The Blackest Day escrita por Rafael Di Angelo


Capítulo 2
T.W.O


Notas iniciais do capítulo

Mesmo não tendo tido uma pancada de comentários, ainda assim resolvi escrever o segundo capítulo. Espero que quem esteja lendo agora, aproveite.



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“Pare de teimosia!” Scott o repreendeu, franzindo o cenho para o garoto com uma terrível postura sentado à cama da enfermaria. “Você sabe que não sou assim, não sabe? Tentei conversar com ele, mas ele distorceu minhas palavras,” os próprios lábios trêmulos do moreno brilhava em um tom vivído de vermelho; Isaac aparentemente não fora o único abençoado pelos pulsos consagrados de Michael.

Isaac se contorceu na cama, um tanto quanto desconfortável com a situação. “Você não deveria tê-lo feito,” murmurou baixinho, negando contato visual. “Ter contado o que aconteceu àquele otário. Você é o autor dessa mancha roxa embaixo do meu olho, mesmo que não tenha sido você quem me socou.”

O moreno toentou aproximar-se, mas Isaac recuou. “Por favor,” pediu pela última vez antes de sair do quarto.

Não, Scott,” enfim, o louro ronronou.

O silêncio ensurdecedor encheu a sala de jantar. Isaac trocou olhares com o pai, mas nada além disso; até que o pai decidiu questionar o ocorrido, da maneira mais insensata que há.

“O quê? Achou que iria esconder de mim?” seu pai mastigava com ganância. “Eu sou seu pai.”

Isaac ignorou o som de seu coração tamborilando na ponta de seus dedos, e o sangue que subiu-lhe a cabeça não o impediu de retrucar.

“E daí? Você sempre soube? Não fala besteira!”

A boca de seu pai caracterizou um perfeito O antes que a ficha caísse.

“Como é que é?” ele tentou maneirar o tom de voz, mas um guincho ergueu-se raspando pela garganta ao se levantar da cadeira e bater com as palmas da mão sobre a mesa. Isaac retrocedeu, fixando em suas juntas pálidas pela pressão que ele criava sobre a tábua da mesa. “Eu lhe dou de tudo, seu bastardo inútil, e ainda assim você tem a audácia!” Isaac não soube ao certo o que aconteceu, mas o som de vidro estraçalhando contra a parede foi tão audível que ele recuperou de imediato seus sensos. “Vá para o seu quarto, Isaac.”

Fez o que lhe foi mandado, sem pestanejar ou retrucar. O som dos cacos de vidro esmagando na sola de seu sapato quebrou o seu coração, e a dor que tinha se ido à tanto tempo em seu rosto, retornou com a mera consciência de que seu pai não estava bem com nada daquilo; tampouco ele estava do seu lado.

— Como assim, Isaac? — Erica indagou com um tom de indignação na voz abafada sobre o outro lado da linha. — Me conta tudo!

Assim que Isaac entrou em seu quarto, assim que algumas lágrimas rolaram pelo seu rosto, assim que ele recolocou os cacos de seu coração em lugar, assim que ele deixou-se absorver o que havia ocorrido; ele ligou para Erica. Ela sempre fora uma boa ouvinte, de qualquer forma. Se não ela, quem?

— Isso mesmo, amiga — ele rolou sobre a cama, deitando com o estômago pra baixo. — Meu pai me odeia. Depois que ele foi me buscar na escola, ele não disse absolutamente nada. Nem ao menos me questionou no carro. O único som fora de seus suspiros de desapontamento. De qualquer forma, ele estava apenas guardando tudo para explodir na mesa.

Ouviu-se um suspiro de choque vindo da outra linha, e tomou-se uns meros segundos antes de Erica responder com a voz falhando.

— E Scott? Ele foi lhe falou alguma coisa?

Isaac bufou antes de responder.

— Tentou se desculpar dizendo que ele tentou conversar com Michael, mas ele distorceu suas palavras e blah, blah, blah... De qualquer modo, não acredito nas suas mentiras esfarrapadas. Que se foda! Se ele quiser ser um fantoche no teatro de Michael, que seja! E agora que meu pai sabe o que aconteceu de verdade, já que a diretora me arrancou algumas verdades, eu não tenho o que esconder.

Isaac e Erica passaram duas horas conversando antes de ela desligar por causa dos gritos agudos de sua mãe a mandando desligar a porcaria do celular e ir dormir. Depois de um banho refrescante que clareou a alma de Isaac, ele decidiu descer as escadas para arrancar algumas guloseimas da geladeira e correr de volta para o quarto, sem ser notado pelos olhos de águia de seu pai. Infelizmente, isso não aconteceu.

Ao descer os últimos degraus da escada e ir até a cozinha, o rapaz deparou-se com o pai catando os vidros do chão. Seu peito apertou-se antes de prosseguir.

“Deixa que eu...”

Não!” seu pai bradou, o fazendo recuar. “Não, Isaac. Não preciso de sua ajuda, está bem?”

“Está bem,” ele entortou a boca, segurando as lágrimas. “Pai. Algo mudou? Entre nós, quero dizer. Agora que você sabe...”

“Isaac, não estou ligando para o que você faz entre quatro paredes, tampouco sobre o que você faz em público. Estou simplesmente puto com o fato de você ter entrado em uma briga, só isso.”

“Então você não... não fez aquilo por causa... você sabe.”

“Não. Claro que não,” Isaac sorriu, mordendo os lábios com uma animação contida. Uma que logo decaiu ao ouvir as palavras do pai. “Isso não lhe faz imune ao velho e bom castigo. E ah, espero que você não esteja fazendo absolutamente nada sobre quatro paredes ainda.”

Michael trocou alguns olhares de intimidação com Isaac no corredor, agora que Isaac fora tecnicamente puxado para fora do armário. Mas é claro que nenhum de seus olhares intimidadores o fizeram deixar de sorrir com sua amiga, Erica.

A mancha roxa embaixo de seu olho cicatrizou perfeitamente, e seu rosto voltou ao puro tom de pálido que sempre fora. Scott não anda mais com Michael, e talvez haja uma pequena chance de redenção vindo de Isaac.

Em certa manhã, ao som da chuva intensa, Scott sentou-se na mesa de Isaac e Erica na cantina. Houve-se um silêncio arrebatador antes de que a loura voasse para longe dos dois, o deixando em paz.

“Me desculpa?”

“Não sei do que você está falando,” Isaac mordeu os lábios, brincando com a comida.

“Me desculpa por ter sido um idiota. Você sabe muito bem do que eu estou falando.”

“Sobre você ser um idiota? Sei, sim. E concordo plenamente,” Scott riu.

“Não quero jogar esses joguinhos de casais chatos,” o moreno rastejou o braço pela mesa até chegar ao outro lado, onde puxo a mão de Isaac até entrelaçar os dedos do louro nos dele. “Quero ser um namorado mais legal do que isso.”

“A gente está namorado? Essa é nova. Quando foi que isso aconteceu?” Isaac engoliu em seco, procurando os olhos do moreno, sentindo um calafrio percorrer por seu corpo ao sentir os lábios trêmulos de Scott chocar-se contra os seus.

“Agora.”


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