A conspiração escarlate escrita por Drafter


Capítulo 48
Compromisso


Notas iniciais do capítulo

E chegamos ao fim (na verdade, tem mais um epílogo a seguir, que achei melhor separar para amarrar as últimas pontas soltas).

Espero que gostem =)



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"Mas todos os fins são também começos.

Embora, quando acontecem, não saibamos ainda"

Mitch Albom

Três semanas depois

A casa do fim da rua já começava a dar sinais de abandono. Era só uma janela quebrada por enquanto, mas Kurama sabia que, se continuasse assim, logo as demais estariam no mesmo estado. Era uma casa pequena aquela, com seu único andar térreo e paredes cor de creme. Pequena e vazia. Além da janela quebrada, mais nada indicava algum movimento por lá.

A faixa amarela da polícia já havia sido retirada. Os restos mortais do pai de Kiki também, coletados como evidências de um crime que nunca seria solucionado pelas autoridades humanas. Provavelmente seria arquivado em breve, junto das outras mortes de Bozukan.

Desde a saída da polícia, a casa não recebia mais ninguém. Estava sempre igual, fechada e esquecida, com a única novidade sendo a janela que um dia amanheceu quebrada. Ele sabia disso pois passava por ali com frequência, uma tola esperança de ainda reencontrar Kiki.

Quando Kuwabara falou que ela havia ido embora no dia seguinte, Kurama não soube o que dizer. Leu o bilhete deixado na geladeira do amigo em silêncio, e imaginou quanto tempo aquele "até mais" significava.

— Eu não vi quando ela saiu, senão ia tentar fazer ela mudar de ideia — Kuwabara tinha dito em um tom de desculpas — Ela ainda estava bem machucada, sabe? Mas achei que pudesse ter ido falar com você ou coisa assim…

Kurama tentou sorrir para tranquilizar o rapaz. Kiki detestaria aquele excesso de preocupação. A garota precisava do seu tempo, ele sabia. O problema era que saber disso não aliviava o que vinha sentindo.

Kurama olhou o relógio. Passava das seis da tarde quando ele decidiu se despedir da casa vazia. O dia já havia praticamente morrido no horizonte. Um parque cercado por grades ficava logo adiante — o mesmo parque com a trilha escondida que ele conhecera justamente através dela. Em outros dias, Kurama chegou a refazer a trilha e sentar na borda da clareira por alguns instantes. Dessa vez, no entanto, desistiu da ideia. Sabia que não a encontraria ali, assim como no fundo sabia que não a veria vagando ao redor da casa. Se alguém perguntasse, não saberia nem explicar por que continuava indo até lá. Ele só sabia que continuaria indo.

Voltou para casa já com o caminho iluminado pelas luzes artificiais da cidade. Aproveitou para pensar mais um pouco em todos os desdobramentos das últimas semanas. E das próximas. Kurama gostava desses momentos a sós. Ultimamente, ele precisava. Aqueles eram assuntos que o faziam imergir em si mesmo por horas, e até mesmo sua mãe notava que havia algo estranho.

Ele chegou em casa a tempo para o jantar. Se esforçou para convencer a mãe que estava tudo bem. Ajudou com a louça como sempre e perguntou sobre os preparativos do casamento — ela iria se casar novamente em breve e ele ficava feliz em vê-la feliz. Conversar com sua mãe era sempre uma boa maneira de fazê-lo se distrair dos pensamentos amargos que o cercavam às vezes.

— Ah, sua amiga esteve aqui hoje — a sra. Minamino falou. Tinha acabado de ligar a TV — Deixou um bilhete.

— Que amiga? — ele perguntou com uma voz cansada ainda da cozinha.

— A que jantou com a gente outro dia. Cabelo curtinho.

Kurama tomou um susto com aquele pequeno pedaço de informação inesperada. Kiki tinha sido a única visita feminina recente na hora do jantar. Sua mãe costumava ter uma boa memória, mas só a havia visto uma vez. Poderia ter se confundido assim?

— Tem certeza que não era alguém da escola?

— Tenho sim, eu lembro dela. E estava sem uniforme — a mãe respondeu, distraída.

Ele engoliu em seco. Ainda com o pano de prato na mão, andou até a porta que dava para a sala.

— Ela disse o que queria?

— Não, só falar com você, acho — a mulher tirou os olhos da tela e se virou para o filho — Eu disse que ela podia esperar e jantar com a gente de novo, mas ela não quis. Acabou deixando um bilhete, está na sua mesinha.

Kurama assentiu. Agradeceu a mãe, largou o pano de prato e forçou seus pés a não correrem apressados até o quarto.

Um pedaço de papel dobrado o esperava no centro da escrivaninha.

(...)

O bar ainda estava semivazio quando ele chegou.

Kurama achou que não a veria, mas ela já estava esperando por ele. Sozinha, no fundo do estabelecimento, a silhueta de Kiki se destacava entre as mesas desocupadas. Ela acenou quando o viu, levantando a mão direita. A esquerda estava apoiada na mesa, com um gesso envolvendo o punho.

Kiki sorriu suavemente sob a luz difusa do bar. Kurama teve vontade de abraçá-la, mas apenas parou diante dela e sorriu também. Na mesa, um cinzeiro sujo, um copo d'água e dois yakitoris¹ — um deles pela metade.

Ela fez um gesto indicando a cadeira vazia à sua frente. Ele entendeu o convite e sentou. Por que aquelas três semanas tinham parecido tão longas?

— Logo aqui? — Kurama perguntou.

Ela pegou o yakitori já parcialmente comido e mordeu um pedaço.

— Sei lá, foi o primeiro lugar que eu pensei. Pelo menos aqui ninguém vai nos atrapalhar — respondeu, dando de ombros — Fiquei com medo que não fosse vir.

— Por que eu não viria?

Kiki continuou mastigando, sem responder. Os olhos estavam focados no espetinho que segurava com as duas mãos.

O bilhete que ela deixara na casa dele era simples e curto. Pedia para ele a encontrar no bar onde se conheceram, e mais nada. Nenhuma data, nenhum horário, endereço ou assinatura. Uma frase apenas, escrita com pressa, talvez inventada de última hora. Se ele estivesse em casa, ela teria conversado com ele lá mesmo? Teria ficado para o jantar?

Kurama decidiu sair assim que leu o recado, mesmo sem saber se ela já estaria lá. Depois, vendo as cinzas e restos de cigarros acumulados no cinzeiro, se perguntou desde que horas ela o estava esperando.

— O que aconteceu com seu braço?

— O pulso está quebrado, acho que foi quando estava lutando com Bozukan. Estava doendo muito, tive que imobilizar — Ela largou o espetinho vazio na mesa e olhou para o gesso — Eu meio que conheço um médico, é uma longa história. Ele fez de graça.

— Você tem tantas longas histórias que me pergunto se um dia vou conhecer todas.

— Algumas você não ia gostar. Quer? — Ela apontou para o último yakitori. Kurama recusou. Kiki pegou e mastigou em silêncio novamente.

— Eu achava que estivesse no templo, com Genkai…

Kiki balançou a cabeça negativamente. Kurama já sabia disso. Estivera no templo há poucos dias, com Hiei, Yusuke e Kuwabara, e tanto Genkai quanto Yukina negaram que a garota tivesse sequer passado por lá.

— Não, eu queria ficar sozinha mesmo, não queria que ninguém…

Ela parou de falar. Voltou a atenção para a comida nas mãos.

— Que ninguém te encontrasse?

— Não era nada pessoal — justificou — Eu só precisava ficar longe dessa confusão um pouquinho. Aliás, como ficou tudo? Botan, o pessoal lá de cima… — Kiki meneou a cabeça para o teto, mas ele entendeu que ela se referia ao Reikai.

— Ainda confuso, acho. Liu morreu, mas os últimos acontecimentos fizeram o Mundo Espiritual acirrar ainda mais a relação com youkais… — Kurama fez uma pausa, pensativo — Depois do ataque de Yusuke e Hiei à Bozukan, nós voltamos a ser uma ameaça.

Kiki, com a boca cheia, grunhiu um "sério?".

— Koenma ainda está tentando segurar as pontas — ele continuou — Mas acho que vai demorar um pouco até tudo esfriar.

— É por isso que você vai voltar pro Makai?

Kurama a encarou espantado. Ficaram em silêncio alguns segundos, Kiki mastigando a carne do yakitori enquanto pela primeira vez o olhava nos olhos.

— Como você sabe?

— Kuwabara me contou — ela baixou o espetinho para a mesa — Estive na casa dele antes pra agradecer os cuidados. Ele disse que Yusuke e Hiei já foram. Não está muito feliz com a história.

— É, eu imagino que não…

Kurama lembrou do encontro no templo de Genkai. Kuwabara estava revoltado com a perspectiva de ver os amigos retornando para o Mundo dos Demônios. E mais ainda com a anuência do Mundo Espiritual. Os três haviam sido convocados por poderosos nomes do Makai — Raizen, Mukuro, Yomi — e estavam todos dispostos a atender o chamado, cada um com seus próprios motivos.

Nenhum deles sabia exatamente o que esperar.

— Então é verdade? — Kiki perguntou, os olhos curiosos ainda sobre ele — Você também vai?

— Sim, eu acho que sim.

O rosto da garota gritava "por quê?!", mas ela mesmo não disse nada.

— É só por um tempo. Ao menos para saber o que está acontecendo. Minha vida é aqui, não mais no Makai — ele explicou, sem querer entrar em detalhes. A verdade é que não queria falar sobre Yomi com ela. Kiki não era a única da mesa a esconder parte do seu passado.

— Você 'tá falando isso pra me convencer, ou é pra convencer você mesmo?

Kurama franziu o cenho. Ela desviou o olhar, brincando com os palitos remanescentes dos yakitoris.

— Você acha que eu não devia ir, é isso?

— Eu acho que você tem que fazer o que acha que precisa fazer, Kurama. Eu só fiquei surpresa, só isso. Não esperava por isso, acho, depois de tudo que aconteceu... E fiquei com medo que já tivesse ido, que eu não fosse conseguir te encontrar, ou que, sei lá, nunca mais fosse te ver. Eu... não quero que você morra.

Ela falou ainda com a atenção voltada para os palitos na mesa, escondendo o rosto sob a luz fraca do ambiente. Kurama fingiu não perceber a quebra na voz que ela tentou disfarçar.

— Que seja, eu não sou a melhor pessoa para dar conselhos. Você sempre soube melhor do que eu a coisa certa a fazer — ela falou, largando os espetos.

Uma garçonete passou pela mesa deles na mesma hora, mas não demonstrou o menor sinal de ter ouvido alguma coisa da conversa. Kiki aproveitou para pedir mais dois yakitoris; ele, uma água.

— Eu também fiquei com medo que você não fosse voltar. Ou que voltasse depois de eu ter ido — ele falou — Eu não estava planejando que as coisas acontecessem como aconteceram. Mas você não estava aqui e eu precisava tomar uma decisão. Eu nem mesmo sabia onde te encontrar ou se você queria falar comigo.

Kiki apertou os lábios, forçando um sorriso sem jeito.

— Eu sei, eu… eu estava em Chiba — ela falou com cuidado, aguardando a reação dele — Na casa de Akira.

— O quê? — De todos os lugares, aquele era o que Kurama menos esperava — Como assim? Por quê?

— A casa está vazia, eu queria ficar sozinha. Ali ninguém ia me achar. E ninguém apareceu lá nesse tempo todo, acho que não é muita gente que tem aquele endereço. Aliás, acho que nem deve ter muita gente que sequer sabe que Akira bateu as botas, pra falar a verdade.

— Ainda assim…

— É eu sei, não foi a melhor ideia do mundo... Pelo menos achei mais um monte de coisa da Red Society — Ela baixou a voz nessa última parte. Não havia esquecido que aquele bar tinha servido de ponto de encontro da quadrilha antigamente — Pensei em fazer uma denúncia anônima pra polícia com o endereço da casa ou algo assim.

Kurama concordou, ainda um pouco surpreendido com aquela escolha. A garçonete voltou com os pedidos, recolhendo o prato vazio anterior e o substituindo por um novo. Eles esperaram ela se afastar.

— Foi estranho ver tudo aquilo de novo, lembrar de Akira de novo. Mas também foi bom, sabe? Eu consegui encarar e colocar um ponto final nessa história. Não posso deixar isso me assombrando pra sempre. Muito menos ficar fugindo.

Kiki fez uma pausa; Kurama aguardou.

— Acho que eu precisava fazer as pazes comigo mesma. Andei pensando um bocado sobre tudo que aconteceu, sobre a morte da minha mãe, sobre umas coisas que você me disse… Descobri que eu não estava com raiva do mundo, eu estava com raiva era de mim! Eu já estava começando a me sentir culpada pela morte do meu pai também, acredita? Ficava pensando "E se eu não tivesse insistido pra ir junto com você aquela noite? E se eu tivesse ficado em casa?", um monte de coisa assim. Tá bom que minha relação com ele era uma merda, mas ele não merecia morrer daquele jeito, né?

— Kiki, nada disso…

— ... é minha culpa, eu sei. Eu sei. É difícil me convencer disso depois de tantos anos pensando o contrário, mas eu sei. O problema era que não era só isso. Eu estava meio que em choque, sabe? Fui embora da casa de Kuwabara aquele dia porque não queria falar com ninguém. Pra mim sempre foi mais cômodo pensar "minha vida é uma droga, mas que se dane, é assim que as coisas são", e parar por aí. Mas eu cansei disso. Cansei de deixar as merdas acontecerem e não fazer nada a respeito. De achar que bastava levar todas as culpas do mundo que ficava tudo certo. Chega uma hora que você não aguenta mais tomar porrada de todos os lados.

Ela pegou um yakitori, mas não o comeu. Ficou segurando com uma das mãos, olhando para ele, mas sem ver exatamente nada.

— E ficar sozinha é libertador, de certa forma, mas também é assustador… te obriga a pensar em coisas que você não queria pensar.

— Do que você está falando?

Kiki largou a comida no prato de novo. Tamborilou os dedos por um segundo, como se estivesse ponderando algo, e acabou se virando para mexer na mochila encostada do lado da cadeira. Puxou um papel completamente amassado, o abriu e empurrou em direção a Kurama.

Ele reconheceu na mesma hora. Era a ficha com os dados pessoais do homem que matara a mãe da garota anos atrás.

— Eu tinha pensado em ir atrás dele, lembra? — Kiki falou, e Kurama acenou, cauteloso, concordando — Mas se eu for, e depois? O que acontece? Pensei muito nisso esses dias.

— E depois, nada — ele falou — Talvez você se sinta melhor, talvez não. Mas pela minha experiência, vinganças nunca curam feridas, apenas abrem outras novas. E acho que você não precisa de mais nenhuma.

Kiki balançou a cabeça pensativa. Seguiu-se um breve silêncio, que terminou com um suspiro.

— Sim, foi meio que a conclusão que eu cheguei também… eu acho que você tem razão. Eu sou a rainha das péssimas escolhas, mas acho que finalmente estou aprendendo a pensar antes de decidir alguma coisa.

Kurama sorriu.

— Os corações mais fortes geralmente têm as maiores cicatrizes — ele disse — Não é qualquer batalha que vale a pena lutar.

Ela sorriu também. Empurrou o prato com os espetinhos para o centro da mesa, afastando o papel amassado. Pegou um dos yakitoris.

— Vai, pega o outro. Não quero comer tudo sozinha.

Kurama aceitou, mesmo estando sem fome por causa do jantar recente. Em volta deles, o bar começava a encher.

— Por que nunca falamos sobre aquela noite que você apareceu no meu quarto? — ele perguntou depois da primeira mordida. Aquela era a primeira vez que eles falavam diretamente sobre o único beijo trocado entre eles. Depois que ela se levantou daquela cama, o assunto nunca mais surgiu entre os dois.

— Porque eu não gosto de lembrar o que me levou até lá.

— Não foi um assaltante, não é? Que fez aquele corte em você.

— Foi o meu pai.

Ele parou de mastigar e olhou para ela. Kiki continuou comendo, mas evitou o olhar. Kurama sempre desconfiou de algo, no fundo. Ela sempre tinha mais machucados do que o normal, machucados que não batiam com os que ela fazia nos treinos, e uma mania de evitar ficar em casa que ele nunca entendera direito. Ter aquela confirmação, no entanto, foi mais doloroso que ele esperava que fosse.

— Eu sinto muito, Kiki…

Ela murmurou alguma coisa que ele entendeu como um "tudo bem", e não falou mais nada. Kurama não conseguiu continuar o assunto. "Algumas histórias você não ia gostar," ela tinha dito mais cedo. Pela primeira vez ele percebeu que as cicatrizes de Kiki talvez fossem bem mais profundas do que ele tinha imaginado. 

— E agora, o que você vai fazer?

A garota mordeu os últimos pedaços, mastigou de qualquer jeito e empurrou a carne pela garganta com um gole de água.

— Eu preciso de um lugar pra ficar — Kiki limpou a boca com as costas da mão — Não queria voltar pra minha casa, nem, sei lá, ir parar em algum orfanato ou coisa do tipo. A escola eu meio que já desisti mesmo.

— Algum lugar em mente?

— Kuwabara sugeriu eu ficar com Genkai. Disse que eu podia treinar lá, se quisesse. Que ia ser bom pra mim.

— É uma boa ideia.

— É, talvez. Se ela me aceitar.

— Ah, tenho certeza que sim. Você não pode ser pior do que Yusuke quando ele foi pra lá a primeira vez. Acredite, eu sei o que estou falando — Kurama comentou, fazendo a garota rir.

Ele riu junto com ela, e os dois perceberam que não riam havia um bom tempo. Tanto tempo que mesmo um comentário simples como aquele era tudo o que eles precisavam. De repente, até o bar parecia mais alegre por causa daquela risada.

E ficaram assim por alguns minutos, sem ousar interromper aquele instante, temendo que ele fosse se despedaçar a qualquer momento. Era algo tão frágil que mesmo um sopro seria o suficiente.

— Ah, Kurama, não seria bom se todos os dias terminassem assim?

Ele esticou o braço sobre a mesa e alcançou a mão de Kiki. Entrelaçou seus dedos com os dela. Se pudesse, não soltaria nunca mais.

— Com certeza — ele disse — com certeza seria, Kiki.

Com a mão livre, pegou o yakitori pela metade e deu mais uma mordida.

E aquele, ele pensou, era o melhor que já tinha comido na vida.


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Notas finais do capítulo

¹Yakitori - Espetinho de frango grelhado muito popular no Japão