Tão Perto. Tão Distante. escrita por Mia Golden


Capítulo 1
BILLY


Notas iniciais do capítulo

Para quem estava ansioso com essa história, espero que agrade, pois como as outras que escrevi, fiz com muito carinho.
Primeiro capítulo pra vocês!!

Bjs da M :*



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Estou aqui nas ruas de Londres caminhando sem rumo. Como sempre, acho que vai chover. Londres é assim, sempre cinzento. O céu está carregado e esta prestes a desabar água. Mas eu não me importo em me molhar. Aprendi a gostar.

Moro aqui já faz um ano. Decidi me mudar pra cá com meus padrinhos para ver se deixava meus problemas, magoas e decepções na cidade que deixei pra trás. Na verdade, deixei família e amigos pra trás, mas assim foi melhor, me sinto cada dia mais diferente. Como uma pessoa me disse uma vez, às vezes na vida precisamos de um choque de realidade pra mudar. Pelo menos eu estou tentando e acho que essa pessoa, esteja onde estiver esta feliz por mim.

Penso em ir até uma praça e me sentar pra olhar os movimentos da cidade, mas meu celular me alerta que provavelmente é minha madrinha. Ela disse a minha mãe que cuidaria bem de mim. Não importa que eu tenha quase 18 anos, ainda sou o filhinho da mamãe.

Peguei o celular e vi que realmente era minha madrinha.

- Oi madrinha! – disse.

- Billy, onde você está?

- Estou aqui em uma praça no centro... O que aconteceu?

- Você não percebeu que está se formando um temporal? Volte pra casa! – disse ela preocupada.

Minha madrinha Joyce e meu padrinho Luke são amigos da minha mãe desde o colégio. Eles eram inseparáveis. Quando minha mãe se casou, ela prometeu a Joyce que seu primeiro filho seria seu afiliado. Então eu nasci e aqui estou.

Meus padrinhos não podem ter filhos, na verdade é Joyce que não pode, então eles adotaram dois meninos. Saimon que tem a minha idade e Ethan de 15 anos.

- Tudo bem, logo estarei em casa. – disse a ela.

- Não demore querido, vou fazer lasanha para o jantar.

Sorri com o pensamento, minha madrinha fazia a melhor lasanha que eu já comi. Ela é descendente de italianos, acho que isso explica tudo.

Voltei pra casa caminhando mesmo, alias era uma caminhada de quase uma hora do centro de Londres até o bairro onde estava morando. Aprendi a gostar de fazer este trajeto a pé. Enfim, depois de cinqüenta e cinco minutos, cheguei. O cheiro da comida já tinha se espalhado pelos cômodos quando entrei pela porta.

- Cheguei! – disse indo em direção ao meu quarto.

A casa dos meus padrinhos é em uma zona modesta de Londres. As casas são grandes e com cercas vivas na frente. A madrinha era designer de interiores. Resumindo, as pessoas pagavam pra ela decorar a parte de dentro da casa de acordo com o gosto de clientes. Já meu padrinho era um advogado. Ele é britânico, mas foi morar aos 10 anos nos Estados Unidos, ela é americana apesar de ser descendente de italianos, ela nasceu lá. Depois do casamento eles foram morar na Inglaterra. Dois anos depois, adotaram Saimon e no outro ano Ethan.

Entrei no meu quarto e me joguei na cama. Olhei para minha escrivaninha e avistei o porta retratos da minha família. Na verdade, antes do grande acontecimento. Agora cada um de nós mudou, eu, minha mãe, Jenny e até meu pai que esta atrás das grades.

Minha mãe esta indo muito bem como a vice-prefeita do meu tio Alex. Os dois formam uma dupla incrível. Estão cada vez mais agradando o povo de Moutain Village. Jenny desistiu do balé, fiquei triste por ela, não era o que eu queria. A dança era a sua paixão, mas ela me disse que queria ficar mais perto da família. Espero que algum dia ela volte a dançar. Já meu pai esta preso a mais de um ano. Ele cometeu aquele crime contra o Davis, e agora com todo o direito esta pagando.

De repente veio ela a minha mente. Tina. Sentia falta dela. Mas agora não era tão doloroso como antes. Tina foi à pessoa mais forte que eu já conheci na vida. Apesar de nossos sentimentos terem sido diferentes um pelo outro. Pensei por um momento se ela estivesse viva, eu provavelmente não estaria aqui, ou quem sabe nem teria mudado. Toda a nossa vida já esta escrita.

Uma batida na porta me tira dos meus pensamentos.

- Entre! – disse me levantando.

Ethan apareceu na porta.

- O jantar já esta pronto Billy.

- Está bem. Já estou indo.

Todos nós nos reunimos pra jantar. Todas as noites eram assim. Gostava disso. Era uma sensação boa. Depois de jantarmos, fomos pra sobremesa. Tudo é claro junto e com muitas risadas e conversas descontraídas.

Depois do jantar, eu fiquei com a missão de guardar a louça enquanto Saimon lavava, Ethan secava. A madrinha gostava de nos colocar no trabalho. Ela tem uma senhora que ajuda na arrumação da casa. Mas como era final de semana, ela tirava folga.

- Muito bem meus meninos, podem ir dormir. – Disse ela dando um beijo em cada um de nós.

Despedimos-nos e cada um foi para seu quarto. Escovei meus dentes e coloquei só minha calça de pijama. Peguei meu notebook e coloquei no colo. Toda a noite conversava com minha família e amigos. Abri meu Facebook e vi que minha mãe estava online. Mandei uma mensagem a ela.

“Olá mãe!”

Foi visualizado. Logo ela começou a responder.

“Olá querido! Como está?”

“Está tudo bem! E você e a Jenny?”

“Esta tudo bem. Todo mundo está bem.”

“Fico feliz!”

“Estou com saudades! Quando vai voltar?”

“Mãe, você já sabe!”

Digitei revirando os olhos. Ela sempre fazia essa pergunta.

“Sentimos saudades!”

“Eu também!”

“Precisamos de você com a gente!”

Percebi na frase que minha mãe escreveu que no fundo algo não estava bem.

“Esta bem mãe, o que está acontecendo?”

Ela demorou pra responder.

“Só estou preocupada Billy, meu filho parece não querer mais voltar pra casa!”

Sabia que ela sofria com a minha falta. Ela que visitava meu pai na prisão de vez em quando, mesmo eu pedindo a ela que não fosse. Ela não gostava que Jenny fosse, e nem eu. Aquele não era lugar para uma menina. Depois de sua prisão eu nunca fiz questão de ir vê-lo, e pelo que eu sei nem ele queria me ver, mas não me importava. Ele nos fez sofrer demais. Meu tio Alex até foi algumas vezes, mas depois da frieza que o meu pai o recebia, ele desistiu de ir. Não tiro a razão dele.

Sabia que tinha o dever de voltar pra ser o homem da casa. Cuidar da minha mãe e minha irmã.

Por um momento pensei bem na minha volta. Eu estava me sentindo bem. E dali a uma semana começaria meu último ano. Iria fazer em Londres mesmo. Mas devido a circunstancias, acho que teria que mudar minhas decisões. Não era de agora que pensava nisso.

Comecei a digitar novamente.

“Mãe, lhe prometo que vou lhe dar uma resposta certa amanhã. Só preciso pensar bem.”

Vi que ela digitava.

“Pense bem meu filho! Sentimos sua falta. Quero ver você aqui na cidade concluindo seu último ano. Quero poder estar na sua formatura!”

Poderia imaginar ela escrevendo isso com lágrimas nos olhos, pois ela ficou mais sentimental logo depois do acontecido com meu pai. Do divórcio.

“Vou pensar sim, não se preocupe! Eu amo você.”

“Também te amo meu filho. Pense bem e boa noite querido.”

“Boa noite mãe, e deixe um beijo pra Jenny!”

Assim que terminei minha curta, mas significativa conversa com minha mãe, desliguei meu computador e coloquei na minha cabeceira. Me deitei de barriga pra cima e fiquei olhando para o teto.

Volto ou não volto? Esse lugar é ótimo, viver aqui é como estar em um sonho. É uma cidade fantástica. Mas minha cidade, aquela pequena cidadezinha era minha casa. Lá estava minha família. Sentia falta deles sim, mas sei que voltar pra lá me traria lembranças, mas também respostas que ficaram no ar antes de vir morar aqui. Coisas que eu deixei inacabadas. Na verdade só uma. Meu relacionamento com meu primo mudou, assim como de meus amigos comigo, mas uma me incomodava. Ela me deixou na duvida antes de eu vir pra cá. Sabia que ela estava com medo na época, sabia que algo estava nascendo em seu coração por mim. Mas respeitei seu momento de duvida e dei espaço a ela. Na verdade um ano.

Me sentei na cama e peguei meu celular. Sabia que ainda era cedo em Mountain Village. Deu dois toques e minha mãe atendeu.

- Filho? – perguntou ela em um tom surpreso.

- Não precisa esperar minha resposta até amanhã, já decidi.

- Já?

- Sim mãe. Vou voltar. Já esta na hora.

Ouvi minha mãe suspirando e logo ela riu.

- Estou feliz filho! É sério!

- Não se preocupe, vou voltar e ficar com você e Jenny.

- Oh filho... – percebi que ela estava começando a chorar. – Sinto tanto sua falta, e Jenny também...

- Não chore mãe. Amanhã falo com os meus padrinhos e resolvo isso.

- Tudo bem. É a melhor noticia do dia pra mim!

Sorri. Minha mãe é bem dramática.

- Falo mais com você amanhã mãe! Agora sim, boa noite!

- Boa noite filho!

Quando desliguei e me deitei novamente, nem percebi que estava sorrindo. Acho que não vai ser tão mal assim voltar. Todos que gosto estão lá. Não tenho que deixar o passado me atrapalhar de continuar. Feliz com minha decisão acabei indo dormir mais confiante.

No outro dia, assim que me levantei, fui até a sala e vi que meus padrinhos tomavam café. Meu padrinho como sempre com o seu jornal nas mãos.

- Billy, caiu da cama? – perguntou ele.

Sorri e me sentei à mesa com eles.

- Achei que iria dormir até mais tarde como os meninos. – disse a madrinha.

Me servi de café.

- Na verdade eu quero falar com vocês.

- Diga! – disse o padrinho largando o seu jornal.

- Falei com a minha mãe ontem à noite... E tomei uma decisão... Decidi que quero voltar. Já esta na hora.

Os dois se olharam.

- Tem certeza querido? – perguntou a madrinha.

- Sim, eu tenho.

- Mas as suas aulas começam na semana que vem por aqui. – disse o padrinho preocupado.

- Pois lá na minha cidade também! Assim terei tempo!

Minha madrinha suspirou e olhou para seu marido.

- Se é isso que quer tudo bem! – disse ela sorrindo.

- Você está com saudades da sua família não é? – perguntou o padrinho.

- Muito!

- Está bem então! Vamos depois ir comprar a sua passagem... Para que dia você quer?

- Pode ser amanhã!

- Nossa! Já para amanhã? – perguntou a madrinha rindo.

- Não posso perder tempo!

Depois do café, meu padrinho e eu fomos comprar minha passagem. Saimon foi conosco e disse de brincadeira até que queria ir comigo, mas a madrinha disse que era impossível. Talvez eles me visitem nas férias.

Quando voltei para a casa, liguei para minha mãe, mas foi Jenny que atendeu.

- Alô!

- Jenny? É o Billy!

- Billy! Oh irmãozinho, como está?

- Só estou ligando pra dizer que embarco de volta amanhã de manhã daqui de Londres.

- Então vai voltar mesmo?

- Sim!

- Estou feliz, é sério! Não vejo a hora de revê-lo!

- Eu também!

- Eu te amo!

- Eu também! Diga à mamãe que ligo mais tarde...Alias, onde ela está?

- Foi ao supermercado, volta daqui a algumas horas. Acho que ela quer encher a casa de coisas boas para quando você chegar! – disse Jenny rindo.

Ri demais com esse pensamento.

- Está bem! – disse ainda rindo – Vou desligar por que tenho que arrumar muitas coisas. Até mais tarde!

- Até! Beijos!

- Beijos!

Desliguei e logo comecei a arrumar minhas malas. Algumas coisas meus padrinhos iriam mandar depois. Estava empolgado. Mas também sentia que estava tomando a decisão certa.

Peguei o celular e mexi nos contatos. Parei no numero dela. Será que eu ligo dizendo que estava voltando? Cheguei a quase ligar, mas desisti. Melhor não! É melhor fazer uma surpresa. Mas pensando bem, dependendo da minha mãe ela já contou pra cidade inteira.

Me sentei na cama e passei as mãos pelos cabelos que agora estavam um pouco mais compridos. Suspirei. Espero que ela ainda esteja me esperando e ainda me queira.


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