Annabele Vermont escrita por Annabele


Capítulo 15
A não convidada.




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Aquele assunto não saia da minha cabeça, não consigo dormir direito a noite, e pela manha ainda fiquei inquieta. Chego para almoçar e os rapazes percebem que estou meio aérea.

–Foi tudo bem com a Leah ontem ? – Quil pergunta meio preocupado.

Aceno que sim com a cabeça.

–Minha irmã não estava muito bem, estava meio triste depois que voltamos pra casa. – Seth comenta.

Respiro fundo. Quil fica em silencio por um tempo e depois pergunta.

–vocês estavam conversando sobre a impossibilidade de gerar filhos, não é? – ele segura minha mão em cima da mesa e me olha com pena. Todos ficam calados na mesa, até suas respirações diminuem a frequência.

Engulo a seco e depois olho nos olhos do Quil.

–Não é que eu pensasse muito nisso. Na verdade eu não sou do tipo que planeja cada segundo da vida. Mas é que isso é um direito meu, é uma coisa de mulher, era um legado. Mas quando isso é tirado de você, é bem injusto sabe.

Ele respira fundo.

–Eu imagino o quanto isso deva ser difícil, nós vimos bastante tristeza na mente da Leah quando ela descobriu. Mas você é forte Anna, se quiser ser mãe, você pode adotar uma criança. Eu sei que você será ótima nisso!

Todos ainda estão em silencio, tenho evitado fitar o rosto do Jake ultimamente. Respiro fundo e sorrio.

–É claro.

A comida chega e comemos em silencio.

–Vamos sair da sua casa hoje Anna, esteja pronta às 18 horas. – Quil se refere à ronda.

–Ok, vou estar.

–Se não quiser ir, não precisa. O Jake sempre cobre quem falta! – Quil comenta enquanto saímos do restaurante.

–Está tudo bem Quil, é melhor não ficar em casa pensando em coisas ruins.

Antes de entrar no carro, percebo o olhar do Jake sobre mim, seu rosto indecifrável não me deixa desvendar seus sentimentos. Ele só está ali parado me olhando, os garotos ficam em silencio por alguns segundos. Um suspiro involuntário sai de mim enquanto abro a porta sem desviar o olhar. Então eu entro no carro e saio.

A tarde passa mais rápido e às 18 horas em ponto, Collin e Quil estão no gramado no fundo da minha casa, cada um de nós entra na mata em pontos diferente, amarramos nossas roupas e nos transformamos. Quil pensa no percurso que cada um de nós vamos fazer e então saímos, um em cada direção. Depois de algum tempo, os pensamentos de Quil estão uma bagunça, giram em torno dos problemas na construção e as tarefas em seu trabalho, não queria ficar nesse clima estressante então puxo assunto. O Collin permanece distraído apenas observando a paisagem por onde está passando.

–Como foi sua tarde Quil.

–Foi bem chata Ann, tinha um monte de bucha pra resolver no trabalho, estou ficando bem estressado naquela empresa.

–Então me conta, passo a passo, desde quando eu saí do estacionamento do restaurante. Desabafa.

Nesse momento alguns fleches de uma conversa bem reveladora entre os rapazes que aconteceu assim que eu saí do restaurante, começam a passar meio desconexos na mente do Quil, como se ele não quisesse revelar.

O instigo através do meu pensamento, relembrando exatamente o momento em que abri a porta, suspirei e entrei no carro. Estava muito curiosa.

Então sua mente é levada a relembra o momento, mesmo contra sua vontade.

Ponto de vista de Quil Atera: “ O Jake e a Anna ficaram se olhando sem desviar o olhar por algum tempo, depois ela suspirou e foi embora, o Jake ficou ali parado olhando o carro se afastar com aquela cara de nada dele. Esse romance tá quase virando uma novela.

Jake, cara, vocês não vão sentar pra conversar sobre o que está acontecendo? – pergunto.

Não é tão simples assim Quil, conversar não vai resolver as coisas! – ele fala meio irritado.

Qual é, vocês vão ficar nesse clima estranho até quando? Vai dizer que você não ficou balançado quando ela chegou? Agora que ela é uma loba e que está ainda mais bonita?

É claro que eu fiquei, na verdade eu não esperava mais vê-la novamente. Não estava preparado pra isso.

Então cara! Vocês tem que se entender – Seth comenta.

Não é simples assim. Vocês sabem disso...”

Ponto de vista Annabele Vermont: Então ele conseguiu controlar os pensamentos e mudou pra quando já estava no trabalho interrompendo a conversa.

Anna, você não pode manipular meus pensamentos pra saber o que quer. Os homens não tem as mentes controladas como a das mulheres! – ele pensou irritado.

Desculpa Quil, foi mal. Mas já vi o que precisava.

Ele suspirou fundo e depois começou a pensar nos problemas dele de novo. O chefe dele era tio da Clarie, por isso ele sempre aguentava calado.

–Você deveria sair desse emprego e trabalhar comigo na Vermont. Tem que parar de ser puxa saco. Você sabe que eu pago bem...

–Eu agradeço muito, mas só preciso de mais um mês e meio de trabalho e então eu vou montar meu próprio negócio. Vou aguentar firme e depois vou sair...

–você sabe que pode contar comigo para o que precisar, não sabe?

Algumas imagens da nossa amizade passaram por sua mente. Imagens de antes de eu vir pra cá e de agora. Imagens boas de se lembrar.

–É eu sei Anna.

Ficamos o restante da ronda relembrando boas histórias que vivemos juntos. Até o Collin entrou na brincadeira. Já era uma hora da manha quando voltamos cada um para a sua casa. Tomei um banho gelado e deitei na cama. Foi só fechar os olhos para cair no sono. Sonhei com aquela conversa roubada da mente do Quil. Percebi que esse negócio de entrar na mente tinha lá suas vantagens. Pobre do Quil, pois eu já aguardava ansiosamente a próxima ronda pra alimentar a esperança que começava a crescer dentro de mim.

Acordei um pouco mais tarde de propósito. Tinha que ir a um campo de extração pela manha, era meu dia favorito, não precisar ficar na empresa. Tirei algumas fotos e conversei com os encarregados para produzir o relatório mais tarde, depois fui para o restaurante. Cheguei mais cedo, então pedi uma dose de whisky e comecei a produzir o relatório no Macbook sentada na mesa. Logo os meninos chegaram, todos juntos.

–Arizona Girl?? Ainda é hora do almoço!! – Embry fala tomando um gole do meu whisky e sentando ao meu lado.

–É só pra aquecer. – sorrio.

Quil termina de tomar minha dose, eu salvo meu trabalho e fecho o Mac. Fazemos os pedidos. Jacob não olha muito pra mim, e eu evito olhar pra ele. Sei que se o fizer não vou mais conseguir tirar os olhos dos seus, então eu me abstenho.

Meu celular começa a tocar, é um numero desconhecido, mas é da cidade.

–Alo?

–Oi Anna, tudo bem? – A voz do Billy do outro lado surpreende a todos, principalmente ao Jake.

–Oi Billy, eu estou bem. E você? Aconteceu alguma coisa?

–Eu estou bem também.

–Você quer falar com o Jacob?

–Não... vocês estão juntos? – ele pergunta animado

–É, sim. Nós sempre almoçamos todos juntos...

–Todos, tipo com os outros meninos? – ele pergunta um pouco hesitante.

–sim, todos nós.

–hum... – ele fica um pouco em silencio – estou ligando pra pedir sua ajuda na verdade, é que eu sempre faço um almoço de comemoração quando a matilha recebe um novo integrante. Uma nova integrante no caso. Mas minha auxiliar na cozinha que é a Sue vai estar de plantão no sábado. Então eu não pensei em outra pessoa que possa me ajudar a não ser você. O Jake já me disse que você é uma ótima cozinheira. Então eu queria saber se você não pode vir no sábado umas 10 horas aqui pra casa pra me ajudar. Eu sei que é falta de educação por que, no caso, o almoço seria pra você, mas eu estou sem saída. – ele ri.

Fico em silencio por um tempo, levanto meu olhar para Jacob. Ele continua inerte, sem expressar emoções.

–É... Se você não conseguir outra pessoa eu ajudo sim, sem problemas!

–Então estamos combinados. Não precisa trazer nada porque já compramos tudo. Só venha, obrigada minha querida! Manda um beijo pro meu filho.

Ele desliga rindo. Fico meio sem intender direito. Seth solta uma risada. Olho pra eles, estão todos quietos. Inclusive Jake, que me olha intensamente.

–Se tiver que trabalhar até mais tarde não precisa ir. Dou um jeito de ajudar meu pai. – ele fala se inclinando por sobre a mesa.

–Quanto a isso não tem problema. Já planejava adiantar meu relatório esta noite.

Ele acena positivamente com a cabeça e desvia o olhar.

Almoçamos e então vamos cada um para seu lado. Faço outra visita a outro campo de extração a tarde e quando volto pra casa já é noite. Fico até meia noite produzindo meu relatório, e depois o sono vem rapidamente.

Na manhã seguinte, eu tinha apenas uma reunião às 7 horas, então me arrumo e vou. A reunião acaba as 9 então decido ir ao mercado comprar ingredientes para fazer uma sobremesa. Depois disso vou para a casa do Jake, antes mesmo de estacionar percebo que ele também está em casa, para a minha surpresa. Achei que ele estaria trabalhando e que seria só o Billy e eu. Ao entrar na casa ouço sua respiração pesada e percebo que ele está dormindo, provavelmente por que teve ronda na noite anterior. Billy me recebe bastante animado.

–Me desculpe querida, você só deveria vir para comer e não pra trabalhar. Mas eu sei que você é educada de mais pra se importar com isso – ele ri.

–Não tem problema – rio também.

Ele quer fazer lasanha, na verdade 5 lasanhas, por que toda a matilha virá e eles não brincam quando estão comendo. Então começamos preparando os molhos, fiz a sobremesa e coloquei para gelar. Enquanto estávamos montando as lasanhas Billy começou.

–É muito bom ter você aqui novamente. Eu confesso que também fiquei um pouco chateado com você quando o Jake me falou que tinha ido pra Chicago, mas depois acabei aceitando, a final você foi por que seu pai pediu que fosse a trabalho e eu sempre soube que voltaria. – ele fala sem me olhar. – eu sei que as coisas estão um pouco mudadas agora, mas eu também sei que tudo vai voltar ao normal, querida. Tenha paciência com ele. – ele sorri ao me olhar.

Ouço Jacob despertando, seu coração se acelera um pouco, ele fica na cama por uns instantes e então vai ao banheiro. Posso ouvir cada detalhe. O registro do chuveiro sendo ligado, a água caindo, seu corpo entrando debaixo da água. Meus pensamentos se descontrolam e seguem por uma linha que me deixa nervosa. Agradeço por já ter feito minha ronda e por não ter ninguém na minha cabeça nesse momento. Busco me concentrar na montagem das lasanhas, já são 11 horas. Enquanto Billy me fala sobre a receita da lasanha de quatro queijos que aprendeu com sua esposa, Jacob entra na cozinha. Apenas de bermuda, o que não me ajuda nem um pouco. Posso até ouvir meu coração levemente acelerado.

–Bom dia – ele fala. Meus olhos relutantes percorrem seu corpo. Seu olhar enigmático cruza com o meu por um segundo. Ele se senta à mesa. Respondemos o bom dia. Então ele começa a preparar seu café da manha.

Continuo empenhada na minha tarefa.

–Como foi a ronda filho?

–Foi tranquila.

Ele come tranquilamente, sinto seus olhos sobre mim em alguns momentos.

Faço um arroz para acompanhar e começo a lavar as folhas para a salada. Então os garotos começam a chegar, quando percebo a cozinha está cheia, estão todos rindo e conversando, há outro grupo sentado na grande mesa que tem sob o pé de carvalho nos fundos da casa. Estou terminando a salada, quando ouço outro carro chegar. Jared está mostrando algumas fotos de algum carro para o Jacob, ele está tão entretido que não percebe. Então eu sinto o cheiro, já sabia que era ela, era diferente do cheiro dos outros. Quil logo percebe também e começa a me olhar preocupadamente. Minha respiração acelera. Então eu a ouço entrar pela sala, só há alguns poucos segundo antes dela passar pela porta da cozinha Jacob nota sua presença. Ele olha diretamente pra mim, serra os dentes. Percebo uma angustia em seu olhar. Desvio meus olhos para a salada. Ela entra na cozinha.

–Festa?? Eu não ia ser convidada? – fala sorrindo. A conversa na cozinha cessa - Nossa que climão galera.

Grande parte das pessoas olha para mim, inclusive ela, que se abaixa e cumprimenta o Billy, sem tirar os olhos de mim. Busco incontrolavelmente acalmar minha respiração. Então ela caminha na minha direção.

–A famosa Annabele Vermont! – sorri – melhorou do seu mal estar do outro dia?

Demoro um pouco para responder.

– já estou bem melhor.

– Achei que você fosse morrer, parecia muito mal quando chegamos àquele restaurante no outro dia... – Ela estreita o olhar.

–E de fato eu estava. – Continuo olhando para o seu rosto.

–Bom, é um prazer te conhecer. – sorri.

–Igualmente – falo sem expressar emoção e desvio o olhar para a salada.

Então ela começa a cumprimentar as outras pessoas no cômodo, e parece que todos voltam a respirar, a maior parte ainda continua me olhando, como se esperassem uma reação pior.

Ela abraça o Jake e beija seu rosto, não levanto meu olhar. Um desconforto gigante me atinge, só queria não estar ali agora.

–Será que eu posso ajudar em alguma coisa? – ela pergunta para o Billy.

–Não, a Anna já fez tudo – ele responde rispidamente e vem me auxiliar a colocar as assadeiras no forno. Seus olhos ficam sobre mim, como quem diz “eu sinto muito”.

Depois de deixar tudo pronto, saio da cozinha e vou para a mesa dos fundos, andando mais rápido do que o normal. Sento ao lado do Embry e pego sua cerveja.

Ele me olha sem se mexer, e faz uma cara de preocupação.

Quil e Clarie vêm em seguida e sentam perto de mim, também monitorando cada movimento meu. Eu não queria estar ali. Não queira que ela estivesse. Não queria muitas coisas.


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