O Rei escrita por Srta Snow, Tahy S Snow


Capítulo 1
O encontro


Notas iniciais do capítulo

A sinopse mais longa da trama:

Sempre deve-se ter cuidado com o que se deseja, pois sonhos podem tornar-se realidade, e nem sempre a realidade é boa.

O único desejo que Thorsten Mathew Rusten possuía em sua vida era de tornar-se o rei da Noruega. Uma posição que lhe pertencia por direito, se não tivesse sido roubada anos atrás por um parente ganancioso. Para ele sentimentos eram inexistentes e desnecessários, e a única coisa que lhe importava era a coroa. Uma coroa que lhe traria tudo o que mais desejava. Uma posição a altura de sua familia, importância no país, respeito e súditos que reconheceriam a sua grandeza. O ressentimento preenche sua vida. Sua sede de vingança é tamanha que está disposto a tudo para ter o trono sem importa-se com as consequências até ser agraciado pelo destino. Um destino irônico que lhe obriga a casar-se com uma mulher, que o detesta, apenas para ser o rei, mas isso não o impediria de seguir o seu objetivo. Ele faria de tudo para que ela aceitasse casar-se com ele.

Aos 24 anos, Mikaela Volden não conseguia ser ela mesma. Tentava viver atrás da imagem da princesa perfeita e solitária, como os seus pais desejavam mesmo que seu próprio corpo a denunciasse, mas ela ansiava liberdade e um mundo idealista onde ninguém poderia reinar. Um mundo aonde todos seriam livres da tirania dos reis e nobres. Amargurada pelo passado não consegue entender a fixação de Thorsten Rusten pelo trono, mas aceita ser a sua esposa com três condições: Que ele nunca se apaixone por ela, que nunca a toque e que ao termino de um ano ela possa desaparecer.

Ele teria a sua coroa e ela a sua liberdade, mas a que preço?




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O som do vento forte na vidraça não trazia uma sensação agradável ao homem sentado em frente à velha lareira. A sala da sua casa antiga encontrava-se na penumbra com apenas a luz da lua iluminando o interior. O semblante taciturno do homem poderia deixar qualquer pessoa apreensiva apenas em olhá-lo. Sua postura completamente defensiva, lábios pressionados um sob o outro, o corpo coberto por uma pesada manta, e, em seus olhos, um brilho perturbador. O silêncio assombroso parecia aumentar o ardor de crueldade que surgia em sua alma. Seus pensamentos dirigiam-se apenas para o passado com o intuito de aumentar a sua raiva.

Raiva por ter tanto sofrimento em sua vida devido a parentes gananciosos. Ele estava disposto a acabar com todos para conseguir a coroa.

―Senhor? - Uma voz calma e masculina trouxe o homem de volta a realidade. O homem com olhar sombrio virou-se o suficiente para ver a silhueta masculina. - Preciso que confirme se está tudo bem para a viagem de retorno.

O taciturno homem nada disse antes de se virar ainda protegido pela manta. Ele possuía ombros largos, cabelos negros e olhos claros. Seu rosto mantinha uma expressão séria.

―Acha que vou recuar agora? - Gritou raivoso - demorei anos para chegar onde estou.

―E a que custo? - O homem indagou mantendo sua voz calma - Se transformou nisso que é agora, Thorsten.

O taciturno gargalhou diante do que seu empregado falara. Ele sabia que havia feito um pacto com um demônio, praticamente, para conseguir o que queria, mas ele não via problema algum. Afinal todos possuem sonhos e o dele era um pouco mais difícil que dos outros.

―Não diga asneiras, Grant - Thorsten disse com seriedade ao controlar a sua voz. Apesar de sentir raiva pelo que Grant dissera tinha respeito por ele. Respeito pela única pessoa que permaneceu ao seu lado após tudo desabar - Sabe tão bem quanto eu que tudo isso é necessário.

―E o que pretende fazer ao retornar para a Noruega?

―Conseguir o que era meu por direito. Farei o possível para que todos saibam a verdade da realeza.

Grant nada disse antes de suspirar. Para ele, o que Thorsten fazia era um erro do qual se arrependeria em algum momento.

―O dinheiro já está certo? - Thorsten indagou ao manter a sua atenção em um ponto da parede. Assim que Grant confirmou, suspirou. Havia sofrido mais do que gostaria para ter aquele dinheiro. - Continue com as preparações - disse ao virar-se com o único intuito de ignorar o homem atrás de si. Precisava focar todos seus pensamentos para o que viria a seguir. A sua vingança contra a realeza.

***

O clima na Suécia mantinha-se ameno para os habitantes da região. Em frente a um castelo em uma cidade afastada da capital Estocolmo, Thorsten mantinha um sorriso frio na face ao ser encarado por um dos seguranças. Ele esperava estar demonstrando calma quando em seu interior uma reviravolta começava. Aquela seria a sua única chance de conseguir a coroa, e não poderia fazer nada de errado. A família Volden ainda era à próxima na lista de sucessão da coroa da Noruega.

―Pode entrar - um dos seguranças avisou ao olhá-lo com um misto de frieza e repugnância. Todos eram assim com ele. E sempre seriam. Thorsten passou pelo portão de metal, e ao ir em direção a entrada do castelo, sentiu-se aliviado.

Se ela aceitou me receber, é uma boa noticia. Pensou, ao olhar para porta e vislumbrar uma empregada lhe esperando.

―Senhor Rusten - A empregada o saudou sem demonstrar emoção - A princesa lhe espera, me acompanhe, por favor. - O homem apenas a seguiu sem nada a dizer. Havia aprendido desde cedo como aqueles encontros aconteciam, e mesmo assim não conseguia entender o motivo dela aceitar lhe receber.

Ele havia atirado no escuro e agora tinha uma chance. Seus passos ecoavam pelo extenso corredor mobilhado de forma extravagante e chamativa. Inúmeros quadros enfeitavam as paredes, esculturas faziam uma combinação com o caro piso. Tudo ostentava o poder deles. A sua posição social. A empregada continuou a andar por mais alguns segundos ate parar em frente a uma porta dupla, fez uma leve reverencia para o homem antes de afastar-se. O homem olhou para a porta e antes que seus pensamentos o traíssem, decidiu seguir em frente. Abriu a porta deparando-se com uma grande sala. Moveis enfeitavam o cômodo assim como um lindo piano.

O homem permaneceu encantado com a riqueza a sua volta. O ambiente em que crescera havia lhe ensinado que apenas o dinheiro era necessário para ser feliz.

Ele vagou pela sala apreciando cada objeto de arte ate escutar passos próximos a si. Virou-se, perplexo com o que via.

―Thorsten Rusten - A voz feminina lhe saudou com ironia. Ele conhecia muito bem aquele tom - Sou a princesa Mikaela Volden - se anunciou sem aparentar o orgulho nobre tão característico de sua família.

Thorsten não conseguiu dizer nada ao encará-la. A princesa era diferente de tudo que imaginara. A solitária e perfeita princesa, era assim que chamavam Mikaela, não era vista a anos. E ele não conseguiu esconder a surpresa, pois a mulher a sua frente era muito diferente da mulher de anos atrás. Mikaela encontrava-se acima do peso, cabelos castanhos beirando ao loiro, olhos chamativos e um olhar insolente. A mulher que ele desejava encontrar era a representação de todas as princesas existentes: ela seria perfeita. Todavia, a mulher era diferente.

―Vejo que ficou sem palavras - Ela sorriu exibindo covinhas em seu rosto arredondado - O que deseja, ovelha negra da família real de Oslo?

Thorsten engoliu a sua raiva. Ser chamado como ovelha negra ainda lhe corroía o sangue.

―Lhe ofendi pelo visto, perdoe-me - Desculpou-se falsamente sem importar-se com o olhar que recebia do homem a sua frente. Ela já se acostumara. - Então qual o motivo lhe fez vir ate mim? Não me recordo de ter lhe conhecido antes, e sei que isso não aconteceu.

―Não sabia que as princesas eram atrevidas a esse ponto - respondeu percebendo o efeito que sua voz teve nela. Mikaela foi surpreendida pelo tom tenso e sensual de sua voz assim como todas as outras mulheres. Thorsten sabia que sua beleza era considerada normal, mas sua voz compensava - Tenho uma curiosidade, alteza.

―Pois diga - Respondeu indiferente ao sentar-se no sofá próximo à porta. A presença de Thorsten era irrelevante para ela.

―Por que me recebeu? Se sabia sobre minha história.

―Sou curiosa, apenas diga-me o que deseja de mim.

Thorsten a olhou mais uma vez ao analisar que ela seria a sua única opção viável.

―Vim lhe propor casamento. - anunciou seriamente.

Mikaela olhou o indivíduo à sua frente, incrédula. Gargalhou diante de sua proposta sem conseguir transmitir algo melhor. Ela já havia sido pedida em casamento antes pelo seu dinheiro, mas era a primeira vez que alguém tão odiado como ele fazia algo assim.

―E porque eu aceitaria? - indagou após sua crise de riso amenizar.

―Tenho dinheiro.

―Está me oferecendo dinheiro para casar com você? - aquela situação tornara-se cada vez mais inusitada e exótica para ela - Eu tenho muito dinheiro, sabe disso, não é? - ele concordou em silencio - então por que deveria aceitar o seu?

―Tenho quase um milhão para lhe oferecer.

―Esse valor é pouco diante da minha liberdade - levantou-se mantendo o olhar fixo no homem a sua frente - Por que eu? Poderia ter feito essa proposta a qualquer nobre se desejava melhorar a sua reputação.

―Desejo algo maior do que isso - seus olhos brilharam e ela reconheceu um pouco de si nele.

―Thorsten Rusten. Diga-me porque uma princesa deveria aceitar casar-se com alguém manchado como você.

Ele cerrou os olhos segurando a sua vontade de gritar com a mulher a sua frente, mas ele não se abalaria, não estando tão perto.

―Por que preciso de alguém como você e posso lhe dar o que tanto anseia.

―E o que seria isso?

―Liberdade - falou calmo, interpretando a linguagem corporal dela, a qual era praticamente inexistente - O que me diz?

Mikaela esboçou um sorriso cínico.

―Conte-me a verdade e falarei honestamente. Essa conversa não sairá daqui - garantiu.

Thorsten se viu dividido. Seu plano não poderia vazar antes que conseguisse um trunfo em sua manga.

―Não tenho o dia todo, Senhor Rusten.

―Quero ser o rei da Noruega - disse por fim. Os olhos dela encaravam-no com profundidade. Nenhum som foi escutado na sala ate ela levantar-se e olhar para a janela. Uma janela que dava a visão do jardim.

―Vou aceitar, se concordar com três condições minhas. - ele assentiu - Nunca irá me tocar, não poderá se apaixonar por mim e em um ano eu irei desaparecer. Entende isso? O nosso casamento seria de um ano. E vou querer o dinheiro, é claro.

―Não se preocupe, jamais irei me apaixonar por você ou tocá-la - garantiu com um sorriso satisfeito - Mas, um ano pode não ser suficiente para o meu desejo se realizar.

―Eu não me importo - deu de ombros - você decide, Rusten.

O sorriso característico da princesa a sua frente nada fez ao homem, o qual a olhava com curiosidade. Ele tinha consciência que ninguém aceitaria aquela proposta facilmente.

Ela esconde algum segredo. Percebeu friamente ao constatar suas opções - que não eram das melhores. Ele já havia escutado sobre a princesa Mikaela, mas jamais imaginara que ela seria uma megera imprevisível. Algo não encaixava na história, ele sabia.

―Irei aceitar - Rusten disse ao encará-la - mas terá que me obedecer. Entende isso?

―Obedecer? - Mikaela sorriu convencida - O que espera ganhar de mim assim?

―Vossa alteza exigiu três coisas e eu uma.

Ela semicerrou os olhos ao observá-lo atentamente.

―Obediência. Não sou o tipo de princesa que obedece aos outros cegamente, mas aceitarei se esse for o valor da minha liberdade.

―Acha mesmo que será livre após o casamento? Irei me tornar rei e, querendo ou não, sempre estará nas mídias.

―Não se preocupe comigo, Rusten, sei me cuidar muito bem - assegurou com arrogância ao encará-lo - Preparou algum documento para que eu assine? - ele assentiu - teremos que refazê-lo. Irei chamar minha secretaria pessoal e ela arrumará tudo o quanto antes. Tudo estará pronto em no máximo duas horas.

Mikaela lhe deu as costas, e somente então ele conseguiu observar o seu corpo com mais clareza. A única coisa que tinha em mente era que não sentiria atração por ela.

Uma princesa ansiosa para casar-se com um homem com a pior fama possível. Eu estava pronto para negociar tudo o que tinha, mas não esperara que ela aceitasse tão bem e rapidamente. Alguma coisa ela deve esconder, mas o que? O quanto isso irá influenciar no meu objetivo?


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Notas finais do capítulo

Pode parecer meio confuso, mas a trama se desenrola do "meio" para o fim. E teremos flashbacks para entender como eles chegaram a esse ponto.

Beijos e não esqueçam de dizer se gostaram rs



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