-nã-não...por fa-favor- suplicava estas palavras como um mantra. Minha mente girava e eu me sentia entorpecida por algo muito mais forte que qualquer metafetamina sintética. Meu corpo todo doía como se eu tivesse acabado de sair de uma roda de luta clandestina.

-Oh princesa, me ajude a te fazer sentir bem,huh?- ao ouvir estas palavras, meu corpo se tensionou ainda mais. Eu tentava de todas as maneiras escapar debaixo daquela figura asquerosa que me olhava como se eu fosse um pedaço de carne fresca e ele, um leão faminto. Mas não consegui, minhas mãos e pés estavam livres mais eu não conseguia me mecher.

Me desesperei. Eu precisava gritar mas não tinha força suficiente para tal, era como se a cada segundo que o aquele olhar queimava sobre meu corpo, um pouco da força que restava se esvaia se mim. Por um minuto pensei em reunir o pouco de força e coragem que ainda restavam no meu corpo pequeno e esguio para clamar por socorro. E foi isso que tentei fazer.

Porém, como se lê-se minha mente, o homem acima de mim pôs sua mão em minha boca, prensando minha cabeça para baixo e impedindo qualquer som de sair de minha garganta.

Congelei.

Eu sabia exatamente o que ele queria comigo, era assim todos os dias. Sua mão fria passeava pelo interior das minhas coxas até chegar a seu objetivo. O pânico tomava conta de cada poro do meu corpo, de cada fibra muscular que eu possuía, até que senti o 'leao' precionar o polegares o indicador ao redor do meu nariz, me impedindo assim de respirar.

- Você é muito boazinha com as pessoas, babe. - Minha visão já estava turva e minhas forças já haviam sido tiradas de mim. A única coisa que pude perceber antes de desfalecer foi o sorriso malicioso crescendo automaticamente em seu rosto ao me ver daquela forma. -Vou te ensinar a ser má, pequena.

Acordei com a respiração descompassada. Mais um pesadelo, me tornei prisioneira deles. Passei as mãos pelo rosto sentindo uma fina camada de suor cobrindo o mesmo. A cada dia que passa eles são mais constantes, me perseguem e me sufocam, me fazendo relembrar o inferno que vivi no passado.

Senti a presença de mais alguém no quarto e me virei, me assunto ao encontrar Aidan em pé ao lado de minha cama, com seu pijama azul e seu pequeno urso em mãos. Seu olhar não passava nada, era um olhar perdido sobre mim.

- Aidan? O que houve, teve um pesadelo?- sai da cama logo me ajoelhando em sua frente, acariciando seus cabelos castanhos. O seu olhar se voltou para os meus olhos e o vi negar avidamente com a cabeça, se desvenciliando de meus toques e caminhando até seu quarto novamente.

Por estantes fiquei parada na mesma posição? Porque será que Aidan estava aqui novamente? Todas as vezes que acordo de um pesadelo ele está ali, parado a beira da minha cama, com aquele olhar perdido de sempre.

Me levantei e caminhei até a janela do meu quarto, preciso de ar fresco. Após abri-la me apoiei no parapeito e suspirei colocando as mãos sobre o rosto.

A tempos sei disto, sou uma prisioneira. Não uma prisioneira de terceiros, mas sim, de mim mesma. Prisioneira dos meus próprios pensamentos, da minha própria insanidade, dos meus próprios distúrbios.

Prisioneira da minha própria paranóia.