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Meia-noite.

O Dia dos Namorados havia acabado, indo consigo as memórias belas de um romance submisso, mas verdadeiro.

Então, eles se separam assim que o cuco terminou, arfando um contra o outro, sentindo o ar lhes faltar nos pulmões. Como se tivessem decorado o rosto um do outro, ela tocou seu rosto, e a mão dele tocou a mão dela. Um último confronto? Por que não? Mas desta vez, a recompensa que apenas eles se enxergarem, além do corpo. Logo, o Mellark fora obrigado à se levantar, indo em direção á sua nova família que deveria criar, e sua nova esposa, que deveria aprender a suportar.

Katniss ainda estava perdida nos pesamentos. O que faria agora quando amanhecesse em algumas horas?

Havia sua missão inicial. Procurar sua mãe. Provar ao mundo que ela teria sobrevivido ao naufrágio de alguns meses atrás do Titanic. Procuraria em todos os lugares, desde à White Star Line, até os portos mais escondidos, começando por algum barco que passaria onde o barco naufragou. Não desistiria de encontrar sua mãe.

Procuraria por Cato. Cumpriria o único pedido de Glimmer, e daria o dinheiro em seu envelope em guardado nos bolsos do vestido para ele. Diria à ele que a sua irmã está bem, e seguindo na vida apesar das dificuldades claras à realidade dos dois. O assistiria chorar, e ofereceria seus braços para confortá-lo também.

Também procuraria pela tal Aibileen e sua filha Rue, a Erva-da-Graça. Olharia os locais de trabalho de caseiras, e até colocaria cartazes na procura das duas. Se Katniss as encontrasse, daria o que restou do dinheiro que Cinna lhe deu de volta à elas, e contaria dele para ambas. Diria que ele também está bem. Talvez elas não o visse em anos. Falaria que como ele é, e como foi gentil e é trabalhador, mesmo tendo ela o conhecido tão pouco pouco. Claro, choraria com ambas também.

É incrível como você consegue se apegar á pessoas bondosas em tão pouco tempo. Elas se tornam inesquecíveis em sua memória. Algo que vai além até o amor, do carinho. Pessoas que irradiam paz em você. Pessoas que lhe ensinam coisas. Elas tornam curtos momentos, únicos em uma vida inteira por todos os dias do ano. Elas se tornam uma família de uma memória só. E agora, Katniss e o Peeta viam isso.

Algumas pessoas nascem para pescar e beber, como Haymitch.

Outras ajudam o próximo, como Cinna.

Algumas passam seu vestido, como Greasy Sae.

Outras te mostram o caminho, como Annie.

Algumas seguem ordens, como Gale.

Outras são manipuladoras, como Effie.

Algumas são tristes, como Lady Ronnie.

Outras dançam, como Glimmer.

E algumas pessoas aprendem à amar, como Peeta.

Antes mesmo que atendesse os novos chamados das pessoas para cima, Peeta pousou a mão na maçaneta da porta, e se virou para olhar para Katniss.

Mal ele sabia que seria pela última vez. Ela partiria escondido antes de todo mundo, acordaria mais cedo e correria para Baretheon, não deixando um só fio de cabelo para trás, almejando pelo próximo capítulo que viria pela frente de sua vida. Era ainda difícil fazer isso, mas sabia que era o certo pensar assim. Ninguém se machucaria se não a encontrasse pela manhã. Nem as mulheres, mas saberiam de seu destino. Saberiam que ela agradeceria pelo pouco espaço que lhe deram ali.

Com só suspiro, Peeta sorriu e lhe disse:

— Boa noite, Srta. Everdeen.

E com os olhos fechados, ela se despediu-se:

— Boa noite, Senhor Mellark.