A conspiração escarlate escrita por Drafter


Capítulo 13
Uma ajuda inesperada




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Kiki chegou em cima da hora marcada e encontrou Kurama já esperando por ela. Perto dele estava uma mochila, apoiada no tronco de uma árvore.

— Por que aqui?

— É perto da sua casa e você já conhece o caminho. Além do mais, precisamos de um lugar isolado para treinarmos em paz.

— Que seja, vamos logo com isso — ela disse, se espreguiçando — O que tem aí na mochila?

— Calma, nunca ouviu falar em aquecimento? Cinquenta flexões de braço, pode começar.

— O quê? — ela disse, surpresa — Você quer me matar? Como que isso vai me ajudar com alguma coisa?

Ele sentou do lado da mochila e sacou um relógio do bolso.

— Você tem cinco minutos.

Ela olhou incrédula para ele, que se mantinha imóvel.

— Se não completar as flexões a tempo, terá que começar de novo. O tempo está passando.

Kiki xingou baixinho e agachou para começar o exercício, já arrependida de ter aceitado aquele acordo.

(...)

Koenma continuava ansioso, tentando disfarçar seu nervosismo. Era a primeira vez que se reunia com o chefe do Esquadrão de Defesa desde que havia pedido para Yusuke investigar o que estava se passando no Ningenkai. O encontro, sem motivo especificado, havia sido feito a pedido do Comandante Liu, deixando Koenma inquieto. Ele sabia que a alta cúpula do Mundo Espiritual tinha algum envolvimento com o esquema que tinham descoberto, porém não sabia se o próprio Comandante fazia parte da quadrilha — ou se ao menos fazia vista grossa para o que vinha acontecendo. Se esse fosse o caso, estaria o Comandante desconfiado de que o grupo de Koenma estava metendo o nariz nos seus negócios? Ele suava frio a caminho da reunião, pensando em todas as piores hipóteses que o podiam aguardar pela frente. Parou de caminhar ao chegar na sala indicada e hesitou por um segundo. Abriu as grandes portas duplas do salão e entrou da maneira mais confiante que conseguiu.

— Koenma, obrigado por atender meu chamado. Sei que o pedido não cumpriu todas as regras protocolares que devemos atender, mas o assunto que tenho para tratar com o senhor é urgente.

Liu o cumprimentou de maneira formal e foi até seus dois subordinados que guardavam à porta. Deu uma ordem aos dois, que imediatamente saíram da sala, deixando os dois a sós, com a porta fechada.

— Pedi para que aguardassem do lado de fora. Não quero que nossa conversa seja interrompida. Além do mais, não sei mais em quem posso confiar — ele justificou, e esperou Koenma sentar para poder fazer o mesmo.

— Que assunto tão urgente é esse, Comandante?

— Senhor Koenma...sei que posso confiar no senhor, e preciso contar com sua ajuda — ele começou — Recentemente descobri um grande fluxo de energia entre o Mundo dos Humanos e dos Demônios, um fluxo maior do que o normal que estamos habituados a lidar. Pedi a meus melhores homens que investigassem o motivo, mas o resultado foi inconclusivo.

Koenma se endireitou na cadeira, sentindo a tensão nas palavras do líder do Esquadrão a sua frente.

— Continue.

— Fiquei muito insatisfeito, e não quis arquivar o caso. Montei um novo time de investigação, e dessa vez decidi participar ativamente do processo, contrariando todos os meus conselheiros e generais, que foram abertamente contra o meu envolvimento.

— O que eles alegavam?

— Tentaram diminuir o caso e me acusaram de dar importância demais a ele, de gastar recursos desnecessariamente. Chegaram a tentar bloquear meu acesso aos arquivos, quase tive que solicitar ao Rei Enma que os ordenassem a liberar os relatórios. Felizmente, apenas a ameaça de levar o caso a seu pai foi suficiente.

— E qual era o conteúdo dos relatórios?

— O resultado da investigação anterior realmente era inconclusivo, mas bastava uma análise mais atenta para descobrir o motivo: os dados estavam incompletos. Várias informações estavam faltando, ou estavam erradas. Sei que os homens que designei são competentes o bastante para não cometerem esse tipo de deslize... e por isso, só consigo pensar em uma resposta...

O Comandante se aproximou de Koenma e deu uma olhada furtiva para a porta. Limpou a garganta e disse, abaixando o volume da voz:

— Membros do Esquadrão estão encobrindo essa atividade deliberadamente. E devem estar levando alguma coisa em troca para dificultar a investigação. O que me assusta é que eu não sei do que isso se trata, mas se precisa envolver corrupção do Esquadrão de Defesa, é porque é algo muito grande e lucrativo.

— Quem são os envolvidos?

— Eu ainda não sei. Além dos meus cadetes que integraram o primeiro time de investigação, vários superiores poderiam ter adulterado as informações. Por isso não sei em quem confiar a não ser no senhor. Sei que você nunca seria conivente com isso. Além do mais... desde o problema com Urameshi, você tem tido dificuldades aqui no Mundo Espiritual, e pensei que, se conseguirmos desmascarar esse grupo podre do Esquadrão, isso te ajude a ganhar pontos com seu pai.

— Desde quando você se importa com a minha relação com meu pai?

— Eu não me importo, mas preciso da sua ajuda e da sua influência. Só estou dizendo que, se me ajudar, todos podemos sair ganhando.

Koenma pensou por um segundo antes de responder. O Comandante parecia estar falando a verdade, e genuinamente interessado em desvendar o caso. No entanto, não sabia como ele reagiria se contasse que havia colocado Yusuke a cargo da investigação também. Talvez fosse mais sensato segurar essa informação mais um pouco.

— Comandante, você está certo. Também me interessa acabar com esse esquema. Porém, não sei como posso te ajudar. Estou tão limitado quanto você, ou até mais. O Rei Enma não anda facilitando as coisas para o meu lado e tenho poucos amigos aqui no Mundo Espiritual que possam me ajudar.

— Mas tem amigos no Mundo dos Humanos que podem.

— Não estou entendendo.

— Eu vi como você protegeu Urameshi, indo contra as ordens de seu pai. E também vi a força que ele tem, resultado da sua ascendência demoníaca. Se esse caso envolve o Ningenkai e o Makai, nada melhor do que contar com a ajuda de alguém que pode transitar entre os dois mundos.

— Achei que você não gostasse de Yusuke...

— Eu não gosto! — ele gritou, com o rosto vermelho — Ele é um delinquente, uma ameaça que só está solta no Mundo dos Humanos por sua intervenção. Porém, estou disposto a relevar isso, se ele se provar tão útil quanto você o julga. Aliás, se ele nos ajudar, até mesmo seu pai pode mudar de ideia quanto a ele.

Koenma assentiu. O Comandante tinha razão. Resolver aquele caso seria benéfico para todas as partes, e ter alguém de alta patente do Esquadrão ao seu lado com certeza ajudaria na apuração dos fatos. Ao menos era o que ele tinha para se agarrar naquele momento. Todas as suas tentativas de descobrir algo por baixo dos panos sem levantar suspeitas no Mundo Espiritual tinham ido por água abaixo, e ele sabia que seus amigos — principalmente Yusuke — estavam ficando impacientes e frustrados com aquele beco sem saída em que eles tinham se metido. Era inclusive um milagre que tenha conseguido segurar Yusuke por tanto tempo. O garoto costumava fazer o que seus instintos mandavam, e estes o estavam mandando fazer uma investigação a seu modo, na base de socos e chutes. Conseguindo o apoio do Comandante, tinha certeza de que a investigação avançaria a passos muito mais rápidos.

— Ok, Comandante. Comece me passando tudo que sabe.


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