Potens Summi escrita por Samantha


Capítulo 19
Me desculpe pelo susto, eu derrubei um copo.


Notas iniciais do capítulo

Oi :D
Obrigada por comentar, Miss Riddle!
Boa leitura e não se esqueçam de ler as notas finais ♥



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Maria Guadalupe se mexeu desconfortavelmente debaixo das cobertas pela quinta vez naquela madrugada. Sabia que teria que acordar em algumas horas, mas não conseguia fechar os olhos por mais de dois minutos. As imagens de tudo o que havia acontecido na noite anterior passavam pela sua cabeça, atormentando-a e tirando seu sono.

Após Trid e Sapphire desaparecerem com Aurelia, Belle e Lupe levaram Rach (que voltou para sua forma humana no meio do caminho para o Castelo) para a Enfermaria. Madame Pomfrey – ciente da situação da garota – levou-a para um pequeno quarto no fundo da Enfermaria, onde Rachel poderia descansar e não ser vista por pessoas indesejadas. Depois disso, as duas foram até a sala de Dumbledore para avisá-lo que a garota estava segura e em repouso. O diretor agradeceu e pediu completo sigilo sobre tudo aquilo para Lupe.

— Belle? – perguntou Gualalupe, esperando uma resposta em meio ao calmo silêncio que se instalara no dormitório.

— Não conseguiu pregar os olhos também? – a latina suspirou ao ouvir Isabelle resmungar.

— Estou preocupada com a Astrid. Não confio naquela velha. – disse Lupe, virando-se para encarar a garota da cama ao lado.

— Afinal, o que há com a Trid? – perguntou Belle, coçando os olhos.

— Ela disse que vai te explicar tudo... Você só precisa ter um pouco de paciência. – disse Guadalupe calmamente.

— Paciência não é o meu forte, mas eu vou tentar. – Belle disse e fez uma pausa longa antes de dizer – Você já notou como segredos unem as pessoas?

Lupe franziu o cenho:

— O que quer dizer com isso?

— Alguns segredos me entrelaçam a pessoas que eu nunca teria conhecido se não fosse exatamente por essas confidências. Como a Sapphire, por exemplo. – disse Isabelle. – Eu nunca teria mexido com ela. Viu o tamanho da garota? Enfim, já que a conheço, quero ela do meu lado.

— Ela não parece ser muito fã de conversar... Entretanto, como você mesma disse, está unida a nós agora. Principalmente com o segredo de Rachel e Aurelia dizendo mais do que deveria sobre Astrid. – comentou Lupe.

Uma outra longa pausa se fez, seguida de um suspiro de Isabelle:

— Segredos... – ela abriu um pequeno sorriso e se sentou na cama, se mostrando interessada – E você, Maria Guadalupe? Qual é o seu segredo?

— Qual é o seu? – Lupe rebateu, sorrindo também.

Touché. — Isabelle riu em tom de aprovação e completou, com uma piscadela – Talvez um dia você descubra.

As duas garotas, se sentindo acordadas demais, passaram o resto da madrugada conversando sobre banalidades.  Guadalupe e Isabelle, ao menos por algumas horas, se esqueceram de todos os tormentos passados na noite anterior. 

~x~

A primeira aula do dia de Trid seria História da Magia, com a Grifinória. No caminho para a sala, Astrid resumiu tudo sobre sua reunião com Aurelia – sem mencionar o ocorrido na Casa dos Gritos, é claro -  para Peter e Harry. Quando terminou de narrar (fez isso da forma mais calma possível), olhou para os garotos esperando uma resposta.

— Uau. – foi a única coisa que Harry pôde dizer. – Isso deve ter sido difícil de digerir... Como se sente, Trid?

— Minha cabeça dói, mas sinto que finalmente estou recebendo as respostas que procurei. – disse Astrid.

— Isso é muita informação... – Peter parou no meio do caminho e consultou seu relógio de bolso – Preciso correr, tenho aula com a McGonagall agora e não quero me atrasar de jeito nenhum. Podemos nos encontrar na biblioteca depois do jantar e então conversaremos melhor. Combinado?

Eu vou me atrasar um pouco... Tenho detenção com a Umbridge. Segundo ela, não devo contar mentiras. – disse Harry amargamente – mas vou estar lá.

Peter assentiu satisfeito. Franziu o cenho logo em seguida, aproximando-se de Astrid e afastando seus cabelos loiros do rosto:

— Que corte é esse?

Astrid engoliu em seco.

— Já está praticamente cicatrizado, nem dói mais...

— Mas essa não foi a pergunta do Pete. – disse Harry, erguendo as sobrancelhas – Onde conseguiu isso?

A merda do Salgueiro Lutador me acertou ontem quando fui ajudar uma amiga com licantropia, não é óbvio? Astrid xingou mentalmente. Trocou o peso de um pé para o outro, soltando um longo suspiro enquanto pensava em algo para dizer:

— Ontem eu briguei com uma garota da Sonserina, do sétimo ano. Mas já acabou, águas passadas. – a loira abriu um sorriso amarelo.

— Qual o nome dela? – Pete cruzou os braços.

Merda, eu conheço alguém do sétimo ano além do meu irmão? Trid pensou com desespero.

— Eu não perguntei.

— Por que brigaram? – perguntou Harry.

Porra, Harry. Não complica!, Astrid cerrou os dentes.

— Ela achou que eu estava namorando um garoto que ela gostava. – mentiu a jovem, dizendo o que lhe parecia mais convincente – Bruce Kean, o novo batedor da Sonserina.

— O asiático? – Harry perguntou e Astrid assentiu com a cabeça.

— Esqueçam, tá? Eu mal falo com o Bruce, foi só um mal entendido. Ela me viu conversando com ele sobre a data dos testes de Quadribol na semana passada.

— Esquecer o caramba! Quem essa garota pensa que é? – perguntou Peter, indignado. Observou o corte de Trid por um instante – Ela te pegou bonito...

— Eu também acertei ela bonito, para a informação de vocês, ok?

— Eu tenho aula com a Sonserina agora. Me fala como essa garota é que eu vou falar com ela. – disse Peter, autoritariamente.

— Não vai dar. – mentiu Astrid, torcendo as mãos – Ela está na enfermaria agora e Madame Pomfrey não quer que ninguém a incomode. – Peter abriu a boca para perguntar, mas Astrid bufou – Chega, Pete. Já deu, ok? Obrigada por ser um bom irmão e se importar comigo, mas não foi nada e já está tudo resolvido. Prometa que vai esquecer isso.— dirigiu-se para Harry – O mesmo para você.

— Se está tudo resolvido, então tudo bem. – Harry concordou.

Peter levantou as mãos em sinal de rendição:

— Beleza, Trid. Eu prometo. Não está mais aqui quem falou. – deu um beijo na testa da garota e ela fez uma careta. Ele continuou, dramaticamente – É realmente triste saber que minha irmãzinha não precisa mais dos meus grandes braços para protege-la...

— Vai se lascar, Pete. – ela o fez rir.

Fazendo uma pose dramática, ele saiu andando com passos largos na direção oposta dos dois outros jovens, sumindo de vista. Harry e Astrid continuaram seu caminho para a aula do Professor Binns.

— Ouvi dizer que você entrou para o time da Sonserina. Liam Winston foi até a mesa da Grifinória só para se gabar ontem, disse que seus resultados foram excelentes. – Harry disse, e Astrid confirmou com a cabeça – Meus parabéns!

— Valeu, Harry. – Astrid sorriu – Parece que a Grifinória vai perder esse ano.

— Eu não contaria com isso. – Harry arqueou as sobrancelhas.

— Veremos. – Astrid disse em tom desafiador.

Ao entrarem na sala de História da Magia, Hermione e Rony acenaram para os dois. Astrid cumprimentou-os e sorriu.

— Astrid está dizendo que a Grifinória vai perder esse ano.  – Harry disse para o ruivo.

— Claro, e eu sou um unicórnio. – disse Ronald – Quanta inocência, Astrid Black.

— Unicórnios são fofos e você é meigo como um trasgo, Ronald. – disse Hermione, fazendo Trid rir.

— Aposto dois pacotes de bomba de bosta. – ela disse prontamente.

— Está mais do que apostado. – os dois apertaram as mãos.

Astrid olhou para trás e viu Belle e Lupe sentadas juntas. Acenou para elas e se sentou do lado de Hermione. Draco entrou na sala e, ao ver Astrid sentada com Granger, passou reto sem ao menos cumprimenta-la. A garota revirou os olhos, não estava com paciência para aquilo agora.

Astrid não havia dormido naquela noite - há poucas horas atrás ainda estava na casa de Aurelia – e a voz monótona do professor Binns fazia ela desejar cada vez mais ter matado a aula para tirar um cochilo. Quando seus olhos estavam quase se fechando, Hermione deu-lhe um cutucão: Binns olhou para Trid com reprovação. Ela pediu desculpas e deixou o fantasma continuar a aula.

— A primeira reunião da AD será nessa sexta. – Hermione cochichou – Você e suas amigas vão?

— Conta com a gente. – Astrid respondeu e Hermione sorriu satisfeita.

Poucos segundos depois, Trid sentiu algo bater em sua cabeça. Olhou para o pergaminho amassado caído no chão e pegou-o. Olhou para trás e viu Lupe acenando. Revirando os olhos, a loira abriu o pergaminho:

E aí, gatona! Como foi lá? – L

Astrid escreveu no pergaminho e jogou de volta. As garotas passaram grande parte da aula fazendo isso:

Melhor não falarmos agora. Me encontra na biblioteca depois da aula, Pete e Harry vão estar lá também. –T

Espero que isso me inclua. – B

Sim, inclui. Eu te colocarei a par de tudo no almoço, Belle. Sapphire já sabe, tivemos uma conversinha na Enfermaria, um pouco antes de eu vir para cá. –T

Como ela está? –L

Melhor. Madame Pomfrey ordenou que ela repousasse hoje.–T

O pergaminho demorou um pouco mais que o habitual para voltar. Astrid se virou para ver o que estava acontecendo e a bolinha acertou sua testa em cheio. Rony, que havia virado para cochichar algo para Hermione, riu baixo. Mione também riu. Ronald contou para Harry, que também deu risada.

Astrid xingou os três antes de abrir o pergaminho.

Alguém manda o Zabini parar de me encarar, pelo amor de Melin! –B

Obrigada por introduzir um assunto aleatório. Falando em assuntos aleatórios, Malfoy passou reto quando te viu hoje na sala... –L

Deve ser porque ela tá sentada com a Granger, cabeçuda. –B

Grande merda. Não estou nem aí para a cara de bosta dele. –T

Que rebeldia. –L

É sono, na verdade. Agora parem de jogar essa droga de bolinha aqui, por favor. O Binns já me olhou irritado umas três vezes, e eu é que não quero uma semana de detenção. Vazem, beijos. –T

~x~

Quando sumiu da vista de Harry e Astrid, Peter fez exatamente o contrário do que a irmã havia pedido. Será que ela acha que eu sou idiota?, perguntou a si mesmo enquanto descia um grande lance de escadas. Pete não havia acreditado nem um pouco naquela história e queria tirar tudo a limpo.

No momento em que ela começou a história, Pete analisou seus gestos. Ela estava torcendo as mãos, desde pequena o fazia quando estava nervosa. Isso era o bastante para fazê-lo querer saber o que estava havendo. Não gostava de mentiras e temia que sua irmã corresse perigo. Afinal, e se alguém a estivesse ameaçando? Nunca se sabe.

Peter parou em frente a Enfermaria; respirou fundo e abriu a porta com cuidado. Chamou por Madame Pomfrey, mas não havia nem sinal dela. Entrou no estabelecimento com passos silenciosos. Todas as camas estavam vazias, exceto pela última do canto esquerdo: Uma grande garota de pele negra e cabelos da mesma cor dormia de boca aberta. Parou ali e

— Tenho certeza de que, mesmo se a história de Trid fosse verdade, você não seria a garota... – Peter esticou o pescoço para olhar a ficha da garota que estava em cima do criado mudo – Sapphire Walsh. Por Merlin, você teria quebrado os ossos dela.

O coração de Pete quase saltou pela boca quando ele ouviu algo caindo no chão. Com a mão no peito, virou o corpo na direção de onde havia escutado o som: uma discreta porta no fundo da Enfermaria. Ele deu alguns passos e a empurrou, fazendo-a soltar um rangido. Quando ia abrindo, prendeu a respiração ao ouvir uma voz familiar:

— Madame Pomfrey, é impossível beber esse troço... – a dona da voz também parou de falar ao notar a entrada de Peter.

O garoto observou, com certo espanto, Rachel Darling sentada em uma cama solitária que parecia ter sido arrastada até aquele pequeno quarto branco e chumbo que provavelmente era um escritório para Madame Pomfrey, pois havia uma mesa cheia de frascos e pergaminhos no canto. Usava uma camiseta branca, possibilitando a visão de vários hematomas nos braços; cobertores escondiam sua cintura para baixo. A pele da jovem estava pálida, seus cabelos embaraçados tinham um aspecto mal cuidado, haviam bolsas de olheiras debaixo de seus olhos e um machucado no queixo.

Os dois ficaram se encarando por alguns segundos, sem saber o que dizer. Peter abriu e fechou a boca várias vezes.

Por fim, Rachel suspirou e disse com uma voz cansada:

— Me desculpe pelo susto, eu derrubei um copo.


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Notas finais do capítulo

E então, o que acharam? Alguém aí já shippou Pete e Rachel haha?
Será que a mentira da Trid vai longe?
Beijos!



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