O lugar era imenso.

Alexandria tinha um território extenso que me deixou boquiaberta. Os muros que se estendiam ao redor da comunidade eram gigantes o bastante para impedir que os errantes ouvissem o que acontecia ali dentro.

Quando abriram os portões para entrarmos, me senti humana de novo. Ficamos há um bom tempo sem paz, tendo que lidar com errantes que apareciam nas grades da prisão diariamente em nosso cotidiano.

Haviam casas grandes (Umas até lembravam os aspectos da fazenda), campos verdes, um lago, árvores...

Era mais do que o suficiente seguro.

–Wow...- Glenn murmurou, fascinado. Ele estava impressionado tanto quanto eu.

Rick parecia desconfiado, preocupado. Como um líder ele deveria garantir a segurança de sua família.

–Sejam bem-vindos à Alexandria.- Um senhor de meia-idade apareceu, sorrindo. Ele tinha um ar simpático e acolhedor.- Eu sou Douglas.

Alguns habitantes da comunidade resolveram se reunir para ver de quem ou de que se tratava. Todos pareciam calmos, normais.

–Rick Grimes.- O ex-xerife assentiu com a cabeça. Ele havia ficado frio e desumano desde que Lori faleceu. Só não estava pior por causa de Michonne, que representava uma figura materna para Judith e Carl.

***

Haviam várias casas disponíveis, aparentemente.

Douglas deixou que ficássemos a vontade. Poderíamos escolher qualquer casa para morar e no dia seguinte ele faria uma entrevista com cada um de nós, para saber qual seria a função de cada um de nós.

O problema disso tudo era Rick ser muito, mas muito desconfiado mesmo. Claro que não o culpo. Eu um mundo como esse, a única coisa que parece ter importância é sobreviver, custe o que custar.

Então ele decidiu por todos que dividiríamos a mesma casa na primeira noite, somente na primeira noite.

Acampamos na sala. Parecia uma mansão de tão grande.

Já estava de noite, e bem, estávamos exaustos. Precisávamos descansar um pouco.

–Eu vou ficar vigiando.- Daryl afirmou. Ninguém se opôs a ele.

–Eu vou junto.- Carol disse.

–Não vai mesmo.- Ele afirmou.- Eu vou vigiar sozinho.

–Você vai me impedir?- Carol arqueou as sobrancelhas.

–Não sei se você lembra, mas você está grávida.- Ele olhou para a barriga dela.- Você precisa descansar.

Ela revirou os olhos, como quem não iria seguir as ordens do caipira.

Eu estava prestando atenção na conversa. Eu achava engraçado o modo que Carol e Daryl conversavam, o modo que ela havia mudado ele e vice-versa.

Ambos se amavam. Eles, com passado tão distintos, agora tinham destinos tão semelhante.

Igual eu e Glenn.

Ele estava ao meu lado, assistindo a mesma cena. Estávamos sentados em um sofá muito confortável.

Glenn passou devagar o seu braço pela minha nuca, descansando sua mão em meu ombro.

Ele deu um leve beijo em minha bochecha, sorrindo logo em seguida.

–Esse lugar era tudo que precisávamos.- Ele murmurou em meu ouvido, fazendo cócegas em meu pescoço, me fazendo rir.

–Não. Você é tudo que eu preciso.- Selei nossos lábios devagar.

***

Daryl’s POV

Queria ficar sozinho. Queria ficar vigiando e não queria que ninguém se incomodasse em fazê-lo.

Já era tarde, talvez uma ou duas da matina. E eu continuava ali, encostado na varanda.

Foi quando Carol apareceu. Isso me fez gelar. Eu queria protegê-la, abraçá-la. Dizer que estava tudo bem.

Mas nem eu mesmo acreditava mais nisso.

Ultimamente o mundo tem ficado mais cruel. Quer dizer, ele sempre foi cruel, desde a existência do homem...

Mas Sophia não precisava ser afetada. O mundo podia tê-la poupado do sofrimento que vivemos.

–Oi...-Ela disse, se aproximando do meu lado.- Posso fazer companhia?

–Não era para você estar dormindo?- Devolvi com outra pergunta.

–Era.- Ela afirmou. Adorava sua confiança.- Mas eu não consegui. É estranho dormir em um lugar como antes.

–Entendo...-Falei, ríspido.

Ficamos em silêncio, até ela me abraçar.

–Obrigada por sempre estar ao meu lado.- Ela murmurou.- Você precisa descansar, vamos revezar.

–Não, mas de jeito nenhum! Carol, eu quero que você fique em segurança com os outros. Se algo der errado, você não pode estar aqui fora.

–Daryl, querido...-Ela pousou sua mão em meu rosto.- Eu não sou mais uma mulher indefesa...Eu sei me defender.

É, eu sabia disso, mas não queria admitir.

–Você está grávida.- Usei essa velha desculpa. Não queria que ela soubesse que eu realmente me importava com sua segurança.

–E... ?

–E o quê? Você tem que descansar.- Falei.

–Eu sou vou se você for conosco.- Ela sorriu.

–Carol, eu não posso...Eu prometi ao Rick e...

–Você acha mesmo que vai acontecer alguma coisa? Olha para esse pessoas, elas não sabem nem como se usa uma pistola. Vamos lá...-Ela insistiu.

–Ah, ok.- Cedi. Aqueles olhos azuis eram inegáveis.

Ela sorriu. Aquele sorriso lindo que só ela tinha.

Carol segurou meu pulso e me arrastou para dentro da casa, não consegui segurar o sorriso. Aquela mulher me deixava louco.

***

Maggie’s POV

Quando todos fomos dormir, fiquei acordada.

O colchão era macio, aconchegante...Mas não era o que eu queria. Até porque eu estava deitada sob o corpo de Glenn.

Eu estava com insônia. Mais uma vez.

Glenn envolvia seus braços fortes sob o meu corpo, me mantendo aquecida e protegida. Apesar de estar calor, eu gostava de ficar perto dele, sentindo seu corpo encostado no meu.

–Glenn?- Murmurei baixinho, virando meu rosto para olhá-lo. Ele estava com os olhos fechados. Eu queria evitar que os outros ouvissem e acordassem.

Silêncio. Ele provavelmente já havia pegado no sono.

Ouvi passos. Fiquei assustada e em silêncio. Embaixo do cobertor Glenn deslizou sua mão até a minha, apertando-a com força, indicando que estava acordado.

Uma gota de suor percorria minha testa. Eu estava com medo.

Mas esse medo passou ligeiro quando eu percebi que era Carol e Daryl, o casal da madrugada que controlava o riso enquanto subia as escadas da casa, tentando não fazer barulho. Só tentando mesmo.

Assim que eles subiram para o andar de cima, Glenn beijou minha cabeça.

–Eles já foram.- Ele afirmou.- O que foi Mags?- Ele havia criado esse apelido carinho pra mim.

–Eu não consigo dormir....-Falei.- Você quer madrugar comigo?- Sorri.

Ele sorriu.

–Você quer dizer transar?- Ele questionou, rindo.

–Não, seu safado! Eles podem ouvir...- Eu me referia a todos os outros com quem dividíamos a sala.

–Tá, então que tal você me conta...Por que você não consegue dormir...- Ele acaricia minha barriga com cuidado.

–Ontem eu tive um pesadelo.- Falei, falando a verdade.- Glenn, eu sonhei que você tinha virado um deles.

Respirei fundo. Sua expressão facial mostrava preocupação.

Me sentei no colchão, e ele fez o mesmo.

Glenn fez carinho em meu rosto, dizendo em seguida:

–Eu estou aqui, com você. Eu sempre vou estar com você, não importa o que aconteça.- Ele me abraçou.

–Eu sei...Mas eu tenho medo de te perder.- Murmurei.

–E eu tenho medo de te perder.- Ele cochichou no meu ouvido.

Sorri.

–Eu queria te fazer uma pergunta...-Ele me olhou sério. Mas assim que eu sorri, Glenn sorriu também.

–O quê?- Perguntei, curiosa.

–Deixa, deixa pra lá...- Ele sacudiu a cabeça negativamente, mudando de ideia.

–Não, sério. Me diz.- Insisti.

Ele hesitou em falar, mas acabou dizendo.

–Você sabe...Tem um lago aqui perto...- Glenn disse, com um sorriso tímido estampado no rosto.

–Sério?- Sorri.- Você está com vontade?

–Olha, pra ser sincero...-Ele riu. Ele estava nervoso.- Nós bem que podíamos inaugurar Alexandria...

–Você está me propondo fazer sexo no lago?- Questionei, fazendo ele olhar para o chão.

–Yeah...Mas não precisamos fazer, quer dizer...Deixa pra lá.- Glenn disse, com um tom decepcionado.- Você está grávida e bem, não será bom pro bebê...

–Glenn...Somos casados agora.- Pressionei meus lábios contra os seus, interrompendo.- Você não precisa ter vergonha em propor sexo.

–Hmmm...Não?- Ele parecia confuso.

–Não.- Sorri para ele. Eu tinha gostado da ideia dele, por mais louca que fosse.- Então... Será que ninguém vai ver?

–Não...-Ele me assegurou.- Ninguém fica acordado a essa hora...Só casais como nós.

–Yeah...

***

Saímos da casa. Os mosquitos tentavam nos picar, e isso me lembrava um pouco dos errantes.

Glenn ia atrás de mim, feliz.

Fomos até o tal lago. Não era tão longe assim e estávamos ansiosos para ir.

Não havia nenhuma casa ao redor do lado, só algumas árvores.

–Então...Você quer entrar?- Ele perguntou.

–Será que não esta muito gelada?

–Só descobriremos de uma forma...- Ele disse.

Tirei minha calça e minha camisa. Glenn ficou me secando, como se nunca tivesse me visto de roupas íntimas.

–Oh Meu Deus, você é tão quente...

Ele removeu rapidamente sua camiseta e sua calça. Ficando apenas de cueca.

Glenn me pegou no colo, de surpresa. E eu já presumia o que ele pretendia fazer.

–Glenn, não ouse...- Falei, rindo. Fazia tempo que não me divertia assim.

Ele foi caminhando devagar em direção à água. Me segurei em seu pescoço.

Depois que a água já estava quase no peito de Glenn, resolvi ficar em pé. Tínhamos apenas alguns centímetros de altura de diferença.

A água cobria meus peitos. Resolvi remover meu sutiã e minha calcinha.

Glenn removeu sua cueca. Desde que saímos da casa ele mantinha esse sorriso lindo estampado em seu rosto.

Ele arremessou nossas peças íntimas na grama.

Sorri e abracei ele, sentindo o calor de seus lábios em meu ombro.

–Eu te amo, Maggie Greene.- Ele cochichou.

–E eu te amo, Glenn Rhee.- Respondi.

***

Glenn’s POV

Voltamos mais ou menos umas quatro ou cinco da manhã.

O sol estava nascendo, e não queríamos que nenhum cidadão nos visse nadando no lago pelados.

When daylight's fading

Quando a luz do dia estiver sumindo

We're gonna play in the dark

Tocaremos no escuro

Til it's golden again

Até ficar dourado de novo

And now it feels so amazing

E agora é uma sensação tão incrível

Can't see it coming, and

Não conseguir enxergá-lo se aproximando, e

We'll never grow old again

Nós não envelheceremos novamente

You'll find us chasing the Sun

Você nos encontrará perseguindo o Sol

Colocamos nossas roupas e voltamos para a casa, no maior silêncio possível.

Maggie se deitou em nosso colchonete, e eu me posicionei ao seu lado.

–Foi bom?- Perguntei, enquanto ela descansava seus olhos.

–Não poderia ter sido melhor.- Ela disse, sorrindo. Parecia com sono agora.

–Agora sabemos o que te dá sono.- Sorri, orgulhoso.

–Yeah...-Ela pegou um maço do meu cabelo e colocou para trás da orelha.

Abracei ela, com força.

Permanecemos abraçados pelo resto da noite...Apesar de já estar amanhecendo.

You'll find us chasing the Sun

Você nos encontrará perseguindo o sol.