You escrita por PepitaPocket


Capítulo 24
O Segredo de Unohana




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/655860/chapter/24

Unohana olhava para a tela do celular tentando entender a mensagem que havia acabado de responder.

"Espero que sejam felizes, Sayonara".

Orihime na pressa havia tocado o destinatário da mensagem.

Quando viu aquilo sem olhar o destinatário, um arrepio percorreu a espinha da melhor.

Que ficou receosa de que ele, enfim se cansasse de sua eterna situação mal resolvida com Ryuuken, não se resolvesse.

Logo, foi imensurável o alívio que ela sentiu quando viu a foto de Inoue, como destinatário, pois no nervosismo ela nem conseguiu ler direito o nome do remetente.

— Espero que isso não seja uma carta de demissão. Pois, vai ser difícil achar alguém para te substituir.

Unohana enviará assim que terminou de digitar.

Ela até sorriu pensando na afobação de Orihime, para se desculpar.

Então, mandou um emoji de beijinhos e coraçõezinhos, do tipo que ela só usava com seus filhos, com exceção de Uryuu com quem tinha uma relação mais tensa, para não dizer difícil.

Por isso, quando ela levantou os olhos, quase não acreditou que estava vendo seu Uryuu ali parado diante dela, ele havia entrado tão silenciosamente na sua sala, que ela quase não acreditou que estava o vendo diante de seus olhos.

— Que foi se arrependeu de ter mandado o convite? - Ele perguntou ajeitando seus óculos no nariz, como sempre fazia quando ficava nervoso.

— Uryuu… - Unohana por sua vez, ficará paralisada em ver seu filho mais frio ali, tão próximo de si, ao ponto dela quase conseguir alcançá-lo.

— Que houve com seu rosto? - Ela saiu detrás da mesa, olhando-o com olhos avaliativos e repletos de preocupação.

Karin havia lhe enviado centenas de mensagens, falando da decisão de seu menino de terminar com ela.

A médica não podia dizer que estava admirada, porque ela não estava.

Pelo contrário, ela sempre viu muitos pontos falhos naquela relação.

Era uma chance em um milhão, mas ela se encheu de coragem e enviou uma mensagem para Uryuu, sabendo que essa era a probabilidade dele atendê-la.

E, de fato ele visualizou e nada disse, como vinha fazendo nos últimos sete anos.

— Não foi nada demais. - Ele disse constrangido, diante daqueles olhos azuis avaliativos.

Ele podia estar chateado com Unohana, mas toda vez que ele a olhava, tinha a certeza no fundo de seu coração de que a mãe mais bonita do mundo era a sua.

E, ele quase se sentia mal, por ter sido tão insensível com ela nos últimos anos.

Mas, ele teve suas razões. E, ela tinha a ver com o detalhe de tê-la visto, beijando um outro homem em um carro, estacionado em um beco que ele pegava como atalho para chegar ao cursinho vestibular na época.

Naquele dia, todo carinho e todo apreço que ele sentia por aquela mulher, se foi. Ou pelo menos, ele achou que tinha ido. Porque diante dela naquele momento, ele tinha certeza que o amor era o mesmo.

— Sempre orgulhoso, meu filho. - Ela disse sorrindo, fazendo um movimento para acarinhá-lo, mas parou no meio do caminho.

Talvez, com medo de ser rejeitada mais uma vez.

— Me dá um abraço, mamãe. - Ele pediu repentinamente, ficando vermelho como um tomate, por estar pedindo algo assim.

Quando talvez não merecesse.

Mas, vendo-a ali tão próxima de si, com aquele cheiro que conhecia desde que era um bebê, ele sabia que não queria outra coisa.

Passada a surpresa inicial, Unohana sorriu com seus olhos marejados e sem pestanejar abriu seus braços, onde acolheu um choroso Uryuu.

Fazia muito tempo que ele não chorava. Talvez, desde que era muito pequeno.

Seu pai sempre lhe ensinou, que emoções tornam um indivíduo fraco.

Sim, um indivíduo… Os ensinamentos de Ryuuken, não estavam atrelados a padrões de gênero e sim… A uma concepção de vida em que nada em que o tempo deve ser ocupado com estudos e trabalho.

E, que as relações interpessoais, não passam de troca de interesses.

Nessa perspectiva de vida, não havia espaço para sentimentalismos.

Seu casamento com Unohana, foi resultado de uma troca de interesses.

Ela queria ascensão profissional, e ele queria filhos.

Ambos médicos, ambos ambiciosos, ambos frios e insensíveis, foi essa imagem que Uryuu criou de seus pais ao longo do tempo.

E, quando viu sua mãe fazendo algo tão… ilógico. Tudo que ele sabia sobre ela foi para o espaço. Ainda mais com ela não o apoiando quanto sua escolha profissional.

E, no fundo ele nunca conheceu Yachiru Unohana. Seu verdadeiro nome e o qual ela detestava, por ligá-la a um passado de miséria e fome.

Mas, ali naquele abraço, ela enfim a reconhecia, como a mulher que o gerou com um homem que certamente detestava e nem por isso deixou de amá-lo, mesmo com suas limitações.

Já Unohana se sentia grata, por enfim Uryuu ter voltado a lhe dar um voto de confiança. E, ela sabia que essa era uma coisa difícil de recuperar, depois de perdida.

Por isso, ela seria sincera com seus filhos pela primeira vez. Seus quatro filhos, dois casais nascido de relacionamentos distintos, com homens distintos.

Nunca amou Ryuuken, mas o respeitou profissionalmente. E, ela achou ingenuamente que isso seria o bastante para levar um casamento sem uma gota de paixão.

Mas, depois do nascimento de Nanao, Ryuuken tornara-se tão frio e distante, que em um reencontro casual com Ukitake, um simples professor de filosofia, mas de bom coração.

Ele lhe devolveu sua humanidade literalmente. A noção de gentileza. A noção de respeito, por si mesma, sua autoestima, tudo que ela tinha perdido.

Mas, quando foi pedir o divórcio, descobriu um mundo de perdas, que ela não estava preparada. Poderia viver sem seus bens materiais, sem seu cargo no hospital, sobre o respeitável posto de senhora Ishida, mas não podia perder seus filhos.

E, foi assim que ela tentou por anos manter aquela balança equilibrada. Ryuuken sabia, e desde que ela continuasse posando de esposa irrepreensível, ele continuaria não ligando. Ela já tinha cumprido sua tarefa principal que era chocar seu herdeiro ideal, mas até nisso ela supostamente falhou.

Nenhum dos dois quis saber do hospital.

E, por isso ele ameaçava deserdá-los.

 — Ela não me quer, mãe. - Uryuu disse com embargo na voz e se permitindo chorar sua frustração apenas porque estava diante de sua mãe.

— Dê um tempo a moça, meu filho. - Unohana disse apaziguadora depois de ouvir todo o relato de Uryuu sobre Tatsuki.

— Você acha que eu fui errado em terminar com Karin? - O rapaz perguntou receoso quanto o julgamento de sua mãe.

— Não vou dizer que foi o jeito certo. Mas, também… - Unohana ponderou terminando de servir o chá. - Não é como se houvesse jeito certo de fazer algo assim.

Uryuu ficou pensativo, enquanto pegava a xícara. Ele bem que queria, mas não conseguia se arrepender de nada.

— Não sou a pessoa mais indicada para dizer isso… mas, acho que você foi sincero. - A mulher disse tomando um gole da bebida fumegante e Uryuu fez o mesmo.

— Pede a separação para ele. - As palavras de seu filho pegaram a mulher de surpresa.

Quer dizer, ela sempre achou que Uryuu, estava chateado, por ela estar traindo o pai dele, mas seu mal estar era mais pelo estrago que isso fez na imagem que ele tinha dela.

— Quem sabe um dia. - Unohana disse dando um sorriso triste, sabendo que sua encruzilhada era para a vida toda.

Não amava Ryuuken, mas não o odiava a ponto de arrastar seu nome na lama, separando-se dele para ficar com outro… mas, também não podia deixar Ukitake, que estava sofrendo com um câncer no pulmão, e ficava contente em ter um pouco de Unohana, pelo tempo que lhe restava de vida. Mas, não queria que ela jogasse a estabilidade que ela tinha ao lado de Ryuuken, por um homem moribundo.

— E, a conversa é sobre você. - Ela disse -lhe estendendo a mão. 

Uryuu estava tristonho ainda. Quando pensou na rejeição injustificada de Tatsuki.

— Se ela realmente o ama, ela em algum momento ela virá até você.

— E, se ela não vir? - Ishida não queria, mas acabou sentindo voltando de chorar mais ainda.

— Então, você vai atrás dela novamente.

O rapaz arregalou os olhos com essa fala, pensou por um momento, e chegou uma conclusão, que ele teve de repensar antes de dar como certa.

— Já fiz isso uma vez. Se não adiantou, não adianta ie outras dez. - Uryuu disse com os olhos latejando-se de tristeza e também por que estava lutando para prezar o que mais lhe era caro: seu orgulho.

— Então, terá que acertar que a perdeu. - Unohana disse abrindo os braços mais uma vez, quando seu filho recomeçou a chorar.

Sendo que o desfecho da sua história com Tatsuki, dependia de ela ir até ele, ou de ele cansar-se de esperá-la.

Qual das duas iria acontecer?


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "You" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.