Nossa Primeira Série escrita por Matthew McCarty


Capítulo 22
Perfume


Notas iniciais do capítulo

Espero que este capítulo lhes agrade!



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Kise abriu o portão de sua casa, com um meio sorriso no rosto. As coisas com Aomine começavam a melhorar, aquela amizade que outrora fora verdadeira, renascia em sua vida. Estava feliz por isso, não gostava de guardar rancor das pessoas.

Ou isso pensava até abrir a porta e escutar três risadas vindas da cozinha.

Três? Normalmente, apenas Yukio e Kouta estariam na casa. Deixou sua bolsa em cima da mesinha de centro da sala de estar e caminhou até chegar à cozinha. Se deteve na soleira da porta, sem acreditar no que via: Yukio, de avental, ria enquanto mexia numa panela, enquanto Kouta também ria, sentado na bancada. Nada disso era problema, o problema era do que... Ou melhor, de quem estavam rindo.

Haizaki Shougo estava fazendo malabarismos com ovos, numa falsa expressão de desespero, como se estivesse com medo de deixar os ovos caírem e quebrarem.

Um sentimento nada normal esteve a ponto de tomar-lhe o controle, mas a voz de seu pequeno anjo o freou.

— Papai! – Kouta pulou da bancada e foi correndo até o maior, que o recebeu em braços. Os lábios sorriam, os olhos não. Tanto Yukio quanto Haizaki perceberam isso de imediato, um apagando o fogão, o outro deixando os ovos cozidos em cima da bancada.

— Boa noite. Não sabia que tínhamos visitas – a voz do loiro alertou, até o pequeno e desavisado Kouta, que seu pai estava de muito mal humor. E a reação de sua mãe lhe preocupou. Com um sorriso, Yukio se aproximou de Haizaki, colocando uma mão em seu ombro.

— Lembra do Haizaki? Esbarramos nele enquanto voltávamos do mercado, e ele se ofereceu a nos ajudar com as sacolas. Não é, Kouta?

— Ah, sim! Ele estava me contando sobre como jogava basquete na Teiko!

— Kouta queria ouvir mais histórias, então pedi para Haizaki ficar mais um pouco aqui – o sorriso no rosto de Yukio não se desmanchava.

— Olá, Kise. Muito tempo, não? – Haizaki estava meio sem jeito, sabia que era quase que odiado pela Kiseki no Sedai, especialmente pelo loiro. Mas a reação dele, deixou ambos, Haizaki e Yukio, desconcertados.

— Kouta, vá tomar banho antes de jantar. Deve estar suado da escola e da ida ao mercado.

— Ah... – Kouta procurou os olhos azuis de sua mãe, recebendo um sorriso doce em resposta. Era sinal de que podia ir sem se preocupar. Quando o pequeno desapareceu pelo corredor, o sorriso falso de Kise desapareceu.

— Saia da minha casa – a voz do loiro soou gélida, e Haizaki sabia que não estava em posição de discutir. Mas também não conseguiu se mexer, devido à resposta de Yukio ao seu lado.

— Kouta estava se divertindo muito, estava pensando em chamar Haizaki para jantar conosco...

— Eu disse que é para ele sair da minha casa. Agora.

Foi então que Haizaki percebeu: alguma coisa entre eles dois não estava bem, e não era exatamente sua presença.

— Tudo bem, Yukio-senpai – Kise levantou uma sobrancelha ao ouvir como o rapaz chamava seu esposo. E acabou por erguer as duas quando Yukio se virou para ele, com o mesmo sorriso que costumava dedicar à Kouta. – Eu já anotei seu telefone, podemos marcar de ir jogar basquete um dia desses.

— Tudo bem, Kouta vai realmente adorar jogar com você – ignorando por completo a presença de Kise, Kasamatsu passou ao seu lado, guiando Haizaki até a porta. Algumas palavras foram trocadas e a porta se fechou. Logo Yukio voltava para a cozinha, mas teve seu braço segurado com força pelo loiro.

— O que estava pensando ao trazer aquele maldito para minha casa?

— “Minha”? – Yukio olhou severamente para ele. – Esta é nossa casa. Haizaki era meu convidado, Kise, de onde tirou isso de manda-lo ir embora?

— Depois de tudo que aquele maldito fez comigo...

— Isso foi há anos, Kise, ele era um adolescente. Agora ele é um adulto e muito gentil foi comigo, e com Kouta também.

— Você não sabe nem a metade das coisas que ele me fez.

— Nunca quis me contar sobre elas, não é? Quando é sobre seu tempo na Teiko, você fica mudo.

— Fique longe dele!

— Eu fico perto de quem eu quiser! Vai querer dar uma de possessivo e tentar controlar minha vida toda?

— Não vou permitir que você...

— Kise Ryouta! – Yukio segurou o loiro pelo colarinho, o puxando até que se encarassem de muito perto. Com isso pode sentir o perfume...

Perfume esse que só sentira ao abraçar um de seus amigos, Sakurai Ryou: o perfume de Aomine Daiki. Por um momento, quis soca-lo ou jogar na cara dele que sabia dos encontros dele com Aomine. Mas ao ouvir a porta do quarto de Kouta se abrindo, soltou seu marido e arrumou sua roupa.

 - Sem escândalos. Durma no quarto de Kouta, hoje.

— O qu...

— Mamãe, cadê o Haizaki-san? – Kouta já tinha vestido seu pijama. Yukio caminhou até ele e sorriu, beijando sua testa. – Ele precisou ir embora, já era tarde. Seu pai vai ter que ir trabalhar esta noite, dorme comigo?

O pequeno respondeu entusiasmado que sim, acreditando cegamente em sua mãe. Kise ainda o olhava, incrédulo, mas acabou por aceitar a ordem de Kasamatsu. Só que aquele assunto não estava nem de longe resolvido.

===♥===

Para Aomine Daiki, seus sentimentos eram um mistério ainda não resolvido. Quando estava na rua ou no trabalho, o rosto bonito do modelo loiro flutuava em sua mente quase sem interrupção. Porém, quando passava pela porta de sua casa, só duas pessoas existiam no seu mundo: seu precioso filho, Yoshiki, e seu amado esposo, Ryou. Enquanto trancava a porta, conseguiu sentiu o peculiar cheiro de teriyaki vindo da cozinha. Se apressou até lá, em completo silêncio, até colar seu corpo com as costas de Ryou.

— Hmmm, não sei quem cheira melhor, você ou a janta – comentou o moreno, provocando um delicado rubor nas bochechas do menor e um sorriso também.

— Daiki-san, vou acabar queimando a comida.

— Onde está Yoshiki?

— No banho – Ryou desligou o fogo e se virou nos braços do marido, passando os braços pelo seu pescoço. – Como foi no trabalho?

— O resultado da autópsia dos corpos dos sequestradores chegou hoje na delegacia, e uma equipe está responsável pela investigação – o maior baixou a cabeça até o pescoço alheio, mordiscando ali.

— D-Daiki-san, o Yos... Yoshiki... – Ryou estremeceu pelas suaves mordidas.

— Tudo bem, eu só quero um beijo...

— Minha boca não fica ai, Daiki-san – Sakurai riu, apoiando sua testa no ombro dele. Foi ai que ele percebeu.

Havia um perfume ali. Um perfume masculino, que não era o de seu marido. E para que ficasse impregnado no uniforme dele... A voz de Yoshiki o puxou como uma âncora para a realidade.

— Papai! – Yoshiki parou perto da mesa, como que esperando permissão para se aproximar. Aomine soltou Ryou, e foi até seu filho, o pegando no colo. – Papai, hoje fizemos desenhos de frutas e plantas e fomos no jardim conhecê-las.

— Isso sim é legal!

— Satsuki-sensei disse que íamos plantar feijões e pediu pra gente levar umas coisinhas amanhã – o moreno assentiu e foi conversando com Yoshiki até a sala, deixando Ryou na cozinha, sozinho.

De quem era aquele perfume? Nunca antes seu marido tinha voltado do trabalho, ou até mesmo de happy hours, com o cheiro de mais alguém na roupa. Confuso, se virou para o fogão, determinado a terminar a janta e se acalmar. Conversaria com Yukio-san no dia seguinte, ele com certeza saberia como o aconselhar.


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Notas finais do capítulo

E no próximo, muita coisa vai acontecer... Esperem por isso!



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