Alice no País Florido escrita por Bruna


Capítulo 3
Reencontro


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!



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Alice, Heitor e Kitty se levantaram, ligeiramente desorientados. Se encontravam no País Perdido, finalmente.
- Para onde nós vamos agora? - A menina perguntou à hiena.
- Eu combinei com os outros que buscaria a Alice certa e depois os encontraria no Castelo de Chocolate Branco. Chamei um unicórnio para você montar, assim chegaremos lá mais rápido. Ele deve estar por aqui. - Ele andou um pouco por entre as árvores e depois chamou: - Charles? Onde você está?
- Eu estou aqui, Heitor. - Uma voz grave e desconhecida até então chamou a atenção de Alice. Um belíssimo exemplar de unicórnio branco saiu do meio da vegetação densa. - Mas saiba que não estou ajudando por você, estou fazendo isso pelo Pinclyn e pela Alice.
- Tudo bem, mal-humor. Eu nunca insinuaria algo assim. - Heitor disse com ironia e mostrou os dentes, em uma clara provocação. - Além do mais, servir de transporte nem é uma ajuda tão grande. Não faça tanto drama.
O unicórnio apontou o chifre afiado para a hiena e gruniu de forma ameaçadora, como se fosse espetar alguém até a morte a qualquer momento.
- Mas Charles, como você pode fazer algo por mim se nós mal nos conhecemos? - Alice os interrompeu, tentando distrair eles e impidir uma briga.
- Eu já te conhecia antes, Alice. Na primeira vez em que esteve aqui, eu liderei as unicorruagens e te levei até a caverna quando você estava voltando para casa.
- Mas porque vocês, unicórnios, não falavam nada?
- Achamos que quando não temos nada revelante para falar, é mais prudente ficarmos calados... ao contrário de certos carniceiros. - Charles respondeu.
Alice viu que aquele diálogo não levaria a nada e decidiu encerrar as provocações.
- Vamos logo, pessoal. Estamos aqui discutindo por coisas estúpidas enquanto o Rei Sombrio está com o Pinclyn. Não temos o dia todo.
Os dois animais se calaram com a menção de Pinclyn. Se a fuinha multicolorida estivesse ali, provavelmente estaria colocando ordem naquela bagunça e dando um daqueles discursos motivo-educacionais.
Charles se abaixou para que Alice pudesse subir em cima dele e começou a galopar quando esta já estava acomodada. Heitor também não perdeu tempo: começou a correr com agilidade ao lado do cavalo mágico.
A garota tentava acalmar Kitty, que estava assustado com tanta agitação. Mas não pense que ele era covarde, apenas não estava acostumado a viver aventuras com outros animais predadores ou de grande porte. Alice sabia que ele logo deixaria a timidez de lado e se divertiria fazendo amigos.
Algum tempo depois, os quatro chegaram no lar da Rainha do Chocolate Branco, que os recebeu na entrada.
- Alice! Quanto tempo! Todos nós sentimos sua falta, estávamos ansiosos por um próximo encontro.
Bianca abraçou a menina, que estava estranhando essa recepção tão calorosa. Ficou um momento sem entender, mas então se lembrou que alguém tinha lhe dito quando esteve ali pela primeira vez que o tempo passava muito mais rápido no País Perdido. Pelos seus cálculos inexatos, faziam muitos meses desde que voltara para casa, mas ela não tinha certeza, já que não sabia fazer uma conversão temporal entre mundos.
Alice, Heitor, Kitty e a Rainha entraram no castelo, enquanto Charles se recolheu para os Estábulos Reais. Ele queria muito ouvir o que seria discutido por aquelas pessoas, afinal, também era amigo de Pinclyn e queria saber exatamente o que estava acontecendo, mas aquilo não era um assunto seu. Não deveria se meter no que não foi chamado, pois de qualquer jeito sua missão provavelmente seria a mesma de sempre: Servir de transporte e puxar as unicorruagens.
Dentro do castelo, na Sala Privativa (Uma sala de entrada restrita e revestida com isolamento acústico de chocolate branco. Usada para discutir assuntos secretos ou da realeza.) todos os presentes cumprimentaram a recém-chegada, dizendo aquele mesmo tipo de coisa: "Quanto tempo!" ou "Senti sua falta.". Alguns comentavam que ela tinha crescido e como velhos amigos, abraçavam Alice e sorriam com uma simpatia extremamente reconfortante. Para a menina, era como se nenhum dia tivesse se passado desde que viu aqueles seus amigos pela última vez. Antônio, Bianca, Roberta, Perdidum e Perdidee estavam exatamente iguais.
No começo as pessoas comentavam assuntos comuns, como as notícias rotineiras do País Perdido ou as usuais fofocas.
"Você ficou sabendo que a Dona Gertrudes fez uma ampliação no museu de cigarras dela? E agora crianças com menos de sete anos podem levar um exoesqueleto de cigarra para casa no final do passeio."
"A Jubiscréia Canguru, médica geral da Maternidade Marsupial, descobriu a cura da catapora-botânica infantil! Segundo ela, os pequenos brotos devem tomar bastante sol e se alimentar de Nuttelýtio, um nutriente de efeito revigorador produzido a base de chocolate."
"O Iguana Júnior abriu mais uma franquia do seu restaurante de sucesso: Reptiliano da Esquina, as iguarias mais saborosas do matagal oeste!"
Alice começou a ficar um pouco impaciente, e com razão, afinal, eles estavam ali para decidir o que fazer em relação ao sequestro de Pinclyn, e não para trocar figurinhas e fofocas. Por algum motivo desconhecido, as pessoas do País Perdido tinham uma forte tendência a "perder" o fio da meada enquanto falavam. Em um momento estavam falando sobre política, e no outro estavam falando sobre borboletas.
- Ei! - De repente a garota perdeu a paciência. Kitty deu um pulo de susto quando sua dona gritou. - Dá pra vocês pararem de falar abobrinhas por um instante? Pinclyn pode estar morto agora mesmo! Não temos tempo a perder, precisamos bolar um plano!
Todos calaram a boca, um pouco surpresos pela atitude dela. A posição autoritária e madura que ela estava exercendo lembrava a todos o jeito do Pinclyn.
Roberta, a Rainha do Chocolate Amargo, tomou coragem e disse, fornecendo uma informação verdadeiramente útil para o momento:
- Nós convidamos para vir aqui O Mamute Fumante, o Oráculo. Pensamos que ele poderia nos ajudar a abrir um portal para o País Florido. Ele já deve estar chegando.
- Ótimo. - Bem quando Alice falou isso, ouviu-se um barulho estridente, como se um elefante tivesse se jogado contra a porta da frente do castelo (o que realmente aconteceu).
Bianca desceu as escadas para ver o que estava acontecendo e quando voltou, convidou o pessoal a descer, visto que O Mamute, que tinha acabado de chegar, não poderia subir até o segundo andar. "Tantos investimentos para reformar a Sala Privativa..." Resmungou a Rainha. "Maldito Mamute! Agora vamos ter que usar o salão de festas!"
Alice nunca tinha visto um elefante de verdade, ao vivo. Mas ela já tinha visto imagens em livros e tinha uma leve impressão de que estes animais não deveriam ser azuis. O Mamute Fumante tinha a pele em um tom escuro dessa cor e segurava com a tromba um cachimbo tamanho família. As grandes presas salientes lhe davam um ar imponente e as feições calmas causavam uma sensação tranquilizante nas pessoas.
- Alice, Alice. Como é bom finalmente conhecê-la. As profecias falam bastante de você. Pode me chamar de Mamute, de Fumante, de Mamute Fumante, ou de oráculo. Só não me chame de Mafu ainda, este apelido é restrito aos íntimos. - O Mamute disse, soltando uma baforada de fumaça pela boca. A menina tossiu um pouco e balançou a mão em frente ao rosto para agitar o ar.
- Prazer em conhecê-lo. Estou muito honrada, eu nunca conheci um elefante antes.
- Elefante, não! Mamute! São coisas totalmente diferentes. - Ele corrigiu a criança, embora fosse mesmo um elefante. Sempre achou que um oráculo deveria ter um título místico, elegante e com uma pitada de mistério, por isso, renomeou a si mesmo.
- Me desculpe, Mamute. - Alice falou. - Mas mudando de assunto, nós estamos precisando de sua ajuda. O nosso amigo Pinclyn, foi sequestrado pelo Rei Sombrio. Provavelmente eles estão no País Florido agora e...
- Sim, sim, já sei de tudo isso, pequena criança. E sei exatamente do que vocês precisam.
- Do quê?
- De um portal. Sabe, para ir procurar e salvar a fuinha. E para a sorte de vocês, existe um que leva para o País Florido bem aqui, no País Perdido.
- Sério? - A Rainha do Chocolate Branco interrompeu o Mamute, surpresa. - Como é que eu nunca fiquei sabendo disso? Você sabia disso, irmã?
- Eu? Não, eu nunca soube de nada. - Negou Roberta.
- Isso é um absurdo! Nós duas somos as Rainhas deste lugar e não ficamos sabendo dessas coisas importantes! - Bianca se revoltou e a outra rainha concordava, veementemente.
- Se acalmem, rainhas, eu apenas não lhes contei isso porque nunca teria tido nenhuma utilidade antes. E além do mais, nem eu sei onde está esse portal, só sei que ele existe.
- Como assim, "não sabe"? - Alice perguntou. - A gente vai ter que procurar?
- Exatamente. O abre-portal é uma semente, mas não uma qualquer. É a semente violeta. Devem ter reparado que, apesar da diversidade de plantas daqui, não tem nenhuma flor roxa.
- Puxa vida, e não é que é verdade? - Exclamou Antônio, o Pasteleiro Maluco. - Eu mesmo nunca vi uma flor roxa!
- Continuando, existe apenas uma única flor roxa aqui. Suspeito que esteja localizada na Floresta Colorida, conhecem? É longe daqui, mas vale a pena por um portal.
- Opa, opa. Deixem ver se eu entendi. - A Rainha do Chocolate Amargo falou. - Vamos ter que viajar para as florestas do subúrbio com a esperança de achar uma mísera semente no meio de tudo aquilo só para abrir um portal? Podiam pelo menos ter me avisado antes, para eu poder me vestir mais adequadamente para a ocasião.
O Mamute Fumante então explicou tudo novamente e de uma maneira ainda mais clara, para que não houvessem dúvidas. Ele não iria junto, já que um elefante, opa, mamute retardaria a viagem, com todo o seu peso e tamanho.
Todos se reuniram nos Estábulos Reais, com o intuito de embarcar em uma unicorruagem, mas acabaram concluindo que seria melhor arranjarem um meio de transporte mais veloz e resistente, já que o destino era longe. Bianca deu a idéia de montarem em flamingos aviadores gigantes. Foi difícil convencer Roberta a subir em um, mas ela acabou concordando, com a explicação de que as penas rosas avermelhadas das aves combinavam muito bem com seu vestido.
Em pouco tempo, todos (até mesmo Kitty!) já estavam preparados pra voar e ir para a Floresta Colorida, em busca da semente violeta, que mais tarde, possivelmente os levaria para o País Florido.


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Notas finais do capítulo

O que acharam do Charles? E do Mamute Fumante?



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