Sempre escrita por Alcmena
Notas iniciais do capítulo
Oi gente, resolvi postar uma historinha para comemorar o feriado, espero que gostem.
A personagem principal, Maria, já existia em uma outra fanfic, se vocês gostarem dela eu vejo de tomo coragem e posto essa fic antiga de novo, pq eu excluí ela. Digam-me o que acham depois, tá?
Um beijo da M:3na
- Shiryu! – A voz estridente da mulher foi ouvida por todos os Cinco Picos de Rozan, assustando até mesmo o Mestre Ancião. – Quantas vezes eu já te falei para não deixar suas roupas de treino jogadas! – Maria apareceu na porta da casa, segurando as roupas do pequeno Dragão, acompanhado de Shunrei.
- Desculpe senhora Maria! – pediu, de cabeça baixa.
- Are. – cruzou os braços, e o encarou, como só uma mãe faria com um filho. – Sei que não fez por mal, mas preste atenção, certo? – sorriu, e recebeu um sorriso de volta. – E você, mocinha, pode ir indo direto para o banho! – deu um tapinha na bunda de Shunrei, incitando-a ir para o banho. – Vai, vai. – sorriu, e depois voltou à encarar o Dragão. – O Mestre Ancião o espera. – fez a voz dramática, que tirava Dohko do sério e fazia as crianças rirem.
- Obrigado, senhora Maria! – agradeceu, recebendo um sorriso da jovem, descendente de Brasileiros e Indianos. Talvez fosse por isso que ela era uma criaturinha curiosa, de modos distintos, beleza singular. Com olhos chamativos, azuis, cabelo loiro e cacheado, além de certos poderes (guardados no fundo de sua alma). Dohko dissera que ela fugiu de seu país natal, por ter sido mãe solteira muito cedo, mas a criança não sobreviveu. Desde então ela vinha trabalhando para o Mestre Ancião, e cuidando dos pequenos protegidos deste, mas Shiryu tinha certeza que a mulher sabia de algo mais. Ou que era algo mais para o mestre.
- De nada, fofinho! – sorriu, e retornou para dentro de casa.
As horas foram passando. Maria ajudava Shunrei com os cabelos, que haviam crescido bastante desde o ano anterior, e pensava na vida.
- Maria, você parece meio avoada. – comentou a chinesinha, sentindo a moça passar o pente por seus longos fios escuros.
- Ah, Shunrei... Eu queria voltar à ser criança, igual você. Poder ser inocente de novo. – respondeu, prendendo os cabelos da menina em uma trança. – Se bem que você já é uma mocinha...
- Verdade. – encarou o chão, parecendo em dúvida sobre falar sobre algo.
- O que houve? Sabe que pode me falar qualquer coisa. – sorriu, fazendo a menina se virar, ficando de frente para ela.
- É que eu venho sentindo umas coisas estranhas. – respondeu, insegura.
- Como assim?
- Acontece sempre que o Shiryu encosta em mim. – continuou. – É como se um raio me atingisse, começo à suar frio, e sinto alguns tremores.
- Já vi tudo. – riu, enquanto jogava o corpo na cama, pertencente à Shunrei. – Eu também passo por isso. – explicou. – Esse frio na barriga, tremores... Você sente falta da pessoa, e sente que precisa dela, não é?
- Sim. – abaixou a cabeça.
- Você gosta dele, Shunrei. – explicou a mais velha. – Isso é normal.
- Claro que eu gosto, igual à senhora! – a inocência da menina deixava Maria mais tranquila, já que sabia que Shiryu era tão lerdo quanto uma tartaruga, e não perceberia os sentimentos da menina tão cedo, além de saber que o Dragãozinho não faria nada com a menina sem antes ter a total permissão do mestre, e uma devida cerimônia de casamento. O jovem era muito tradicionalista.
- Acho que não igual à mim, mas fico feliz por saber disso. – riu a loirinha. – Bem, já é tarde, hora da senhorita ir para a cama! – anunciou, levantando-se, para preparar a cama da menininha. – Vamos, pulando! – cobriu a pequena, a mesma jazia deitada no colchão e Maria lhe deu um beijo em sua testa. – Sonhe com os anjos.
Saiu do quarto, seguindo para a cozinha, retirando os pratos onde as duas haviam jantado, começando à arrumar aquela louça.
- Senhora Maria, - Shiryu adentrou ao local, todo molhado. – o mestre deseja lhe falar.
- Certo. – secou as mãos. – Vá tomar um banho, antes que se resfrie, e depois cama! – ordenou. Nos treinos quem mandava era o Mestre Ancião, mas na casa reinava a vontade de Maria, que mais parecia a mãe dos pequenos.
- Sim senhora! – sorriu, e seguiu para o banho, enquanto a loira ia para a cachoeira de Rozan.
Ergueu uma das sobrancelhas quando não encontrou o mestre naquele local, e cruzou os braços, sentando-se na beirada do precipício (de frente para a cachoeira). As pernas estavam cruzadas e os olhos fechados, enquanto os braços davam apoio ao corpo.
- Vamos logo, criatura, ou quer que o Shiryu venha nos procurar? – perguntou, revirando os olhos. – Se é pelo seu segredo, fique calmo, já disse que não vou contar nada.
- Você é muito audaciosa mesmo, menina. – com certeza aquele jeito de falar não era típico do mestre ancião, mas a figura arroxeada não enganava ninguém, principalmente quando surgiu sentado ao lado da moça.
- Até aprece. – riu. – eu sou a parte meiga da relação. – deitou-se no chão observando as estrelas. – Quando é que vai voltar ao normal?
- Quando toda essa guerra acabar. – respondeu, resignado. – você deveria seguir sua vida, Maria. É uma moça tão linda, não tarda em arrumar um marido, uma família!
- Sabe que vou esperar. Não sou mulher que desiste fácil assim, e eu tenho as crianças. – respondeu, de olhos fechados.
- As crianças vão crescer. – retrucou, fazendo a loira abrir os olhos. – Vão seguir seus caminhos.
- Shunrei e Shiryu se gostam. Vão acabar casando, terão filhos, vou cuidar deles como cuidei da Shunrei. – respondeu, e encarou o Mestre Ancião.
- Irão perguntar por que não envelhece.
- E eu vou responder: Só envelheço quando seu Mestre voltar ao normal! – riu. – Você teve o azar de se apaixonar por mim, e eu por você. Agora não tem mais volta.
- Me sinto o pior dos homens por lhe impor este castigo. – o rosto era escondido pelo chapéu de palha, típico de seu país.
- Você me faz rir, Dohko, - ajoelhou-se, para depois se levantar. – se foi para ter a mesma conversa que temos há duzentos e tantos anos, desista! Eu vou ser sempre sua mulher, e não há nada que você possa fazer para me mandar embora, e viver no seu mundinho de sofrimento. – começou o caminho de volta para casa. – Ah, não pense que eu não sei que essa tal guerra vai me trazer sofrimentos, por que eu sei. Passei por isso daquela vez, e vou passar de novo! - correu para perto do pequeno ser, e lhe deu um beijo estalado na bochecha. – mesmo que dessa vez você esteja parecendo uma beterraba enrugada. – o abraçou, depois retornou ao lar, deixando um Dohko corado para trás.
- Essa garota não tem jeito... – revirou os olhos.
Anos depois.
Era possível ver uma jovem lavando roupa no rio, enquanto a outra parecia descansar. Era possível ver que a segunda estava grávida, dado sua bela e redonda barriga, protegida pelo tecido das roupas brancas, enquanto a primeira parecia forte e intocada, esfregando as roupas com vontade.
- Eu estou cansada demais para o meu gosto. – Shunrei já não aguentava mais deixar todo o trabalho para Maria, que lhe impedia de trabalhar.
- Are, Shunrei! – a loira colocou a mão na cintura. – Que tipo de mãe eu seria se lhe deixasse trabalhar com esse bucho de grávida? – perguntou, revirando os olhos. – E mais, que vó eu seria se colocasse em risco a vida do meu netinho?
- Com certeza é a vó mais bem conservada que existe. – riu Shiryu, ao chegar no local onde as duas estavam.
- Já disse, vou cuidar dessa família para o resto da minha existência. – garantiu, com o olhar de tigresa que possuía. – Seu mestre me deixou o meu melhor karma!
- Sente falta dele? – perguntou Shunrei.
- Nenhuma! – brincou. Mas é claro que sentia, como não sentir falta de alguém que lhe acompanhou por toda sua vida, e que lhe fizera tão feliz? Eles tiveram filhos juntos, e seus filhos tiveram mais filhos, e no fim Shunrei era descendente direta dos dois, o que só fazia Maria mais feliz. Quando Shiryu chegou, ela sentiu, desde o princípio, que aqueles dois eram feitos um para o outro. – Mas acho que ele bem que poderia driblar Hades e vir nos dar um “oi”. – aproximou-se dos mais novos, com as roupas lavadas, dispostas em uma cesta, tocou a barriga de Shunrei. – Que criança mais espoleta! Dando chutes na vovó! – sorriu, fazendo o casal também sorrir.
- É melhor eu levar a Shunrei para casa. – sugeriu Shiryu. – Ela não comeu nada ainda.
- Ainda bem que se lembrou! – riu Maria. – Leve-a, e a faça comer!
Shiryu levou a esposa para casa, enquanto a loira estendia as roupas em um improvisado varal, que já lhe era tão conhecido. Lembrou-se que fora de baixo dos lençóis estendidos que ambos se amaram, e lá conceberam o primeiro filho.
Passou a mão pelos jogos de cama coloridos estendidos no varal, lembrando-se do homem que lhe ocupava os sonhos, e sentiu a dor que tanto tentava afastar. As lágrimas caíram se permissão, e Maria não impediu-as.
- Sabe, chorar dá rugas. – aquela era a voz de Dohko, ou seria sua mente lhe pregando uma peça?
- Ora, nem na morte você me deixa em paz? – revidou, de olhos fechados. – O que é? Mandou seu espírito para me punir? Oh, deve ter se lembrado da nossa aposta, quem morrer primeiro manda a alma para proteger o companheiro, e garantir que não vai sair por ai casando com qualquer um!
- Acho que vim conferir por mim mesmo. – as mãos quentes em sua cintura a fizeram estremecer.
- O que...? – abriu o olho esquerdo, ainda com medo de ser uma alucinação.
- Você é só minha, Maria, nada, nem ninguém, vai te tirar de mim. – aquele era seu libriano, forte, bonito, sagaz, amoroso, e brincalhão, que lhe fazia sorrir. Seu marido de volta, em seus braços.
- Ninguém nunca vai conseguir isso! – o abraçou, como se a vida dependesse disso. – Eu te amo! Amo tanto... – chorou, emocionada, fazendo com que Dohko derramasse algumas poucas lágrimas, que foram muitas para ela.
- Nuca mais vão me tirar de você! – garantiu, ao afastá-la, e depois tomar-lhe os lábios!
- Concordo!
E assim, como na primeira vez, os dois se amaram, loucamente, sem se importar com o mundo ao redor, ou com o que aconteceria depois daquilo. Pois no fim, eles estavam juntos.
Fim
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Bjs da M:3na