Shikashi!! escrita por Uma Qualquer


Capítulo 4
O mistério dos gêmeos


Notas iniciais do capítulo

Em que surge um mistério. Envolvendo os gêmeos.



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O professor de inglês estava dando os últimos avisos da aula, enquanto a turma aguardava louca pra ir embora. Do meu lado a Gumi rascunhava o storyboard do capítulo semanal, e do outro lado, Len desenhava uma mancha escura e esquisita no caderno dele. Quando estiquei a cabeça pra ver o que era, meu celular vibrou pela milésima vez naquela tarde.

[Ele te pegou no colo? E você não fez nada?]

Era a Rin, sentada atrás do Len. Pra que eu fui falar pra ela da noite na casa da Gumi?

[Ah claro. Eu ia acordar do nada, tascar um beijo nele e voltar a dormir como se eu fosse uma sonâmbula psicopata.]

[Filha, não importa como você ia fazer isso. Era uma chance, chances são feitas pra serem agarradas com unhas e dentes.]

[Com a Gumi-chan do lado dele?]

[Inventava uma desculpa, oras. Cadê a sua criatividade?]

Lancei pra ela um olhar entediado e ignorei as mensagens seguintes.

Quando o sinal tocou, arrumei minhas coisas pra ir com a Gumi ao clube de artes, onde estávamos trabalhando nos pôsteres do festival da escola. Não tinha muita gente no clube naquele ano, de modo que o Len se voluntariou a entrar.

— Eu nem sabia que você desenhava– comentei enquanto a gente saía da sala.

— Fiz esse pensando em você– ele mostrou o que vinha desenhando durante a aula.

A mancha escura era uma barata marciana gigante, que parecia um homem das cavernas.

— Haha, muito engraçado– revirei os olhos.

— Não, é sério. A Gumi-chan podia usar essa ideia pra o próximo mangá dela.

— Acho que já existe um mangá assim– ela disse.

— Mas e se o veneno da dedetização transformou alguma daquelas baratas num mutante? É uma história diferente, certo?

— Também não me parece muito original...

— Aff, chega de falar em baratas – a Rin bufou irritada. – Não quero perder o apetite antes de chegar na lanchonete.

Len deu um risinho de escárnio. –Até parece que alguma coisa tira o seu apetite.

— A sua cara, por exemplo– ela retrucou.

— Se olhar bem– a Gumi cochichou pra mim– eles dois têm a mesma cara.

— Já não basta eu ter que ir sozinha – a Rin prosseguia. Por algum motivo ela parecia bem irritada no momento. – Já que todas as minhas amigas e o meu irmão débil mental estão nesse clube idiota.

— Eu não faço caso quando você vai pro seu clube de música idiota– Len deu de ombros. –Larga de tpm e vê se lembra de me comprar o meu cheeseburger.

— Vai sonhando. Até amanhã, meninas – ela nos deu as costas e saiu fumaçando.

Olhei pra ela, e então pro Len, que estava guardando o desenho na mochila. –Tpm?

— Sei lá o que aquela maluca tem– ele disse com ar de pouco caso. –Então, vamos logo? Aposto que a Yukari tá doida pra nos explorar o resto da tarde.

 

 

Era estranho. Geralmente o Len e a Rin não ficavam discutindo em público, a menos que fosse daquele jeito pegajoso que as fãs deles gostavam. A Rin não era de dar chilique. Acho que eu era desse tipo, mas enfim. Quando chegamos na sala do clube já tinha uns dez cartazes diferentes pra gente colorir, então a Rin saiu da minha cabeça rapidinho.

— Esse aqui é da peça do clube de artes – a Yukari me entregou o pôster. –Eles querem ver logo como vai ficar, então se você puder terminar bem rápido, agradeço bastante.

Ela deu um sorriso gentil até demais. Yuzuki Yukari era uma garota do terceiro ano apaixonada por pintura. Vinha sendo presidente do clube desde o ensino fundamental, e assim que descobriu o talento da Gumi, fez questão de recrutá-la. Era uma ótima pessoa, mas quando estava sob pressão podia ser assustadora. Aquele sorriso parecia me dizer claramente “termine de colorir esse pôster ainda hoje, nem que tenha que usar seu sangue como tinta”.

— P-pode deixar– eu peguei o desenho e os pincéis e fui pra uma mesa bem longe dela.

Estava entretida escolhendo as cores, quando a Rin me manda mais uma mensagem.

[Aquele imbecil ainda ta aí?]

Não contive um sorriso.

[Agora entendo as fãs de vocês. É bem fofo ver vocês brigando.]

[Sério Miku-chan. Eu não aguento mais. Já basta você na friendzone.]

[Essa doeu viu! Mas, espera... Quem mais tá na friendzone?]

[Deixa pra lá. E vá pensando num jeito de se declarar pro Gakupo, ele não vai ficar solteiro pra sempre, sabia?]

Guardei o celular com a pulga atrás da orelha. De quem a Rin tava falando? Do Len, ou dela mesma? Olhei pra outra mesa no meio da sala, onde Yukari, Len e Gumi trabalhavam nos cartazes restantes. Será que tinha alguma coisa acontecendo ali?

Quando terminamos já era quase de noite. Nós quatro pegamos o metrô, então a Yukari e a Gumi desceram na parada delas e o Len e eu seguimos juntos. O Len mascava um chiclete distraído e eu o olhava de canto, tentando imaginar o que estava se passando.

— Então... –arrisquei. –Tá planejando fazer alguma coisa no festival?

— Sei lá. A Rin quem cuida dessas coisas, eu só apareço pra fazer minha parte. Sabe como é, temos uma imagem a zelar.

É, uma imagem de irmãos cão e gato que se amam.

Peraí. É só imagem mesmo, ou a coisa tinha ficado mais séria e eu não sabia?

Franzi a testa e olhei pro Len, que continuava mascando e olhando pela janela do vagão. Não pode ser. Que é isso Hatsune, daqui a pouco você vai chegar em casa e escrever fanfics de twincest sobre eles. Assim não dá.

— Legal que você tá no clube– prossegui, afastando o pensamento. –Nós três estamos atoladas de trabalho por causa desses cartazes. Por que não entrou no clube antes? Eu não sabia que você desenhava tão bem.

— É que eu já tava no de vôlei. Ficar em dois clubes ia me dar muito trabalho. Mas vocês precisavam de ajuda, e também...

Ele se calou, e algo que eu raramente via aconteceu. O Len desligado, nem aí pra nada, que só se empolgava quando fazia seu teatrinho com a Rin ou resolvia me importunar... Estava corando.

Meu Deus. Eu não sabia que ele podia ser tão fofo. Com as maçãs do rosto rosadas, os olhos muito azuis e os lábios muito vermelhos. É possível as pessoas serem fofas assim? Ele passou a mão pela nuca, depois pelo rosto. Bagunçou a franja loura e desviou o olhar. Então olhou pra mim de fininho e deu de cara com meu queixo caído.

— O q-que é que foi?! –ele exclamou.

— Tô esperando você terminar– sorri em resposta.

Eu devia tirar uma foto dele e mandar pra Rin agora, isso sim. Não sei por que ela estava tão brava com ele, mas quando visse com certeza o humor dela ia melhorar.

— Ah. Sim. –Ele se empertigou e entrelaçou os dedos das mãos sobre a mochila em seu colo. – É que deve ser difícil pra você. Por causa da Yukari.

— Hein? – Fiquei meio pasma. –O que tem ela?

— É que você tem que ver ela todos os dias...  E ela tem aquele cabelo roxo. Você ter que olhar pra ela e não lembrar do Gakupo, deve ser um esforço danado. Então decidi me juntar a vocês e te oferecer o meu apoio moral.

Retiro o que eu disse. De fofo esse peste não tem nada.

Dei um soco no ombro dele (só pra ficar com a mão doendo depois) enquanto ele ria feito uma hiena. Incrível que, não importava como, aqueles dois sempre davam um jeito de curtir com a minha cara.





Omake!

 

Kagamine Len chega em casa, na esperança de encontrar seu ansiado cheeseburger. Encontra o pacote da lanchonete em cima do balcão da cozinha e o abre, salivando horrores.

Dentro do pacote há apenas uma embalagem de cheeseburger vazia. Junto com um bilhete.

“Demorou, vacilão.”


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Notas finais do capítulo

Yay! Estamos de volta com essa bagaça que ninguém lê, e que eu continuo publicando porque sou mais trouxa que a Hatsune o/
Brincadeira. Fica à vontade pra ler e comentar se quiser e puder, mas saiba que comentando você está prestando um grande serviço ao meu coraçãozinho de autora carente. O próximo cap vai ficar programado pra terça que vem, então até maisinho mores :***



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