Waking Up - Aprendendo a Viver escrita por Soll, GrasiT


Capítulo 26
Capítulo 19 – Reconciliações.


Notas iniciais do capítulo

Como não atingimos pelo menos 25 comentários no ultimo capitulo... nao teremos hentais nesse! Boa leitura... o capítulo está muito agradavel de ler!



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Narração: Rosalie Hale.

           

James Morrison - Pieces Don't Fit Anymore

http://www.youtube.com/watch?v=wIg8kNfJpsg

 

Eu não podia pensar direito. Por que ele simplesmente não se abria comigo e deixava a conversa fluir? Eu não iria matá-lo. Afinal, eu o amava. Ele era o meu Emmet. Aquela criança de um metro e oitenta, com quatro palmos de um ombro a outro. Aquele bebê gigante que me abraçava e todos os problemas se dissolviam em seus braços. Por que infernos ele não se abria?

 

            Quando ele chegou a noite, ele me abraçou calorosamente e sussurrou em meu ouvido que me amava. Eu não era acostumada com aquelas declarações. Não na frente de Esme e Carlisle. Não na frente de alguém. Essa era uma atitude rara de Emmet. E talvez, por isso, eu dava tanto valor quando ele o dizia. Eu, para o momento, só pude responder ‘Eu sei’ e nada mais. Ele pediu que ficasse pelos andares inferiores de casa até ele me chamar. Não demorou muito depois que comemos. Esme questionou o fato de Edward e Bella não estarem conosco. Eu e Allie não tínhamos uma boa resposta. Jasper salvou a cabeça dos dois. Exame de biologia. Todos sabiam que Edward tinha problemas com biologia.  

 

            Respirei fundo um milhão de vezes antes de Emm pedir que eu subisse. Minha sogra falava comigo e eu nem sequer processava as vogais, apenas a via mexendo os lábios. Merda! Eu estava desconfortável demais. Não queria desapontar a ninguém, já bastava que vivia de favor dentro da casa deles. Não que meus pais não pudessem me dar o dinheiro que era necessário, estava lá porque Esme não podia me deixar longe. Palavras dela quando me mudei para lá.

 

            Subi agarrada a mão de Emmet. Então era a hora de saber o que estava acontecendo. Meu coração pisou no acelerador. Acho que bati os 130 batimentos por segundo, em dois segundos. Emmet abriu a porta para que eu entrasse primeiro. Ele estava cheio de atitudes cavalheirescas. Muito bom Emmet Cullen, vamos ver até quando isso irá durar. O alertei mentalmente. Suspirei. Olhei ao redor.

 

            Maldição! Ele andava doente?

 

“Gostou Rosinha?” Ele disse sorridente. Ele simplesmente tinha arrumado o quarto. Bem arrumado. Desorganização sempre foi um dos pontos fortes de Emmet. Muita desorganização. Eu poderia agüentar o ronco, os braços pesados relaxando sobre mim como se eu fosse um travesseiro durante a noite. Agüentava até os arrotos em horas inapropriadas – mas esse era Emm, o conheci assim e gostei assim – poderia até agüentar aquele maldito bafo de cerveja com cebola de quando ele preparava as refeições nas ausências dos pais. Mas eu não suportava aquela maldita bagunça que ele insistia em fazer! Aquilo era terrível! Se ele queria me acompanhar, aquela era a única exigência que eu tinha feito.

 

            Se organize Emmet. É tudo que você precisa. Guarde seus desenhos, idéias, documentos em pastas ou caixas separadas. Nós iremos precisar! Era o que eu dizia quando dávamos os nossos primeiros passos para o meu sonho. Sonho que já foi dele algum dia. Puxei o ar.

 

            “Bom… eu espero que isso dure.” Por mais que eu estivesse maravilhada que ele tinha arrumado aquela zona imunda que era o quarto dele, eu tinha, por obrigação, que me manter firme.

 

            “Irá, eu te garanto.” Ele fechou a porta atrás de nós. “Você quer fazer isso essa noite mesmo Rose?” Eu me sentei na cama.

 

            “Você está com medo de mim, Emmet? Você não quer que eu fique?”

 

            “Não! Eu não estou com medo! E sim! Eu quero que você fique.”

 

            “Então por que não seria essa noite?” Ele resmungou um ‘tudo bem’ e puxou uma cadeira. Sentou-se a minha frente pegando em minhas mãos. Mesmo com toda a raiva que eu sentia dele, não poderia negar essa proximidade.

 

            “Rose, eu sei que eu ando meio errado…”

           

            “Não, você anda totalmente errado! Você não vê Emmet?”

 

            “Eu sei, eu sei… Eu não quero que você desconfie de mim. Eu não estou…”

 

            “Emmet! É difícil não desconfiar! Você não me conta nada… há meses!”

 

            “É, eu estou tentando…”

 

            “Não, você não está tentando!”

 

            “SIM, EU ESTOU TENTANDO E VOCÊ FICA ME INTERROMPENDO!” Ok. Falei demais. Fiz um sinal que tinha fechado a boca e que iria escutá-lo. Ele respirou fundo. “Me desculpe? Me desculpe por tudo isso que eu tenho feito você passar. Eu gostaria que você entendesse que o que tenho feito é por nós dois. E não é mais uma das minhas brincadeiras. É por você Rose, muito mais do que por mim.”

           

            “Por mim?” Ele concordou. “Inferno! Então por que você não me conta o que é de vez? Eu ficaria muito mais aliviada em saber que meu namorado não está dando uma de amante passivo do Black!”

 

            “Rosalie! Você está me ofendendo!”

 

            “E você não pensa que pode estar me ofendendo quando acorda de manhã e sai como um ladrão para ir encontrar com o Black? Ou quando volta para casa depois que eu já fui dormir e toma banho, se enchendo com o seu melhor perfume, e nem sequer me dá um beijo de boa noite? Você acha que não me ofende quando eu te chamo para sair e ter uma noite bacana em Seattle, apenas nós dois, e você diz que não pode, porque tem que acordar cedo na manhã seguinte? Emmet! Faz mais de um mês que você não toca em mim! E isso… isso me ofende!”

 

            “Agora é sobre sexo, Rose?”

 

            “Agora é sobre tudo, Emmet! Temos que resolver isso! Temos que dar um basta… precisamos ser honestos.” Apertei sua mão na minha. “Muito honestos.”

 

            “Rose… eu gostaria de te contar cada passo do meu dia. Cada respiro. Mas não enquanto o que eu estou fazendo não esteja terminado.”

 

            “E o que você está fazendo, Emmet?”

 

            “Eu tinha prometido a mim mesmo que te diria… mas eu vejo que talvez não seja a hora ainda.” Puta merda! Será que era tão horrível assim? Será que esse bastardo estava me enganando mais do que eu podia imaginar?

 

            “Emm, você está me enrolando mais uma vez! Eu estou tendo uma puta paciência com você. Estou tentando me suportar e encontrando razões na poeira que tem no canto do seu quarto para ficar! Eu empreguei meu dinheiro no nosso negócio, eu dediquei anos da minha adolescência ao seu lado. Eu cresci em todos os aspectos, e você parece sempre o mesmo crianção! Emmet… você sabe quanto tempo estamos juntos?” Ele piscou. Ele não queria responder?

 

Merda! Eu sabia! Aquele desvio de olhar… porra Emmet!

 

            “INFERNO EMMET!” Eu dei um tapa forte na sua perna e depois voltei a bater em seus braços. “INFERNO, INFERNO, INFERTO! MERDA DE INFERNO!” Gritei enquanto batia. Por um momento parei de bater, e apenas gritei. “ME DIZ POR QUE EU ESTOU GASTANDO A BOSTA DA MINHA SALIVA TENTANDO FALAR COM VOCÊ, SE VOCÊ NEM AO MENOS LEMBRA QUANTOS ANOS NÓS ESTAMOS JUNTOS?”

 

            “Eu não lembro… mas eu acho que são 4 anos…” Ele disse com vergonha, esfregando o braço. Por sorte ele acertou.

 

            “Você tem muita sorte mesmo de chutar e acertar…”

 

            “Eu tenho sorte por ter você.” Ele disse simplesmente. Esqueceu os tapas e esfregou suas mãos nas minhas. Elas estavam ardendo das bofetadas. Seu toque foi um alívio. Eu derreti um segundo depois. “Rose, por favor, confie em mim! É a única coisa que eu te peço. Me dê alguns dias. Só mais alguns dias…”

 

            “Por que eu deveria te dar mais alguns dias? Eu te dei meses! Eu tenho dinheiro pra comprar a sua parte… não vou hesitar em fazer se você continuar me escondendo o que você anda aprontando!”

 

            “De onde você tirou o dinheiro?”

 

            “Você esqueceu que eu vendi meu carro também?!” Um lampejo de entendimento cruzou por seu rosto.

 

            “Você tem pensado nisso há muito tempo, não é?”

 

            “Não por muito. Três ou quatro semanas, no máximo… Emmet, tudo bem. Eu te dou no máximo duas semanas, a contar de hoje. Se até lá você não tiver me contado a verdade, eu vou pegar as minhas malas e você não me verá nunca mais. Você entendeu?”

 

            “Isso quer dizer que estou perdoado?!” Ele questionou com olhos calorosos.

 

            “Não. Isso quer dizer que você tem uma licença de desculpas prorrogadas por duas semanas. E que se não fizer jus por isso, você não terá mais nada de mim.” Eu olhei para ele. Seus olhos eram tristes. Fiz um afago em seu rosto. Eu sentia falta de tocá-lo. “Escute… você conseguiria ao menos nessas duas semanas viver um pouco para mim também? Sabe… talvez eu possa te desculpar quanto a isso.” Dei um beijo rápido em seus lábios. Ele sorriu.

 

            “Eu sou todo seu, mas devo avisar…” Ele disse com uma cara forçada de seriedade.

 

            “Avisar o que, Emmet?”

 

            “Que eu não sairei mais de casa sem lhe dar um beijo, muito menos irei dormir depois de você. E sempre que você me ligar e me quiser por perto, eu vou estar…”

 

            “Ou seja, vai voltar a ser aquele chiclete colado em mim?”

 

            “Ainda mais… se você permitir.” Eu ri alto. Era bom rir abertamente de algo. Eu o conhecia. Sim. Ele estava dedicado a fazer com que déssemos certo novamente. Ele merecia uma recompensa. Sim, por todo o esforço… não! Eu iria fazer aquilo porque estava subindo pelas paredes e sentia saudade dele!

 

            “Ok. Vou me lembrar disso!” Eu o puxei pela camiseta, o fazendo se aproximar. “Agora, você sabe o que eu faço com os chicletes?” Emm moveu a cabeça negativamente. Cheguei perto de seu ouvido e sussurrei. “Eu costumo morder, mascar, chupar, saborear… você pensa que pode agüentar?” Ele riu em meu ouvido e me puxou com força pela cintura, me fazendo sentar em suas pernas. Eu o abracei em seu pescoço.

 

            “É bom ver que aquela parede que tinha entre nós está desmoronando.”

 

            “Talvez se a gente forçar um pouco mais, possamos derrubá-la mais rápido.” Me joguei contra seus lábios.

 

            Narração: Bella Swan.

           

            Saber que Amber tinha, finalmente, se acertado com Jacob me deixava feliz e angustiada ao mesmo tempo. Eu sabia que era ele o que ela desejava, e não podia deixar de apoiá-la, afinal já havia conversado sobre os prós e contras de sua relação com ele um milhão de vezes antes. Eu conhecia seus sentimentos. Tinha uma grande noção do que é a atração da paixão, e a dúvida de que a pessoa vai te tratar mal, e de que não gostaria de te ver nem que estivesse toda cravejada de diamantes raros. Sim. Era terrível.

 

Com Edward tinha sido bastante parecido. Claro, tudo muito mais veloz. Na noite nos odiávamos, na manhã seguinte apenas estávamos nos beijando em sua cama. Por certas vezes me perguntava se faria algo diferente, e talvez alguma coisa ou outra, mas sem dúvida não mudaria aquele primeiro beijo. Aquilo foi o que me trouxe de volta para a vida. A nossa troca espontânea de carinhos naquela manhã me mostrou o quanto eu tinha perdido, e me fez arder de desejo pela vida, mesmo que a minha tristeza ainda conseguisse me tirar um bom tanto da vontade de respirar.

 

Olhando para trás, minha vida de quando cheguei a Forks parecia tão distante, como se aquilo tivesse sido há uns doze ou quinze anos. No entanto, era recente. Tão recente que se eu quisesse, poderia tocar. E se eu tocasse, ainda doeria e eu não queria mais a dor, nem o sofrimento. Só ansiava por superação. E quando eu escorregava para as memórias tristes, olhava para Edward e ali encontrava a minha viga de sustentação. A base forte que me fazia manter-me sobre os pés. Via que era possível respirar sem me sentir cortada ou dilacerada por ter perdido uma grande parte do meu coração. Não havia amor que Edward pudesse me dar que preencheria ou ocuparia a parte morta que Joshua havia deixado. O que ele fazia por mim era não deixar as outras partes secarem, me mantendo sempre alerta e cheia de amor.

 

Era tão puro o sentimento que eu poderia amá-lo apenas por isso.

 

Em três semanas teríamos as provas para as universidades. O tempo estava passando. E passava rápido. O que era três meses logo se tornaria dois, e em seguida já estaríamos a um mês… e quando menos esperássemos teria acabado. Adeus adolescência. Olá vida adulta. Faculdade: aí vamos nós! Meus pensamentos voavam com isso. E gostaria de saber para onde Alice e Jasper iriam, assim como Amber. Conversaria com eles mais tarde sobre o assunto.

 

Amber.

 

Eu poderia dar um prêmio a ela. Ela tinha uma cabeça muito teimosa. Tanto quanto eu, devo admitir. Ela, depois de ter beijado Black, me puxou pelos corredores da escola, e cochichou como se estivesse guardando o maior segredo do mundo! Eu a abracei e fiquei feliz por ela, mas a sua lógica estava certa: vamos manter isso longe de Jane. Sim. Isso estava mais que certo. O que me deixou louca era o fato de ela ter desistido completamente de falar com ele sobre o que Jane pensava. Eu não tive uma reação lógica para aquilo. Eu só precisava pensar. Foi o que eu pedi a ela.

 

Durante aquele mesmo dia ela me escreveu um bilhete na aula de inglês, pedindo que eu considerasse os sentimentos dela. Bobinha. Isso era certo que eu consideraria. Não sabia qual era o status da relação, contudo eu não seria tão egoísta a esse ponto. Apesar de desejar ter meu diário novamente, não queria por um fim nos progressos que ela e Jacob faziam juntos. Não queria sentir culpa pela tristeza dela e, principalmente, não a queria sofrendo. Desabafei na noite com Edward. Ele me ouviu atentamente, questionando meus sentimentos e minhas próprias decisões e convicções, me levando a uma nova lógica. No final, ele decidiu por mim, claro que sempre me dando a possibilidade de recusar sua idéia. Incrível seria pouco para defini-lo. Conversaríamos eu e ele com Jacob. Amm não tinha nada a ver com a história. Toda a rixa e desavenças eram entre nós quatro: Jane, Jacob, eu e o Ediota. Amber estava fora dessa. Fiquei feliz assim. Já não me lembrava mais da lógica que tinha usado para pedir que ela contasse a ele.

 

Os dias passaram devagar, realmente se arrastaram, porque os estudos para a prova que nos daria vagas em boas universidades, estavam exigindo muito tempo de nosso dia. À noite nós reservávamos para… bom, para brincar, por assim dizer. Edward só tinha me exigido um tempo. Ele queria estar com a cabeça no lugar para uma conversa séria com Jacob. Eu dei a ele o tempo que fosse preciso, sabendo que estar centrado para o Ediota era essencial, ainda mais se tratando de Jacob.

 

Podia até imaginar o duelo mental que ele tinha. Mostre a ele que você ainda se importa! Ou Não interessa o que ele pensa, apenas vá lá e jogue a verdade para ele! Se tratando de Edward, seria uma boa mistura dos dois lados de seu cérebro.

 

“O que você tanto pensa?” Ele me trouxe para o presente falando em meu ouvido. Provavelmente vendo que eu nem piscava.

 

“Em um milhão de coisas. Nada muito especifico.”

 

“Diga-me um de seus pensamentos.” Edward disse baixinho para não atrapalhar ninguém. Todos nós assistíamos a um filme na sala de TV; Rose chorava como uma condenada, e Emm apenas lhe acariciava os ombros. Era bom ver que eles estavam melhores. Alice se encolhia nos pés e no peito de Jasper, e eles não desgrudavam os olhos da tela. E o mais engraçado, meus padrinhos dormiam nos braços um do outro.

 

“Estava pensando em você, por último. Imaginava o que você está sentindo. Sabe? Vamos ter que falar com o Black. Gostaria de poder te ajudar com isso.” Cochichei ganhando um carinho em minha bochecha.

 

“Linda, você me ajuda fazendo isso… se importando.”

 

“Exatamente como você.” Ele sorriu.

 

“Vem, vamos para cima… lá podemos falar mais abertamente.” Saímos a francesa da sala. Pé por pé. O quarto da vez era o dele. Me atirei no meio da cama de costas. Ele se sentou ao meu lado, levando minha cabeça para suas pernas. Era sábado, e não estávamos cansados. Iríamos conversar por horas, até o assunto evoluir para onde palavras não eram tão necessárias.

 

“E então?” Eu retomei. “Como podemos trabalhar essas indecisões em sua cabeça, senhor Ediota?” Edward riu.

 

“Primeiro de tudo, dona Monstrenga, quem lhe disse que tenho indecisões?!” Ergui meus olhos e o fitei de baixo.

 

“Edward, você devia saber que não pode mentir para mim. Eu conheço suas maneiras tão bem quanto as minhas. E, por favor, amor, divida seus sentimentos comigo, sim? Eu gostaria de poder te ouvir tanto quanto você me ouve.”

 

“Oh! Assim eu não tenho saída!” Declarou dramático, e em seguida suspirou. “Eu tenho um milhão de pensamentos, quanto a Jacob principalmente. Eu não paro de pensar um instante em como eu poderei conversar com ele sem que isso se resulte em uma briga. Eu gostaria de dizer: Meu amigo, eu fui tão enganado quanto você. Vamos esquecer o que houve. No entanto, continuaria pedindo que ele pegasse de volta o seu diário. Isso soaria falso.”

 

“Se você preferir, deixe que eu conte para ele. Eu falo tudo. Você fica de fora. É a minha vida, Edward. Eles roubaram algo meu. Eles expuseram a minha vida. Não foi a sua. Eu vou fazer isso sozinha, amor. Assim fica mais fácil pra vocês conversarem.”

 

“Não Bella!” Ele pareceu furioso. “Você não viu a sua tristeza naquela manhã. Eles tiraram algo de mim também. Eu não guardo minhas memórias, exceto em minha mente. Você as guarda. E se lá havia suas recordações, seus desejos, medos, sentimentos… aquilo é a sua vida, portanto, é a minha vida também! Todas aquelas linhas que você escreveu te trouxeram até mim. E houve linhas depois de mim. Aquele caderno te pertence. E você é minha.” Ele esperou um momento. Inclinou-se ficando rosto a rosto comigo. “Você entende o que eu quero dizer?”

 

“Acho que sim… talvez seja como eu me sinto com você. Eu sinto como se alguém te tira qualquer suspiro, por qualquer motivo – por mais banal que seja – aquele suspiro me pertence. É meu. É meio possessivo às vezes, eu sei! Mas é como eu vejo.”

 

“É isso mesmo. Sua história é tão minha, quanto a minha é sua… Então, voltando a Black, não quero você sozinha com ele. Nós iremos achar uma maneira de conversarmos sem que eu tenha lábios inchados e um olho roxo no final do dia.”

 

“Ah não! Lábios inchados seriam terríveis! Lembro-me da última vez! Você sofreu mais do que deveria…”

 

“Você é uma sugadora de lábios! Não facilitou em nada minha reabilitação!” Eu ri de seu comentário. Era verdade.

 

“Está reclamando, Ediota?”

 

“Não, não! Longe disso! Você pode me sugar sempre que quiser… e bom, onde quiser também.” Me levantei fincando sentada a sua frente. Meus cabelos caiam sobre os ombros.

 

“Bom, vejamos…” Estreitei os olhos. “Sim! Eu gosto da sua boca, assim como da sua língua. Talvez possamos começar por aí.” O beijei suavemente. Ao fim, trouxe seus lábios em uma mordida com os meus. Ele riu, rolando os olhos.

 

“Viu! É disso que estou falando! Você é uma sugadora de lábios convicta!” Ele se jogou por cima de mim. Voltei a seus lábios. Jacob ficaria para depois.

 

(***)

 

Era uma ótima semana para o mundo desabar em Forks, sem dúvida. A chuva não deu tréguas nos primeiros dias da semana. Isso que a primavera já havia começado. Não havendo nada o que fazer e nem para onde ir, ficávamos dentro de casa. Falei com Charlie mais vezes do que o normal naqueles dias. Renée estava bem. Ele estava negociando com alguns de seus generais amigos que gostariam de ter de montar alguma tropa para o Afeganistão. Isso ainda me destruía, e se Charlie não conseguisse tirar isso de suas costas, o destruiria também. Dessa vez eu tinha medo de que o mandassem para lá.

 

Quando Joshua foi, ele dividia o comando com outro general. Sendo que o General Bishop estava a mais tempo naquele quartel, foi ele a ir para o campo. Ele voltou. Meu irmão não. Dessa vez Charlie ordenava sozinho. Se ele tivesse que montar sua equipe, ele iria e outro assumiria, e eu viveria a angustia mesmo ele tendo me dito que as tropas estavam para se retirar, e que aquilo não devia durar muito tempo. Para mim, um mísero dia naquele lugar era uma eternidade sem fim.

 

Na quinta feira o tempo se acalmou, e eu senti a inquietação de Edward aumentar. Ele veio subindo gradativamente sua ansiedade. Pernas batendo aqui, dedos tamborilando sobre uma mesa ali. Muitos suspiros e sem comentar a distração. Isso estava me irritando.

 

            “Está certo, chega disso!” Eu disse durante o almoço, séria demais. Todos me olharam. “Edward é hoje. E está decidido!”

 

            “É hoje o que, amor?”

 

            “Você sabe! Ou conversamos com Jacob hoje, ou quem vai conversar mais de perto seremos nós dois!”

 

            “Bella, eu não sei…”

 

            “Você sabe sim! Só está com medo! Esse não é o Edward que eu conheço! Não o que enfrentou um general e peitou a minha mãe louca. Muito menos o Edward que bateu em seu ex-melhor amigo apenas para não deixar ele me ofender!” Houve o mais absoluto silêncio em nossa mesa. Amber foi a primeira a se mover na cadeira. Eu só tinha olhos para Edward, que me olhava fundo nos olhos. Eu poderia convencê-lo fazendo um drama, chorando, qualquer cena que eu fizesse eu o convenceria, mas optei apenas por manter seu olhar.

 

            Vou estar com você. Eu dizia com os olhos e os flashes de dúvidas se intensificavam.

 

Isso vai dar certo. Eu lhe garantia, mas ele só sabia duvidar.

 

Eu te amo. E ele se rendeu com um suspiro.

 

“Que seja hoje então. Posso ao menos esperar o final do dia de aula?”

 

“Você tem até a meia noite. Dizem que é nesse horário que termina um dia.” Disse voltando minha atenção ao croissant que eu comia. “Ei Allie! Deixa provar desse suco?” Pedi tentando aliviar a pequena tensão que eu tinha criado.

 

“Ah! Sim! Ele é delicioso, Bells! Você sente bem o gosto dos morangos! E olha… é sem açúcar!” Ela disse animada e entendendo meu olhar. Quando peguei a pequena caixa, ela começou a tagarelar.

 

            “Obrigada por isso.” Ele sussurrou carinhoso em meu ouvido, depois de mais alguns minutos de conversa com Alice. Trocamos um breve olhar. Peguei sua mão e entrelacei nossos dedos os apertando. De nada.

 

            (***)

 

            Tinha aulas de história com Black. Esperava encontrá-lo lá, iria lhe mandar um bilhete, pedindo se poderíamos falar em algum momento do dia. Ele saberia que não poderia fugir. Não estando ao lado de Amber. Não depois de prometer que mudaria. No entanto, Jacob não estava. Ele estava na escola nos primeiros períodos, mas não mais. Me inquietei na cadeira quando ergui meus olhos para a sala. Quem estava nervosa agora era eu.

 

            Jane caminhava em minha direção.

 

            Merda. Isso não era bom.

 

            Ela sentou-se ao meu lado com um sorriso debochado nos cantos dos lábios. O que eu tinha que fazer era ignorar. Ignore-a Bella Swan. Apenas a ignore. Ela não existe, ela não está aqui. Eu repetia mentalmente. Mas era impossível quando sentia seu olhar queimando em mim. O professor começou a aula. Ele não se importava com as conversas. Isso era um grande inferno para mim. Grudei meus olhos no caderno e tentei escrever algumas anotações sobre a Segunda Guerra Mundial. Ela suspirou ao meu lado. Calma e longamente. Vadia. Ela ia começar.

 

            “Bella, eu não sei porque você insiste nisso. Sabe? Nessa coisa de ficar com o Edward. Ele é demais para você… você não é nada. E você tem total conhecimento disso. Eu gostaria de ser invisível às vezes, só para saber se ele te fode com vontade, a mesma que ele tinha por mim, para ver se ele te dá orgasmos de gritar, assim como eu tinha com ele… sim, porque olhando para você, eu não imagino um homem com desejo. Ele deve estar querendo apenas matar tempo com você, talvez se divertir as suas custas…” Eu forcei na folha, a rasgando com a ponta da caneta. Continuei olhando meu caderno. “Só de pensar que você foi a culpada de ele ter passado dias no hospital… isso não te tira o sono? Você traz muito sofrimento para as pessoas. Isso deve te atormentar, não é pequena?” Travei a caneta. Ergui meus olhos. Ela acabara de me chamar de pequena. Assim como Joshua me chamava.

 

            “Se você deseja saber o que Edward quer comigo, se ele me fode com vontade, se eu tenho orgasmos gritados ou não, se eu perco meu sono ou não por ele ter estado no hospital, e se eu trago sofrimento aos demais, você talvez devesse roubar meu novo diário. Isso lhe daria uma resposta detalhada de tudo que deseja saber.” Eu tentava manter minha voz baixa. Seria uma parcela a mais de humilhação se eu começasse a bater boca com ela para todos ouvirem.

 

            “Ah não! Estou satisfeita com o seu antigo! Fico pensando se Josh ficaria feliz em saber que a irmãzinha suicida e depressiva, que nunca tinha dado um beijo na boca até os 17 anos, abriu as pernas para o namorado depois de duas semanas? Você não se sente uma vadia por isso? Você foi fácil demais. Fácil demais… assim como foi fácil fugir de sua família, não é? Renée é uma completa louca, Charlie não se importa, Josh devia estar vivo e eles mortos e blábláblá… São palavras suas, não são? Não seria você o problema?” Ela deu uma pausa. Eu estava agarrada à mesa, tentando me concentrar para não voar na cara dela, e deixá-la com marcas para o resto da vida. Meu corpo tremia e ela continuou.

 

“Eu estive imaginando que tipo de filha e irmã era você, e cheguei à conclusão de que devia ser péssima! Seu irmão devia se sentir sufocado, seus pais te odiavam. Tem certeza que você não é uma bastarda, assim como os filhos imbecis do Carlisle? Admita Bella Swan, você sempre será uma mal amada!”

 

“Você não sabe nada de minha vida.” Soltei em um rosnado entre dentes.

 

“Eu sei tudo!” Ela disse com superioridade. Não evitei rir.

 

“Não, você não sabe. Se deseja saber mesmo essas coisas, eu te respondo. Eu tenho certeza que irá se desapontar com as respostas. Você não conhece uma pessoa pelas suas memórias, Jane. Minhas palavras não transferem nada do que houve e o que há na minha vida! Espero que você saiba que me fazendo isso, não irá me atingir como tanto deseja. Minha família não te diz respeito, nada que é MEU te diz respeito… e isso meu anjo, inclui Edward também!” Sorri o mesmo sorriso debochado a ela.

 

“Ah, Edward não é seu, meu bem!”

 

“Ah ele é seu então? Não, acho que não!” Me aproximei de seu rosto e disparei de uma só vez. “E só para constar, ele não me fode com vontade nenhuma… ele me ama com vontade. Vontade essa que ele não dedicou nem um por cento a você. Ah! E devo dizer também que sua fama não é das melhores… andei sabendo que você não é tão boa quanto diz! E aí eu fico pensando, quantos orgasmos você já foi capaz de fingir? Sabe… eles percebem.” Era a vez dela de ficar com raiva. Ponto para mim. Seus olhos estavam frenéticos. “Você não é nada para ninguém, Jane. Eu tenho uma previsão de futuro para você: velha, sozinha e fria. Sem uma alma por perto. Sem ninguém para te ouvir. Será você e seus malditos pensamentos. Só. Nem Deus vai estar ao seu lado.” Jane respirava como um animal furioso. “E quer saber mais Jane? Vai para o inferno.”

 

Me virei na cadeira para olhar para o professor. Ele ainda comentava sobre o nazismo e campos de concentração. Calmamente, ergui minha mão.

 

“Sim Isabella?”

 

“Professor, o senhor poderia me dar uma licença para ir à enfermaria? Não estou me sentindo muito bem… Estou levemente…” Coloquei uma mão sobre a boca e outra sobre o estomago. “Enjoada.”

 

“Oh! Sim… Precisa que alguém lhe acompanhe?”

 

“Não, eu ficarei bem” Disse pegando minhas coisas e saí da sala lhe agradecendo as pressas. Não sem antes parar na porta e ver a cara pasma de Jane. Se ela queria mais de mim, ela não teria. Não estava efetivamente passando mal, mas bem eu não estava. Corri para meu sol.

 

Edward estava na Educação Física. Resolvi que poderíamos fugir para algum lugar, apenas para sentar e conversar. Caminhei até o ginásio e abri as portas para entrar. Como um imã, meus olhos correram bem onde ele estava. Conversando com um grupo de garotos, se preparando para começarem o basquete. Fui até lá.

 

“Ei Edward!”

 

“Oi amor, você não deveria estar estudando o século XII ou algo do gênero?”

 

“Bem que eu tentei entender Hitler, mas Jane não deixou. Escuta, será que podemos ir embora?”

 

“Sim! Aí você me conta melhor o que houve. O professor foi buscar mais bolas para o exercício. Não vai sentir minha falta até que estejamos no estacionamento.” Concordei. Ele correu para o vestiário e eu esperei no corredor.

 

Em menos de cinco minutos estávamos indo para nossa cabana. No caminho liguei pra Esme e avisei que tínhamos saído da escola sem autorização. Nós nunca matávamos aula e tínhamos um ponto positivo com minha sogra por isso. Expliquei-lhe que não me sentia bem e a causadora tinha sido Jane. Foi ouvir seu nome que Esme entendeu completamente. A única recomendação era para que não demorássemos a voltar para casa.

 

Narração: Edward Cullen.

 

Depois de Jane eu não tinha mais o que esperar. Parecia que Bella previa as coisas. Se ela não tivesse se colocado em uma posição durante o almoço, eu não iria tomar uma decisão tão cedo sobre falar com Black. Era fato que eu me importava com o diário de Bella, mas também ponderava que não queria brigar novamente com Jake. Eu estava pisando em um terreno cheio de brasas.

 

Jane sabia como atingir as pessoas, ainda mais tendo tantas informações nas mãos. Me admirava que a Monstrenga estava tão firme em seus sentimentos. Anteriormente ela iria desabar. Penso que ela estava muito mais forte depois de New Orleans. Mais resoluta e mais centrada. Ela tinha crescido tanto quanto eu em nossa breve separação. Jane em compensação estava cada vez mais desequilibrada, sem falar que vulgar também. Mas ela já tinha demais nas mãos. Não daríamos mais nada para que ela pudesse trabalhar. Apenas tiraríamos. Se fosse preciso, eu invadiria sua casa e pegaria eu mesmo o caderno de Bella. Porém… havia Jacob Black. Ele precisava ouvir o que Jane pensava sobre a relação deles, e tenho certeza que ele não aceitaria muito bem ser tachado de fantoche.

 

“Que horas são agora amor?” Bella me pediu enquanto fazia um carinho singelo em meu braço. Seus dedos corriam calmamente para cima e para baixo. Olhei no relógio.

 

“É quase cinco e meia da tarde. Você quer ir para casa?”

 

“Talvez. Esme pediu que nós fôssemos cedo para casa. Também quero conversar com Rose. Ela me disse que Emm estava bem melhor e que talvez fosse lhe contar o que tanto faz com o Black hoje.” Pelo que eu via, meu irmão estava criando algum juízo.

 

“Mas não era apenas para semana que vem?!”

 

“Sim, mas diz ela que ele estava querendo contar… espero que eles se acertem logo. Nunca vi duas pessoas se darem tão bem e combinarem tanto quanto eles dois! Eles merecem ficar bem!”

 

“Eu conheço duas pessoas que se dão muito melhor que eles, e que combinam de uma forma superior a qualquer casal, Monstrenga!” Ela me olhou com aqueles olhos castanhos maravilhosos, toda curiosa.

 

“Ah é? E quem seria esse casal?”

 

“Nós.” Disse a ela. Bella sorriu divinamente para mim. Meu coração se apertava quando ela sorria assim. Podia haver criatura mais linda que ela?

 

Não. Não havia. Eu tinha certeza.

 

Bella beijou minha boca com carinho e afagou meu rosto. Eu tremia com o mais simples toque. Eu queria aquela mulher para sempre. Em mim. Em minha cama. Em minha vida.

 

(***)

 

No caminho de volta, eu decidi que se não fizesse isso agora, não faria nunca. Peguei o caminho à esquerda, sentido oposto que ia para minha casa. Bella demorou um pouco para perceber.

 

“Amor, não quero dar uma de co-piloto, mas acho que você pegou o caminho errado pra casa!”

 

“Não, não peguei. Você tem a gravação de minha conversa com Jane aí, não tem?!” Ela pareceu um pouco confusa. “Bella, Jacob mora a três quilômetros daqui. Então, vamos resolver isso logo…”

 

“Oh!” Ela compreendeu o que eu estava fazendo. Acelerei no Volvo. “Sim, tenho sim. Você está mesmo pronto? Eu não quero te obrigar a nada.”

 

“Estou sim. Principalmente depois de Jane. Eu já nem tenho mais argumentos para falar porque ela precisa ser punida ou simplesmente ter um basta. Ela só… precisa!”

 

“Edward, eu não quero te desanimar, mas acredito que Jane nunca irá parar. Ela nunca irá aprender a perder. Ela nunca mudará.” Bella possivelmente estava certa quanto ao caráter de Jane.

 

“Eu só quero um pouco de paz na nossa vida.” Suspirei.

 

“Eu só quero que ela nos esqueça e siga o caminho dela.” Meu sol complementou um pouco sem paciência.

 

Cinco minutos. Era o que me separava de uma conversa séria com Black. Apertei o volante. Bella sentiu minha ansiedade. Apertou meu joelho com sua mão. Seu toque pareceu fundir meus receios. Se tudo acabasse mal naquela noite, eu ainda a teria ao meu lado. Só minha. Só para mim.

 

(***)

 

Três batidas. Ouvi os passos dentro da casa. Bella estava agarrada a minha mão, um passo atrás. Ela tinha receio que as coisas não saíssem como o esperado. Exatamente como eu. Mas iríamos fazer aquilo dar certo. Era o que fazíamos juntos. Estávamos em harmonia. Nos defendíamos e nos equilibrávamos juntos. Jacob puxou a cortina da sala, espiando quem era. Pela demora para abrir a porta, ele estava pensando se atenderia ou não.

 

Dois minutos e o trinco girou.

 

“Olá a vocês dois.”

 

“Oi Jacob.” Bella disse um pouco firme. Não totalmente.

 

“Olá Jake.” Eu o respondi baixo.

 

“O que vocês querem aqui?” O mesmo metido a machão de sempre.

 

“Olha…” Eu comecei. “Parece estranho, mas precisamos conversar sobre algumas coisas importantes, eu quero dizer, isso é importante para todos nós. Para você, para Bella e para mim.”

 

“Sobre o que seria?” Ele segurava a porta entreaberta.

 

“Jane.” Bella respondeu rápido. Ele suspirou e esfregou uma mão no rosto.

 

“Ok. Eu não posso fugir disso de qualquer maneira. Vocês se incomodam de ir até a praia? Billy está dormindo como um porco imundo no sofá. Não quero que ele fique se metendo na minha vida.”

 

“Sem problemas.” Disse o seguindo pelo pátio de sua casa.

 

Ele foi com seu carro e nós seguimos atrás. Jacob sentou-se na mesma pedra que estava sentado na manhã após o baile. E vendo a cena dele ali, lembrei-me nitidamente que ele sempre ficava sentado ali quando íamos a La Push. Era uma pedra grande, ele ofereceu espaço para nós sentarmos ali também. Ofereci ajuda para Bella subir, e quando ela se acomodou, ele começou a falar.

 

“Eu acho que sei do que se trata. E se vocês querem o diário, eu garanto a vocês que não está comigo! Eu peguei ele e dei a ela! Não venham me forçar confissões de que ele está guardado em minha gaveta, pois não está! Está com aquela anormal!”

 

“Sim, a gente sabe que não está com você! Alguém nos convenceu disso.” Bella o tranqüilizou.

 

“Quem os convenceu disso?”

 

“Amber! Ela é sua defensora! E pode ter certeza, nós não estamos duvidando de que ele não está com você.”

 

“Ah! A Amber me defende então, Edward!?” Jake estava um tanto maravilhado com a declaração. Espero que isso não o faça mudar de idéia com Amber, ele estava seguindo bem com ela.

 

“E muito! Jacob, nós viemos aqui em busca de paz, basicamente. Não queremos brigar, nem falar dos erros do passado. No geral, você sabe… Mas temos algo que é importante, e queremos que você fique ciente de quem é Jane e o que ela pensa de nós… inclusive de você.”

 

“Eu sei que ela é louca, acho que isso basta! Só quero distância dela! Nada mais!”

 

“Não. Não basta.” Bella impôs. “Sabe por que não basta? Porque ela nunca vai parar! Eu estou aqui Jacob Black, passando por cima de muitas coisas, principalmente do meu orgulho, para te pedir ajuda. E você sabe disso!” Ela fez uma breve pausa quando ele não falou nada. “Há alguns dias Edward teve uma conversa bastante reveladora com Jane. Nós só queríamos o meu diário de volta. Por uma questão de… merda, de ciúme, eu não deixei Edward conversar sozinho com ela. Então eu escutei essa conversa e eu também a gravei. Eu gostaria que você ouvisse.” Ele respirou fundo.

 

“É bomba, não é?” Apenas assentimos com a cabeça. “Inferno! Se eu ficar com raiva, essa mulher vai pagar caro!” Acredito que o olhar que enviamos para ele era confuso. Jake tentando não ficar com raiva era algo novo para mim. “O que? Estou trabalhando as coisas ruins! Não quero mais isso em minha vida.”

 

“Você está certo Jake! Sempre existe um bom caminho!” Jake… Bella o chamou de Jake. Isso foi estranho. Muito estranho.

 

“Agora, eu não sei se você vai ficar com raiva, mas sei que não irá gostar, e eu quero deixar claro que não vamos te forçar a nada. Só achamos que é justo você saber.” Fui firme.

 

“Aham. Vamos lá então. Ela já tem meu desprezo. E isso basta de sentimentos por ela… quero ouvir de uma vez.” Bella pegou o celular e abriu o documento. Ela sussurrou Play. E vivi novamente a conversa com Jane.

 

Eu fiquei analisando as reações de Black. Algumas vezes ele parecia bastante entediado. Era de se esperar, afinal era Jane: a garota oca. O vi fechar as mãos em punho quando ela falou que Amber era uma esquisitona. Percebi que ele ficou muito ofendido quando ela se referiu ao fato de que bastava ela abrir as pernas, que ele dava tudo que ela queria. Isso me surpreendeu, pensei que ele enlouqueceria com ela falando que ele era um brinquedinho. Eu me assustei com o grito abafado de um palavrão de Bella na gravação, depois de um baque surdo no plástico do painel. Isso foi quando Jane perguntou se Bella fodia tão bem quanto ela. Ridícula. Bella é muito melhor.

 

            Assim que a gravação acabou, ficamos em silêncio, esperando uma reação de Black. Ele pensava enquanto olhava distante para o mar escuro. Por vezes mexia as sobrancelhas, em outras apenas piscava. Ele parecia dialogar consigo mesmo dentro de sua cabeça. Mais uma reação que não esperava de Jake: o silêncio.

 

            “Bom, talvez devemos deixar ele sozinho…” Bella sussurrou para mim sem desgrudar os olhos dele. Quando eu pensei em responder, por fim, ele rompeu o silêncio.

 

            “AHAHAHAHHAHAHAHAH.” Ele ria descontroladamente. Seria possível que a sanidade dele também tinha evaporado?

 

            “Do que ele ri, amor?”

 

            “Eu não sei. Mas acho que isso é bom!” Esperamos mais algum tempo até ele se acalmar. Aquele não era um riso forçado. Era a risada dele mesmo. De quando ele realmente estava tendo alguma diversão.

 

            “Bom… desculpa por… isso” Ele falava enquanto buscava o ar. “Sabe? Isso foi incontrolável! Jane se acha demais mesmo, não é? Uma deusa do sexo! Caralho! Quando ela vai entender que ela não é nada do que pensa? Isso é cômico! Se eu ainda estava com ela, é porque ainda não tinha cansado de mentir para mim!”

 

            “É, ela pensa que sexo é tudo. Ela pensa que controla vocês com o que tem no meio das pernas! E ela pensa que pode tentar me desestabilizar com isso! Como se fosse isso que segurasse uma relação como a minha e de Edward!” Bella desabafou um pouco quanto ao fato de Jane sempre usar sexo para atingir a nós.

 

“Ignore essas provocações que ela te faz, Isabella… Vejam, eu sabia de quase tudo o que ela disse.” Sua voz assumiu um tom sério. “Eu sempre me senti um brinquedinho nas mãos dela. Isso não me ofende, mas você sabe como ela é, Edward. Ela é má. Ela é terrível. Por sorte que tem muita gente na escola que não gosta dela, se não eu já estaria fodido! Sem dúvida pagando meus erros de alguma forma bem ruim. O que me irrita em Jane é essa história de se colocar como superior a todos. Quem ela pensa que é para chamar a Amber, e a você, Isabella, de esquisitonas? Ela não é nada. Se vocês soubessem quantas vezes os pais dela tentaram colocá-la para fora de casa nos últimos dois meses… talvez vocês sentissem piedade dela. Mas não tenham. Ela toca o inferno lá!”

 

            “Eu posso imaginar, Jacob…” Eu estava hesitante em pedir ajuda.

 

            “Ok. O que tem mais Edward? Você não costumava hesitar tanto.” Eu tive que sorrir. Ele era como um irmão antigamente. Me conhecia tão bem quanto Emm ou Jasper, se não até melhor.

 

            Ok. Era agora que eu iria parecer um interesseiro, que estava fazendo a cama, para se deitar.

 

            Narração: Bella Swan.

 

            “Bom, isso é comigo Black.” Não deixei Edward falar, senti o desconforto dele ao meu lado. “Como eu disse antes, eu quero a sua ajuda. Eu preciso do meu caderno de volta.”

 

            “Olhe Isabella…”

 

            “Por favor, me chama de Bella!”

 

            “Ok. Bella… eu não quero mais estar próximo da Jane. Eu não posso fazer nada a respeito disso.” Eu não o deixaria fugir disso.

 

            “Jacob. Me escute… você está tendo todas as chances nas mãos. Não é só Amber que quer ver você se dando bem na vida. Não é só ela que se importa. Eu não tenho nenhum tipo de relação com você, mas Edward tem. E eu te devo muito, pela noite que cheguei a Forks quando Edward estava no hospital. Só que você, Jake… você me deve mais. Você sabe que pode e tem que pegar meu diário de volta, ou se não… apenas facilite meus caminhos.” Ele pensou por um instante. Edward se mantinha quieto.

 

            “Me dê alguns dias. Eu vou ver o que consigo ajeitar.”

 

            “Eu realmente espero que você ajeite as coisas, Jacob. Eu não quero te pressionar, nem nada disso, e nem te jogar as coisas que você fez em sua cara. Eu estou rodeada de pessoas que gostam de você, e que torcem para te verem vencendo… Eu não tenho nada, nem um ponto contra você! Nada mesmo! Acredite em mim. Eu apenas quero o que é meu por direito… e isso significa paz e meu diário. Espero que você me compreenda!”

 

            “Eu sei Isa… Bella.” Eu ri. “Amber fala muito sobre você, e como você esteve depois que eu peguei seu diário, e fiz aquela santa merda junto de Jane. E, eu até fico sem jeito, por vocês estarem aqui conversando comigo, em paz, quando eu só fiz vocês viverem em um inferno. Talvez um me desculpe ou obrigada pela oportunidade, seria insuficiente.” Ouvi absolutamente pasma suas palavras. Nunca o tinha sentido tão verdadeiro e sem máscaras. Perguntava-me se Amber era a causadora dessa significativa mudança.

 

            “Sem pressão Jake… sem pressão!” A conversa estava, para mim, encerrada. Peguei na mão de Edward. “Vamos amor?” Ele moveu a cabeça concordando.

 

            Descemos da pedra, eu com a ajuda dele, e Jacob com a habilidade de um cão de caça. Ele apenas nos dirigiu um aceno e seguiu na nossa frente a passos largos. Edward circulava os nós de meus dedos intensamente. Ele suspirou fitando os pés. Eu sabia que para mim a conversa tinha acabado, mas para Edward não. Sentia que aquela era a única chance que eles teriam. Se eu forçasse apenas um pouco mais. Se eu deixasse Edward sentindo o vento da possibilidade bater em seu rosto…

 

            “Você devia aproveitar agora… sabe? Talvez ele queira sua amizade tanto quanto você queira a dele.” Ele não me respondeu. “Você não quer nuvens encobrindo o sol, não é? Quem sabe assim, ele brilhe totalmente.” Ele me olhou questionador. “Eu ficarei de longe, mas não longe demais.” Edward sorriu e deixou minha mão.

 

            Fiquei uns passos atrás vendo meu namorado correr até Jake. Eu poderia estar cometendo um grande erro o incentivando tanto assim, porém nossas últimas conversas me mostraram o quanto ele sentia falta da amizade do ogro Jacob.

 

Coldplay - Fix You.

http://www.youtube.com/watch?v=skUJ-B6oVDQ&ob=av2e

 

            “Jake…” Edward falou relutante. “Todos cometem erros. Você teve os seus, assim como eu tive os meus. E pagamos caro por eles… principalmente para corrigi-los. Eu errei muito ultimamente…”

 

            “Não! Edward! Não é você que devia estar fazendo isso!” Jacob interrompeu. Eu olhei atentamente para a expressão de Jacob, era dura e torturada. Quanta dor ele tinha tido na vida? Talvez ele tivesse uma história para justificar tantas camuflagens. “Você sempre foi meu amigo… você esteve ao meu lado como um grande irmão quando tive a maior perda de minha vida, e eu não levei nada em consideração por causa de inveja e um sentimento falso. Cara, eu sei que você não é obrigado a isso… você pode me odiar pela vida inteira, mas eu não consigo mais dormir direito por tudo que ajudei a destruir ao nosso redor…” Eu estava mesmo presenciando isso? O insensível estava realmente arrependido. “E vou continuar não conseguindo se eu não te pedir…”

 

            “Você não precisa dizer!” NÃO EDWARD! O repreendi mentalmente. Deixasse o Black falar, droga! “Se é desculpas que você gostaria de me pedir, não se importe com isso. Tudo está no passado. Na realidade, eu não vejo mais com clareza o porquê nós ficamos tanto tempo sem falar.”

 

            “Porque eu sou um idiota.”

 

            “E eu sou um teimoso.”

 

Vocês são dois menininhos bobos e mimados, isso sim! Completei minha parte mentalmente. Jacob deu um soco no ombro de Edward, como se dissesse ‘Cara, senti tua falta’. Edward retribui o soco. E então eu não pude piscar. Eles se deram as mãos e estavam se abraçando um segundo depois. Um abraço de irmãos. Ambos sorriam. Não pensei que ficaria tão emocionada com aquilo. Uma lágrima escorregou por meu rosto.

 

(***)

 

No sábado parecia que tudo estava em seu lugar. Inclusive a temperatura de primavera. O tempo estava nublado, mas quente o suficiente para termos uma noite ao ar livre. Eu tive a idéia de fazermos uma espécie de acampamento no jardim de Esme, e a intenção era trazer Black de volta ao convívio. Edward ficou surpreso comigo, eu pensei nele e em minha amiga. Queria ver qual era a química que corria entre Amber e Jacob, já que eu nunca tinha visto eles juntos efetivamente. Emmet sem dúvida ficou empolgado. A única pessoa relativamente contra, foi Rosalie.

 

Eu e Jasper tivemos uma pequena conversa com ela sobre o assunto. Foi difícil colocar na cabeça dela que nem tudo se trata dela e de seus problemas. Jasper interveio com fé no irmão. E até acrescentou a possibilidade dos segredos serem revelados naquela noite. Ele usou de boas palavras e soube manipular ela direitinho em suas idéias. Rose tinha uma cabeça boa, mas nas mãos de Jazz não havia uma pessoa nesse mundo que deixasse de se render a suas idéias.

 

Carlisle nos deixou queimar uma fogueira. Esme quase enfartou, e programou jardinagem com a família inteira na quarta-feira seguinte, quando saíamos mais cedo das aulas. Ela não queria deixar sua grama queimada por muito tempo. Era bonito ver a relação que ela tinha com os filhos, principalmente quando os quatro a abraçavam. Não era algo que eu podia dizer Oh! Isso lembra minha infância! Mas era algo que me causava saudades. Saudades de algo que eu não tive. Quem sabe um dia teria, com os meus filhos. Se eu tivesse minhas próprias crianças. Passei minha mão abaixo de minha barriga, e me senti um pouco vazia. Será que um dia as teria?

 

“Você está preocupada com o que amor?” Ele me abraçou por trás, pousando uma de suas mãos em cima da minha, que ainda deitava em meu ventre. Parece que esse gesto derreteu meus pensamentos e dúvidas.

 

“Apenas um pouco pensativa. Fazendo hipóteses. Nada demais.”

 

“Você está evasiva… mas se é quanto a esta noite, fique tranqüila, estamos indo bem… Jacob será divertido. Posso apostar isso. Ele não fará nada que vai ser desconfortável. Jake quer isso tanto quanto nós. Eu posso te pedir uma coisa, Monstrenga?”

 

“Claro que sim!”

 

“Se você sentir que as coisas não estão indo para um bom caminho, a conversa ou qualquer outra coisa, por favor, me avise que vamos dar um jeito. Certo?”

 

“Certo. E eu acredito que vai sair tudo bem. Eu estou curiosa para ver como ele vai agir com a Docinha. Ela estava bem aminada ontem.” Pensei se deveria dividir minhas pequenas preocupações com ele. Ainda não. Eu tinha apenas 17 e ele quase 19. Era cedo demais para pensar em crianças. Deixaria isso para um futuro distante.

 

“Você quer ajuda com isso?” Eu acomodava preguiçosamente algumas comidinhas para levar para fora em uns pratos. Virei meu corpo ainda em seus braços, ficando de frente e empurrando um pouco contra ele. Peguei um salgado e coloquei em sua boca. Ele chupou a ponta do meu dedo quando o alimentei. “Uhm… isto está bom.” Ele falou depois de comer.

 

“Quer mais um?” Me virei para trazer mais um para ele.

 

“Não estou falando da comida.” Ele sussurrou curvando meu corpo um pouco para trás, se pressionando em mim.

 

“E do que seria, Edward?”

 

“Da sua pressão em meus quadris.” Ele mordeu minha orelha.

 

“Oh!” Sim. Eu também estava gostando disso, mas a noite seria longa… no entanto, provocar era realmente bom. Cheguei a seu ouvido e joguei com o melhor que eu tinha. “Eu posso fazer melhor que pressão em seus quadris, meu querido. Eu posso trancar essa cozinha agora, baixar as persianas, arrancar suas calças, te pegar em minhas mãos e ficar aberta para você nesse balcão… e sabe o que eu deixaria você fazer comigo?”

 

“Ah não! Eu não tenho nem idéia!”

 

“Você se enterraria em mim com força, me fazendo tremer e gritar para todos ouvirem… Existe uma expressão que você usou certa vez, qual era mesmo? Ah sim… eu deixaria você me foder como um animal.” A respiração dele se perdeu um instante em meu ouvido. Eu ri. “Claro, isso tudo se sua mãe não estivesse prestes a entrar por essa porta a qualquer momento.” Ele pareceu desmoronar.

 

“Você. É. Muito. Muito. Muito. Perversa.”

 

“Nem tanto… talvez, mais tarde, quem sabe… lá no quarto, sabe?” Ele riu alto, jogando a cabeça para trás.

 

“Você é incrível.”

 

“Sem falar em perversa… Agora, você queria me ajudar, não é? Pegue as caixas de isopor e coloque gelo! Alice fugiu de sua tarefa! Fica chato ter que ir até o freezer da garagem para buscar cervejas. Você vai ter que fazer isso por mim…” Edward me beijou a bochecha.

 

“Tudo por você!”

 

(***)

 

Jacob e Amber chegaram de mãos dadas, o que me deixou feliz. Conosco eles podiam ser livres. Ali não havia Jane e não havia “inimigos” para espalhar que estavam se encontrando. Eu os cumprimentei e abracei minha amiga, que tentava esconder um sorriso envergonhado. Era estranho, pelo menos para mim, ter Jacob a nossa volta, em paz e sendo um convidado. Graças a Deus existia Emmet. Ele era campo neutro. Sempre foi.

 

Aconcheguei-me nos braços de Edward e nos cobertores. Nós conversávamos e riamos dos absurdos de Emmet. Ele poderia sem dúvida alegrar qualquer velório e ainda seria um doce. Bebíamos cervejas e falávamos descontraidamente. Ninguém se sentia mal ou incomodado de estar ali. Tentei relaxar ouvindo as histórias que Emmet começou a puxar do seu tempo de magricelo. Do tempo que eu ainda morava em Forks. Algumas eu me lembrava. Perguntei-me como eu nunca havia visto o Black naquele tempo. Será que ele se mudou depois que eu parti? Nas memórias de Edward pareceu que ele existia desde seu primeiro momento em Forks.

 

“Bebelildis!!! Não negue! Você era uma ótima dançarina de Macarena…” Emmet ria da minha cara.

 

“E de Venga Boys! Não se esqueça de Venga Boys, Emmet!” Alice completou a minha desgraça.

 

“Ah! Mas e você Emmet? Como era aquela música do N’Sync que você adooooooooooorava imitar o Justin mesmo? Ah sim, Bye Bye Bye! Você tinha até passinhos!”

 

“Pô! Sim! Era maneiro! Eu me divertia com vocês duas dançando na sala! Principalmente com a Bella quando ela caia… Eu tive uma inspiração minha gente!” Ele levantou e ajeitou a roupa. Olhou para nós, sério. “Não… isso não vai funcionar assim!” Pensou um minuto. “Alice, cadê aquele CD?”

 

“Qual CD, Abelhudo?”

 

            “Ai antinha anã!” Ele deu um tapa leve na testa dela. “Aquele com as músicas da infância que você gravou pra Bella?” Emm disse como se fosse a coisa mais óbvia do mundo. Alice teve seu momento de entendimento, quando os olhos de Emmet denunciaram suas idéias.

 

            “Pra mim? Nunca recebi nenhum CD de presente…” Eu estava um pouco perdida. Soltei os braços de Edward.

 

            “Pra você Bells! Claro que recebeu sim! Como não? Aquele que coloquei quando fui te buscar em Port Angeles… oh, não! Não recebeu mesmo. Eiiii Emmet! Está no Volvo de Edward!”

 

            “No meu carro?” Edward ficou intrigado. Eu podia ver os planos perversos surgindo nos olhos de Emm e Allie.  “Não!”

 

            “Não fujam.” O Abelhudo saiu correndo. Alice esfregou as mãozinhas de fada. Pela cara, ela estava mais para bruxa má.

 

            “Levante Bella!” Eu discordei com a cabeça. “Vamos garota! Levante!” Apenas balancei a cabeça. Ela tentou me convencer até Emmet voltar com um som portátil. Podia prever o que viria a seguir. Allie reclamou. “Ela não quer levantar Emmet!”

 

            “Ah levanta Bella!” Amber pediu. Edward e Jacob começavam a rir.

 

            “Vai lá Bells! Entra na dança!” Literalmente eu ia entrar na dança, Rose.

 

            “Se você dançar Bella, eu danço lambada!” Jasper prometeu.

 

            “Não! Nada vai me convencer de me levantar daqui!” Disse teimosa. Emmet me olhou um segundo. Merda. Ele estava vindo até mim.

 

            “Ahhh você vai levantar sim!”

 

Spice Girls - Wannabe        

http://www.youtube.com/watch?v=gJLIiF15wjQ&ob=av2e  

 

“Solta o som DJ!” Rose largou a música no comando de Alice.

 

“Não, não, não, não! Por favor, não!” Já estava em pé. Ele e Edward tinham essa mania de colocar as mulheres nos ombros! Droga, eu ainda me lembrava como se dançava a música.

 

            “Cara, isso é Spice Girls?” Ouvi Jacob perguntar para Edward.

 

            “É! Acho que eles amavam isso.” Ediota preparava a câmera digital. Apontou para mim. Merda.

           

            Alice bateu com seus quadris de grilo em mim e deu uma apalpada na minha bunda. Eu saltei longe dela, que riu abobalhadamente. Ela juntou as mãos, pedindo, por favor, que eu fizesse aquilo por ela. Sussurrei não para ela com vergonha.

 

            “Qual é Bells? Pelos velhos tempos.” E ali estava aquela carinha de derreter corações.

 

            (***)

 

            Respirei fundo enquanto ria. Dançar, rir, e cantar ao mesmo tempo não era algo que meus pulmões processavam muito bem. O assunto evoluiu em torno dos tempos de criança e dos gostos da época. Eu tinha muita vergonha dos meus, devo admitir. Mas no todo, eu era uma criança. Sentei-me ao lado de Edward rindo que Emmet tentava lembrar um passo que não saía direito. Rose tinha se juntado a nós na dança – quando Alice lembrou que logo quando se conheceram ela era fissurada em Spice Girls e Backstreet Boys – e estava se esforçando para mostrar a Emmet que não era do jeito que ele estava tentando.

 

            O fogo crepitava nos troncos, trazendo a tona o cheiro de madeira. Era gostoso. O tempo corria tranqüilo, sem agitações. E eu nunca pensei que ter Jacob conversando conosco poderia ser divertido. Não gostei do rumo que a conversa tomou quando falaram em ex-namoradas. Sem dúvida o nome da louca iria aparecer, e isso destruiria a minha noite e de Amber. Eu sabia que provavelmente haveria algum início de desentendimento. Me movi ao lado de Edward e dei um beijo em seu queixo sussurrando mude de assunto.

 

            “Jake!” Ele disse animado. “Você lembra quando nós queríamos ter uma banda de rock?!” Edward questionou sem hesitar ao meu pedido.

 

            “Santo Deus! Isso faz anos! Mas eu lembro… quem ficaria com a guitarra? Era a nossa maior discussão! Sem falar que você insistia em usar aquelas camisetas rasgadas!”

 

“As camisetas rasgadas eram a minha marca! Todo astro do rock tem uma! Era isso ou as calças de couro!”

 

“Calças de couro, Edward?!” Deus! Não conseguia imaginar meu namorado usando calças de couro justas… aquilo não era Edward. Ele deu de ombros.

 

“Bella, sem dúvida você preferiria as camisetas rasgadas!” Jasper disse se lembrando de um passado, talvez, não muito distante. “Vai por mim… Edward não sabia muito bem o que combinava com ele!”

 

            “Então você toca guitarra, Jake? Edward eu sabia, mas isso é novo para mim!” Amber disse. Havia muito que conhecer dele ainda. Nem eu nunca soube que Edward quis ter uma banda de rock.

 

            “Sim Amm… mas isso está no passado! Faz anos que não pratico! Acho que nem sei mais como fazer.”

 

            “Ah qual é Jake!” Eu disse abertamente. “Dizem que é como andar de bicicleta… nunca se esquece!”

 

            “A Monstrenga tem razão! Eu vou buscar os violões no sótão! Vamos fazer um show para vocês… vem comigo Bella?” Edward perguntou se levantando. Sem dúvida eu iria. Levei a garrafa de cerveja comigo. Ele me abraçou e caminhamos para dentro. Ouvimos Jasper assoviar.

 

            “Ei vocês dois! Não temos a noite inteira! Por favor! Sem sexo no sótão!” Delicadamente Alice espancou o braço dele.

 

            “Ei Jasper!” O Ediota o chamou. Ele nos olhou enquanto tentava se defender. “Você mesmo já me falou algo sobre sexo no sótão… posso tentar isso com Bella! Direitos iguais, irmão!” Minha vez. Esbofeteei o braço de Edward. Ele riu. Eu bati, mas a idéia era tentadora.

 

            “Você vê? A gente consegue viver em paz com ele por perto! E está sendo divertido.” Edward disse enquanto pegávamos os instrumentos.

 

            “Diversão descreveria bem à noite até agora… Mas isso só está sendo assim, porque vocês dois conversaram, se entenderam. Eu fico mais tranqüila que seja assim. Você viu como Amber está feliz?”

 

            “Sim! Ele não para de tocar nela! Ele está mesmo apaixonado.”

 

            “Isso é bom. Espero que ele não canse disso… Mas vamos falar um pouco de nós…” Ele gemeu, e eu me coloquei na sua frente, o segurando no peito. “Estou com um problema de memória… o que foi que Jasper disse sobre sexo no sótão mesmo?” Enrolei meus braços em seu pescoço. Ele riu totalmente sacana para mim.

 

            “Bom, ele disse: sem sexo no sótão.”

 

            “E você? Esse é meu maior esquecimento… não me lembro de nada de suas palavras!” Ele me puxou na cintura, deixando o violão de lado.

 

            “Oh… eu disse que poderia tentar com você.” Arqueei uma sobrancelha e me apertei nele. Ele deu beijos por minha mandíbula, arrastando seus lábios até minhas têmporas. “Eu poderia. Só que quando eu começar… ah meu amor! Eu não vou conseguir parar até o amanhecer… E Bella?” Eu gemi um sim. “Eu vou ser mais que forte dentro de você.”

 

“Uhm isso me parece um pouco motivador… e por que então deveríamos parar?”

 

“Porque esse sótão é em cima do quarto de meus pais… e não tem o mesmo isolamento acústico que o resto da casa. Não é uma área muito… segura para nós. E sabe de uma coisa? Eu, simplesmente, amo ouvir você gozar.”

 

“Merda Edward! Eu gosto que você ouça.” Olhei para ele e me afastei. Coloquei um dedo em seu rosto. Usei o melhor tom de mandona que eu poderia. “Mais tarde. Em seu quarto. Sem desculpas. Como um animal.”

 

(***)

 

“Quem escolhe? Por favor! Nada de Vengaboys! Isso não estava no nosso repertório na época!” Disse Jake quando voltamos. Olhamos-nos com dúvidas. Todos queriam uma música. Eu tentava buscar alguma que gostaria de ouvir, mas minha mente estava muito concentrada na tensão que corria entre eu e Edward depois do sótão.

 

As horas deveriam voar dali para frente. Estabeleci que três horas era o meu horário limite. Se eles quisessem continuar lá, que ficassem. Eu tinha mais o que aproveitar.

 

“Acho que podemos tentar uma daquelas acústicas… Jasper, você sempre estava junto na bateria. Você é bom de memória! Eu não me lembro de nenhuma…” Jacob pediu.

 

“Ah tem aquela… Stone Temple Pilots. É demais! Mas tem que ser Edward cantando! Aquilo ficava uma merda na tua voz, Jacob!”

 

“Porra! Sim! Ficava uma droga mesmo!” Edward disse rindo. “Está decidido – depois de anos – Jacob, você é o guitarrista principal!”

 

“Muita honra irmão! Tava na hora de você parar de teimosia quanto a isso! Afinal, eu fico fanho cantando! Morreríamos de fome se dependesse da minha voz.”

 

“Precisam de um agente?!” Emmet se propôs. Nós rimos.  

 

“Pronto Jake?” Ele pediu quando terminavam de afinar as cordas. Jacob assentiu. O som pareceu vibrar em meu corpo. Meus pensamentos voaram para uma pessoa ao processar os primeiros acordes.

 

Joshua adorava aquela música. Na manhã em que partiu, ela ecoou pela casa.

 

Stone Temple Pilots - Plush

http://www.youtube.com/watch?v=TYEdta-vXGA

 

And I feel that time's a wasted go

So where are you going to tomorrow?

And I see that these are lies to come

Would you even care?

 

And I feel it

And I feel it

 

Where are you going for tomorrow?

Where are you going with that mask I found?

And I feel, and I feel

When the dogs begin to smell her

Will she smell alone?

 

            Só se ouvia a voz de Edward e as cordas batendo. E eu voava. Voava pelo tempo em que ele ainda estava comigo e me prometia que eu poderia ser feliz. Por um instante fechei meus olhos e o imaginei sentado ao meu lado. Cantando junto com Edward. Vivendo. Respirando. Comigo. Era tudo ainda tão vivo para mim. Sua voz, seus olhares, sua presença. Eu poderia superar tudo em minha vida. Mas nunca a sua perda. Nem com toda felicidade que o mundo poderia me dar. Ele ainda estaria faltando.

                         

And I feel, so much depends on the weather

So, is it raining in your bedroom?

And I see, that these are the eyes of disarray

Would you even care?

 

And I feel it

And she feels it

 

Where are you going for tomorrow?

Where are you going with that mask I found?

And I feel and I feel

When the dogs begin to smell her

Will she smell alone?

 

            Em minha mente as vozes de Edward e Joshua se misturavam. Meus dois amores. As duas pessoas por quem eu viveria. Por quem eu lutaria. Para sempre. No escuro de meus olhos, eu conseguia ver a expressão que Josh carregava ao deixar a letra fluir por seus lábios, e a alegria de ser quem era. Ele não tinha medo de nada. Era tão honesto com tudo. Era tão leal a si. Era tão real para mim. Onde ele estava agora, além de estar em meu coração?

 

When the dogs do find her

Got time, time, to wait for tomorrow

To find her, to find her, to find her

 

When the dogs do find her

Got time, time, to wait for tomorrow

To find her, to find her, to find her

 

            As vozes foram morrendo aos poucos, me trazendo de volta. Em um último murmúrio na canção, eu o senti. Senti comigo. O senti presente. Firme e vivo. Vi seu rosto contente. E a promessa de que um dia estaria em casa cintilando em seus olhos azuis. E eu soube, que jamais, nem por um instante… ele havia morrido. Não em mim.

 

Esse instante, essa memória, ficaria para sempre. Não haveria tempo que a apagaria de mim. A presença de Edward começava a me envolver, mas eu não queria deixar a presença de Joshua partir. Nunca mais. Minha mão esquerda foi envolvida com o toque macio e quente, e em minha direita, um toque tão sutil quanto o vento roçou minha palma.

 

“Por que meu sol chora?” Abri meus olhos.

 

Adeus Joshua.

 

A mão de Edward segurava a minha firme. Não me lembrava de sentir as lágrimas chegarem. Toda a sensação em mim evaporou. Fitei os olhos de Edward. O amor que havia neles não deu espaço para o vazio. Não estava triste. Não estava caindo. Eu os tinha comigo. Edward e Joshua. Apenas o abracei.

 

            Eu estava… feliz.

 

            Continua…

 

 (***)

N/a: Se vocês me perguntarem o que eu tinha em mente quando comecei a escrever esse capítulo eu já respondo: um pouco de indignação, muito amor, e certa dose de saudosismo. De que? Bom isso, não é algo que eu realmente saiba. A intenção inicial dele era mostrar que existe compreensão apesar da dor, raiva e ressentimentos. Todo capítulo que eu escrevo tem uma pontinha de “quero dizer a vocês que…” e esse a minha pontinha é: A vida é muito melhor quando você se apega nas coisas boas e nos momentos felizes que tem/teve. Ninguém nessa vida é feliz 100% do tempo. Ninguém. As pessoas são satisfeitas ou não. A felicidade não vem em um pacote que você pode abrir e desfrutar para sempre. São pequenas migalhas que você encontra por aí… Ok. Eu estou filosofando, eu sei! É só que… Eu ando feliz e vejo muita gente reclamando que felicidade não existe. Não existe porque estão cegos. Por isso eu digo: basta abrir os olhos.

            Falando do capítulo agora… Eu precisava urgentemente fazer esses dois – Edward e Jacob – voltarem ao convívio. Eu não agüentava mais pensar nos dois ainda brigados e pensando que tudo poderia ser diferente. Era uma questão de necessidade. Eles cresceram com isso. E isso é bom.  Agora, sobre Bella. Não pensem que ela está sofrendo com as lembranças de Joshua. Não. Ela não está. Como descrevi ela sente a falta dele, porém ela não está mais se apegando na dor que a perda dele a trazia. Uma vez eu disse: Ela não vai mais sofrer por isso… o que não quer dizer que ela não irá lembrar. A diferença está em como ela trabalha as emoções. E isso… isso está gerando amadurecimento. Fico feliz pela Bella.

 

            Acho que era isso. Os demais conflitos irão se resolver em breve. Logo a Rose vai ter a verdade… logo as coisas estarão completamente em seus lugares. Porém… fortaleçam seus corações daqui para frente. Eu sempre tenho algo para vocês!

 

            Beijos! Até o próximo.

            Grasi.

 

N/b (Mari): Impossível ler e reler esse capítulo sem se emocionar! Ta que eu sou a choroninha da Grasi, então num sirvo de padrão! Mas enfim, vcs entendem né?!

Pra mim o capítulo de hoje pode ser bem definido pela palavra SUPERAÇÃO.

Rose e Emmet se entendendo e superando o momento que eles estavam passando. E o melhor, superando juntos! Uma boa conversa é sempre a melhor solução pra qualquer coisa! Não devemos fugir dos problemas a partir dos nossos julgamentos.. temos que encarar e expor tudo oq sentimos e pensamos frente àquela situação. E é bem isso oq os dois fizeram...

 

Edward e Jacob superaram toda e qualquer diferença que ainda podiam sentir pelo outro, e se resolveram! Finalmente se acertaram e viram que uma amizade, quando verdadeira, supera os erros e as adversidades... Afinal, ninguém é perfeito e por isso, cometem erros!

 

Mas o maior exemplo de superação mesmo é o da Bella! E a superação dela vem acompanhada de crescimento! Eu nunca imaginaria uma Bella tão forte e decidida, encarando aquela filha da puta da Jane! A Bella de antes, ficaria péssima, choraria horrores, se deixaria abalar por cada palavra maldosa que a Jane disse!

E, no entanto, a Bella de agora saiu por cima, toda classuda! Hahaha

Sem contar a superação de toda a dor em relação ao Joshua! Ahhh Josh! *suspira*

Agora ela realmente entendeu que não foi pq ele morreu, que ela o perdeu. Não! Ele continua vivo nela, nas lembranças e no coração! Posso até apostar que agora será mais fácil pra ela se lembrar do irmão! Não vai mais doer como antes!

 

Acho que é isso! Quero muito saber oq vem por aí! Amber e Jake, Rose e Emm, Bella, Edward, Jacob e Jane! Tantas coisas diferentes, mas ao mesmo tempo iguais, interligadas! Continuo apostando no “Vale a pena conferir!” hahahaha

 

Beijos minhas queridas, amo imensamente vocês!

 

 

PS: Edward e Bella, oq vcs fizeram hj, não se faz com ngm! Deixaram a gnt literalmente na mão! hahahaha


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Notas finais do capítulo

POR FAVOR COMENTEM!