Legami Di Amore escrita por Tahii


Capítulo 29
Angoscia


Notas iniciais do capítulo

[Pois é, nenhum de vocês esperava um capítulo tão rápido [nem eu, rs]. Eu postei o capítulo anterior, comecei a escrever esse e quando terminei pensei: eh isto, milagres acontecem, vai ter att SIM]

TUDO CERTO COM VOCÊS, PESSOAS MARAVILHOSAS? ♥

Não tenho palavras para expressar como fiquei FELIZ lendo os comentários que eu recebi, vendo que vocês continuam acompanhando, e lendo, e se estressando com o McLanche... Por isso certas pessoas estarão insuportáveis nesse capítulo, como o de costume :D MUITO OBRIGADA, À TODOS E TODAS, POR TUDO ♥ Vocês são DEMAIS ♥

Nesse capítulo, teremos:
— várias coisas que vocês descobrirão lendo;
— falaremos desse tópico nas notas finais;
— tem duas partes "flashback" nesse capítulo, taokei?

E eu estava pensando e planejando os próximos caps, realmente teremos 35 capítulos [já estou sofrendo por isso]. Vou fazer um esforço para escrevê-los e postar mais "juntos", mais próximos... Não com seis meses de distância kkkkkkkkkkk


Espero que gostem do capítulo!

Boa leitura! ♥


► PLAYLIST
https://www.youtube.com/watch?v=tNx1y8AXZxw&list=PLm_bv0SbG68UdaGyxvje2S6Vyd79Z5tmc

*Angoscia = Angústia



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A sensação de sentir-se em casa era estranha, assim como a de enxergar seu quarto exatamente como não lembrava de o ter deixado. 

Seu estômago roncava, alto e forte, mas sentia-se fraca demais para fazer menção de sentar-se. Rose engoliu a seco, sentindo seus lábios quebradiços e a respiração quente quase lhe rasgando o peito. Esticou o braço direito na tentativa de pegar um copo de água em seu criado-mudo, e viu uma mão no chão; depois de um pouco de esforço reconheceu que era Scorpius quem dormia num colchão de solteiro, fino e provavelmente mais duro do que o próprio chão. Levou o copo à boca, e ao deixá-lo novamente na peça de madeira, que tinha alguns frascos pequenos em cima, fez um pequeno barulho, suficiente para acordar o rapaz que descansava. Scorpius se sentou mais rápido do que abriu os olhos, apoiando a mão na beirada da cama e suspirando alto. 

— Meu Merlin — ele disse para si mesmo, ajoelhando-se enquanto repousava sua mão em cima da de Rose. — Está mesmo acordada?

— Estou com fome — Rose virou de lado, fazendo uma careta —, meu corpo dói e parece que tomei quinze poções para dormir. Que horas são?

— Nem sete da manhã. Vou pegar algo para você comer — antes que Scorpius se levantasse, Rose apertou sua mão. 

— Por que parece que as coisas estão estranhas? 

— Porque estão, Rosie, nada disso pode ser normal — a garota assentiu, sendo tomada por uma estranha sensação de formigamento em todo o seu corpo. 

— A última coisa que me lembro é de dançar com você na formatura, da sua família me encarando… Não me lembro de ter voltado para casa.

— Depois da dança você foi conversar com o McLaggen na Torre do Relógio, quando voltou estava se arrastando e desmaiou. Hoje faria treze dias que você estava dormindo — o olhar de Scorpius era visivelmente triste. — Temos muita coisa para conversar, mas faremos isso depois que você estiver melhor. O que está com vontade de comer?

— Nada em específico. 

— Você é uma grávida estranha, Weasley — ele sorriu, inclinando-se para dar um beijo nas bochechas de Rose, que riu. — Vou ver o que posso fazer. 

— Scorpius? — quando ele estava quase perto da porta, virou-se em direção a ela, com os cantos da boca desenhando um quase sorriso. — Nosso filho…

— Está vivendo, tentando pelo menos, parece já estar herdando a determinação de alguém. Provavelmente a minha — Scorpius piscou, girando a maçaneta. Rose revirou os olhos, embora conseguisse sentir o formigamento diminuir à medida em que um alívio inundava sua mente. — Rose? Preciso fazer uma pergunta um pouco estranha. 

— Faça. 

— Você está vendo brilho nos meus olhos? 

Rose ficou em silêncio, por alguns instantes, antes de negar com a cabeça. Embora fosse possível imaginar que Scorpius estava preocupado, sentindo-se triste e perdido, e que não haveria brilho de forma alguma, deparar-se com os olhos opacos que lhe angustiavam fez com que ambos confirmassem, cada um para si mesmo, que as coisas realmente não estavam normais. Scorpius assentiu, um pouco decepcionado, e desceu para a cozinha. 

Faltavam dez minutos para marcar sete horas da manhã, mas não havia um barulho sequer, tanto na casa quanto na vizinhança. Todos tinham ido dormir tarde na noite anterior, num misto de felicidade e agonia. 

Scorpius estava na sala, escrevendo uma carta para Astoria, quando Alvo gritou no topo da escada que Rose havia acordado. Ele subiu os degraus tropeçando em seus próprios pés, sentindo seu coração querer sair pela boca e seus olhos arderem de um alívio genuíno; mas quando chegou ao quarto, encontrou Roxanne levitando o colar que havia dado para Rose no natal em que passaram juntos. 

— Quem te deu esse colar, Rose? — Roxanne tinha a respiração descompassada e olhava com ira tanto para a prima quanto para Alvo. 

— Eu dei — ele respondeu alto, chamando a ira da garota para si. — Eu dei para ela no natal. 

— Scorpius, chame o seu pai e mande um patrono para o Ernesto. Hugo, fala para a tia Gina chamar o papai e o tio Harry — Hermione mandou, sentando-se na cama da filha, enquanto Roxanne passava a mão pelo rosto completamente fora de si. 

— Pelas barbas de Dumbledore, Roxanne, não deixa esse colar cair no chão — Alvo pediu, sacando a varinha por precaução.

— O que tem nesse colar, Scorpius? 

— É apenas um colar, não tem nada demais.

— Nada demais? Se essa merda não tivesse nada demais não teria enfeitiçado a Rose! 

— Roxanne, me dá ele — pediu Alvo. — Scorpius, vai mandar os patronos. 

Sustentando o olhar estranho de Roxanne em sua direção, Scorpius saiu do quarto e, minutos depois, Draco já prestava assistência enquanto que Ernesto observava o colar que passara, ele mesmo, a levitar. Roxanne estava sentada na mesinha de centro, com a cabeça entre as mãos, prestes a explodir. 

— Ele tem propriedades mágicas para isso, de fato — Ernesto suspirou, enfiando as mãos dentro do roupão azul que vestia. — Scorpius deu para Rose no natal um colar que pertencia à Astoria, e que por um acaso é o responsável pelo recente desmaio e encantamento. Ele nem é tão convidativo para ser um objeto carregado de magia negra. Ela sempre usou isso?

— Sempre — Scorpius afirmou, ouvindo o fungar de Roxanne, que limpava as lágrimas com o dorso da mão.

— Hm… Não tirava nunca? Talvez porque a roupa não combinava ou sei lá? — Roxanne negou com a cabeça, fazendo o auror direcionar o colar para uma caixa de vidro. — Vamos analisar as propriedades dele, das balas e da poção durante as próximas semanas. Concentrem-se em manter Rose viva, já é o suficiente por hora. Senhorita Roxanne, eu gostaria de tomar seu depoimento em breve. Mandarei uma notificação. 

Ernesto foi embora logo, deixando a família Weasley atordoada na sala de televisão. Hugo havia deixado o aparelho trouxa sincronizado num canal de esportes, o que motivou Ronald a apertar o botão do controle remoto com força para desligá-lo. 

— Qual a sua garantia que você não enfiou uma amortentia naquele pingente, Scorpius? — Roxanne perguntou sem delongas, quebrando o silêncio estranho que havia ficado.

— A garantia é que eu não saberia enfiar uma amortentia no pingente, Roxanne, nem sei se isso é possível. Além de que… Eu não ganharia nada com isso e não sou o maior fã de conseguir coisas através de poções, muito menos com o intuito de matar o meu filho. Consegue perceber o quão ridícula é a sua colocação?

— Foi você quem deu o colar, não eu, Scorpius — grunhiu, virando-se para seus tios. — Como eu sei que ao invés de ter uma visão, entrei na mente de alguém?

— A visão deve durar menos — Harry ajeitou o óculos. — Por quê?

— Eu fui me despedir de Rose e pensei que tocando a mão dela eu conseguiria ver algo que pudesse nos ajudar, mas… Foi como um sonho, dos bem estranhos. Foi lá que eu a convenci a tirar o colar que queimava a pele dela. Parece que ela ficou dormindo esse tempo esperando que Leo se fortalecesse e que o pingente esfriasse para ela tirar. Quando abrimos os olhos, ele havia caído sozinho do pescoço dela. Estávamos em Wiltshire, como se ela estivesse se escondendo. 

— Minha casa é em Wiltshire — Scorpius apontou —, mas ela nunca foi lá.

— Estávamos numa sacada olhando para o céu que tinha uma única constelação, a de Leão. 

— Provavelmente você entrou na mente dela, Roxanne — Harry disse se levantando de onde estava. — Talvez seja necessário você contar sobre as suas visões para o Ernesto. 

— Você acha?

— Claro, você é uma excelente clarividente, e Alvo comentou algo sobre cartas de baralho… Ernesto entende sobre cartomancia, e em situações como essa tudo pode servir de ajuda para encontrarmos o caminho certo. 

O sentimento que predominou, naquele instante, foi de uma completa impotência. As provas estavam espalhadas no tempo e no espaço, no futuro, no passado, na mente, no corpo, mas pareciam estar embaixo de uma capa de invisibilidade. 

Passava das três horas da manhã quando Scorpius deitou para dormir no chão ao lado de Rose que havia, pela primeira vez, se mexido na cama buscando uma posição mais aconchegante para dormir, algo que não havia feito nos outros dias. As horas se tornaram minutos quando ele ouviu o barulho do copo, mas nada se comparava ao refrigério de rever os olhos verdes de Rose, que o transportavam para um vasto campo verde onde, finalmente, eram felizes juntos. 

Enquanto Scorpius arrumava uma bandeja para levar o café da manhã, sentia lágrimas rolarem pelo seu rosto como uma goteira incômoda que é audível na madrugada. Ele não sabia exatamente o que significava Rose não ver o brilho em seus olhos, mas era um fato tão recorrente que chegava a ser um sinal de que nada estava em seu devido lugar, e que não só ele deveria fazer o máximo para achar o maldito caminho certo que parecia se esconder cada vez mais, além de deixar tudo mais complicado. 

Pelos três dias seguintes, tudo parecia estar correndo bem, o que motivou Ronald e Hermione a explicarem para a filha o que estava acontecendo. Scorpius estava sentado numa poltrona na sala, com a cabeça apoiada na mão, observando Rose se acomodar no sofá. Embora estivesse com o rosto e com os braços magros, sua barriga estava bem aparente, uma vez que estava quase iniciando o sexto mês de gestação. E seria impossível, para ele, não achá-la linda. Uma angústia tomava conta de seus pensamentos quando se via incapaz de lhe dar abraços, beijos, e todo o carinho que ela merecia; gostaria que estivessem em outra situação, num momento mais feliz, mais próximo, e que ele não sentisse medo de ser retaliado por qualquer passo que tomasse. Sentia um leve conforto quando imaginava um futuro com Rose e o bebê; ainda havia esperanças para que tudo ficasse verdadeiramente bem. 

— Vocês abriram um inquérito? — a incredulidade rapidamente se transformou em nojo na feição antes tranquila de Rose, que encontrou na figura de Scorpius o alvo perfeito para descontar a súbita raiva que lhe subiu. — Por que parece que a brilhante ideia foi sua?

— Porque foi — respondeu baixinho, permanecendo firme. 

— Só porque você não gosta do Ryan, decide abrir um inquérito? Muito adulto da sua parte, Scorpius, meus parabéns.

— Me desculpe, mas alguém mencionou Ryan McLaggen aqui? — ele endireitou-se na poltrona, descansando os braços sobre os joelhos. — Não tem a ver com o que eu sinto em relação àquele traste, tem a ver com o fato de que você gostando ou não, Rose, alguém está empenhado em te matar. 

— Não seja dramático.

— Você quase abortou aquela vez em Hogwarts, agora ficou semi-morta por doze dias. Você acha que isso é o quê?

— Gravidez? — perguntou cínica. 

— Rose — Hermione a repreendeu —, não culpe Scorpius por nada. Tanto ele como nós só queremos o seu bem e é óbvio que isso não se trata de gravidez, de problemas adolescentes ou qualquer outra coisa. Foi atestado que você estava sob efeito de um encantamento.  

— Que encantamento?

— Não sabemos, por isso o inquérito foi aberto — Hermione suspirou, passando os braços pelos ombros da filha. — Precisamos que você fique bem, que Leo fique bem. Então, vamos nos concentrar nisso — Rose assentiu, encarando Scorpius com raiva. Ele sustentou o olhar, mesmo sentindo seu coração palpitar com a frustração de ver que as coisas permaneciam iguais.

— Por que você está aqui, Scorpius? 

— É onde devo estar.

— De onde tirou isso? — riu sem humor, causando um suspiro prolongado em sua mãe. 

— Eu amo você, amo o nosso filho, não seria capaz de deixar vocês.

— Não estamos sozinhos — apontou para os pais —, não precisamos de você. 

— Rose Weasley — a voz de Ronald sobressaiu. — Ele está cuidando de você desde a formatura, dormindo no chão, preocupado com você. Amor nunca é demais. Não seja uma criança ingrata. 

De fato, Rose não disse mais nada; e nos dias seguintes, deixou de falar até o mínimo necessário com Scorpius, que recebeu total apoio para permanecer ali. Como distração, Scorpius se envolveu em ajudar Ronald a consertar o Ford Anglia de Arthur, uma verdadeira lata-velha. 

 

[...]

 

MINISTÉRIO DA MAGIA DA GRÃ-BRETANHA

DEPARTAMENTO DE EXECUÇÃO DAS LEIS DA MAGIA, NÍVEL 02

PROCESSO Nº 6.7458.9856-4789.0214-7845214935678-X

AUROR RESPONSÁVEL: ERNESTO MACMILLAN 

STATUS: ATIVO

Roxanne leu rapidamente o título da folha de capa de uma pasta marrom que Ernesto Macmillan havia deixado aberta, bem em sua frente, movendo o olhar logo em seguida para o auror, que tinha um meio sorriso estranho no rosto. Ele parecia ser, em geral, uma pessoa esquisita. 

— Senhorita Weasley — Ernesto quebrou o gelo, pigarreando —, como seguiu em sua notificação, gostaria de fazer algumas perguntas se a senhorita estiver disposta a respondê-las. 

— Pode me chamar de Roxanne.

— Pode me chamar de Ernie, então. 

Ernie? — ela ergueu as sobrancelhas, vendo o sorriso do auror aumentar. 

— Sim, Ernie. Os mais próximos me chamam assim. Sinto que eu e você nos veremos várias vezes, além de que Ernesto é um nome muito chato. 

— Pensei que era apenas um depoimento. 

— E é, mas tudo depende do que conseguirmos extrair da nossa conversa, sim? 

— Claro — assentiu, respirando fundo. 

— Hoje, em específico, gostaria que você me contasse sobre quem é Rose Weasley.

— Ela é minha prima, estávamos no mesmo ano em Hogwarts, dividíamos dormitório e somos amigas. Rose é… Rose

— O que significa “ser Rose”? 

— Significa gostar das aulas do senhor Binns, fazer os deveres, gostar de whisky de fogo, ter medo de altura e medo de sair de seus planos. Rose sempre foi de planejar as coisas, pensar mais do que agir e ela tem um pouco de medo de viver, assim, sem… Sem pensar. 

— E como ela tem vivido?

— Desde que ela terminou com o Wood, está tentando controlar coisas que saíram do controle. 

 — Que coisas?

— É complicado falar sobre ela, Ernie. Eu tenho as minhas impressões, mas não significa que sejam as corretas.

— Gosto de ouvir impressões alheias, Roxanne, sempre há um pouco de realidade nelas. Quais são essas coisas?

— Scorpius. Não acho que ela planejou ficar com ele da primeira vez, ela apenas seguiu em frente e se viu apaixonada por ele de uma forma que, talvez, nunca tenha sentido antes. 

— Você acha que ela é apaixonada pelo Scorpius, então?

— Tenho certeza. 

— Ela fala sobre ele? Você os vê juntos? Como é?

— Hm… Não. Eu… Eles não… É como se, argh — ela bufou. — Eles estão e não estão ao mesmo tempo, entende? Primeiro eles não conseguiam administrar o sentimento de gostar um do outro, e quando estavam quase conseguindo eles descobriram sobre a gravidez. É o que eu sinto, pelo menos, lembrando de algumas coisas que aconteceram. 

— Como por exemplo?

— Ah, eles se desentenderam quando voltaram para Hogwarts e o Scorpius deu uns beijos na Spinnet. Nessa época, a única anormalidade era ela gostar dele. Eu lembro que cheguei a ler a xícara de chá dela. 

— E o que viu nesse dia?

— É realmente relevante saber sobre isso?

— Preciso partir de algum lugar, Roxanne — Ernesto deu um giro em sua cadeira. — Não serve como uma prova concreta como o colar, as balas e tudo mais, só que pode ser o começo para não apenas saber quem está por trás disso, mas compreender qual é a sua motivação. Então, se puder me relatar, estará sendo de grande valia.

. . . . . . . . . . 

— Rox — sua voz soou mais amedrontada do que deveria. Roxanne despertou, voltando-se para a prima com um singelo sorriso no rosto. — Precisava de todo esse drama com os espelhos?

— Faz parte — deu ombros. Rose sentou-se em sua frente e colocou em cima da mesa a xícara e o livro. — O que são essas tralhas?

— Lembra que eu disse que a Domi leu a minha xícara em uma aula e que eu gostaria que você a lesse também?

— É a mesma xícara? — a ruiva assentiu, causando uma gargalhada. — Fala sério! O futuro é um só, independentemente de onde o vemos. Não precisava ter guardado. Imagino que você pegou esse livro na biblioteca e deve ter ficado horrorizada com o que viu. Acertei?

— Claro que acertou. 

Roxanne revirou os olhos, com uma expressão divertida, e estendeu à prima uma xícara cheia de chá. O estômago de Rose repugnou a água morna em sua frente, mas fez um esforço para tomá-la de uma vez. Depois de alguns instantes silenciosos incômodos em que as duas apenas se encaravam e terminavam com o chá, Roxanne pegou a peça de porcelana.

— Depois que eu terminar, você me conta o que Dominique viu — pediu com um olhar sério, respirando fundo antes de encarar a chave dos enigmas de Rose Weasley. — Eu vejo uma cruz torta, que significa-

— Sofrimentos e provações.

— Exato, e vejo uma cobra e um falcão bem ao lado, ou seja, falsidade e um inimigo mortal — Rose engoliu a seco, sentindo seus músculos repuxarem. — O seu inimigo mortal é um falso amigo que vai, provavelmente, causar o sofrimento. E por fim… Agouro de morte. O sinistro.

— A Dominique viu um sol — contou. Roxanne arqueou a sobrancelha sem desviar a atenção da xícara. — Ele não está aí?

— Olha, Rose, eu espero que esse ponto por trás da cruz torta seja um sol, mas… O problema é que isso aqui é seu, mas não parece ser a seu respeito. Talvez seja um contexto de muita dor, só que você vai sentir indiretamente. E esse falcão ele aparece, entende? Dependendo do ponto de vista ele está, dependendo não. Então… Tomara que haja um sol, só que eu não o vejo em sua totalidade. Pelo menos não por agora.

— Não, Roxanne, eu não entendo. — Rose bateu a mão em cima da mesa para chamar a atenção da prima, que cerrava os olhos em direção à xícara. — Essas xícaras são tão objetivas com todo mundo, por que comigo não?

— Porque você não é objetiva. Me desculpe, Rose, mas você é uma confusão. Uma completa e louca tempestade que arrasa todos que estão a sua volta. A culpa não é minha, nem da xícara e muito menos do chá se você não consegue encontrar um caminho. E se te ajuda em algo, o seu norte está dentro de você

. . . . . . . . . . 

— Quem seria esse inimigo mortal, na sua interpretação? 

— Rose fez amizade com um cara que se chama Ryan McLaggen. Eu nunca gostei dele. Nunca. Eu sinto a aura dele pesada desde o dia em que o conheci. O irmão dele é amigo do James, nosso primo, que levou os dois para o ano novo na Toca. E… Bom, nem de longe ele é uma pessoa transparente, além de ser estranho e de ser um grande desafeto do Scorpius. A aproximação dele com a Rose foi muito esquisita, e é lógico que ele sente algo por ela. Então, por que não poderia ser ele o inimigo mortal?

— Scorpius comentou sobre ele quando conversamos da última vez — Ernesto abriu a gaveta de sua mesa e pegou seu bloco de anotações. — Ryan McLaggen, falcão, cobra. Rose está vivendo a cruz torta, aparentemente. Quer dizer, ela e o bebê. Ou você acha que não?

— Pode ser — Roxanne assentiu, um pouco pensativa. — Se eu pudesse, Ernie, ou se Scorpius pudesse, ou Alvo, provavelmente esse McLaggen já estaria em Azkaban, só que faltam provas contra ele. É como se tudo fosse uma grande loucura. A noite em que Rose acordou eu fiquei enloquecida e, praticamente, convicta que a culpa era toda do Scorpius.

— E por que seria?

— Porque ele deu o maldito colar para ela… Mas, não sei se ele seria capaz disso.

— Entendo. Você teve outras visões sobre mau-agouro?

— Eu não costumo ler xícaras de chá, sabe, só li porque Rose me pediu. Prefiro cartomancia, e na maior parte das vezes estou embaralhando para ver se acho alguma coisa.

— E você acha?

— Não me lembro bem quando foi, mas acredito que tenha sido na noite em que Rose foi para a Ala Hospitalar que eu fui mexer com o meu baralho e vi o primeiro valete. Desde então, só vejo valetes. 

— Valete costuma indicar um traidor, certo?

— Certo.

. . . . . . . . . . 

Com o céu já escuro, e sem estrela alguma, Madame Pomfrey tratou de fechar as janelas e concentrar-se na leitura de um livro de Poções, olhando para a garota a todo instante. Roxanne não demorou em sua estada, pelo menos até perceber que poderia deixar Rose por algum tempo.

Ela foi diretamente até o dormitório, em busca de seu baralho. Sentou-se em sua cama com as pernas cruzadas e começou a embaralhar as cartas. Enquanto isso, na enfermaria, a porta se abriu bem devagar. Um rapaz sentou-se ao lado de Rose na cama e passou a mão por toda a extensão de seu braço.

Quase que como um milagre, os olhos de Rose abriram-se. Sua visão estava embaçada, e não conseguiu mantê-los abertos por muito tempo.

Roxanne colocou as cartas em cima do seu cobertor da grifinória, três cartas. Dois, sete, valete. As três de espada. Conflito, mau agouro, rapaz possivelmente perturbado. A garota tentou embaralhar mais duas vezes, mas os significados continuaram, o que lhe rendeu um mau pressentimento sobre a situação da prima.

Guardou o baralho debaixo de sua cama e dirigiu-se à Ala Hospitalar, não queria deixar Rose à mercê de um destino cruel.

. . . . . . . . . . 

— Nessa noite que ela estava na Ala Hospitalar, o valente era, simplesmente, alguém que estava agindo de má-fé. É como se fosse o mesmo da cobra e do falcão. Só que depois desse dia, as cartas mostram valetes de qualquer naipe, como se fosse uma sirene indicando que tem um traidor. E esse traidor não é o mesmo de antes. O valete de espada é um, os demais representam outra pessoa. 

— Ou seja, o valete de espada tem um cúmplice.

— É — Ernesto assentiu, desenhando o símbolo de espada no canto de suas anotações. 

 

[...]

 

Eram quase cinco horas da tarde quando Rose estava na cozinha comendo um omelete que foi feito, segundo as palavras de Scorpius, por ele mesmo. Embora estivessem numa situação em que parecia mais uma montanha-russa do que qualquer outra coisa, as palavras de Ronald ainda estavam em sua cabeça. Não poderia culpar Scorpius por cuidar dela, mesmo que às vezes sentisse vontade de se distanciar dele numa tentativa de ficar em paz.

— Dotes que eu nunca imaginaria — Roxanne deu risada enquanto mastigava. — Eu te contei que o Lorcan me chamou para sair? 

— Não… Você vai?

— É algo pensável, porém não estou na vibe — deu ombros, fazendo Rose negar com a cabeça. — Quem sabe daqui algumas semanas. Você iria? 

— Acho que sim. Até onde eu sei você gosta dele, ele gosta de você, por que não? 

— É… Não sei, vou pensar.

— Eu acho que-

— Rose, tem um envelope para você — Scorpius disse antes que o barulho da porta sendo fechada fosse ouvido. Alguns instantes depois ele apareceu na cozinha segurando uma toalha que usava para secar o excesso de água do cabelo. — Meio estranho ele estar com um plástico em volta — ele deixou ao lado do prato, escorando-se na cadeira de madeira ao lado da garota. 

— De quem é? — Roxanne arqueou uma sobrancelha. 

— Não tem remetente, parece. Estava bom o omelete?

— Scorpius, talvez você seja melhor na cozinha do que jogando quadribol. Quando quiser fazer qualquer outra coisa, por favor, me chame — ele riu, observando Rose tirar o envelope branco do plástico e um pedaço de papel que estava dentro dele. Scorpius sentiu um frio na barriga ao ver os lábios de Rose começarem a formar um sorriso. Um sorriso esquisito. 

— De quem é? — Rose não respondeu, fazendo com que os dois trocassem um olhar. — Rose. 

— É só uma carta. 

— De quem? — Roxanne insistiu, revirando os olhos com o insight. — McLaggen, é claro.

— É só uma carta — ela repetiu, abaixando o papel para encarar a prima. — Ele me convidou para tomar um chá qualquer dia desses, já que faz tempo que não nos vemos.

— Realmente uma tragédia — Scorpius desdenhou, desencostando-se da cadeira para ir estender a toalha que segurava. 

— E você vai? 

— Não sei — deu ombros. 

Rose e Roxanne se encaram por alguns instantes, como se estivessem num fogo cruzado. 

Ela tinha consciência que não poderia falar que seu coração estava disparado pelas simples palavras que havia lido, já que não seria capaz de não acrescentar que também sentia algo lhe corroendo por dentro. Era como se um lado seu estivesse aflito por ver que a esperança de um final feliz com Scorpius parecia ser utópico, enquanto que outro lado considerava esse final tremendamente errado.

 

 


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Notas finais do capítulo

* O inquérito oficialmente começou com essa conversa entre o Ernesto e a Roxanne [personagem de extrema importância para a nossa trama];

* Estamos nas últimas semanas do mês de junho [só para nos localizarmos, certo?][a formatura foi em maio + 12 dias + alguns dias = deve ser por volta do dia vinte];

* Tudo foi para análise, vamos aguardar o próximo capítulo;

* Não estão sentindo falta de ninguém? Até o McLanche mandou uma cartinha para nos lembrar que ele ainda está vivo :)

* Leo está vivinho da silva;

* Pensem sobre o colar, encantamento e organismo [???][uma hora tudo vai estar claro, eu juro kkkkkkkkkkkk];

É isso, pessoal! Espero que tenham gostado. Vamos ser pacientes com a Rose e pensar sobre essa última situação dela. Ok?

Estou usando mais o twitter ultimamente [nunca soube mexer direito rs]. Adoraria interagir com vocês por lá @itstahii ♥

Me contem o que estão achando, se as teorias foram atualizadas e se vocês também querem o Scorpius dentro de um potinho para ficar na estante de vocês ♥

Um grande beijo para vocês! Fiquem bem ♥