Penso, Logo Existo escrita por Teti Ribeiro


Capítulo 1
Penso, Logo Existo




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Fitava aquela bela imagem, serena e azulada à sua frente. Como eram belas suas feições. Rosto suave com olhos brilhantes que possuíam um olhar tão profundo, que parecia torná-la real.

Este era o problema, ela não era real.

Mas isso não impedia David de ter alguma esperança em que pudesse se agarrar.
Mesmo tendo sido construída pelas mãos humanas, ela refletia a inspiração em que o menino-robô tanto se influenciara.

Pra ele, ela era real.

A fada azul.

Capaz de transformá-lo em um menino de verdade! Era o maior sonho do garoto.

Queria ser amado por sua mãe. Lembrava de como ficara frustrado ao perceber que não era humano... Fora fabricado.

E no princípio, pensava ser único.

Até o momento em que descobrira uma demanda de cópias suas. Isto o fez pensar.

"Pensar?"

Fitava ainda a bela escultura, postada diante de si.

"Fada azul, minha aurora, minha luz, minha esperança. Tudo que peço é que me transforme em um menino de verdade. Assim a mamãe nunca mais vai me deixar pra trás, e vai me amar de verdade!"

Parou e pensando em suas atitudes e seu comportamento, pensou novamente.

"Já não sou um menino de verdade? Eu fui programado. Mas ninguém nunca me deu estes pensamentos. Ninguém nunca me deu a vontade de ser um humano. Essa vontade é minha, eu sei disso. Isso não me torna de certa forma, um ser consciente?"

Pensava com certa curiosidade e impressionava-se com suas divagações.

"Foram me dados estes sentimentos que simulam amor, afeto e apego. Mas só direcionados pra minha família. No entanto, eu gosto do Teddy. Não é possível que tenham me programado pra amar o Teddy."

E não tinha ele uma certa razão? Computadores são programados para suas respectivas funções, não se sabe o que os usuários farão, mas sempre vai ser dentro de suas funções.

Pois quando tentamos fazer algo que o computador não tem capacidade de realizar, ele apresenta mensagens de erro, dá tela azul, ou nos piores casos, pifa.

David era realmente diferente, havia desenvolvido habilidades superiores às que fora designado. Desenvolvera reais sentimentos, compreensão e consciência de sua existência.

Sendo assim, não era ele um menino de verdade?

"Por outro lado, eu não sou orgânico como meu irmão, nem a mamãe, nem o papai. Não tenho sangue nas veias, nem órgãos. Tenho pele, olhos e boca, mas foram fabricados."

Esse era seu desejo, afinal, tornar-se um igual. E não continuar aquela máquina, uma criação, uma invenção.

"Se bem, que, eu realmente gostaria de viver pra sempre com a mamãe. Imagina se ela vivesse por muito, muito, muito tempo, assim como eu tenho vivido e ainda vou viver. Teddy me disse que 50 anos era muito pouco. Queria então que se multiplicasse por 1289372364 anos."

Era um pensamento muito racional, humano. Querer passar a vida inteira ao lado de alguém que se ama...

Uma luz foi surgindo por detrás da escultura e a iluminava, tornando-a a mais brilhante luz que já vira! A fada azul parecia um anjo!

David, por ter se passado tanto tempo que já não sabia mais, estava petrificado. Mas no fundo de sua consciência única, ainda conseguia se concentrar em uma frase:

"Por favor, fada azul, faz de mim um menino de verdade."


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Fanfic made for Ciber II class, for the movie "A.I. - Artificial Intelligence"


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