You escrita por PepitaPocket


Capítulo 2
Encontros




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Por um motivo que não sabia explicar, Orihime chegara em casa com a impressão que estava flutuando.

Mesmo tendo sido quase atropelada duas vezes, a lembrança de um ruivo carrancudo, porém gentil, fazia com que ela sentisse como se tivesse ganhado o dia.

Correra até o banheiro e olhara-se no espelho, deslizando os dedos na direção de seus lábios, tocando ali e tentando reimaginar a textura da pele a qual ela havia tocado instantes antes, e acabara por dar um demorado sorriso.

Antes de focar suas atenções em organizar suas coisas, para só então sentir que ela poderia chamar aquele lugar de “seu”.

...

Geralmente, Ichigo chegava aquela hora cansado em casa.

Querendo apenas uma ducha fria e cama, mas aquele dia ele sentira-se estranhamente revigorado.

E, ele suspeitava que tinha a ver com uma estranha ruiva, que cruzara no seu caminho e quase provocara uma pequena tragédia. Um sorriso brotara em seus lábios, e ele se sentiu com vontade de amar.

Seus olhos vagaram pelo criado mudo, onde ele se deparou com uma garota de cabelos roxos, pele alva e olhos grandes e chamativos.

E, seu peito apertou ao contemplar o rosto da jovem mulher.

— Como poderia pensar uma coisa dessas, Senna? – Ele murmura para si deslizando seus dedos pelo retrato.

No final do ensino médio ele se apaixonou por Senna Shihouin. Uma jovem bonita e alegre, que ele havia conhecido durante uma saída de amigos, no final de semana.

Foi paixão à primeira vista. Os dois começaram a trocar mensagens, e depois de uma única saída juntos, eles engataram um namoro. Mas, ele foi ingênuo em achar que namorar uma das herdeiras da família Shihouin fosse algo fácil e normal.

Logo, os atritos começaram a aparecer. As diferenças de sua educação e de seus valores começaram a colidir, gerara discussões pelos motivos mais idiotas. Ichigo não tinha como bancar saídas para os restaurantes badalados que ela estava acostumada, e não se sentia à vontade para fazer as viagens de primeira classe, as custas de sua família, como ela insistia em naturalizar.

E, no fim ela mandou-lhe uma mensagem terminando tudo com ele, sem nem lhe dar um direito de resposta, pois já estava do outro lado do mundo em Paris.

Uma lágrima solitária descera pelo rosto de Ichigo.

— Até quando você vai ficar chorando na frente desse porta-retrato? – Uma voz feminina se fez ouvir, fazendo com que Ichigo se apressasse em secar as lágrimas que teimavam em escorrer por sua bochecha.

— Karin? – Ele franziu o cenho tentando colocar sua habitual máscara de indiferença, porém sem sucesso. – Quantas vezes vou ter de dizer, para bater sem entrar em meu apartamento, irmãzinha?

Ele perguntou com certa rispidez, mas aquilo não intimida Karin que lhe dirigiu um sorriso torto.

— Baka, eu sou mais esperta do que você e mandei fazer uma cópia da chave. – Ela disse com simplicidade.

Ele franziu o cenho ainda mais aborrecido.

— Como assim? Não se faz cópia da chave da casa das pessoas, sem pedir autorização primeiro. – Ele disse querendo passar irritadiço, mas sua irmã apenas deslizara a mão por uma mecha de seus cabelos.

— Aquela cretina não vale suas lágrimas. – Karin murmurou bem baixinho. Mesmo sendo apenas dois anos mais jovens do que Ichigo, ela sempre foi muito mais centrada do que ele, e também do que a irmã mais jovem deles Yuzu.

— Não fale assim... Senna só está confusa. – Ichigo disse ciente de que estava sendo um tolo, por ainda achar que ela um dia bateria a sua porta e lhe daria uma “boa” explicação pelo término repentino.

— Ela deve estar batendo um recorde pessoal, então... Já faz quase um ano Ichigo. – Karin disse com impaciência. Você só fica vindo de casa para o trabalho, não sai, não se alimenta direito, só olhando esse porta-retrato... Céus, você vai ficar louco desse jeito.

— Karin. – Ele disse com firmeza, mas não parecia mais tão exasperado, apenas cansado. – Eu já te disse, eu amo a Senna. E, acho que ela foi influenciada por alguém a agir como agiu.

— Ichigo, mesmo que ela tenha sido influenciada, meu irmão... – Karin começou a dizer controlando o máximo seu tom de voz, já havia tido aquela discussão várias vezes, com a cabeça dura de seu irmão, sem nenhum sucesso.

— Karin, por favor. – Ele balançou a cabeça não querendo escutar.

— Se ela foi influenciada...

— Karin, não diga. – Ele insiste desistindo de esconder seu choro.

— ELA NÃO TE AMA! – Ela falou em um suspiro só, e ele apenas balançou a cabeça, abalado com aquela frase que ele ouvira da boca de várias pessoas... Mas, não da boca de Senna. Por isso era tão difícil ele acreditar....

— Oh, meu irmão... Se eu pudesse eu tirava essa dor de você. – Karin disse sensibilizada pelo sofrimento de Ichigo.

Nunca achou que seu irmão fosse sofrer tanto assim por causa do término de uma relação.

Mesmo que fosse um término unilateral, já era para ele ter ido em frente.

Seus amigos, seus parentes, até seu chefe achava isto... Exceto o próprio Ichigo que continuava sendo um Zumbi em seu próprio dia-a-dia.

Porém, quando Karin enlaçou seu pescoço, e o apertou com força, houve algo diferente.

Uma espécie de alento, que trouxe alívio a toda aquela dor. E, começava por um estranha ruivinha de sorriso fácil e com um imã imaginário para acidentes... Então, mesmo entre as lágrimas um sorriso brotara nos lábios de Ichigo.

Fazendo com que Karin o olhasse com estranheza.

...

Podia parecer algo bobo, mas Orihime se sentiu grata por chegar bem em casa.

Uma simples ida até a padaria, sempre gerou os incidentes mais estranhos.

Mas, antes ela sempre tinha seu irmão correndo por ela, e agora ela não tinha mais Sora.

Estava por sua própria conta. E, aquilo fez seu peito doer, fazendo-a querer chorar. Mas, ela não permitira que as lágrimas descessem por sua bochecha.

Porque ela achava que tinha de ser forte, e para ela pessoas fortes não deveriam chorar, nem demonstrar suas próprias dores, porque isso sempre instigava a pena.

E, ela queria ser uma mulher mais forte e determinada, dona de seu próprio caminho.

Mas ali sozinha naquele apartamento, ela não conseguia sentir nada além de dor e miséria.

— Seria bom ao menos uma companhia. – Ela disse se deixando cair no sofá, olhando o teto de gesso branco, com ar sonhador. Imaginando que se essa companhia fosse certo ruivo, carrancudo, e de olhar gentil, ela não teria porque chorar nem se sentir solitária.

Seu coração quase saiu pela boca quando a campainha de seu apartamento tocou.

E, ela momentaneamente rezou aos céus, pedindo proteção, temendo se tratar de um ladrão.

Mas, então ela deu-se por conta que dificilmente um ladrão iria tocar sua campanhia.

— Hm. Quem é... Se for legal pode ficar, mas se for uma mala sem alça por favor, saia dessa porta que não te pertence. – Orihime disse sabendo que suas palavras não faziam o menor sentido.

Mas, ela queria ser uma mulher forte, e achou que aquele era um bom começo.

— Hã... Desculpa incomodar moça, mas eu só queria um pouco de achocolatado emprestado. – Uma voz feminina falara do outro lado da porta, e Orihime por uma razão inexplicável simpatizou com a dona da voz.

Tanto que não demorou a abrir a porta.

— Hm. Certo, estou abrindo... – Orihime abriu, apesar de não ter nenhum achocolatado em casa. Como tinha intolerância a lactose, ela sempre tinha muito café, e suco... Mas, nada à base de laticínios e seus correlatos.

Parada atrás de sua porta ela viu uma jovem de cabelos curtos e estilosos, e porte muito atlético. Olhos castanhos muito vivazes, e um sorriso que pareceu um pouco desajeitado, porém sincero.

— Gomensai, sou Tatsuki Arisawa. Mas, voltei agora depois de 6h de treino e estou exausta de mais para ir na mercearia que fica na esquina e... – Orihime ficou olhando para a jovem um pouco abobalhada, porque ela falava muito rápido e parecia realmente estar constrangida de estar ali em sua porta, pedindo algo tão banal emprestado.

— Er... Eu não tenho achocolatado. – Foi a vez de Orihime dar um sorriso desajeitado, para sua simpática vizinha.

— Mas, tenho suco ou café... – Inoue disse fazendo um gesto para que a outra entrasse, e para sua surpresa Tatsuki o fez sem cerimônia.

“Quem sabe quisesse apenas um pretexto para puxar assunto, ou para comprovar que não sou nenhuma drogada, prostituta, psicopata, assassina ou encrenqueira”. – Orihime ficara pensando um pouco alheia.

— Estou cumprindo as férias de um colega na academia, e isto está tomando todo meu tempo, e não estou conseguindo nem fazer compras. – Tatsuki continuou falando tudo muito rápido, e Orihime não conseguia assimilar muita coisa, mas ela acenou a cabeça efusivamente, tentando dar a entender que estava entendendo o que a outra estava dizendo, mesmo quando não estava.

— Ah, por isso eu vou aceitar um pouco de suco se você não se importar. – Tatsuki disse dando-lhe mais um de seus sorrisos desajeitados, e Orihime a achou simplesmente adorável, por causa disso.

— Tenho maçã, maracujá ou baunilha... – Inoue mostrou as garrafas, e Tatsuki acabara escolhendo o de baunilha.

— Valeu... – A sua jovem vizinha fez uma pausa dramática, dando-lhe uma deixa para que a ruivinha dissesse seu nome.

— Inoue Orihime. – A jovem professora disse com as bochechas rubras.

— Sério? – Desde jovenzinha Inoue teve problemas com seu nome que literalmente significava “princesa tecelã, aquela que agrada”. Mas, Tatsuki não pareceu associar uma coisa à outra.

— Combina com você. – Tatsuki disse com um sorriso de canto. – Você realmente parece uma princesa de tão bonita.

Tatsuki dissera aquilo com tanta espontaneidade que as bochechas de Orihime viraram dois balões carmesins.

— E, eu não estou te cantando. – Tatsuki disse coçando sua nuca. – Por causa desse meu jeito tomboy, as pessoas acham que eu gosto de meninas, mas esse não é o caso... Nada contra, mas esse não é o caso. – Tatsuki seguiu falando muito rápido, e Orihime só concordava com a cabeça, tentando acompanhar seu ritmo frenético, mas seu sucesso.

Mas, no fim as duas acabaram caindo na risada.

— Se você visse a sua cara enquanto eu falo. – A outra provocara espontaneamente.

— Acho que você não entendeu, ninguém nunca entende. – Tatsuki disse fazendo uma careta.

— Acho que com o tempo eu posso me acostumar... – Orihime disse coçando o queixo. – Acho que será um prazer contar com sua amizade, Tatsuki-san. – Orihime disse fazendo uma reverencia repentina, o que pegou Tatsuki desprevenida.

Mas, após um instante de silencio contemplativo, Tatsuki caiu na risada e acabou concordando com sua amiga, fazendo também uma reverencia.

E, assim Orihime teve um segundo encontro inusitado, apenas naquele dia. O que a deixara ainda mais ansiosa quanto as surpresas que lhe aguardavam naquela nova cidade.


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