Nem necessito mencionar o fato de termos acordado cansados no dia da viajem. Gil não dava trégua desde o início da semana, e realmente estava a ponto de brigar com ele: Se ele inventasse de dar trégua. Estava me acostumando com o ritmo cada vez mais intenso dele, embora não entendesse como ele conseguia ter tanta libido. Mulheres geralmente tem sua semana de descanso obrigatória – querendo ou não –, mas não podendo gerar mais filhos por não ter útero, essa semana para mim não acontece desde o nascimento de Julia.

Eis que este é um lado positivo. Nunca tenho que descansar do Grissom.

Quando chegamos ao aeroporto, Gil colocou Ju no carrinho de bagagens, e eu fiquei de mãos dadas com Lorenzo. Fomos fazer o check-in e ainda faltava uma hora para a viagem.

– Que tal fazermos um lanche?

– Conheço uma mesa muito boa para se comer. – Ele disse em um tom levemente malicioso, porém não entendi por que.

Segui-o até o local, agora só com duas bagagens de mãos. Gil levou Julia no colo e Lorenzo andava de mãos dadas com ele. Eu estava a alguns passos para trás.

– Bonito deixar uma senhorita desacompanhada e para trás. – Parei colocando as mãos na cintura.

Lorenzo riu, soltando a mão de Gil e correndo até mim.

– Desculpe my lady. – Então pegou minha mão e beijou.

Em seguida veio Gil, até mim, e abraçou-me de lado depositando um beijo em meu rosto.

– Oh, minha princesa. – Abraçou-me de lado.

– Eu sou sua princesa papai. – Julia protestou no colo.

– Então ela é o que?

– Minha mamãe. – Disse obvia.

– Nossa rainha. – Falou Lorenzo orgulhoso.

– Vocês me mimam demais sabiam? – Ri deles.

– Chegamos. – Disse Gil, satisfeito pela mesa estar vazia. Fitando-a, soube perfeitamente o porquê. Fora naquela mesa que a quase três anos atrás resolvemos nossos problemas, e que resolvemos ficar juntos. Ela só me trouxe boas lembranças.

Gil buscou uma cadeirinha de criança para colocar Julia, e Lorenzo puxou a cadeira para eu sentar.

– Nossa! Quanto cavalheirismo. – Sentei-me.

– Estou aprendendo com papai.

Fitei então Gil e ele tinha uma clara expressão culpada.

– Como?

– Ele disse que se eu quiser ter uma boa namorada, tenho que saber trata-la bem, como uma princesa. Dizer coisas bonitas, ser educado e gentil.

– E quem disse que você irá namorar mocinho? – Fuzilei Gil com os olhos. – Só está permitido depois dos quarenta. – Segurei-me para não rir.