Quando o bolo foi cortado e servido, a maioria dos agentes foram embora, ansiosos para aproveitar a noite de folga que o diretor havia dado. Por fim, os únicos que permaneceram foram os agentes da equipe de Coulson e os Vingadores. Após colocarem Lucy e Eleanor na cama, e oferecerem um quarto para que Laura e Clint pudessem colocar suas crianças para dormir, os adultos se reuniram na sala de estar, que parecia extremamente cheia. Wanda e Visão jogavam uma partida de sinuca contra Skye e Lincoln, e pareciam muito entrosados. Bobbi conversava com Natasha, colocando em dia o assunto – as duas se conheciam há quase dez anos e não se viam desde antes da queda da SHIELD. Hunter discutia animadamente sobre futebol com Thor, que em seu tempo na terra, tornara-se um entusiasta, e os dois riam com frequência. FitzSimmons ouviam com admiração a explicação de Stark sobre como Visão e Ultron foram criados. O Capitão Rogers bebia uma cerveja com Mack, que assumira-se um grande fã, e desde então, conversavam sobre como o capitão havia se adaptado ao mundo moderno. Já Sam e Rhodes disputavam a atenção de Yoyo, ambos exibindo-se com histórias de suas missões, enquanto Banner e Pepper observavam de perto e riam do esforço inútil dos amigos, já que a mulher trocava olhares ocasionais com Mack e sorria.

— Hora da verdadeira festa começar – Clint disse com empolgação, ao voltar para sala na companhia de sua esposa. Phil e Melinda vinham logo atrás, conversando com Hill e Fury. O casal passara os últimos vinte minutos ocupados, fazendo um tour pela base com os ex responsáveis pela agência – Nós temos tequila roubada diretamente do escritório do diretor, e um whiskey também – anunciou e mostrou as duas garrafas que trouxera escondida nas costas.

— E temos vodka russa, eu mesmo trouxe – Nat disse em seguida e todos na sala fizeram um som de aprovação.

Meia hora de bebidas foi o suficiente para que todos se espalhassem por qualquer superfície plana o suficiente para sentar. Os mais jovens – Skye, Lincoln, Wanda e FitzSimmons – estavam sentados no chão, em frente ao sofá em que Bobbi, Hunter e Thor estavam sentados. No outro sofá, estavam Sam, Tony, Steve, Pepper, Mack e Yoyo. Algumas cadeiras haviam sido trazidas da cozinha e dos escritórios, e o restante dos presentes na sala haviam se acomodado, com exceção de Melinda, Nat e Hill, que jogavam uma partida de sinuca.

— Hey Gavião – Skye chamou após uma piada que Laura havia contado sobre as flechas do marido – Você conhece os nossos chefes a muito mais tempo do que todos nós – ela começou sugestivamente e deu um sorrisinho – Bem que você podia contar algumas coisinhas sobre eles que nós nãos sabemos – sugeriu com maldade e o vingador riu.

— Você não sabe o quanto eu esperava que algum de vocês me fizessem essa pergunta – respondeu com um sorriso maldoso e May trocou um longo olhar com Coulson – Esses dois tem uma histórias bem comprometedoras – comentou e os agentes jovens e os Vingadores que não conheciam previamente o casal assoviaram e bateram palmas, pedindo que o arqueiro continuasse – Nat, você se lembra daquela missão em Bucharest em 2002? – ele questionou a ruiva, que deu um sorriso maldoso, enquanto Melinda afundou o rosto nas mãos.

— Pelo amor de Deus vocês precisam contar isso pra gente – Hunter pediu fingindo desespero e os presentes na sala concordaram.

— Muito bem, em 2002, o então diretor da SHIELD, nosso grande Fury aqui, enviou seus quatro melhores agentes para desmantelar uma pequena rede de tráfico de pessoas na Romênia – ele contextualizou com sua voz calorosa e prendeu a atenção de todos na sala.

— É importante dizer que além de ótimos agentes, nós também éramos muito competitivos – Natasha acrescentou calmamente e sinalizou para que Clint continuasse.

— E de tão competitivos, nós apostávamos os resultados das missões – explicou e Melinda encolheu-se ao sentar no braço do sofá, ao lado de Phil – Naquela missão, nós apostamos em quem terminaria a tarefa sem disparar uma bala, Nat ou Mel.

— Eu apostei duzentos dólares na Mel, e uma garrafa de absinto – Phil contou e os agentes jovens fizeram sons de aprovação.

— Eu fiz a mesma aposta, mas na Nat – o arqueiro prosseguiu – Só que nossa querida Viúva Negra aumentou a aposta.

— Eu disse que se perdesse, eu beberia a mesma quantidade de Clint, cada um tomaria meia garrafa – a russa explicou e May se contorceu – E essa daqui concordou com todos os termos – disse apontando para a chinesa.

— Aconteceu que Melinda acabou cruzando o caminho de um grandalhão no telhado de uma igreja – Phil prosseguiu com a história e olhou de relance para a mulher, que encolhia-se, já envergonhada – Ela lutou até cansar, e quase despencou do prédio, e no fim das contas, não teve escolha.

— Eu coloquei três balas na cabeça daquele maldito – a chinesa finalmente se pronunciou, e disse aquelas palavras com tanta naturalidade que causou um arrepio em quem não estava acostumado com seu humor.

— És uma guerreira de honra – Thor elogiou a mulher, que virou-se para pegar uma dose de whiskey a seu lado, escondendo o rosto corado da equipe.

— Aquela foi a última noite da missão, e quando nós voltamos para o quarto de hotel, as duas mostraram os pentes – Clint voltou a contar a história com seu tom de voz bem modulado – Nat, com seis balas num pente perfeitamente carregado, e Mel, com apenas três balas.

— Na mesma hora, Phil nos pagou o dinheiro e depois de uns dez minutos, o serviço de quarto entregou uma garrafa de absinto – a vingadora narrou com um sorriso maldoso.

— Eu não sei se vocês sabem, mas o problema do absinto não está nas coisas que você vê, e sim nas coisas que você faz – o arqueiro comentou calmamente e a chinesa quase gemeu em agonia – Nat recebeu uma ligação de Hill e eu aproveitei pra ligar pra Laura, enquanto os dois ficaram sozinhos no quarto, bebendo.

— Quando nós voltamos, a sacada do quarto estava escancarada e os dois tinham desaparecido – a ruiva disse em seguida, e nesse momento a curiosidade dos ouvintes chegou ao extremo.

— Bem, nós não sabemos de todos os detalhes do que aconteceu, mas resumindo: nós encontramos os dois no dia seguinte, quase doze horas depois que eles desapareceram, a seis quarteirões do hotel, descalços, molhados e com uma leve crise de amnésia e dez quilos de peso na consciência – Clint finalizou, e Skye quase gritou em seguida:

— Mas afinal, o que eles fizeram? – perguntou quase dando pulinhos.

— Eles só lembraram do que aconteceu no voo de volta pra casa, e levaram mais tempo do que isso pra nos contar – Natasha provocou e Melinda enfiou o rosto no pescoço de Phil – Preciso dizer que essa mulher aqui passou a viagem de volta todinha a beira do choro e aquele ali mal conseguia olhar na nossa casa.

— Ai pelo amor de Deus, contem logo – Stark reclamou, causando risadinhas, e Clint cedeu:

— Eis o que eles fizeram: depois de saltarem do segundo andar do hotel, eles foram até um bar. Lá, Phil foi quase nocauteado por um romeno que deu em cima da Mel. Depois deles saírem do bar, ele teve a brilhante idéia de ligar a cobrar pra namorada da Pensilvânia.

— Não satisfeito com ligar a cobrar, ele terminou o namoro de quase um ano e disse que ainda estava disposto a transar com ela se ela quisesse – Hill interrompeu, contando a parte da história que ouvira um milhão de vezes. A esse ponto, os ouvintes já estavam gargalhando.

— Depois de terminar com a namorada, os dois tiveram uma conversa na beira de um chafariz, e foi quando o Doutor Garner ligou – Clint continuou contando, porém foi interrompido por Skye.

— Pera um minuto, ela já namorava o doutor nessa época? – com a pergunta, May sentiu vontade de enfiar-se em baixo da mesa.

— Eles se conheciam a um mês – Phil respondeu e todos na sala prenderam a respiração, como se soubessem que o pior da história ainda estava por vir.

— O doutor Garner ligou para pergunta sobre o paciente que ele havia tratado, ele queria saber se o garoto tinha se recuperado, e é óbvio que nossa querida Melinda mal se lembrava de quem o doutor estava falando – Natasha contou e Clint pediu que ela continuasse – A única coisa que ela lembrou foi que o doutor era bonitão, e ela chamou ele pra sair.

— De uma maneira grosseira – Hill acrescentou e todos os olhos se voltaram para May, que pela primeira vez na vida, estava roxa de vergonha.

— May, o que você disse? – Bobbi perguntou mordendo o lábio para impedir-se de ter uma crise de risos. Com uma respiração profunda, a chinesa endireitou-se no braço do sofá e juntou toda sua dignidade antes de responder:

— Eu posso ter digo alguma coisa como: “você é gostoso demais para ser um médico” e também “francamente eu não ouço nenhuma palavra que você fala porque eu estou sempre muito ocupada me controlando pra não te agarrar”.

— Melinda, você esqueceu da parte mais importante – Clint advertiu, lembrando-se da frase que o próprio doutor Garner o contara.

— Eu também disse que ... – ela respirou, como se juntando toda sua coragem para pronunciar as palavras na frente de seus agentes mais novos – Ah, eu não consigo repetir isso – choramingou e Natasha revirou os olhos.

— Ela disse, abre aspas: “eu vou transar com você até você esquecer qualquer um desses termos pomposos que você usa”, fecha aspas – a russa anunciou e todos os rostos na sala tinham a mesma expressão chocada.

— Depois disso eu joguei o telefone dela no chafariz, ela me empurrou na água e eu puxei ela junto – Phil prosseguiu com a história, após cincos minutos de gargalhadas de todos.

— Um guarda apareceu e nós dois saímos correndo, e no caminho, demos nossos sapatos para um mendigo e ele ofereceu um espaço para nós dormimos na esquina dele porque nós simplesmente não sabíamos como voltar para o hotel – a chinesa narrou com um sorriso na voz. Agora que a pior parte da história havia passado ela estava muito mais tranquila.

— É claro que nós recusamos, porque essa maluca disse que ainda era cedo demais pra dormir – o diretor explicou e Clint começou a rir.

— A melhor parte disso tudo é que esses foram só os primeiros trinta minutos da noite, e eles não se lembram nada do que aconteceu nas outras onze horas e meia – o arqueiro finalizou e os presentes na sala gargalharam.

— Vocês não se lembram de mais nada? – Jemma perguntou em seu sotaque carregado pela bebida e os dois mais velhos negaram.

— Eu me lembro de um strip club, mas eu não tenho certeza que foi nessa viagem – Melinda comentou pensativa.

— É claro que não foi em Bucharest, foi em Madri, depois daquela perseguição de moto – Hill corrigiu e Phil concordou.

— Foi sua despedida de solteira – ele acrescentou inconscientemente e Skye arregalou os olhos.

— Você teve sua despedida de solteira em um strip club em Madri? – perguntou parecendo escandalizada.

— Eu disse que eu queria uma despedida de solteira inesquecível – a mulher começou a se explicar – Então minhas madrinhas, Nat e Hill, e os meus padrinhos, Phil e Clint, me levaram para um strip club, e eu até ganhei uma lap dance – disse como se fosse algo comum.

— De um cara? – Fitz e Hunter perguntaram ao mesmo tempo e quase gritaram quando a chinesa negou. Na verdade, quase todos na sala gritaram e logo em seguida, riram, obrigando os agentes mais velhos a compartilharem mais histórias comprometedoras de suas vidas.