso, mas ele não durou muito.

– A posição está estranha. Katniss, poderia tirar a calça, por favor?

– Como é que é? – A fitei com minha carranca.

– Preciso ver se o saco embrionário não foi implantado em um lugar perigoso. É necessário um exame pélvico.

– Você quer que eu abra as pernas pra você? – Fiz ênfase na última palavra.

Minha mãe não sabia responder a isso, pois sabia que eu não confiava nela.

– Katniss. – Peeta me advertiu. – Pelo bebê.

Rosnei, derrotada e abaixei a calça, suspirando fundo antes de tirar a calcinha. Graças à minha equipe de preparação, eu estava depilada, o que era, de certo modo, um alívio e um constrangimento a menos.

– Quer que eu saia, Srta. Everdeen? – Peeta perguntou gentilmente.

– Não precisa. – Minha mãe disse, botando as luvas. – Já viu isso aqui também.

– Não está brava? – questionei subitamente. Ela foi pega de surpresa, sem entender. – Por eu ter engravidado tão cedo?

Ela fez menção para eu abrir as pernas.

– Eu estaria se as circunstâncias não tivessem levado vocês dois até aqui. Passaram por coisas bem piores do que uma gravidez, seria muita falta de bom-senso eu ter raiva disso. Há mais coisas para se ter raiva. – Ela se referia à Prim, claro.

Mesmo que ela tenha feito o gesto a seguir delicadamente, o enfiar de sua mão em meu baixo-ventre me arrancou um pequeno grito. Ela remexeu alguma coisa lá dentro e franziu o cenho.

– Algum problema? – Peeta olhou para ela preocupado.

– Está posicionado certo, mas o útero dela é pequeno demais. Na adolescência, esses órgãos sexuais ainda estão amadurecendo, o que explica a falta de espaço. Provavelmente terá sangramentos nos últimos meses de gravidez. Não é muito grave, é só descansar e evitar andar muito quando os sangramentos começarem a ocorrer.

Então, ela tirou a mão dali e jogou as luvas no lixo, guardando todo o material e me liberando para vestir o resto da roupa. Antes, entretanto, eu parei para checar minha barriga no espelho, procurando algum volume. Havia, quase que imperceptível aos olhos de quem não tem conhecimento de sua condição, um alto-relevo na altura do umbigo, algo muito sutil.

– Irei visitá-los todo mês no 12. Caso eu não consiga ir por estar ocupada demais, vão para o Distrito 7 ou para o 4, com Johanna ou Annie. O hospital do 12 não deve estar totalmente equipado por ora, mas o do 7 e o do 4 estão funcionando bem.

Ela se despediu de mim com um tapinha no ombro e de Peeta com um sorriso triste. Vi ele se aproximar por trás de mim no espelho, suas mãos indo aos meus ombros.

– Não estou a fim de jantar com os outros hoje. – Falei, ficando sem fôlego ao sentir o rosto de Peeta em meu pescoço, cheirando-me e beijando-me.

– Podemos pedir comida aqui, se quiser. – Ele murmurou, sem parar o que estava fazendo.

Suas duas mãos foram parar em minha barriga e eu nos fitei no espelho, em pé.

– Como chegamos a isso? – Fiz essa pergunta a mim mesma.

Peeta fitou meu reflexo, o rosto um pouco alterado.

– Não consegue ficar feliz com isso? – Havia ressentimento e indignação na voz dele, o que me espantou. Lembro-me de só ter ouvido Peeta falar assim uma ou duas vezes. – Eu estou do seu lado, vai dar tudo certo. Você está com medo mesmo eu te dando todo o apoio?

– E você não consegue entender? – Minha voz estava uma oitava acima. – Eu que estou carregando o bebê, ele está dentro da minha barriga, é minha obrigação protegê-lo e você vem me pedir para não ficar com medo? Não importa o quanto você me apóie nisso, Peeta, eu vou ter medo porque sou humana.

– Você escapou de duas arenas e liderou uma guerra! Como pode ter medo disso? – Ele apontou para minha barriga.

Eu me virei para ele, saindo de seu contato e sentindo um vazio por ter feito isso.

– Eu jurei para mim mesma nunca ter filhos. – Comecei a chorar. – É um choque, é algo que eu não esperava e algo que ninguém me preparou para enfrentar. É tudo novo demais para mim, essa história toda. Eu só… preciso de tempo para digerir.

Minha mão estava em meu ventre, como se quisesse tapar os ouvido do bebê para que ele não ouvisse nossa briga.

Peeta relaxou o corpo e se aproximou de mim, abraçando-me.

– Eu sei, desculpe, eu fui um idiota.

– Foi mesmo. – murmurei, aceitando seu abraço.

Meu nariz se enfiou na curvatura de seu pescoço e eu senti seu reconfortante cheiro, para só então perceber que ainda estava só de calcinha e sutiã. Ele riu do meu embaraço ao examinar meu corpo.

– Não se preocupe, você é linda de qualquer jeito. – Ele me fez virar para o espelho.

– Não era comigo com quem o povo da Capital queria dormir. – Lembrei. – E eu devia estar com raiva de você por ter chamado minha mãe, sabia?

– Desculpe.

Levantei uma sobrancelha em desafio.

– Só desculpa não basta.

– Eu acho que sei o que basta, então. – Ele me içou do chão, pondo-me em seu colo e me colocou na cama delicadamente, como se eu fosse quebrar em mil pedaços se fizesse o gesto um pouco mais forte.

O sorriso malicioso no rosto do Garoto do Pão demonstrava suas intenções. Não demorou muito para minha carranca sumir e se transformar em um franzir de cenho de puro prazer.


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Notas finais do capítulo

Não esqueça de COMENTAAAAAAAAAAAAAAAAR, é superimportante!
Beijos Boomerosos para todos vocês, meus pimpolhos que provavelmente são até mais velhos do que eu, mas quer saber, tô nem aí. Sou que nem a Kat, tenho uma mentalidade de trinta anos, huahauhauaha!