Quarto de Kurt

Kurt já havia tomado banho e estava apenas de cueca boxer branca olhando-se no espelho que tinha na porta de seu guarda-roupa.

—Eu ainda não sei o que vestir — Kurt retrucou.

—Kurt...depois de ver você com o coração ferido lá no Starbucks...você não gostaria de vestir roupas de baixo femininas? — Danielle sugeriu.

— Eu não sei...isso pode trazer a tona aquele momento tão distante que...— Kurt respirou fundo por um momento ─ eu não gosto de lembrar?

— Está tudo bem, Kurt. Você está comigo — Danielle o lembrou.

Kurt olhou para sua imagem refletida no espelho e depois de algum tempo se olhando, resolveu tentar o que Danielle havia sugerido.

— Está bem. Eu...vou tentar — Kurt falou um pouco inseguro.

Danielle apontou o dedo para Kurt e um raio dourado espiralado o envolveu, vestindo-o com um sutiã preto de renda bem sexy e uma calcinha preta no mesmo estilo. Eram da Persephone Secret.

Kurt se viu no espelho com aquelas peças de roupas íntimas femininas. Ele passou a mão sobre o peito vestido com aquele sutiã, depois desceu a mão até a calcinha volumosa portando o seu órgão masculino e a tocou.

— O que você acha, querido? — Danielle ficou curiosa.

— Eu acho...—Kurt fitou sua imagem no espelho— Eu gostei. Mas, teria como "disfarçar" a minha aparência masculina?

— Claro, querido — Danielle respondeu.

Danielle apontou ou dedo e o raio dourado e espiralado vestiu Kurt com uma camiseta branca, uma jaqueta vermelha de couro, uma calça jeans, e sapatos pretos.

— Assim está bom? — Danielle quis saber.

— Está ótimo.

— Que bom que gostou. Só um extra — Danielle começou a pensar em algo que faltava em Kurt e que achava que ficava legal.

Danielle apontou o indicador para Kurt e logo se viu usando maquiagem no espelho. Ele estava usando um delineador preto nos olhos, e um batom rosa fosco nos lábios.

— Nossa! Agora eu pareço os caras do Poison! — Kurt exclamou — Mas, eu gostei.

— Então vamos encontrar o príncipe encantado — Danielle retrucou.

— Está certo.

[...]

Danielle e Kurt estavam andando pela rua.

— Então, onde vamos? — Kurt quis saber.

— Procurar algum bar. É um bom lugar para conhecer pessoas.

— Está bem.

Danielle e Kyndel começam a procurar um bar e acham um na outra calçada.

— Aquele ali deve servir — Danielle apontou.

— Um PUB irlandês? — Kurt exclamou — Mas, não é só pra adultos?

— Você está sob minha asa — Danielle o lembrou.

PUB Silk Moon

21:30

Danielle e Kurt entraram no estabelecimento e foram até o balcão do bar, onde foram atendidos por uma garota mais ou menos da idade de Kurt, com longos cabelos castanhos, olhos verdes, vestindo uma jaqueta preta de couro, uma camiseta cinza, uma calça preta, e botas de cano curto da mesma cor.

— Olá, garotas! — a atendente falou solícita.

— Olá! — Danielle cumprimentou.

— Oh! Eu não sou uma garota. Eu toco no Poison — Kurt falou tentando disfarçar.

— Uau! Glam Rock! Mas, nós não estamos nos anos 70 — a atendente contestou — E Woodstock já era.

— Eu sei — Kurt respondeu.

— Então pra quê a maquiagem? — a atendente inquiriu.

— Eu trabalho como Drag durante a noite — Kurt explicou.

— Tudo bem. Então, o que vão querer beber? — a atendente quis saber.

— Gin e tônica para mim — Danielle pediu.

— E você?

—Água — diz Danielle olhando para Kurt.

—Sim, senhora.

—Eu bebo água, e você bebe um drinque qualquer? — Kurt questionou.

—Você ainda é jovem para beber bebida de adulto — Danielle retrucou.

— Está certo — Kurt resolveu aceitar o argumento de Danielle, mesmo inconformado.

A atendente entrega a água de Kurt e ele a bebe.

— Obrigado — Kurt agradeceu.

— Disponha. O seu drinque já está saindo.

— Obrigada — Danielle agradeceu.

A atendente virou as costas para preparar o drinque de Danielle e ela e Kurt começaram a conversar entre si.

— O que está achando do lugar, Kurt? — Danielle quis saber.

— O lugar parece legal. Um pouco escura a iluminação, mas é aconchegante — Kurt deu seu parecer.

— Eu gosto de lugares assim — Danielle disse olhando ao redor.

[...]

A atendente então voltou com a bebida de Danielle em uma taça de Martini.

— Aqui está.

— Obrigada, querida — Danielle agradeceu com um sorriso.

— Ele é seu filho? — A atendente perguntou.

— Sim. Ele perdeu os pais em um acidente de avião que caiu no triângulo das bermudas. Depois perdeu uma tia que veio a falecer e ele era muito chegado nela — Danielle esclareceu.

— Entendo. Sinto muito por ele.

— Está tudo bem. A propósito, ele está solteiro e  procurando por uma namorada — Danielle comentou.

— Interessante — Aquele papo deixou a atendente curiosa.

— Então, qual é o seu nome? — Danielle quis saber.

— Alexis Devon — Ela respondeu.

Ao ver que aquela conversa estava ficando estranha e chata, Kurt chamou Danielle para conversar no canto.

— Posso conversar um minuto com você? — Kurt a chamou.

— Claro, querido — Danielle exclamou.

Kurt e Danielle foram para a entrada do bar e conversaram.

— Está certo. Isso está ficando ridículo — Kurt exclamou em tom baixo.

— Tem razão. São quase 22:00, eu presumo. Está na hora de você mudar o visual — Danielle atestou.

Danielle fez surgir um Cupcake de "Efeito Cinderela" e o entregou para Kurt.

Kurt pegou o Cupcake da mão de Danielle e deu uma mordida. Logo, ele se transformou em Kyndel. As roupas se ajustaram magicamente ao corpo de Kyndel e ela voltou para o bar com Danielle.

Danielle e Kyndel se sentaram no balcão e Alexis que estava lavando e limpando um copo, estranhou a garota ao lado de Danielle.

Alexis largou o que estava fazendo e foi até as garotas.

— Então, você tem uma filha também? — Alexis quis saber.

— Sim, o nome dela é Kyndel. Kurt, o garoto que estava aqui teve que dar uma saída, sabe?

— Entendo — Alexis compreendeu.

Danielle bebeu o seu drinque.

Nisso, alguns homens que estavam no bar voltaram suas atenções para Danielle e Kyndel e se levantaram de onde estavam. Alguns vestiam roupas que nem caminhoneiro, com camisas xadrez, regata branca bem surrada e suja, calça jeans e botas tipo coturno toda desgastadas e fediam como porcos. Outros vestiam jaquetas de couro, camisas de gola v, calças jeans e sapatos sociais.

Os homens se aproximam de Danielle e Kyndel.

—Então, as garotas estão procurando companhia para essa noite — disse um dos homens que estava bastante embriagado e com uma garrafa de cerveja na mão. Ele olhava para Kyndel e começava a tocar o braço direito dela.

Kyndel começa a ficar nervosa com a presença daquele homem nojento e dos outros homens no bando.

—Tire as suas mãos imundas de mim. Eu estou avisando — Kyndel berrou.

—Os rapazes só querem se divertir um pouco, Kyndel. O meu marido era assim — Danielle retrucou.

—Danielle, vamos embora daqui — Kyndel sugeriu.

—Vamos, garotas. Vai ser muito divertido — Continuou o homem com a garrafa de cerveja na mão.

—Sai daqui, agora, todos vocês —Kyndel estava ficando com raiva daqueles homens — Procurar um príncipe encantado no bar foi uma ideia brilhante, só que não.

Os homens continuavam a dar em cima de Kyndel e Danielle, até que Alexis resolveu ajudá-las.

—A garota disse não, seus porcos imundos. Vocês já beberam demais. Deixem ela em paz! — Alexis exclamou.

—E o que você pretende fazer? —Indagou outro dos homens.

— Bem, vejamos, eu também sou dona desse bar, então eu mando nesse recinto e eu quero vocês fora daqui agora — Alexis pegou uma garrafa de vodca vazia, quebrou o fundo da garrafa e a apontou como se fosse uma faca — Agora, fiquem longe delas.

Danielle que estava sendo paparicada pelos outros homens e não estava nem ai, olhou para Alexis e ficou bastante surpresa com a coragem da garota.

—Hmm....interessante. Eu acho que nós achamos o seu príncipe encantado.

—Uma garota? Eu quero um rapaz, não um homem que nem esses ai, e não gosto de garotas.

—Nós podemos dar um jeito nisso — Danielle devolveu.

Danielle então aponta o dedo indicador para o alto e faz um raio rosa cair nas cabeças de cada um dos homens, deixando-os apaixonados por eles mesmos. Alexis já estava nervosa e ao olhar para aqueles homens que estavam se tocando, beijando e conversando, ela fica bastante surpresa.

—Ok. O que está acontecendo? — Alexis ficou confusa

Danielle se levantou da cadeira, fechou os olhos e ao abri-los, sua roupa estava mudada, ela agora vestia uma toga branca e seu cabelo estava preso por uma fita de cetim. O cenário tinha ficado todo escuro com apenas Alexis, Kyndel e Afrodite nele.

—Eu sou Afrodite, deusa do Amor e da beleza.

—Mas que...? Uma deusa grega no meu bar? Você deve estar de brincadeira comigo. Não, isso deve ser um sonho — Alexis contestou.

— Não, não é um sonho, minha criança — Afrodite atestou.

— Isso é loucura. Por favor, alguém me acorda desse sonho maluco?

—Se acalme, Alexis Devon.

—Como você sabe o meu nome?

—Você me disse, quando eu te pedi um drinque — Afrodite lembrou — Desculpa por não me apresentar naquela hora. Meu nome na verdade é Danielle Peters.

—Ok, se provocar confusão no meu bar eu te mato.

Afrodite riu

—Como se uma mortal pudesse ferir um ser divino como eu — Afrodite falou bem cínica.

—Ela é uma cachorra divina...não tem como competir com isso — Kyndel provocou.

—Kyndel, eu estou divinamente ofendida com essas tuas palavras.

—Desculpa, querida. Mas, quem foi mesmo que teve a idéia de encontrar um príncipe encantado no bar?

—Mas, não é isso que vocês fazem nos tempos modernos de hoje em dia?

—Bem, deixe-me pensar, nós humanos temos Baladas...

—E tecnicamente bares são para os adultos —Alexis intervém.

—Isso. Obrigada.

—De nada, eu acho. Aliás, quem é você?

Kyndel olhou fixamente para Alexis e se apresentou.

—Oi, eu sou Kyndel.

—Mas o nome real dela é Kurt Blake. Ela é Kyndel até a meia-noite, depois disso ela volta a ser um garoto —Afrodite interveio.

—Então você na verdade é um cara? Que vira uma mina?

—Basicamente sim, e ela precisa de um par e você parece perfeita para se tornar o "príncipe encantado" dela.

—Eu estou confusa com isso tudo. "Príncipe encantado"? "Afrodite, deusa do amor e da beleza"? Eu? Por que eu?

—Eu tenho um café, e eu ajudo as almas sofredoras a encontrar o Amor, dando a elas uma chance de encontrar um par, realizar seus desejos profundos...

—Hmm...continue — Alexis ficou interessada.

—Deixe-me contar sobre quem a Kyndel realmente é. Um dia, um rapaz foi até o meu café e ele parecia entristecido. Eu fui ouvi-lo, e ele me disse que se sentia solitário, que não tinha alguém para fazer companhia a ele. Ele disse que ele queria se transformar em uma garota, pois talvez dessa forma, as pessoas olhariam para ele. Enfim, eu resolvi dar essa chance à ele oferecendo um cupcake que mudaria a vida dele, e o transformaria em uma garota, porém, o efeito só dura até a meia- noite.

—E tem um meio de permanecer nessa forma?— Alexis quis saber.

—Sim, derrotando Cronos, o senhor do tempo, então o "Efeito Cinderela" deixaria de ser temporário e se tornaria permanente — Afrodite explanou.

—Então, é só derrotarmos esse Cronos ai para a transformação virar permanente? — Alexis supôs.

—Exato.

—Hmm...eu acho que gostaria de experimentar esse "Efeito Cinderela"...

Afrodite materializa um cupcake, porém, esse era de chocolate, com uma cobertura azul e confeitos rosa e o ofereci a Alexis.

—Esse é o cupcake "Midnite Blue", o efeito só dura 1 dia. Esse cupcake tem um efeito diferente. Eu acho que vou chamá-lo de "Efeito Príncipe Encantado", você será homem apenas por um dia. E você só tem essa noite, amanhã você será Alexis Devon.

Alexis pegou o cupcake da mão de Afrodite. Ela deu uma mordida e começou a digerir o doce. Logo, sentiu seu estômago ficar embrulhado. Ela acabou largando o resto do cupcake no chão e desmaiou.

—Alexis! — Kyndel exclamou.