Annabele Vermont escrita por Annabele


Capítulo 17
Sobre saber se cuidar.




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Em meu sonho eu caminho como loba pela praia, parece que ela não tem fim. Eu começo a correr, mas a praia nunca acaba, minha respiração acelera e começo a me desesperar, o mar começa a encher e eu me afogo na agua, hora sou loba, hora humana, mas sempre me afogando.

Acordo assustada e passo a manha toda inquieta com o sonho, almoço o que tem em casa mesmo e durante a tarde já não tenho muita coisa para fazer, mando uma mensagem pra Leah, perguntando se ela não quer sair pra jogar papo fora e tomar uma cerveja só nós. Ela aceita rapidinho, então coloco uma roupa bonita e um salto alto. Passo uma maquiagem. Tenho que me sentir bonita outra vez. São 16 horas quando a busco em sua casa. Decidimos ir a um bar que fica na rodovia, distante da cidade. Assim que entramos alguns homens fazer alguns elogios, Leah e eu sentamos do lado de fora. Percebo que ela não tem muitas amigas então temos muito o que conversar. As horas vão passando sem percebermos, nos divertimos bastante. Eu também estava precisando de um tempo assim, pra me desligar de tudo o que está acontecendo. Quando já é noite e nós já estamos praticamente bêbadas, pego meu celular da bolsa e percebo que tem 3 ligações do Quil e 2 do Seth. Resolvo retornar.

A música que toca no bar é bem alta, provavelmente eles iriam ouvir.

–Oi.

–Anna, onde você está, cara? Te liguei várias vezes, que barulho é esse?

Rio.

–Eu estou com a Leah.

Ela ri também.

–Hum... então venham aqui pra casa, tá todo mundo aqui. A gente está esperando vocês.

–oook!

Eu e Leah rimos mais um pouco, acho que estamos bem bêbadas.

Pago nossa conta e vamos para a casa do Quill. Estão todos sentados lá na frente. Estaciono o carro. Pego um bala na minha bolsa.

–Toma Leah, pra disfarçar!

Nos rimos.

–Você sabe que eles ouvem tudo, não sabe? – Ela fala baixinho.

Aceno que sim e rimos mais um pouco. Descemos do carro. Seus olhos ficam fixos em nós. Estou com um vestido preto bem justo e curto. Os olhos de Jacob se fixam descaradamente em mim. Caminhamos até onde eles estavam e nos sentamos. Tinha uma mesa com duas pizzas abertas. Pego um pedaço e começo a comer. Ninguém fala nada, na verdade estão todos meio chocados.

–Leah você quer fazer o favor de me falar onde estava? – Seth fala irritado.

Nós duas rimos. Ela também começa a comer uma pizza.

–Eu não estou brincando Leah, a mamãe ficou preocupada. – Ele continua.

–Qual é caçulinha? Eu tenho 24 anos! - Ela fala rindo.

–Cara, vocês duas estão muito loucas! – Embry ri.

–Não é engraçado. –Jacob também fala sério.

Paro de rir. Olho pra ele fixamente.

–Na verdade é engraçado sim – sorrio - Eu e a minha mais nova amiga, a Leah, fomos a um bar de beira de estrada e bebemos até dizer chega. E agora estamos aqui com nossos outros amigos. – paro por um segundo e olho para os outros – e sabem o que é mais engraçado? Não tem nada de errado nisso, não tem nada que nos impeça. – Olho para a Leah e nós duas rimos.

Jacob fica quieto, estreita os olhos e fica me olhando.

–Ta bem, mas você tem que avisa quando for sair Leah! – Seth fala.

–Qual é Seth, eu cuido dela. – Levanto um olhar malicioso na direção de Jacob, ele continua com os olhos cerrados me encarando.

Desvio o olhar, pego mais um pedaço de pizza e como.

Depois de comer pego um guardanapo para limpar minhas mãos, vejo as marcas nas palmas. Fico séria por um instante. Desvio o olhar para que ninguém perceba.

Levanto, pego minhas chaves e falo.

–Eu vou pra casa, Leah você vai comigo ou quer ficar mais com seu irmão?

Jacob levanta.

–Eu vou te levar.

Olho pra ele e rio.

–Eu não vou bater o carro.

–Eu não disse que vai, só disse que vou te levar. – ele anda até mim, pega as chaves da minha mão e entra no meu carro.

–Então tá né. Delivery. – falo rindo, paro um pouco e penso. – Só que ninguém come nada. - todo mundo ri, até o Quil que estava bravo. Jacob liga o carro e eu saio em sua direção. Abaixo o vestido que tende a subir quando eu ando e entro no carro. Jacob dá a ré acelerando bastante e então sai. Sem tirar os olhos da estrada, sua respiração é rápida.

–Tá nervo Jake? –pergunto rindo e cruzando as pernas.

Ele olha para minhas pernas, e depois olha para o meu rosto.

–O que você pensa que está fazendo? Vai pra um bar, vestida desse jeito e ainda volta bêbada?

Rio.

–O que tem de errado com a minha roupa?

Ele fica quieto, só balançando a cabeça.

–Fala, Jacob Black! Estou bonita demais pra sair sozinha. – pergunto aumentando meu tom de voz.

Ele serra os dentes e aperta o volante com as mãos, acelera ainda mais o carro. Minha respiração fica mais rápida. Ficamos em silencio até ele parar o carro na frente da minha casa.

Descemos os dois do carro. Ele ainda está bravo.

–Achei que você não era o tipo de mulher que bebia pra esquecer os problemas. – ele fala rispidamente.

Uma grande raiva cresce dentro de mim. Eu o respondo quase gritando.

–Talvez eu devesse apertar as minhas mãos até sangrar pra não explodir como loba na frente da sua nova namorada. – abro a porta de casa e a fecho com mais força do que deveria. Ouço sua respiração parar por alguns segundos, depois ele se transforma e eu já não ouço mais nada além da minha respiração ofegante. Subo até o banheiro, estou um pouco zonza. Tomo um banho e deito na cama. O quarto inteiro gira. É pensando em tudo que aconteceu que o sono me embala e eu adormeço.

Trabalhei normalmente na manhã seguinte e mais empenhada do que nunca, foquei em cada item a fazer, me desligando de todo o resto. Ao chegar no restaurante para almoçar, estão todos lá. Respiro fundo antes de sair do carro. Assim que sento à mesa, a conversa para.

–Bom dia. – digo sem sorrir, eles respondem da mesma forma. Faço meu pedido e começo a responder algumas mensagens no celular.

–Anna, será que você pode ir pra ronda hoje comigo e com a Leah?- Quil pergunta.

–Posso.

Meus olhos cruzam com os do Jake por uns instantes, mas logo desvio o olhar.

E é só o que acontece durante o dia todo, quando percebo, já é hora de começar a ronda. Me transformo e corro até a casa da Leah onde combinamos de nos encontrar. Os dois se transformam e logo começamos a correr. Minha mente estava completamente fechada, eu ainda estava incomodada com a conversa de ontem a noite com o Jake, e não queria que todos ficassem sabendo.

Senti o cheiro de alguém desconhecido, mas o Quil falou que deveria ser de algum minerador que anda por lá. Continuamos correndo, alguns segundos depois Quil começou a se lembra de Jacob antes de chegarmos a sua casa na noite anterior. Ele estava preocupado por que não atendíamos o celular, respirava audivelmente e mandava o Quil ligar de 15 em 15 minutos para mim. Já estava beirando o nervosismo.

Então eu estava tão concentrada naquelas imagens que não senti o cheiro do homem se aproximar. Só me desliguei daqueles pensamentos quando ouvi o disparo da arma, e milésimos de segundo depois, senti o tiro acertar meu ombro. Rolei algumas vezes antes de cair no chão. Tentei levantar, mas doía muito.

Os pensamentos dos outros se desesperaram e eu só consegui ouvir pra ficar transformada, pois eles estavam perto.

O homem se aproximou um pouco mais, estava há alguns metros de distância, Leah estava quase lá. Ele apontou a arma mais uma vez e quando fez o disparo, Leah saltou sobre ele. Mas então eu percebi que havia sido atingida de novo, dessa vez na barriga. Um uivo incontrolável saiu de mim. Quil estava desesperado, correndo em minha direção. Minha visão começou a escurecer, a ultima coisa que consegui ver, foi Jacob entrando em minha mente. Antes mesmo dele intender o que aconteceu eu apaguei. Não sei se por alguns minutos ou por algumas horas.

Estava tudo escuro, então eu comecei a ouvir algumas vozes.

–Preciso retirar, antes que o buraco da bala se feche, se não vou perder os estilhaços e ela pode sofrer uma infecção severa depois.

–Não tem outra maneira? – Ouvi a voz do Quil.

–A morfina não faz efeito em vocês, preciso começar imediatamente.

Depois de alguns segundos senti uma dor forte no ombro, já não sabia onde eu estava, se era loba ou mulher, se estava viva ou morta. A dor foi aumentando, então meus olhos se abriram, minha respiração estava acelerada, um gemido angustiante saiu de mim enquanto sentia alguma coisa entrando na ferida em meu ombro. Ele foi a primeira coisa que vi. Seus olhos completamente angustiados, os dentes cerrados fortemente. Estava segurando minhas pernas para que eu não me debatesse, Quil entrou em minha visão.

–Anna, mantenha a calma! Precisamos retirar as balas, você vai ficar bem! – Seus olhos também estavam apavorados, Alguns outros gritos saíram da minha boca antes de apagar novamente. Senti mais dor, muito mais, enquanto eles mexiam em minha barriga, mas não tinha força para abrir os olhos. Depois apaguei por completo, não sei por quanto tempo. Sonhei dezenas de sonhos, ouvia algumas vozes que não falavam coisas coerentes. Tremia fortemente algumas vezes, até que depois de tudo isso, ainda sem saber o que encontraria em minha frente, consegui abrir os olhos.


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