Avatar: A lenda de Tara - Livro 1 Terra escrita por Glenda Leão


Capítulo 3
Fugitivos




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O barulho de alguém correndo de lá pra cá brincando com espíritos tira minha atenção do cheiro do cozido. Me surpreendo já que os espíritos são vigiados dia e noite e nem todos os humanos tem permissão de interagir com eles.

– Você! Pare com isso! Chega! – uma senhora morena de olhos verdes e cabelos castanhos grita da porta da casa de onde vem o cheiro do cozido – Não pode brincar com eles, eles são perigosos demais – o garoto que parece ter a minha idade para no mesmo instante em que escuta a voz da senhora, os espíritos parecem querer brincar mais, vejo a mesma expressão no rosto dele...

– Por favor mãe, eu peço, ainda esta cedo ninguém vai ver – o garoto diz com sua voz grave. Um dos espíritos pousa ao seu lado e ele lhe acaricia a cabeça – eles são inofensivos e só querem se divertir, assim como eu.

– Kadda você de nada sabe – diz a senhora – se alguém denuncia-lo outra vez você vai ser detido pela guarda e se isso acontecer eu te deixo lá mesmo menino. Agora vá cuidar de assar o pão enquanto eu acordo seus irmãos.

Ao ouvir a palavra pão minha barriga e a de Zena roncam de novo e pela primeira vez eles notam que uma garota e sua enorme toupeira texugo estão em sua calçada ouvindo tudo.

– Quem é você menina?

– Me chamo Tara senhora – estendo a mão e dou um sorriso bem aberto – e ela é a Zena. Nós fizemos uma longa viagem e estamos cansadas...

– E o que temos haver com isso? – o garoto chamado Kadda me pergunta desconfiado.

– Eu tenho dinheiro e estou disposta a pagar por comida e...

– Não estamos interessados, agora pode dar o fora – ele me interrompe e faz sinal com a mão me mandando ir embora. Esse garoto esta me fazendo perder a paciência.

– Se me interromper mais uma vez te enterro vivo.

– Serio? Vamos fazer um acordo se você conseguir me derrubar eu te dou comida e ainda deixo sua toupeira-texugo dormir na minha cama de graça... O que me diz florzinha? – ele levanta algumas pedras bem pequenas no ar para tentar me assustar. Mesmo ele sendo um dobrador o que é raro hoje em dia, vejo que ele não é muito bom.

– Feito – concordo dando um sorriso malicioso e faço a terra tremer em baixo dele que não consegue se segurar em pé e cai de cara no chão. – Vamos agora? Estamos famintas.

– Você trapaceou! Não sabia que você era uma dominadora.

– Então seria justo um dobrador de terra lutar contra uma não dominadora?

– N-não, mas...

– Vamos Kadda, ela te derrotou e você precisa fazer valer sua palavra.

– Mas mãe!

– Ela ganhou de forma limpa e vai receber o que lhe foi prometido. – tento conter o riso ao ver o rosto de Kadda – Venha menina, Kadda vai preparar o pão e eu vou mostrar onde é a cama dele para que seu animal possa descansar.

Apesar do mal humor de Kadda, termino meu café sem problemas. Sete caretas de sono surgem pouco a pouco descendo a escada, algumas chegam a esconder-se entre os braços em protesto por acordar cedo. Apesar dos resmungos preguiçosos, poucos realmente tinham aberto os olhos, os que estavam acordados não tiravam seus olhos de mim até que um grito agudo soa do andar de cima:

– AHHHHHHHHHH!

Quantos segundos são necessários para que dez pessoas subam uma escada? Ah, nunca bastaram tão poucos… Todos nos estamos empilhados junto à porta do quarto quando finalmente conseguimos ver o que gerou o grito: Um garotinho de uns dez anos viu Zena na cama de Kadda e deduziu que ela tivesse engolido o irmão.

– Éder, eu estou aqui, olha, nem um animal me engoliu, eu estou bem. – Kadda tenta tranquilizar o garoto.

– Então o que esse bicho ta fazendo na sua cama?

– Esse “bicho” tem nome e é Zena.

– E quem é essa ai Kadda?

– “Essa ai”? Ora seu...

– Essa menina é a Tara, ela me venceu em uma luta e eu tive que pagar uma aposta.

– Venceu você? Impossível. – O moleque olha pra mim – Meu irmão é o MELHOR dominador de toda a republica da Terra, sei que ele não seria vencido por uma garotinha.

– Garotinha? Eu? Olha moleque você devia rever seu conceito para a palavra melhor porque eu não precisei de muita coisa pra fazer seu irmão cair.

– Ora sua – ele tenta correr até mim querendo me atacar mas Kadda o segura e o coloca na cama.

– Acredite em mim Éder, você não vai querer fazer isso... falo por experiência própria.

– É moleque, escuta ele, foi a primeira coisa inteligente que saiu da boca dele desde que eu o conheci.

– Vem comigo garota – Kadda me puxa pela mão até o lado de fora enquanto as crianças pulam nas costas de Zena mas sem conseguir acorda-la.

– O que você quer?

– De onde você é? Onde aprendeu a dobrar assim?

– Porque você quer saber?

– Olha... eu sei que não sou um bom dominador embora consiga me vira com alguns truques, quero que você me ensine alguma coisa.

– Fala serio?

– Entendo se disser que não e...

– Serio que você disse “não muito bom”, você é horrível.

– Ei!

Nossa conversa é interrompida por vários carros de policia que nos cercam, um homem sai do carro com alguma coisa na mão que aumenta o volume de sua voz. Me ponho em posição de ataque, eles devem estar aqui por minha causa.

– Afaste-se do avatar Kadda se não terá mais problemas do que já tem, vamos leva-la e sugiro você não se envolver.

– Avatar? Nós ainda temos isso? Desculpe Xue mas você deve ter bebido demais.

– A garota que esta ao seu lado, ela é o avatar e filha do presidente, se você não se afastar dela agora não vai ver mais a luz do sol.

– Você é o avatar?

– Sim.

– E filha do presidente?

–Tambem.

– C-como?

– Policiais peguem ela e façam o que quiser com ele, mas ela não pode sofrer nenhum arranhão. – antes que eles façam qualquer coisa que planejavam fazer eu faço uma enorme parede de terra entre nós e eles.

– Se segura em mim. – pego Kadda pelo braço e lanço um cabo de metal até a janela e nos ergo.

– Dobra de metal?? Que de mais.

– Tenho que ir, obrigada pela comida e pelo descanço. – Corro até o quarto que Zena esta e a acordo.

– Espere... Eu, eu vou com você.

– Ficou louco? – ouço o barulho dos oficiais invadindo a casa. – Droga... Li Mei He – me volto para a mãe de Kadda e entrego um dos saquinhos de ouro que estão na minha mochila. – Você vai precisar disso – Subo nas costas de Zena e Kadda sobe logo atrás, Zena destrói a parede do quarto do segundo andar e nós pousamos bruscamente na rua, os oficiais saem da casa e faço Zena correr o mais rápido possível.

Coloco Kadda para guia-la enquanto crio obstáculos para os oficiais. Penso em como deve se sentir uma fora da lei porque, de certa maneira, é isso que eu sou agora.


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