Desde de que Deus voltou, sob a forma de Chuck, o céu tem se reorganizado. Na verdade, tem estado bem quieto tanto em cima quanto lá em baixo, com os humanos. Parecia que eles, mesmo não sendo tão celestiais, haviam sentido a volta, tomando então um "minuto" de respeito.

Os demônios também se aquietaram um pouco, ousam até a trocar umas palavras com os anjos sem que se ataquem. Rafael, Balthazar e Gabriel voltaram, o Pai teve piedade de seus filhos, os trouxe de volta e os perdoou. Não sem antes repreende-los, haviam feito muito mal a humanidade. Lúcifer e Miguel também voltaram da prisão, ainda estão trabalhando com eles. Mas agora eles veem que o apocalipse seria imperdoável, e uma total catástrofe, se acontecesse.

Finalmente, Ele deu aos humanos e aos anjos mais uma chance, chance de trabalharem juntos e fazer tudo dar certo. Ele iluminou e esclareceu os anjos novamente, mostrando que são protetores dos humanos, mas que não estavam acima deles. Que deveriam ama-los, não decidir o que querem que eles façam.

Muitos dos anjos que gostaram de viver na Terra, terão, em algum momento, permissão de fazer uma escolha. Viver nos céus, como um anjo, ou viver e morrer na Terra, como um humano. Vários dos que encontraram um amor, tiveram permissão de escolhe-los, sem que ninguém mais, de assuntos sobrenaturais, os atrapalhassem, desde que não os procurasse. Claro, com a condição de nunca mais voltar a ser anjo. Porém, se fossem corretos durante a vida, mereceriam o Paraíso. Os que decidem ficar, são recolhidos para o céu, para re-aprender a amar a obra do Pai.

Castiel ainda não havia feito sua decisão, ele não saberia o que responder. Se fosse antigamente, sua resposta sempre seria o céu, mas agora, Castiel havia conhecido um outro mundo, cheio de esperança, o mundo dos humanos, o mundo dos Winchester.

Nem ao menos Gabriel havia feito a sua. Ele simplesmente queria aproveitar um pouco mais antes de voltar, depois de ter ficado mais de 5 anos fora. Sabia que era errado, e amava seu pai, mas por algum motivo, ele não queria ter que escolher agora, sabia que não era o momento e não gostaria de ser chamado agora por Ele para tomar sua decisão.

Quanto a Balthazar, assim que voltou, tomou conhecimento de tudo que havia acontecido, e ele não havia ficado chateado com Castiel, pelo contrário, ele sabia que boa parte da culpa também era dele, por ter incentivado Cas a engolir o Purgatório. Mas como ele não iria deixar passar tão fácil, decidiu fazer um feitiço para seu irmão. Nada sério, só algo que fizesse o anjo ter tempo para pensar no que fez e no que faria... E talvez aprender a se soltar um pouquinho. O anjo achava que Cas tinha o direito e o benefício da dúvida, mas por que não bagunçar as coisas um pouquinho mais?

Secretamente, pegou uma pena dele e uma pena de Gabriel, que concordou em ajudar, apenas para se divertir. Conseguiu todos os ingredientes e, em uma das visitas de Cas aos Winchester, os dois foram até lá e Balthazar lançou o feitiço já pronto.

-- Balthazar! -- gritou Cas, sentindo tontura -- O que você fez comigo?

-- Surpresa! Como será viver totalmente como um humano? Amostra grátis pra vocês. -- Gabriel o olhou desconfiado, começando a se sentir esquisito -- Sim, vocês. Por que acha que eu não usei uma pena minha também? O feitiço mexe com ambos os anjos, seria um sacrifício em troca de resultados. Eu só facilitei as coisas. Acha que eu deixei você recitar as palavras a toa?

Castiel se apoiou na mesa do Bunker com um baque, atraindo a atenção dos Winchester, que se encontravam na cozinha naquele momento, se sentia tonto e enjoado, nunca sentiu algo assim. Gabriel perdeu o equilíbrio das pernas, acharia graça se não fosse com ele.

-- Traidor -- ele arfou, tentando se apoiar no chão, de joelhos, ele não iria cair e dar esse gostinho para Balthazar.
O, agora único, anjo daquela sala sorriu.

-- Não Gabe, você queria uma pegadinha, agora tem uma. -- Gabriel sentiu-se estontear e cair ao chão, sem conseguir resistir mais. Era como se estivessem sugando sua força.-- Não se preocupe, vocês vão ficar bem. Eu garanto... Eu acho... Bem, isso não tem importância, uma vez que o feitiço não tem como ser retirado por outra pessoa. Então aproveitem seus dias humanos, até a próxima meninos.

Cas conseguiu se manter em pé somente até ver Balthazar sumir da sala, sorrindo e acenando cinicamente. Foi quando caiu na inconsciência.

_________________CHOP___________________

A vida dos irmãos não havia mudado tanto assim. Agora que os monstros estavam mais quietos, por algum motivo que eles desconheciam, os caçadores tinham um pouco menos de trabalho, mas ainda assim era questão de horas até que surgisse mais algum caso.

Chegava a ser entediante ficar sentado na mesa só procurando casos, ou lavando os carros, ou qualquer coisa que não fosse caçar. Dean não entendia como Sam fazia isso todo dia.

O último caso deles já havia tido uma semana, era assustador não ter nenhum evento sobrenatural por tanto tempo.

Dean bufou, estava irritado, daqui a pouco iria explodir. Ele PRECISAVA de um caso, ou iria enlouquecer.

Outra novidade, para a surpresa deles, Cas agora os visitava com mais frequência, e eles não sabiam se era por vê-los ou se era só para entregar casos, porque ele sabia o que estava acontecendo com eles sem ter muito o que caçar. Mas ele também sabia que seria só questão de tempo até que os monstros voltassem a ativa com tudo. E isso o preocupava.

Não se engane, os irmãos estavam gostando de um pouco de descanso, mas o costume de estar sempre em ação dificultava em se sentir pronto para relaxar, eles se sentiam meio incompletos sem a caça.

Mas quem estava realmente feliz com as visitas era Dean, era sempre bom ver Cas, significava que ele estava bem, e isso se transformava em alívio para o Winchester. Sam já havia notado isso a um tempo, mas decidiu não comentar nada, Dean o diria qualquer coisa na hora certa.
Quando Cas chegou ali naquele dia, eles estavam se preparando para comer, o anjo então disse que os esperaria na sala de estudos.

Um pouco depois, um barulho forte foi ouvido fora da cozinha, os irmãos se olharam, estranhando.

-- Cas?! -- Dean o chamou, sem obter uma resposta. -- Cas, você 'ta bem? -- novamente sem resposta. -- Ok, isso é estranho.

Cada um pegou uma arma que estava escondida na cintura, desconfiança era sempre bom.

-- Eu vou lá ver o que aconteceu. Sammy, você vem?

O mais novo negou.

-- Pode ter sido alguma coisa, eu vou procurar vestígios de alguém aqui, você vai lá.

Dean assentiu, acompanhando seu irmão até a porta, onde foram um para cada lado. Sam seguiu para a área dos quartos enquanto Dean seguia para a sala principal do Bunker.

Cautelosamente, chegou lá e entrou, com a arma em punho e engatilhada. Tudo se desfez em alívio e preocupação logo depois.

Castiel estava caído no chão, desmaiado. Não era suposto que isso acontecesse, ele era um anjo novamente, não era? Quem poderia ter nocauteado ele?

Dean guardou a arma e correu até o outro, preocupado.

-- Cas? -- Dean olhou melhor e viu que ele ainda respirava. Ele passou os olhos pelo lugar e viu Gabriel caído no chão na outra ponta do lugar. O que raios ele tava fazendo ali? Aliviado por saber que Cas estava bem, mas ainda preocupado, gritou -- SAM!

Algum tempo depois, seu irmão chegou no lugar, encontrando o irmão ainda ao lado de Castiel.

-- Eu não achei ninguém Dean.

O loiro sorriu em ironia.

-- Eu achei. Dois.

Sam ficou confuso, até que Dean acenou com a cabeça para o corpo de Gabriel também caído, um pouco mais distante dos dois.

-- Me da uma ajuda aqui, vamos botar eles nos quartos. Quando eles acordarem vão nos explicar... -- Dean parou, refletindo sobre a situação, talvez nenhum dos dois quisesse contar-lhe algo -- Bom, pelo menos eu espero isso.