Meu nome é Yosaflame. Eu sou um demônio em uma guerra entre anjos e demônios regidos por Etihw e Kcalb.

Como disse anteriormente... Eu sou um demônio. E provavelmente meu mestre é Kcalb. Bem, eu luto continuamente contra anjos... Os mato, para ser mais específico.

Kcalb, é um cara meio carrancudo, misterioso e um pouco legal. Eu o conheço desde quando eu era pequeno, ele me ensinou tudo o que eu podia aprender... Sobre anjos, sobre demônios. Somente não dizia sobre a história da guerra, sobre como ela começou e porque éramos inimigos de Etihw...

— Você por acaso está do lado dela? Você acha que ela vai aceita-lo do jeito que é? Você é um demônio, aprenda a enxergar isso.

Kcalb disse isso quando o questionei, eu tinha apenas 7 anos.

Eu também conheci outros demônios nessa época... Cranber, Rigatona e Lost eram da minha idade. Arbus e Ater eram apenas bebês, elas eram bem fofas. Eu não me dava muito bem com todos eles, porém, Kcalb dizia que sempre seria bom se eu tivesse alguns amigos para praticar meus poderes e aprender mais com eles...

No entanto eu ficava só. Ia para um lugar onde raramente qualquer um iria.

Era um Vale abandonado com flores, que ninguém sabia onde ficava, talvez Kcalb sabia, mas ele nunca ia me pertubar lá...

Talvez ele não gostasse de flores...

Enfim...

Teve um dia que eu estava deitado e aproveitando o vento calmo nesse vale e escutei por mais baixo que fosse, um choro...

Parecia ser de uma criança... Parecia que tinha minha idade... Curioso, fui atrás do choro.

O choro veio de alguém que usava roupas brancas com com um cachecol cinza.

Eu não devia me aproximar...

Talvez fosse uma menina, eu não podia deixá-la ali chorando....

Me aproximei, e vi que ela tinha cabelos loiros curtos...

— Hey! Você está bem? - perguntei gentilmente.

— Ahn..? - Sua expressão era de surpresa e susto...

— Ah! Me desculpe... - evitei olha-la.

— Não tudo bem... - Ela pareceu se acalmar...

— Porque está chorando? - perguntei calmamente.

— Ah! Por nada não, eu tive uma briga com uma colega minha...

— Ah... Garotas são sempre assim?

— Hum?

— Vocês brigam, e depois... choram...?

— Você está me chamando de garota?

— Ahn!?!?... Sim, porquê?

— Só queria avisá-lo, eu sou um garoto.

— Quêêêê?!?!?

— É isso mesmo que você ouviu...

— M...M..Mas eu pensei... Mas você... - eu tentei explicar com gestos, mas não deu muito certo.

— Eu sou muito parecido com uma menina?

 Sim.

— Bem, desde que eu te vi... Você realmente me parecia uma garota...

— Você é um garoto?

— Quêêê?!?!? Claro que sou um garoto, poxa !!!

Conversamos sobre isso o dia e a tarde inteira.

Foi até engraçado.

Ele era legal.

Conversamos bastante até que chegamos a uma parte da conversa, que teríamos que nos despedir...

— Qual é o seu nome? - Ele pergunta já de pé, com o por do sol nas costas.

— Yosaflame. E o seu?

— Yo..Yosa...Flame... Meu nome é Sherbet...

— Sherbet? Como sorvete?

— É isso mesmo... - Ele sorriu docemente.

— ...Talvez seja hora de ir embora... Está escurecendo...

— ...É... Melhor irmos... Te vejo amanhã aqui, Yosaf?

— Yosaf?

— Sim, é um diminutivo de Yo..Yo...Yosa..

— Tá, eu entendi... Sim, nos encontramos amanhã !!

— Até mais !!!!

— Tchau !!!

Levei esporro do Kcalb... Assim que cheguei...

— Isso são horas de chegar garoto? Onde você esteve? Pensei que foi morto por um anjo... Aqueles desgraçados...

— Eu estou bem não estou? Pare de me pertubar !! Velho !!

Fechei a porta do meu quarto com força, protegi ela com meu fogo... Ele não poderia entrar... A não ser que Kcalb queira se queimar.

Deitei na minha cama e pensei um pouco sobre o dia...

...

...

Aquele garoto...

...

...

Será que ele irá amanhã para o Vale abandonado?

...

Eu espero que sim...

Início da estação: Primavera.

...

....

Ele não veio...

...

O que mais eu esperaria? Um anti-social como eu vai....

— Yosaflameeeee !!!! - me virei e vi uma figura correndo.

— Que susto !!! Casete sherbet !!

— Ah!! Me desculpe... Eu tava te procurando..

— Pelo visto, eu acabei de chegar.

— Então, quer ir para um lugar legal?

Que lugar?

— ... Tá... Pode ser.

— Eba !!!! - Disse ele pulando de alegria.

Não sei como ele tinha conhecimento daquele lugar. Realmente era um lugar legal. Era um lugar enorme, como uma torre de relógio sem escadas.

— Hey, yosaf !! Vamos voar !!!!

Concordei com um sinal.

...

...

Mas eu não sabia voar...

...

— Hey yosaf, você sabe voar?

— ... Não...

— Tudo bem, eu te ensino...

—....

— Não tenha vergonha... Eu também não sabia, mas aprendi !!! - Ele olhou para a minha cara e soltou um sorriso alegre.

... Eu nunca tinha visto minhas asas, Kcalb sempre dizia para nós escondermos as nossas asas e chifres... Mas eu nem sabia se eu podia mostra-los , além do mais, meus chifres ainda não estavam crescidos.

— Você sabe abrir suas asas? - disse ele, um pouco preocupado...

— Não...

— ... Humm... Sério mesmo? - Ele entortou a cabeça para o lado.

— Aham...

—..... Você não conhece o procedimento?

— Que procedimento?

— Aff... Tá...... Primeiro faça aparecer sua auréola, depois tente relaxar, respire fundo, se concentre nas suas costas e imagine as suas asas... Ai ela aparece sem você perceber !!!

—... Auréola?

— É aquele negócio redondo que fica em cima de nossas cabeças... Tipo essa...

Ele fez aparecer uma auréola dourada sobre seus cabelos loiros... Não pode ser... Ele... Logo... Ele?

— Yosaf? Qual é o problema? - ele começou a se aproximar...

— SAIA DE PERTO DE MIM !!! - Dei um tapa brusco em seu braço.

— Yosaf....??? - Ele parecia confuso.

— NÃO ME CHAME POR ESSE NOME !!

— O que OUVE??? - Ele procurava uma resposta.

— VOCÊ É UM ANJO, PORRA !!!

— Sou, e daí? - Ele cruzou os braços.

— VOCÊ NÃO ENTENDE??? EU SOU UM DEMÔNIO, UM INIMIGO MORTAL SEU...

— V...você......é.....um....demônio? - Ele olhou para o chão por um momento.

— Sou... - Acabei Dizendo.

— ME DIGA A VERDADE, VOCÊ É UM DEMÔNIO???? - ele me segurou pelo colarinho de minha roupa fazendo com que eu não encostasse no chão começou a brotar uma energia sinistra à nossa volta.- É MENTIRA NÃO É? ME DIGA QUE É MENTIRA. É realmente mentira... né ? - Ele começou a afrouxar o aperto.

Ele estava soluçando, provavelmente estava chorando...

— Logo você, você.... A única pessoa da minha idade que falou comigo durante toda a minha vida. PORQUE YOSAFLAME??? ME DIZ, PORQUÊ??

— EU TAMBÉM NÃO SABIA TÁ LEGAL?

—....

—.... - ele se acalmou.

—... É realmente, como poderiamos saber....?

—... Seguinte, me solta, eu irei embora e nunca mais o verei novamente. Pode ser?

— Eu não acredito que você é um demônio...

— Muito menos eu. Um anjo, quem diria.

— É.

—.....

Ele me soltou um pouco triste.

— .... - 5 min de silêncio.

—.... Desculpa por ter gritado com você...

— Tudo bem....me desculpe também...

—...

—... - silêncio.

—... - silêncio.

—...

—... Como é ser demônio yosaflame? - essa pergunta me deu um susto !!

— Hum... Não sei... Em qual sentido?

— Ah, sei lá... Você vive no fogo?

— Não...

— Então é normal a temperatura lá "embaixo"?

— "Embaixo"???

— É !!! Você não vive lá embaixo? - dizia fazendo gestos para baixo.

— Tipo debaixo da terra? O inferno?

— É, isso !!!

— Rs! Não existe inferno nesse mundo...

— Ah tá...

— E lá no céu, é bom?

— Também não moramos lá. É mais bonito aqui. E também não dá para construir uma cidade no céu...

— É, faz sentido.

...

Resolvemos ir embora , mas antes ele me entregou uma pena de sua asa. Era totalmente branca e tinha um pouco de sangue na ponta que era ligada à ele. Eu por minha vez, entreguei um pedaço do meu cabelo, aliás ele é como a cor de uma maçã verde e em algumas partes ele é como as folhas de carvalho no outono. Não há cor específica para meu cabelo.

— Adeus, Yosaflame. - Ele estendeu a mão para mim.

— Adeus, meu caro Sherbet. - Eu a apertei.

Eu saí da Torre abandonada, sem olhar para trás.

...

Passaram-se 9 anos desde então.

Hoje, eu não posso mais esconder meus chifres, minhas asas, meu rabo e minhas orelhas pontudas.

Eu nunca mais ouvi falar dele.

Mas nunca esqueci seu nome:

Sherbet.

A unica pessoa que soube sobre Sherbet, foi Lost.

Ele também tinha o mesmo problema.

Ele também conheceu um anjo, um ano depois de mim.

Ela se chamava Ciel.

Ela era bonita, cabelos loiros e longos, olhos azuis e tinha uma voz muito doce, porém, falava pouco.

Eu e Lost nos tornamos amigos por causa dos anjos que conhecemos.

Mais tarde foi a vez de Cranber, ela conheceu uma garota sádica pela cidade.

Ela usava roupas de soldado e maltratava qualquer um que à desafiasse.

Cranber à desafiou, e elas empataram na luta, causando um alvoroço entre os demônios e anjos.

Cranber tinha machucado muito sua oponente. Ela ficou preocupada, o que não era normal acontecer por parte dela.

— Então, o que eu faço? Vocês podem me ajudar, ou não? - dizia a garota um tanto preocupada.

— Talvez... - pronunciou Lost. - Talvez se você parar de ficar comendo carne de anjo...

— Porque exatamente anjo?

— É nojento. - Lost disse fazendo careta.

— Tá... tá bom.

— Então, primeiro, você vai na casa onde ela está hospedada, que é a ... Depois peça desculpas por ter batido nela, seja sincera e diga que o motivo de estar ali é porque você ficou preocupada com ela. Talvez ela entenda, mesmo que bata a porta na sua cara.

— ... Vale mais a pena ir. - completei.

— Pera aí... Como você sabe que ela está hospedada? - Ela pergunta.

— Só dedução... - Lost cruza os braços.

— Ah tá. Bem, eu vou indo. - Ela se virou de um jeito um pouco arrogante.

— Boa sorte !! - dissemos em uníssono.

Mais tarde Cranber veio correndo até nós e disse que a garota que conheceu era um anjo, disse que não queria mata-la.

Eu e Lost olhamos um para o outro e começamos a rir.

— Você? Amiga de um anjo? Impossível. - Eu disse.

— Nossa Cranber, que vergonha, um anjo... Não era você que amava devora-los? - Lost fingiu estar surpreso.

— Vocês não vão querer mata-la? - Ela perguntou com os braços perto do seu peito.

— Não, porque? - Lost disse um pouco sorridente.

— Por um instante pensei que vocês iriam querer cumprir seus deveres e mata-la. Obrigada por entenderem... - saiam lagrimas de sangue dos olhos da garota. Era normal sair sangue pelos olhos dela.

— Tudo bem Cranber, pare de chorar. - Lost à abraçou.

— Eu e Lost temos esse mesmo problema... - Disse.

— O quê? Vocês conheceram anjos... Também? - ela interrompeu seu choro.

Nos movemos com a cabeça indicando que sim.

— Ah, que bom... Vocês realmente podem entender o que sinto em relação à anjos. - Ela se jogou e nos abraçou.

9 anos...

9 anos...

9 anos depois...

Eu reencontrei meu amigo...

Mas faltava 1 mês para o inicio da guerra...

Sherbet...

Não morra...