À primeira vista escrita por Yasmin


Capítulo 19
Resiliência


Notas iniciais do capítulo

Boa noite gente!
Mais um capitulo fresquinho para vocês!
venho novamente agradecer pelos comentários, favoritaçoes e principalmente a linda Gabbi Souza que recomendou a historia com palavras lindas.
De novo, obrigada pelo carinho.

Aviso: Tirei o negrito das falas! Isso estava tomando mais de duas horas para arrumar e como ando sem tempo achei melhor tirar.

Por favor comentem, estou me sentindo um pouco abandonada pelos poucos comentários dessa historia, visto que tenho bastante gente acompanhando a historia.

Boa leitura.



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—Tudo bem senhor Crane!—Peguei de vez o cartão de sua mão, apesar dos olhos sombrios desse homem ele não conseguiu me intimidar, na verdade nem um pouco.  Faço o caminho para sair do prédio, Annie olha sem entender nada. Tento sorrir para ela querendo passar a impressão que está tudo bem, porque é isso que quero pensar, não vou me apavorar e ficar sofrendo por antecipação, na segunda resolverei isso.

—Onde estava Katniss? —Peeta está bem sério e quase pronto com seu terno à risca, um verdadeiro executivo de Wall Street. Sou uma sortuda por tê-lo, nem seu tivesse cem vidas acreditaria que teria alguém como ele me amando, sendo meu guardião.

—Já disse que essas expressões que você faz na testa, te deixarão velho, um velho caquético! —Envolvo meus braços no seu pescoço e ele não ri de minha piada! —Gostou do meu cabelo? —Pergunto inocente, geralmente ele elogia  qualquer mudança que faço no visual ou se não gostou reclama sem cerimônia. Mas está emburrado demais, visto que sai de casa antes do almoço e só estou voltando essa hora. No meu trabalho sabe que não apareci, ele ligou lá quando tentou contato e não atendi, minhas unhas ainda estavam molhadas pelo esmalte, então não consegui pegar o celular na bolsa.

—Não enrola dona Katniss, fiquei preocupado, nunca chegava, pensei que... —Interrompo sua fala com um beijo e respondo.

— Não aconteceu nada meu amor, estou aqui. Annie e eu nos empolgamos no shopping e depois no salão! — Pego Nick que grudou na minha perna e esta lindo somente com sua fralda  já um pouco encharcada e tênis vermelhinho. —Oi amor!—Beijo seu pescoço, sentindo seu cheirinho azedo de suor.

—Me ligou a mais de duas horas, falando que saiu do salão! Tinha tanto transito assim? —Ele me abraça com Nick no colo, ele esta irritado, um pouco comigo e por achar que irá perder o contrato que garante  emprego  a tanta gente, pois sem essa parceria com os italianos terá de fechar a filial do Texas e diminuir  pela metade a folha dos funcionários. Ele tentou conversar com os advogados dos carcamanos, assim que ele o chama, mas foi inútil, esses magnatas são idosos e bastante sistemáticos, querem tudo como foi acertado, odeiam mudanças e são bastante antiquados, se Peeta disser que uma funcionaria extraviou o documento, com certeza eles criticarão a organização e credibilidade da empresa.

—Tive que passar em um lugar! ­- Falo ainda bastante misteriosa, ele resmunga, começa a reclamar, fala que agi de forma estranha e um monte de ladainha. —Provarei que está enganado Mellark, então terá que pedir desculpas de joelho. —Deixo Nick com ele, acesso meu e-mail, imprimindo rapidamente o contrato que ele tanto precisa.

— Como conseguiu? — Ele fala assim que percebe do que se trata.

— Tenho meus meios!

— Não bateu nela de novo foi? —Rio com sua fala e me finjo de ofendida.

— Me ofende com sua insinuação. Mas e se tivesse? Ela bem que merece, aquela cretina! —Falo isso indo para o quarto.

De forma rápida me arrumo, coloco a sandália, faço a maquiagem  e borrifo um pouco de perfume.

 Quando apareço na sala ele vem ate mim, segura meu corpo tirando meus pés do chão.

— Meu Deus, não sei o que faço com você. É linda demais! —Ele  me solta e vai até minha mãe a abraçando apertando. —Obrigada sogrinha por me dar sua filha!

—Ela me deu, foi? — Pergunto rindo.

— Sim, ela não aguentava mais seu mal humor! Mas eu aguento!

— Você não me viu mal humorada ainda amor! Vai me ver mais tarde, quando voltarmos e vai me explicar as fotos suas que vi no computador daquela aguada. —Ele engole em seco. Nos despedimos de minha mãe e meu príncipe, Greasy já esta a caminho.

No elevador ele não para de me agradecer, se ajoelhou, pediu desculpas e queria até beijar meu pé, acho que tenho um comediante em casa, sempre fazendo piada com tudo e com todos.

As vezes isso me incomoda, quem está de fora deve pensar que sou uma chata intragável e mal humorada. Já ouvi tantos comentários sobre minha personalidade que até me incomodo com meu jeito. Ela é brasileira, deveria ser feliz, disse a vizinha do apartamento ao lado. Peeta tem razão não fico por ai distribuindo sorrisos. Confesso que nem sempre fui assim, passei a ser mais dura e insociável na adolescência, tinha responsabilidades que as meninas de minha idade nem faziam ideia. Eram tantas coisas, tanto sonhos, tinha a magoa do meu pai por ele ter se arriscado e morrido naquele acidente.

Na verdade não me lembro bem de sua fisionomia, mas minha mãe diz que sou como ele. Resiliência pura!

Não digo que sofri feito cachorro ou que passei fome. Isso nunca aconteceu, mas passamos por dificuldades, principalmente após o fatídico dia em que meu pai  deixou minha mãe sozinha com três bocas para alimentar.

Meus pais são do sul do Brasil, minha mãe filha de agricultores, de bastante influencia na região. Meu pai filho de uma boia fria, que trabalhava nas terras de sua amada. História bastante parecida com filmes e livros “Moça rica que se apaixonou pelo filho dos empregados.” Minha mãe abriu mão de tudo para ficar com ele. Quando se conheceram ambos tinham quinze anos e fugiram para onde moramos agora, lá minha mãe conseguiu concluir seu curso de letras e meu pai se tornou  um engenheiro de alimentos.

Mas, quando tudo aconteceu eu era muito pequena, três anos, mal sabia me vestir. Mas, tenho uma memória fora do comum. Lembro dos choros silenciosos de minha mãe que perduraram por tantas noites, seus olhos amanheciam inchados todas as manhãs. Eu queria poder ajudar mais não sabia como e todos os dias eu queria ser grande, capaz de assumir algumas responsabilidades.

Aos oito tudo passou a melhorar, meus avós maternos se reaproximaram, meu avô Lincon Esconzece era um velhinho lindo de se admirar, seu nariz era tão grande que me assustava aos montes. Minha avó Marta, não era avó que pedi a Deus, filha de Italianos criada em rédea curta, conservadora, racista e preconceituosa.

 Com o tempo eles passaram a nos ajudar de todas as formas, principalmente financeiramente. O que lhe dava abertura para ditar como seriamos educados ou não. Não fale com os crioulos, ela dizia, quando Marcos convidava algum amigo de pele mais escura para nossa casa. Minha mãe era professora da única escola da cidade, então estudávamos lá, apesar da educação cara e severa que teve a vida toda, ela não agia como minha avó, sempre nos ensinou que não há diferença se você é pobre ou rico, branco ou negro.  O que nos define é nosso caráter.

Porém, naquela época estávamos sozinhos, sem dinheiro, meu pai tinha gasto toda a economia investindo em pedaços de terra, que até um certo tempo eu não via utilidade. Então a ajuda de minha avó era importante, então tudo o que ela falava entrava por um ouvido e saia pelo outro. Ela já estava idosa, se não pensava diferente quando era nova, não seria com mais de 60 anos que mudaria de ideia.

Aos doze, meu avô veio óbito, deixando Marta Esconzece mais ranzinza que o normal, tudo que eu fazia era errado, até com meus livros ela implicava, queria que eu lesse livros de alta costura ou aquelas coisas de mulherzinha, mas como boquirroto que era, não ficava calada e não aceitava sua ordens ao contrario de Prim que amava tudo o que ela dizia ou fazia.

Lembro como hoje de sua implicância com minha amiga de escola Rue, garota negra, que se destacava por onde passava. Assim como eu, ela tinham um amplo domínio em línguas. Eu pelo fato de  minha mãe ter sido educada em várias línguas e nos passar seu conhecimento. Rue porque ela  e  sua família migraram do Haiti para o Brasil, quando um terremoto destruiu parte do pequeno país  que apesar do baixo índice de desenvolvimento, os cidadãos eram alfabetizados em três línguas diferentes. Devido a isso nos tornamos boas amigas, conseguia praticar outras línguas e lhe ajudava com o nosso português.

Vovó Marta nos visitava uma vez por mês, sempre trazia presentes e mais presentes. Prim e Marcos  viviam com os olhos brilhando a espera de sua chegada. Eu? Eu não gostava dela, não sabia o motivo, mas não gostava dela, nem com seus presentes conseguia mudar, então sua implicância para comigo foi aumentando, minha mãe se negava a voltar para Sul, então ficamos onde estávamos.

 Minha amizade com Rue durou até eu completar 13 anos, quando Marta a humilhou por ela ser negra e disse a ela que não deveria se misturar com os brancos. Minha mãe estava tão cansada aquela semana que não teve forças para defender a garota.

Toda a ira que existia em mim conheci naquele almoço. Daquele dia em diante soube que não conseguiria ser moldada. Não seria a boneca de porcelana que minha avó  tanto queria. Disse tudo que estava engasgado, como: não gostava de sua voz,  de sua falta de educação, grosseria, de como era uma mesquinha, hipócrita.

Sai da mesa, naquela tarde me sentindo leve! Peguei minha bicicleta e meus livros. Passei parte da tarde lendo Tolstói debaixo da mangueira, no terreno baldio ao lado da escola. Procurei por Rue e pedi desculpas. Mas ela estava magoada demais para deixar aquilo para lá e voltarmos com nossa amizade. Tinha perdido minha amiga aquela tarde.

Ao entardecer voltei para casa, me sentindo radiante por ter enfrentado a Esconzece. Na sala ela e minha mãe discutiam. Meu corpo adolescente desceu lentamente por aquelas paredes amareladas, e a cada palavra dita por ela, eu dilacerava.

— Vamos para o quarto!disse Marcos, ele era baixo, três dedos abaixo de mim. Suas bochechas estavam vermelhas pelo Sol que tomou, enquanto jogava futebol com os amigos da escola. Neguei com a cabeça, ele também se pôs ao meu lado.

Se você não consegue educar essa garota Clara, deixa ela comigo. Ela voltará como uma verdadeira dama deve ser. Ainda não acredito que ela me enfrentou. raiva, indignação e tantas outras coisas saem de sua voz.

Ela é só uma criança Mamãe e você faz por merecer!disse minha mãe.

É uma insolente, igual ao pai. Se continuar assim terá o mesmo destino que ele!Não vi seu rosto, mas forma que falava deixava clara mensagem de como não gosta de mim.

Já disse para não falar assim. Não permitirei que fale assim da minha filha ou do meu marido.

Marido Clara? Cada ele? Olha como te deixou? Com três crianças, uma mão na frente e outra atrás. Se não fosse por mim estariam passando fome. E a partir de hoje só ajudarei, se colocar aquela garota na linha, se ela seguir minhas ordens. Já liguei para o Padre Antonio ele ainda tem duas vagas no colégio interno. Será bom para as meninas.

Está louca mamãe. Os filhos são meus e não irão pra colégio interno nenhum.

Posso ir então?  Não precisará de minha ajuda, não é? - um minuto foi o tempo que Clara Everdeen, demorou a responder.

Serventia da casa é porta da rua. —Disse minha mãe.

Naquela tarde se eu tivesse fogos os soltaria. Ficar livre daquela velha asquerosa era como ganhar o presente desejado no Natal.

Não conseguia entender de maneira nenhuma, como minha mãe poderia ser sua filha. Mas tinha o vovô Lincon, ele não deixava Marta ser tão rude conosco. Então penso que a bondade de minha mãe foi herdada daquele senhor de olhos azuis e cabelos branquinhos.

Mas toda e qualquer alegria na minha vida sempre durava pouco, sem á ajuda financeira de minha avó, tudo passou a ser mais difícil.  Tv a cabo, Internet, essas coisas não eram mais acessíveis, mas ainda estávamos juntos, isso era o que importava.

Duas semanas depois tudo piorou, quando um oficial de justiça bateu em nossa porta informando que tínhamos uma semana para sairmos de nossa casa, pois meu pai  tinha  a hipotecado, não era mais nossa e sim do Banco.

Passamos a morar de aluguel, os choros de minha mãe eram constantes. Não só pelo meu pai, agora ela tinhas as velhas contas a pagar e um novo deposito do aluguel.

Foi nesse dia que prometi guardar minhas emoções, pois se eu tivesse ficado calada minha avó ainda nos ajudaria e minha mãe não precisaria trabalhar de manhã, a tarde e a noite. E nos finais de semana cuidar de uma idosa. Quase não nos víamos! Isso por minha culpa.

Vendo isso procurei meu primeiro emprego, aprendi a não dormir devido às contas e coloquei na minha cabeça que não sofreria por ninguém, que nunca amaria.

Passei o ensino médio e curso superior ouvindo as garotas reclamar de problemas do coração, de como os rapazes do semestre seguinte eram lindos  ou como elas poderiam saber se estavam afim delas.

O pior de tudo eram as musicas sertanejas nos inúmeros bares ao redor da faculdade, não que eu não goste do estilo musical, nada disso, só as achava melosa demais para mim, que não pensava de jeito nenhum em arrumar um namorado ou participar daquelas rodas de viola. Há não, eu não era obrigada.

Já  minhas preocupações sempre se resumiam aos boletos, livros, conta de água, luz, internet, aluguel e que principalmente não podia ficar doente. Plano de saúde era um luxo naquele tempo, e hospital publico não dava.

Só me sentia relaxada na sexta feira, quando desligava minha cabeça com qualquer coisa  da minha vida real e me permitia sonhar com Stambul, ou cidades onde meus autores preferidos retratavam suas historias. Pensava num lugar onde não existiria nada, alem de mim.

—Gostou do restaurante?— Peeta pergunta, estamos voltando do jantar que foi um sucesso. Os italianos assinaram ali mesmo a fidelidade com a farmacêutica Mellark.

—A comida era boa!—Falo um pouco desanimada, tudo era requintado demais, comidas exóticas, caviar, aquelas frescuras de gente que gosta de jogar dinheiro fora, porque tudo ali com certeza é muito caro e não mata a fome. Ainda mais a minha, Annie e eu não almoçamos para ficarmos bem no vestido que compramos e quando nossos pratos chegaram quase chorei.

—Mentirosa, sei que não gostou. — Ele fala sorrindo, já me conhece bem demais. —Não comeu nada, assim não vai aguentar o pique.

—Que pique?

—Nossa despedida de solteiro.

Já tínhamos conversado sobre a tal festa que Madge organizaria depois do noivado, assim Melissa e Prim também poderiam participar, porque estariam aqui.

—Até lá estarei nutrida novamente, não se preocupe, mas se quiser passar em um drive thru ou em qualquer lugar que vende algo com sustância e cheio de calorias eu aceito, não tem problema.

—Não existe até lá, você não irá em despedida alguma que Madge Mellark, organizará. Pode esquecer isso. E como sou muito bonzinho organizei uma despedida para nós dois, garanto que lá terá muita comida. —Tudo bem que não faço muito questão de despedida alguma, ainda mais se corro o risco dele fazer o mesmo na companhia de Gale que é sem freios. Não sou tão narcisista assim pra me achar insubstituível e seguro morreu de velho, mas sempre há um porém.

—Ela não vai gostar disso! —Falo o que realmente me preocupa, ela esta tão empenhada na organização, que me liga todos os dias, falando dos detalhes e de cada gogoboy que contratou. Me enviou fotos no celular querendo minha aprovação, porém é lógico que neguei.

—Ela não tem que gostar, ela que se case e faça o que quiser na festa dela. —sua fala é zangada, tento argumentar sem muito esforço e nem assim ele muda de ideia,  diz que viu as fotos dos brutamontes que ela vai contratar e que não vou participar de forma alguma disso. — Madge é fora  da casinha e se sair com ela, farei o mesmo com Gale. —Termina de dizer sem tirar os olhos de mim.

—Você esta me ameaçando Mellark?

—Não, ameaçando não. Só estou lhe dando sugestões. Passamos juntos ou cada um a seu modo! —Fico tentando imaginar como será essa saída com Gale, e só de imaginar meu sangue ferve.

—Juntos! Se cogitar a possibilidade de sair com o incha vida do Gale, pode se considerar solteiro, se pensa que sou a Madge para tolerar atitudes igual a dele se enganou.

—Que bom que pensamos igual, dona Katniss. —Assim que me escuta, da o seu melhor sorriso e volta se concentrar no transito que não esta nada calmo. Já passa das 11hs, mas as ruas estão bastante movimentadas. A fome da sinal de vida novamente então lembro do que disse agora pouco, sobre despedida e comida.— O que preparou para nossa despedida? —Ele diz que é surpresa e volta no assunto sobre o contrato, já repeti umas dez vezes como consegui o documento, mas parece não acreditar, ainda mais porque foi a Annie que me ajudou, pois para ele a Sra Cresta é incapaz de algo desse tipo.

Ele vira em mais algumas esquinas e estaciona em frente a um hotel luxuoso, o manobrista abre a porta para mim e depois pega as chaves com ele.

—Vamos dormir aqui? — pergunto admirada, ele me trouxe no Plaza, sempre quis me hospedar nesse hotel com vista para o central Park, suas escadarias são gigantescas e os lustres são centenários, tudo parece aquelas imagens meramente ilustrativas, mas é real.

—Dormir não é minha intenção! —Beijo sua bochecha em forma de agradecimento.

Ele se concentra na recepcionista que nos olha e  indica nosso quarto que é na cobertura. Peeta pega o cartão de entrada e depois  nos direcionamos para o elevador que ele aproveita para me agarrar, só paramos quando as portas se abrem e um casal de idosos nos fita, meu vestido já esta fora do lugar e meu cabelo um pouco desalinhado. Fico atrás dele bastante envergonhada.

—Qual sua intenção? —Pergunto assim que alcançamos a cobertura. Ele abre a porta faz sinal para que eu entre primeiro.

O quarto é amplo e luxuoso, há uma mesa no canto com comida o suficiente para matar minha fome e um balde com uma garrafa champagne.

— Eu te amo! —Falo e me sirvo com uma sopa de ervilha, depois um pedaço de frango assado em um molho agridoce  que nunca tinha experimentado. De sobremesa me acabo em um creme brulee!

Enquanto devoto minha atenção a comida  ele fica me olhando como se nunca tivesse me visto, seus dedos alisam minha costa nua, devido o decote do vestido.

—Tem certeza que não quer? —pergunto já satisfeita, ele nega e continua se servindo de bebida.—O que faremos agora? – Me levanto da cadeira e me jogo na cama

—Já matou sua fome? Está pronta para o que vem agora? —confirmo, bastante curiosa, ele avisa que vai ao banheiro e não demorará. Enquanto ele se prepara, checo meu celular para ver se há alguma chamada de Greasy ou minha mãe que ficaram com meu príncipe.

 De repente a luz se apaga e uma música estilo aquelas de gogoboy toma conta do ambiente.

—Peeta... —o chamo, mas não aparece.

Um minuto depois uma luz ilumina o centro do quarto, Peeta esta lá somente com uma calça  social, e uma gravata borboleta em volta do pescoço.

O que esse homem vai fazer? É o que me pergunto.

Conforme a musica vai se tornando mais sensual ele dança acompanhando a da letra da música. Tento não rir, mas é impossível.

—Você  é  maluco! —Levanto e me aproximo dele que  continua com sua performance um pouco desastrada. Arrumo sua gravata enquanto ele beija meu pescoço. — Vai ser meu gogoboy é? —Pergunto já adorando a idéia.

Ele sussurra que sim e fala coisas picantes no meu ouvido, diz o que posso e não posso fazer com ele. Puxa uma cadeira e me coloca no escuro enquanto reinicia sua performance. No inicio não consigo controlar as gargalhadas, mas depois a coisa foi ficando séria.

 Ordenou que eu ficasse de pé, sua voz soou bastante autoritária, o que mexeu com todos os meus sentidos. Assim que o fiz,  ele iniciou sua tortura, me provocou por um bom tempo até ser traído por suas vontades quando decidi fazer o mesmo.

Encerrou a dança de forma desesperada rasgando meu vestido novo porque não conseguiu abrir o zíper.

Nunca o vi assim, sempre é carinhoso nos seus toques. Mas hoje está diferente, suas mãos apertam meu corpo me fazendo sentir dor física, mas nada que diminuísse a sensação de plenitude que sinto todas as vezes que ficamos juntos.

— Me preparo todo, pago esse mico e você fica rindo! —Se finge ofendido, sou culpada, ri bastante e não disfarcei nenhum pouco.

— Me desculpa mas você estava engraçado, e também não é  todo dia que tenho um gogoboy tirando a roupa pra mim! Aliás, se economia ou pintura não der certo pode virar dançarino, leva jeito pra coisa! —levanto meu rosto e o provoco. —Porém será meu dançarino particular, de mais ninguém!

— Engraçadinha! —Diz apertando minha barriga, fazendo cócegas. — Então estou aprovado? —Pergunta sorrindo.

— Aprovadissímo! —Respondo pensando em como ele sempre  me surpreende, nunca deixa nossos dias cair na mesmice. As invejosas dirão que é por ser começo de relacionamento. Mas sei que não, pois todo romantismo do dia a dia eu devo a ele que sempre se antecipa e prepara algo surpreendente como essa noite.

 O que acho mais incrível nele é a forma que usa para me agradar. Ele não faz o tipo que compra anel de brilhantes ou me leva para jantar no restaurante mais caro da cidade. Me conhece bem demais para saber que isso não me impressiona. Mas, suas atitudes diárias sempre fazem com que eu me sinta como sua mulher, independente do papel assinado ou não.

O forte do nosso relacionamento são suas demonstrações de afeto  que também deixar qualquer mulher com inveja, lembro de quando declarou seu amor por mim nas alturas ou quando escreveu seu pedido de casamento nas estrelas e principalmente seu ritual de todos os dias: Antes de ir para o trabalho ele tenta me acordar com beijos e juras de amor. É sagrado, ele não sai de casa até eu parar de chamá-lo de velho(sempre acordo mal humorada) e dizer que o amo.

Pensando nisso me levando, visto sua camisa e ligo a TV, procurando um canal de radio.

— O que vai fazer? —Pergunta se sentando  na cama.

— Precisamos de uma musica! —Ele olha sem entender então me apresso a explicar.—Precisamos de uma musica para dançarmos depois da cerimônia, não irei dançar valsa, coisa mais velha. —Ele ri e também veste um pouco de roupa.

— E qual seu critério para escolher essa tal musica? —Fala se sentando na beirada da cama e cruza os braços.

— A primeira que tocar!

— Prática você, em amor! —Ele ri e torce o nariz quando escuta uma musica do Ed Sheran que não me lembro o nome, mas escutei aos montes no radio do carro.

— Vem, essa musica é bastante romântica! — Lhe estendo a mão para iniciarmos uma dança.

— Essa musica não combina com a gente, princesa! —Diz enquanto gira meu corpo.

— Por que não? A letra é bonita e romântica.

— Por isso, é muito romântica e melosa! —Ele fala.

— Essa é a intenção e você está estragando o momento sabia? Todas as mulheres amam essa musica.

— Você esta no meio de todas essa mulheres? —Pergunta com as sobrancelhas arqueadas.

— Claro! —Respondo com uma falsa certeza, como posso estar? Nem lembro o nome da musica.

— Então qual o nome dessa musica? — Ele  ri  assim que paro de dançar e com certeza faço uma cara confusa tentando lembrar o nome da bendita musica. —Como pensei!—Ele beija meu pescoço bem devagar e direciona nossos corpos até a cama.

— Eu não sei o nome, mas o cantor é ruivo e o romântico do momento. Precisamos tentar, não vou dançar valsa, já aviso!

—Não precisamos de musica! Eu canto para você!—ele fala debochado.

— Desafinado do jeito que é vai espantar os convidados.

— Essa é a intenção, quanto antes eles forem embora, melhor, assim poderei consumar o casamento.

— Mais do que já esta consumado? — Pergunto rindo.

— Mais! — Ele mal termina de proferir a palavra quando, com um movimento rápido me deitou na cama e se pôs sobre mim. —Nunca será o suficiente! — diz afoito depois que me beijou.

Depois de minha tentativa frustrada em escolher uma musica tema de nosso romance para cerimônia, ficamos algum tempo na banheira namorando  e conversando. Como sempre nos finais de semana, fomos dormir no meio da madrugada.

Na manha seguinte, acordamos sem pressa, tomamos café da manha no quarto do hotel e disse pra ele se virar com  irmã, não serei eu que darei a noticia que já tive minha despedida.

Assim que terminamos de comer ele desce  e  pega um sobre tudo que deixei no seu carro, meu vestido ficou inútil, seu único destino foi a lixeira.

Como minha mãe esta em casa passamos no supermercado para fazermos umas compras,  umas frutas de Nick e sua fralda que já esta no fim.

—Bom dia! —Minha mãe  fala assim que atravessamos pela porta da sala. Fico envergonhada por estar chegando a essa hora em casa.

—Bom dia!—beijo seu rosto e Peeta faz o mesmo.—  O Nick já acordou?

—Sim! — Ele estava no seu novo cavalinho, que é  mais um pula pula emborrachado, um presente que minha trouxe para ele do Brasil e assim que me vê esquece o brinquedo e corre na minha direção, a cada dia ele cresce mais, ficando ligeiro e esperto para sua idade.

O pego no colo, já esta cheiroso e de banho tomado.

—Oi mamã! —Ele fala escondendo seu rosto no meu pescoço. Fico um bom tempo conversando, repetindo cada palavra que ele ainda pronuncia tão embolado que me deixa perdida. Pergunto o que ele fez junto da Vovó e me surpreendo com sua resposta, então pergunto novamente.

—Onde você foi passear, fala pra mamãe?

—Paque! —responde e coloca mãozinha na boca, olho pra minha mãe querendo saber se isso realmente aconteceu, pergunto se Greasy foi junto, mas diz que não. Greasy, já tinha ido para casa quando decidiu leva-lo.

—É aqui perto! Fomos sozinhos e ele adorou o passeio. —Ela confirma novamente e meu termômetro paranóico vai as alturas. Ainda não estou curada do trauma que passei, mas ela não tem culpa, não sabe de fato o que aconteceu. Então nem entrarei no mérito, até  porque ele está aqui sã e  salvo. —Na verdade não demoramos muito! Aconteceu um alvoroço, achei melhor voltar. —Ela fala por fim, Peeta retorna da cozinha e pega Nick no colo.

—Que alvoroço? — Peeta pergunta.

Vou até a cozinha buscar um copo de água. Não compreendo muito bem sua resposta. Retorno para sala já pegando o meio da conversa entre os dois.

—Foi uma loucura, parecia um filme! Quando saímos já existia tanta polícia que me assustei! —Sua fala sai assustada motivado ao fato  que ela sempre teve receio dos ataques terroristas e um monte de coisa. Antes de vir para cá ela me alertou tanto sobre isso, que até pendei em desistir.

—Mas, sabe o que era? —pergunto de pé ao seu lado.

—Acharam o corpo de uma jovem!— O copo que estava na minha mão escorrega e  estraçalha assim que encontra o chão, três pares de olhos me fitam espantados e meus batimentos cardíacos se elevam consideravelmente, um hipertenso não sobreviveria.

—Como sabe que é um corpo?—Digo me abaixando, pegando os pedaços de vidro no chão.

—Não se fala em outra coisa na Tv!—Ela liga o aparelho, vejo o parque na tela,  policia, repórteres e muitos curiosos.

 No canto da tela, possui a foto de uma mulher, meu coração bate acelerado, lembro desse rosto, mas não sei de onde. Busco em minha memória, mas meus pensamentos são interrompidos por uma repórter que entra em cena revelando a identidade da vitima, assim que escuto seu nome, e demais característica minha memória como sempre liga as informações ao rosto da mulher!

—É a moça do banheiro! —Sussurro para mim mesma.


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Notas finais do capítulo

Gente será o Kevin de novo?
Peeta Gogoboy, o que acharam?



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