Provavelmente em todos os seus anos de existência, o bunker dos Homens das Letras nunca deve ter tido aquele tipo de comemoração. Ainda mais com as espécies ali presente: anjos, caçadores, xerifes, profeta e como Charlie gosta de frisar, uma hacker lindamente ruiva. Vai entender...
Ali faltava algumas pessoas, mas Dean já sabia o porquê delas não estarem ali, junto com eles. Porém, ele estava contente pelos que estavam. O caçador nunca imaginaria que eles voltariam, ainda mais que quem os trouxe de volta, foi o mesmo arcanjo que Dean disse não, não e não várias vezes durante o apocalipse. O mundo realmente dava voltas.
Relanceando o olhar pelo ambiente, Dean percebe uma pessoa afastada dos demais, encolta em pensamentos. Em uma batalha interna se ele ia ou não falar com ela, ele decide ir.
– Não está gostando da festa, Claire?
A garota apenas o olha, não mais com aquele olhar de ódio, apenas o olha normalmente.
– Estou sim. Mas seria mais completa se meu pa... o Castiel estivesse aqui. Sinto falta dele desde o caso com o grigori.
– Eu sei. - Dean responde, não passando despercebido que Claire quase chamou Cas de pai. - Eu também sinto falta daquele nerd de sobretudo. Mas Claire, o que passou, passou. Infelizmente ninguém pode trazê-lo de volta. Miguel me disse que a existência dele foi apagada por completo. E Miguel não conseguiu falar com o seu Pai para trazê-lo de volta. E ao que parece, antes de Josué entrar em contato com Ele, para trazer o resto do pessoal, eles apareceram milagrosamente na frente deles, com os outros anjos que foram mortos. Creio que há alguma coisa maior por trás da morte de Castiel, sinto que Abbadon está planejando algo de muito ruim.
– Também tenho esse sentimento, Dean. E eu quero pegar o safado que fez isso com ele. Ele era a coisa que mais se aproximava de uma família pra mim e agora, ele se foi e eu nem sequer falei um simples obrigado. Só lhe fiz acusações e mais acusações. Eu eu o perdi. Perdi minha família...
– Não, Claire. - dessa vez foi ouvida a voz de Sam, que tinha se aproximado dos dois. - Você não perdeu sua família. Nós estamos aqui. Prometemos que sempre íamos cuidar uns dos outros e realmente ele cuidou de você. Várias vezes ele foi até Sioux Falls te ver e checar se tudo estava bem com você e com a Jodie. Ele sempre zelou por você...
– Por nós. - aparteia Dean, pondo um braço ao redor de Claire - Vamos aproveitar um pouco. Ele gostaria disso.
Limpando as lágrimas que tinha se formado em seus olhos, Claire acompanha os dois de volta à multidão.
No meio deles, ainda existia alguém que se sentia deslocado, mas que estava mais leve ao receber o perdão do seu irmão. E como o bom soldado que era, Gadreel se aproxima de Miguel para ter uma conversa que o arcanjo, sinceramente não queria pensar ainda, mas era preciso.
– Irmão?
– Oh... Sim, Gadreel - Miguel vira o rosto até seu irmão, sendo tirado de seus pensamentos.
– O que faremos agora? A morte de Castiel foi muito bárbara, brutal. Eu só vi isso acontecer uma vez em todos os nossos milênios de vida e na época, quase todos os nossos irmãos caíram em fúria para cima daquele demônio, como se fosse a décima primeira praga do Egito.
– Eu me lembro, Gadreel. E fui contra. Mas nossos irmãos ficaram furiosos e em sua ânsia de vingança, eles não mediram esforços para encontrá-lo. Você não estava lá, mas a devastação que aconteceu, foi terrível. O local que ele estava, que antes era belo, verde e cheio de vida, se tornou um deserto árido, morto. Quero que dessa vez seja diferente.
– Você não vai se vingar do assassino do nosso irmão? - pergunta um incrédulo Gadreel.
– Assassinos, irmão. Tem uma bruxa que compactuou e continua compactuando com isso. Mas já é hora de agirmos com discernimento. Estou bradando em fúria, pois Castiel era bom, gentil e valente, e ficava horas comigo e o Gabriel querendo aprender a ser um bom anjo. Eu e Gabriel praticamente o criamos até ele estar pronto. Ele era o nosso caçula, Gadreel. E eu acho que agir às cegas não é o certo a se fazer. Vamos atrás de Belial/Abbadon sim, mas não por vingança. E sim por justiça. O capturaremos e levaremos ao tribunal celestial para ele/ela receber a punição mais severa que existir.
Estavam nesse ponto da conversa, quando Dean se aproxima de Miguel. Ele ouviu boa parte da conversa entre os dois e concordava com Miguel.
– Eu também concordo com Miguel, Gadreel. Vingança só nos cega e nos faz fazer as coisas erradas e seguir pelo caminho que o inimigo quer que vamos. Eu estou em uma fúria tão grande, que a minha vontade era descer lá embaixo e arrancar o pulmão de Abbadon.
Ao ouvir a frase favorita de Dean, Miguel não se conteve e solta uma risada. Uma risada maravilhosa, que traz uma sensação sincera de tranquilidade e segurança, que foi sentida por todos. Toda a tensão e tristeza que pudessem existir ali naquele local, simplesmente foi obliterada pela voz maravilhosa do arcanjo. Quem quebrou o silêncio, como sempre foi o irmãozinho implicante dele:
– Gente... Para tudo! Fazia vários séculos que eu não ouvia a risada de Miguel e isso aconteceu hoje! O mundo tem esperança! - caçoa Gabriel.
– Ah, Gabriel. Para com isso... - diz um extremamente corado Miguel, o que faz o verde de seus olhos se realçarem e brilharem... - Eu só tive vontade de rir...
Dean teve dó de Miguel e sorrindo, salva a situação:
– Ok, gente! Vamos então nos recolher, que amanhã o bicho pega!
Ao ver todos concordarem, Miguel toca o ombro de Dean em um sincero pedido de agradecimento.
– Não tem problema... irmão. - e curiosamente, Dean gostou de pronunciar essa palavra a ele - Mas você ficou bonitinho todo vermelho de vergonha...
Dean solta essa pérola, deixando um Miguel ainda mais vermelho de vergonha, se é que isso é possível.
Como ele e os outros anjos não dormiam, eles apenas fariam a segurança de todos ali, pos eram da família. E relembrando as palavras de Dean sobre ele ficar embaraçado, ele solta um suspiro a apenas murmura:
– Irmãos...