Eu era o tipo de cara que não tinha um bom emprego... mas eu tinha um ao menos. Estudava letras a noite só porque minha família me empurrou pra fazer faculdade... Pode dizer eu era um preguiçoso... vagabundo...

A faculdade era um tanto tediosa, mas eu tinha os meus amigos perto de mim, festas pra espairecer a mente, algumas garotas,mas nada sério.

E não pensei que em um dia isso mudaria.

♫Essa é uma história de amargar

Conheci uma garota meu irmão vou lhe falar ♫

Era o dia de matrícula, a secretária estava cheia de novatos. E nós, veteranos da escola, hora de aplicar os famosos trotes. Nada grave. O pessoal da sala só pintou os rostos de algumas pessoas, e os cabelos. E o pessoal de exatas levaram algumas bexigas d’agua, tintas,jatos de mangueira...

Fiquei sentado na arquibancada da quadra vendo a farra lá embaixo acontecer.

Fechei os olhos sentido o sol bater no rosto e estiquei as pernas na parte de cima da cadeira da frente.

Minutos depois uma voz alta preencheu meus ouvidos gritando algo repetidas vezes, mas eu não conseguia entender... Aos poucos a voz foi se aproximando... Aproximando...

–Sai da frente!

Abri os olhos olhando na direção da voz.

Um corpo caiu sobre o meu me fazendo escorregar da cadeira e cair no chão batendo as costas.

Xinguei mentalmente aquele indivíduo,me apoiando nos cotovelos sentido o peso da pessoa em cima de mim.

–Mas o que?!

–Me desculpe,desculpe!

Pisquei duas vezes seguidas ou até mais antes de raciocinar.

Uma garota estava se levantando ao mesmo tempo que eu... Seu rosto estava coberto de tintas de várias cores diferentes e as roupas manchadas também. Era loira, mesmo que sessenta por cento do seu cabelo estivesse colorido alguns fios loiros naturais se ressaltavam. Grandes olhos chocolates me olhavam com uma expressão de desculpa, e a boca falava rapidamente o que eu tentava entender.

Balancei a cabeça e me sentei.

–Me desculpe... Eu estava correndo...fugindo das bexigas e... Você se machucou?

–Eu? – então como se eu estivesse voltado ao mundo real, eu ri – Ah não, eu estou bem. – menti sentindo uma fisgada nas costas – Você está?

–Não, praticamente você foi como um colchão então – dei risada e o rosto dela se avermelhou,e estranhamente o meu também – Está sujo.

– O que?

–Sua camisa!Ai nossa, eu sujei tudo...

–Não importa...

–Não por favor, me deixe lavar, ficou horrível.

Respirei rindo de novo e me levantei estendendo a mão pra ela.

–Vamos a pia tentar dar um jeito em nós... E vemos isso depois sim?

Ela sorriu e pegou minha mão se levantando.

–Sou Natsu...

–Lucy Heartfilia.

Pelo que escutei de Lucy enquanto caminhávamos até próximos aos banheiros. Ela era uma... riquinha que morava no Guarujá, que passara na faculdade de arquitetura e em primeiro lugar.

–Eu sei que meus pais podem pagar, mas eu quis passar por mim... Eles já me dão tudo.

♫Tudo que ela quer, o pai dela dá

Desde casa em Ubatuba, até ap. no Guarujá♫

Algumas semanas depois de me encontrar com Lucy não passei mais um dia sem falar com ela.

Era um doce...

Impossível não gostar de conversar com ela.

Era tão inteligente que certas coisas eu não entendia de tantas palavras diferentes que ela usava.

–Mas você faz letras e tudo mais... Como nunca leu Dom Casmurro?

–Que é isso?!

–Um livro babaca. – ela riu alto

A semana do saco cheio¹ finalmente chegara e eu estava mais do que ansiosa para as festas da faculdade. Até porque Lucy ia estar nelas...

Eu devia admitir que aquela garota mexia comigo mais do que qualquer outra... E não era um simples mexer comigo... Eu realmente...

–Você gosta da Lucy!

Gray gritou jogando o controle do Xbox no sofá. Acabara de ganhar mais uma.

–Caramba como você consegue ganhar tanto?! – perguntei olhando pro celular em umas das mãos.

–Será que é porque você ficou todas as partidas nesse celular falando com a senhorita Heartfilia?

–Não... Não fiquei... – menti

Mas é claro que eu tinha ficado. Agora e praticamente todos os outros dias também.

A festa estava lotada de gente. E dentre todos aqueles rostos, todas aquelas garotas somente uma me interessava. O carro dela todo luxuoso estava lá fora, mas não conseguia achá-la na festa.

–Viu a Luce? – perguntei a Levy

–Hmm que apelidinho fofo é esse hein?

–Ah, que nada, me diga hein onde ela está?

–Dançando ali.

Preferi ficar admirando de longe ela dançar no meio das meninas do que ir lá falar com ela. Estava mais do que linda... Usava um cropped com rosas vermelhas que estava me fazendo perder a cabeça já.

Conversamos depois que ela veio até mim, mas o fim da festa foi melhor que qualquer conversa.

♫Fim de festa olho pra ela, ela sorri pra mim

Me secou a noite inteira

Ela só pode estar afim

Ela tem carro importado e telefone celular

Eu só tenho uma magrela e um ap. no bnh♫

–Está muito provocante hoje... – falei no seu ouvido devido a música alta enquanto ela dançava perto demais de mim. Ela riu alto se virando para me olhar.

–Estou te provocando então?

–Sim está... – admiti me aproximando do rosto dela sentindo nossas respirações começarem a se entrelaçar. – Extremamente... Provocante, Luce...

–Natsu...

Sorri puxando pela cintura com uma mão e a outra na sua nuca.

Sua boca era macia e carnuda, e suas mãos passeavam nos fios do meu cabelo me puxando pra mais perto ainda entreabrindo nossas bocas juntos.

♫Eu falo tudo que ela gosta de escutar

Deve ser por isso que ela vem me procurar

Eu falo, eu falo tudo que ela gosta de escutar

Deve ser por isso que ela vem me procurar♫

–Vem Natsu!

–Isso-isso não é uma boa idéia... – gaguejei.

Estávamos parado na frente de uma casa enorme, com uma varanda de vidro,um jardim na lateral da casa cheio de flores de diferentes cores e aromas... e dois caros que custariam meu rim se eu quisesse ter um.

–Natsu, ele disse que quer te conhecer...

Respirei fundo e entrei na casa.

Dentro da sala,um loiro alto de bigode estava sentado numa poltrona lendo um jornal quando ela o chamou.

–Minha princesa... – ele o abraçou – Tudo bem?

–Sim papai... – ela puxou minha mão forte me fazendo ir até lá – Este, é o Natsu Dragneel, e Natsu,esse é meu pai Jude Heartfilia.

–Oi senhor. – estendi a mão – Prazer conhecê-lo – ele a pegou meio sem gosto

–Sei... Vamos conversar sim Natsu?

♫O pai dela riu de mim porque o meu carro é popular

E ainda me deu uma notícia de desanimar

"Rapaz você não é bom pra minha filha não

Quem é teu pai? Quem é você? O que você faz? Vou investigar você"♫

–Ele me odiou. – disse com o rosto escondido nas mãos.

Senti Gray passar a mão pelo meu ombro numa tentativa de me consolar.

–Ele vai ter que aceitar Natsu. Você e Lucy já são bem grandinhos sabe – ele riu e mas eu não conseguia rir junto – Vai dar tudo certo você vai ver.

♫Fim de festa olho pra ela, ela sorri pra mim

Me secou a noite inteira

Ela só pode estar afim♫

Havia se passado um mês desde que eu estivera na casa da Luce com o seu pai. E desde então nos víamos escondido na faculdade, em algumas festas... que depois o pai dela acabou a proibindo de ir também,mesmo assim ela ainda me procurava,e claro que eu também.

♫Eu falo tudo que ela gosta de escutar

Deve ser por isso que ela vem me procurar♫

Sai da festa de aniversário da Levy desanimado olhando um papel com o número de uma garota que eu nem lembrava o nome mais nos dedos e amassei jogando-o fora.

–Natsu!

Sorri reconhecendo a voz que me chamava.

–Já vai...

–Já.

–Achei que fosse ficar mais... comigo.

–Sabe que eu ficaria. – peguei o rosto dela nas mãos e beijei sua testa – Mas daqui a pouco o seu pai...

–Eu sei...

–Se eu pudesse te levaria daqui agora mesmo Luce... – disse com a nossas bocas ainda próximas - Só não quero te causar problemas.

–Eu não me importo...

Sorri de leve.

–Quer sair daqui então? – sussurrei no seu ouvido a sentindo estremecer e ela fez que sim – Pra qualquer lugar...

–Qualquer lugar...

–Só nós dois... – beijei de leve o canto embaixo da orelha dela e a puxei pra mais perto.

–Vamos logo. – ela disse emburrada me fazendo rir.

–Então vem. – peguei sua mão indo em direção ao carro.

♫Eu falo tudo que ela gosta de escutar

Deve ser por isso que ela vem me procurar♫

–Natsu?

–Oi... – disse meio sonolento enquanto afagava os cabelos dela com a cabeça deitado no meu peito.

Ela se mexeu pra me olhar se cobrindo com o lençol da cama.

–O que nós vamos fazer?

Respirei fundo... Sinceramente, eu não sabia...

–Não sei Luce... Mas sei que quero ficar com você, mais do que qualquer coisa no mundo... E eu vou convencer seu pai de que mesmo que eu não seja bom pra você-

–Você é bom sim... – ela choramingou

–Na verdade não – dei risada – Mas, eu amo você e é isso que importa... Que eu te amo entendeu?

Ela sorriu de orelha a orelha e vi seus olhos brilharem de lágrimas...

–Eu também te amo...

–Amo muito mesmo, Luce...

♫Eu falo tudo que ela gosta de escutar

Deve ser por isso que ela vem me procurar♫

❤