Amor é bem complicado... escrita por CCris


Capítulo 7
Um passeio e alguns problemas.


Notas iniciais do capítulo

Sara aceita um convite para um simples passeio, mas acompanhado de alguns problemas.



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Sara chegou um pouco atrasada, pois antes de ir ao laboratório tinha ido até o corretor buscar as chaves do apartamento e aproveitou pra deixar a bagagem lá. Entrou correndo e foi até a sala de convivência não encontrando ninguém, resolveu então ir até a recepção perguntar a Judy por seu colegas.

– Eu não sei lhe dizer quanto a seus colegas Sara, mas doutor Grissom está no escritório dele.

Ela chegou a porta do escritório e ele estava entretido em três grandes pilhas de documentos a sua frente. Deu duas batidas na porta e ele levantou os olhos dos papeis para encará-la.

– Está atrasada! O que aconteceu?

– Desculpe, me enrolei tentando levar a bagagem para dentro do apartamento novo e me arrependi, as malas estavam realmente bem pesadas, demorei mais do que esperava subindo os dois lances de escadas que levam até o apartamento.

– Lá não tem um elevador?

– Para a minha grande sorte estava em manutenção.

– Hum... Bem, seu atraso lhe rendeu uma punição.

– Sério? – Grissom sorriu com a cara de espanto dela.

– Mais ou menos, tínhamos somente um caso, mandei todos para resolvê-lo, minha intenção era fazer a Cat ficar, geralmente é ela quem me ajuda, mas como você não chegava te deixei a tarefa.

– E o que é? – Ele aponta para as pilhas.

– Casos que preciso revisar e venho evitando a quase um mês, só que recebi o prazo de uma semana, então...

– Isso realmente é uma punição.

Eles passaram o expediente inteiro com a cara atolada em papeis, faltando uma meia hora para o fim do expediente Cat entra na sala cumprimentando Sara.

– Oi! Vi que dessa vez foi você quem ficou de castigo em?

– Pois é. Da próxima vez me avisa que eu faço de tudo pra chegar cedo.

– É mais fácil eu dar um jeito de você se atrasar de novo. – Deram ambas uma risada. – Aqui estão nossos relatórios Grissom, venha nos liberar que ainda vamos pra cafeteria antes de irmos a casa da Sara.

– Ok! Avise aos meninos que já estão liberados, vou só deixar estas pilhas na sala do Ecklie.

Sara levantou e já ia seguir Cat.

– Sara seu castigo ainda não acabou, são muitos papeis. Me ajuda?

– Ok! Cat, vão na frente para a cafeteria que já apareço lá.

– Vê se não fura em?

– Pode deixar.

Cat saiu e Grissom foi com uma pilha e papeis até a sala de Ecklie seguido de Sara. Depois de deixarem os arquivos foram para a cafeteria, ao entrarem juntos estavam conversando e rindo distraidamente, seus colegas estranharam aquela cena. Não era comum ver Grissom tão a vontade com alguém, principalmente uma mulher.

Chegando na mesa Cat nada discreta foi logo perguntando:

– Por que tantos risos?

– Grissom me contava algumas peripécias de Hank.

– Quem é Hank? – Perguntou Nick curioso.

– Hank é meu cachorro Nick, ele é muito bobão e atrapalhado e contava pra Sara que ontem Cristy acordou com o barulho que ele fez correndo atrás de uma das baratas que fugiram da minha colônia e em meio a correria não conseguiu parar, se chocando a uma estante e fazendo um barulho enorme.

Apesar de conhecerem Grissom a anos só quem sabia da existência de Hank era Cat que o conhecia a muito mais que alguns anos. Grissom sempre foi muito reservado, seus amigos sabiam o essencial, que tinha uma filha e que morava com uma namorada. Namorada que conheceram pessoalmente uma única vez em uma confraternização, nada além disso. Isso foi mais um motivo para estranharem a intimidade que Sara tinha com Grissom, pelo que sabiam eles se conheciam a uns dois anos apenas e quase não se viam antes de Sara entrar no laboratório.

Depois disso tiveram seu café normalmente conversando bobagens e ao fim Sara pagou a conta como havia prometido e todos à seguiram para sua casa, no caminho ela recebeu uma ligação da transportadora avisando que aguardava na frente de seu prédio para descarregar os móveis, o que caiu como uma luva já que estavam bem próximos.

Chegando no apartamento de Sara os meninos foram subindo os móveis enquanto Cat e Sara arrumavam algumas coisas mais leves, já era próximo das onze tinham acabado de arrumar o apartamento de Sara, o que ainda restavam eram algumas caixas com roupas e outros utensílios menores que Sara insistiu que arrumaria depois sozinha. Ela pediu para que todos aguardassem para almoçar e foi com Cat até um restaurante próximo comprar as refeições. Depois do almoço todos foram para suas casas e Sara foi tomar um merecido banho e dormir.

A semana correu normalmente, sua folga seria na terça feira, notou que Grissom também iria tirar folga no mesmo dia, mas sabia que ele nunca as usava. Decidiu usar sua folga para por a casa em ordem.

Ao fim do expediente Sara foi até seu armário pegar uma mochila que tinha deixado lá com uma roupa suja que precisou trocar depois de voltar de uma sena em um lixão quando viu Grissom sentado no banco que dividia as duas fileiras de armários com um jornal e uma caneta na mão.

– Hum... Então gosta de palavras cruzadas? – Grissom que até então estava distraído não tinha percebido sua presença até aquele momento.

– Hum? – Sara sorriu com seu jeito distraído.

– Não sabia que gostava de jogos.

– Alguns... Já está indo embora?

– Sim. Só vim pegar uma roupa que tinha guardado aqui, amanhã tenho muito no que me ocupar.

– Pensei que estaria de folga.

– Só daqui, não de faxina.

– E a que horas estaria livre dos afazeres em casa?

– Por que?

– Pensei em te convidar para um almoço, depois quem sabe poderíamos ir ao cinema.

– Você tirando folga? – Ele revirou os olhos.

– Vai aceitar ou não?

– Tudo bem, não precisa se irritar, aceito seu convite.

– Então passo na sua casa amanhã as onze.

– Ok.

Sara tratou de começar logo sua faxina para que no dia seguinte não tivesse empecilhos. A essa altura ela só se perguntava se Rachel já tinha ido embora da casa de Grissom.

No dia seguinte...

As onze em ponto Sara ouve a campainha do apartamento tocar, ela já sabia de quem se tratava. Abriu a porta e deu de cara com o mesmo Grissom descontraído que viu em San Francisco quando foram ao parque.

– E então? Esta pronta?

Ela também estava vestida de forma confortável, mas não desarrumada. Usava um vestido de caimento bem simples com uma cor azul clara e uma sapatinha com um tom próximo.

– Entra? Eu só vou até o quarto pegar minha bolsa.

Grissom entrou e sentou no sofá da sala para esperá-la quando avistou um porta-retratos em sua estante com uma foto de uma Sara e uma Débora uns dez anos mais novas pelo menos, ficou curioso de saber sobre aquela amizade aparentemente tão antiga entre as duas. Sentou novamente no sofá e poucos minutos depois Sara voltou e eles foram ao restaurante que Grissom havia reservado para seu almoço.

O local era a beira de um lago, com uma brisa muito boa. Sentaram em uma mesa próxima a uma parede de vidro que se podia ter uma ótima vista do lago. Fizeram os pedidos e Grissom resolveu perguntá-la sobre Débora.

– Então... Vamos nos conhecer melhor hoje?

– Vamos?

– Claro! E pra começar quero que me fale sobre Débora, vi uma foto sua com ela que me pareceu ter uns dez anos que foi tirada. – Sara sorriu.

– Bem... Débora foi um anjo da guarda na minha vida. – Ela começou a contar sobre sua infância conturbada e como fora para no sistema de adoção, quando conheceu Débora e em meio a conversa o almoço foi servido.

Entre uma garfada e outra ela foi contando o acontecido, ao fim de sua história Grissom estava um pouco arrependido de ter perguntado, jamais imaginaria que ela teria tido tantos problemas em sua infância e adolescência, até aquele momento imaginava que seus pais já tivessem falecido, ou que ela simplesmente não tinha tido oportunidade de falar sobre eles.

– Sara desculpe ter feito você remoer tudo isso. Eu não tinha ideia do quanto você já enfrentou.

– Não precisa se preocupar. Na verdade eu é quem fugi um pouco do assunto "Débora", mesmo assim hoje já não dói tanto quanto a alguns anos atrás.

– Então vamos mudar de assunto. Que tal falarmos a respeito do que vamos assistir?

– Tudo bem!

Conversaram um pouco mais e Grissom pediu a conta para que pudessem se encaminhar ao cinema. Eles estavam usando o carro de Grissom e assim que entraram no carro do lado de fora do restaurante viu ele ficar estático por alguns instantes depois de pegar o celular e ler um SMS.

– Algum problema Gil?

– É Cristy, só um minuto Sara. – Ele abriu a porta do carro como que quisesse tomar ar e ligou para a filha.

– Oi querida? Ela disse o que? E por que chora? Amor, vou pedir a sua tia que vá lhe buscar e a leve pra casa da mamãe está bem? Agora deixe de choro, você sabia que isso teria de acontecer não? Pois bem, não quero vê-la triste quando chegar em casa ok? – Desligou o celular e voltou a ligar. – Gerda? Me faça o favor de ir buscar Cristy lá em casa e levá-la para mamãe? Porque ela está chorando sozinha em casa depois de Rachel ter saído de táxi. Gerda? Fará ou não o que lhe pedi? Não tenho tempo para seus sermões, minha filha é mais importante. Obrigado! – Desligou o telefone e Sara o viu parar por um instante com a mão na cabeça.

– Você quer ir pra casa? Parece que sua filha não está bem.

– Não, ela está perfeitamente bem.

– Quer me dizer o que aconteceu?

Grissom parou por um instante pensando se deveria ou não jogar aquela bomba no colo de Sara.

– Não quero preocupá-la.

– Bem, a pouco o vi preocupado comigo depois que te contei sobre o meu passado, não vai me doer ficar um pouco preocupada com você também. Rachel tem haver com o problema?

– Hum rum.

– Então diga o que foi?

– Ela me mandou SMS dizendo que ligasse pra Cristy pois estava em casa sozinha e chorando. Hoje Rachel iria embora quando viesse do horário de almoço da empresa em que trabalha, ontem a noite deixou seus pertences arrumados para hoje só serem levados, porém passou do trabalho para casa na frente deste restaurante e nos viu dentro. Chegou na casa de minha mãe onde mora ela, minha irmã e o esposo e disse que já sabia porque tinha terminado com ela, que era porque já tinha outra pessoa, que desconfiava que a estava traindo com que desde a viajem a San Francisco me comunicava e agora teve essa confirmação. Depois de fazer essa sena na frente da minha família foi pra casa e vez o mesmo com Cristy. Cristy é só uma criança e se apega fácil as pessoas a seu redor, quando viu a dor de Rachel e depois ela indo embora ficou em casa chorando por conta de sua saída.

Durante todo esse tempo Sara tentou manter a expressão inalterada, apesar de estar meio atordoada com toda aquela situação girando a seu redor. Abriu a porta do carro de repente e saiu dizendo.

– Acho melhor você ligar para Rachel e se desculpar. – Grissom tomou um susto com a atitude dela e logo saiu do carro também para impedi-la de ir embora.

– Como assim?

– Isso está errado. Eu sou a grande culpada por toda essa confusão e não quero isso.

– Isso não é verdade. Por acaso temos algo mais do que uma amizade? Alguma vez trai Rachel com você durante esse período que vínhamos nos comunicando?

– A traição não se dá só por beijos ou sexo Gil.

– E é justamente por isso que resolvi dar um fim a o que tinha com ela, me sentia enganando a por conta de não ter por ela aquilo que tenho por você.

– E como espera lidar com tudo isso? Sua filha está sentindo a perda dela também.

– Minha filha vai superar isso, é normal que ela sinta a perda de Rachel, elas estavam convivendo no mesmo ambiente por dois anos, mesmo com muitos desentendimentos sempre foram boas amigas, mas isso não quer dizer que por isso me prenderei a Rachel.

Sara parou por um instante sem saber exatamente o que fazer em seguida, sua vontade era chorar de raiva de si mesma por ter deixado a situação chegar ao que chegou, mas ao mesmo tempo queria que seu dia tivesse sido tão agradável quanto tinha imaginado.

– Por favor Sara, não vamos estragar nossa tarde? Entre no carro e vamos a nosso cinema como tínhamos planejado, não quero que fique triste por isso. – Dizendo isso se aproximou dela e com uma leve caricia no seu rosto percebeu o quanto ela se segurava para não rebentar em lagrimas na sua frente.

Ela não disse nada, só entrou no carro e colocou o sinto, ele fez o mesmo e foram para o cinema. Chegando lá escolheram o filme e se dirigiram a lojinha de guloseimas próxima a entrada para comprar pipoca.

– Quer pipoca? – Perguntou Grissom.

– Pode ser. – Falou com descaso.

Grissom não deixou de notar que desde o incidente na frente do restaurante ela ficara cabisbaixa e calada, mas decidiu dar tempo ao tempo. Comprou a pipoca e se dirigiram a sala de cinema. Chegando dentro da sala guiou Sara até as cadeiras da ultima fila, um local bem escuro para o gosto de Sara, mas não protestou, pois também não gostava de ficar muito na frente onde geralmente tinham crianças ou fanáticos estéricos.

O filme teve seu inicio e eles até então assistiam ao filme normalmente, até que Sara sentiu o peso do braço de Grissom ao redor de seus ombros, inicialmente se assustou com o gesto, mas pouco depois sentiu o calor de seu abraço e se aconchegou nele para a satisfação de Grissom.

Ao fim do filme Grissom desfez o abraço e eles saíram da sala de cinema, do lado de fora perguntou a Sara se ela tinha fome, ela negou, disse apenas que queria ir pra casa.

– Está ficando tarde e sei que ainda vai buscar sua filha, então vamos embora?

– Tudo bem, você tem razão, vou levá-la.

Ao chegar ao prédio antes de descer do carro Sara fala:

– Obrigada Grissom! Nossa tarde foi ótima.

– É verdade. Boa noite Sara, até amanhã.

– Boa noite.

Grissom se aproximou e lhe deu um selinho sem que ela esperasse, Sara sorriu e saiu do carro e entrando no prédio.

No dia seguinte Sara chegou cedo ao laboratório, cerca de uma hora mais cedo, havia saído cedo para encomendar a entrega de um guarda roupas novo já que o seu não resistiu muito ao transporte, por acabar logo seus afazeres foi direto para o laboratório.

Chegando na sala de convivência viu Grissom de frente para a cafeteira com um xícara de café cheia e o olhar perdido em um ponto fixo.

– Oi! – Ele ao ouvir o cumprimento dela saiu de seu transe e respondeu ainda na mesma posição só que agora olhando para a xícara em sua mão.

– Oi!

– Algum problema? – Perguntou ela se aproximando para se servir também de café.

– Sim...

Olhou para seu rosto e viu que algo o incomodava e por impulso lhe deu um beijo no rosto e disse:

– Não gosto de te ver assim. O que aconteceu? Foi Rachel novamente?

– Vou fazer cara de triste com mais frequência! – Brincou agora olhando para ela que lhe respondeu também com um sorriso e foram sentar na mesa.

– Então?

– Ontem antes de ir embora da frente de seu prédio liguei para minha irmã e a pedi que levasse Cristy para casa que em alguns minutos estaria lá. Cheguei em casa e meia hora depois elas chegaram e minha irmã pediu para que Cristy fosse para o quarto que ela queria conversar comigo.

Relado da conversa:

– Gil como pode fazer isso com Rach? E Cristy? Não pensou nela? Vocês tinham um relacionamento estável e suas vidas estavam tão bem, o que passou pelo sua cabeça para se aventurar por ai? Sabia que Rach chegou lá em casa se desmanchando em lagrimas porque ti viu com uma mulher em um restaurante? Pior foi quando soube que mesmo depois de Cristy te contar você não tentou se explicar a ela. Imagina o que passa pela cabeça de sua filha nesse instante? Que tipo de exemplo dá a sua filha?

Deixei que ela dissesse tudo o que queria para depois me pronunciar.

– Você não tem nada há ver com minha vida romântica Gerda, você não convive comigo e Rachel para saber o que realmente acontecia entre nós que na verdade estava longe de ser um relacionamento estável. Quanto a Cristy eu que sou o pai dela vou conversar com ela e a única pessoa que aceito tais insinuações sobre como a educo é da mãe dela e não de você que não tem a mínima ideia do que é criar uma criança.

– E vai negar também que estava traindo Rach?

– Com certeza! Nunca a trai e antes que o fizesse tomei a decisão de dar um fim real ao que já tinha acabado a muito tempo.

– E o que fazia almoçando sozinho com uma mulher em um restaurante a beira de um lago? Um pouco romântico de mais não?

– Não é da sua conta! E agora me dê licença que preciso dormir, amanhã tenho que trabalhar, coisa que você não sabe o que é já que passa todo o seu tempo em casa enquanto seu marido te sustenta!

Depois disso vi ela me apresentar uma cara de mágoa e ao mesmo tempo de raiva por minhas palavras e foi embora, fui ver Cristy que já estava dormindo, ou pelo menos quis que eu pensasse assim. Não quis forçar uma conversa, não estava com cabeça, então a deixei tentar me enganar e fui dormir.

Finalizado o relato...

Sara ouviu tudo com atenção e ao fim do relato não sabia o que dizer ou fazer para lhe confortar então acariciou suas mãos que estavam juntas em cima da mesa. Nesse momento seus colegas foram entrando e ela rapidamente tirou a mão de cima da dele, porém não passou despercebido por Cat o gesto de Sara ou falta da aliança de Gil.


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