Swan Song escrita por ellegumz


Capítulo 3
Destroy Me


Notas iniciais do capítulo

Final de semestre na faculdade é foda, por isso demorei. Desculpa :(
Espero que gostem... Esse é o capítulo final. Obrigada por todas que comentaram, curtiram e acompanharam, não esperava ser tão bem recebida aqui!

To apaixonada por escrever Swan Queen e já quero escrever mais histórias sobre elas... Por favor, deixem comentários dizendo o que acharam desse fim ;)



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Um abismo no peito. Era aquilo!
Regina reconheceu pela sensação familiar de ter a caixa torácica rasgada pelas garras de um animal violento, os ossos expostos em fraturas irregulares e os pulmões comprimidos por um vazio feito de aço. A dor foi quase real.
Reconheceu o abismo como um antigo - e odiável - amigo, o único que tivera por um período longo demais para que pudesse esquecê-lo.
Recordava-se perfeitamente: Tinha o conhecido ao assistir Cora assassinar o seu primeiro amor. Alimentou-o ao assassinar o marido e o carregou por todos os anos de caça à doce, inescrupulosa e insuportável Branca de Neve, mas foi quando assassinou o próprio pai que o viu crescer e criar raízes em seu peito, tornando-se tão profundo que acabou por se perder dentro dele. Esteve lá por todos os anos da Maldição de Storybrook.
Até a Salvadora quebrá-la. Emma Swan - O nome dela soava como veneno em seus lábios vermelhos pintados de morte.

Foi em uma tarde de sol morno que as coisas começaram a mudar. Lembrava-se de estar sentada em seu gabinete, um copo de uísque sobre a mesa e os olhos escuros presos em uma fotografia de Henry que estivera lá desde sempre. O som do celular vibrando sobre a mesa a fez estremecer de susto, afinal, nenhum daqueles pobres coitados de Storybrook ousava ligar para ela em seu numero pessoal.
–– Prefeita Mills. –– Atendeu impaciente.
––... ... Regina? –– A voz do outro lado soou receosa, após um pequeno intervalo de estática. –– É a Emma. –– Como se ela realmente precisasse se anunciar.
–– Sim, miss Swan? –– A morena não pôde esconder a surpresa. –– Alguma coisa aconteceu? Henry está bem?
–– Está tudo bem com o garoto. –– A loura respondeu. –– Eu... Eu ‘tô ligando para convidar você para ir à Granny’s. Haverá uma festa de boas vindas para mim e para a Snow e...
–– Uhm, –– A prefeita rolou os olhos. –– Eu não creio que seja uma boa ideia, Xerife.
–– Por que não?
–– Por quê? Você ainda me pergunta? –– Uma risada sem emoção escapou dos lábios de Regina. –– Graças a você, todos se lembram de quem eu sou: A rainha má. As pessoas estão aterrorizadas. Então, a não ser que você queira expulsar todos da sua festinha, é melhor não.
–– Você nos salvou ao nos deixar passar por aquele portal, Regina, mesmo sabendo que poderia ser Cora a atravessar a passagem. –– Swan argumentou. –– Além disso, Henry está orgulhoso de você. Acha que você merece uma chance de provar que pode ser uma pessoa melhor.
–– E quem disse que eu quero ser uma pessoa melhor OU participar da sua comemoraçãozinha brega, Swan?
–– Ninguém. Mas ninguém precisa dizer. –– A loura respondeu. –– Pare de discutir, eu já avisei ao Henry que você confirmou que vai aparecer.
Aqueles malditos Charmings só poderiam ter transmitido seus genes de idiotice heroica para aquela filha insuportável deles. Como puderam criar um ser humano tão crente na bondade das pessoas quanto eles mesmos eram, mesmo a expulsando para outro mundo e a condenando a uma vida de merda em orfanatos pobres? Quando ela desligou o telefone sem ouvir a resposta, um pequeno acesso de raiva fez a prefeita jogar o celular contra a parede para ouvi-lo cair em pedaços no piso frio.
Recostou-se na cadeira, cruzou os braços e fitou a foto do filho. Gostaria de arrancar o coração de alguém naquele momento, mas Swan estava certa: Queria ser melhor. Por ele.

A busca por uma relação melhor com o filho e (surpreendentemente) o apoio instável daquela desconhecida que era a outra mãe dele fizeram o abismo desaparecer por um tempo.
Em alguns momentos, nas muitas dificuldades enfrentadas nos últimos anos, pensou tê-lo vislumbrado de novo. Ele se tornou o fantasma de um amigo. Pairando, aguardando, desejando. Como se pudesse reunir forças para voltar a qualquer momento. Mas foi só ali, em seu mausoléu, com Emma Swan recostada em seu ombro e seus braços em torno dela, que foi capaz de sentir aquela dor insuportável outra vez.
Recostou o nariz no cabelo quase branco da Dark One e sentiu uma lágrima rolar pela bochecha, em silêncio. Ao senti-la se mover, apertou as mãos em suas costas e rodopiou gentilmente em um pedido silencioso para que não abandonasse a dança. Com o movimento, viu o próprio reflexo no espelho preso na parede.
Espelho, espelho meu...
(Você precisa fazer isso, minha rainha.)
Era o que ele diria. Sabia.
Então o fez tão depressa que pareceu levar um choque de adrenalina: As mãos soltaram as costas da Salvadora e puxaram o rosto dela para cima, as palmas contra as bochechas delicadas.
Não a deixou pensar – e não se permitiu pensar, cobriu os lábios dela com os seus e deslizou uma das mãos para a nuca de Swan, os dedos se enrolando nos fios mais próximos do couro cabeludo para puxá-los e impedi-la de se afastar.
Não foi necessário, entretanto. A loura não resistiu ao arrepio que fez uma onda de calor subir pelas pernas, aceitou o beijo e permitiu que as línguas se tocassem. Um gemido baixo, mas quase animalesco, escapou da garganta da Dark One. Os instintos a dominavam com muita facilidade desde que se tornara uma criatura das trevas e naquele instante avançou sobre Regina como se dominar o corpo dela fosse tudo o que tinha desejado desde o primeiro encontro entre elas.
As mãos da loura agarram a cintura da morena e caminhou para trás, trazendo-a junto consigo enquanto suas línguas se encontravam como se aquele beijo já tivesse acontecido mil vezes antes. O calor do contato entre os lábios se tornou quase enlouquecedor, e sentir a Rainha Má morder seu lábio inferior fez Swan perder a sanidade.
Os corpos se chocaram ruidosamente contra a parede de corações, fazendo algumas das gavetas caírem e o som dos batimentos cardíacos aumentar ainda mais. Swan pressionou os dedos na cintura de Regina por cima do tecido fino da blusa, mantendo-a próxima de si, e a morena usou o próprio corpo para empurrar a outra ainda mais contra a parede.
O contato entre os corpos fez com que ambas suspirassem. Respirações irregulares preencheram o cômodo e o desejo trancado por anos e anos explodiu de maneira quase selvagem, quase violenta, expondo a genuína briga entre amor e ódio que sempre sentiram uma pela outra.
A prefeita sentiu as mãos geladas da Dark One escaparem para o lado de dentro de sua blusa, as unhas arranhando suas costas enquanto corriam por ela, e as trilhas de arrepio que deixava faziam com que seu corpo estremecesse com ondas de calor invadindo sua pele.
Puxou o cabelo dela para trás, a outra mão descendo até a altura das costelas. Um gemido de prazer e dor fugiu dos lábios de Swan e a morena mordicou seu pescoço, criando caminhos da base dos ombros até a orelha.
— Regina... — Foi a voz de Emma quem gemeu o nome, mas quando voltou a falar, foi a voz seca e sombria da Dark One que soou: — Você realmente acreditou? — Ela riu, as unhas pressionando mais a pele tentadora da outra mulher. — Você realmente achou que "O beijo do amor verdadeiro" funcionaria?
— Miss Swan, — A morena sorriu e levou os lábios até a orelha da loura. — Alguém aqui está falando sobre amor? AMOR VERDADEIRO? — Uma risada fria soou. Regina encaixou uma das pernas entre as duas da outra. — Você acha que isso é amor verdadeiro, Dark One? — A ponta da língua tocou-lhe o lóbulo da orelha, a outra mão tocou a pele macia por baixo da blusa, subiu pela barriga e contornou um dos seios, sentindo-a estremecer. — Isso não é amor. Não é nada. Apenas... Desejo.
— O quê?
A decepção na voz de Swan foi evidente. Quando ela empurrou a prefeita para longe, sentiu a dor explodir no peito porque ela arrancou o coração e o levou consigo. As íris verdes buscaram as escuras de Mills. Houve um reflexo de decepção, dor e confusão, mas logo em seguida a raiva da Dark One dominou o ser humano destruído dentro do corpo de Emma Swan.
O coração pulsou na mão de Regina. O vermelho vivo entrelaçava-se ao preto da escuridão, e pequenas linhas pareciam pedaços de vidro surgindo no lugar das veias. As linhas dividiram o músculo em pedaços pequenos e Mills sabia o que eram: Os traços de um coração quebrado. Tornava esmagá-lo muito mais fácil. Ao ver a outra se aproximar, apertou-o um pouco entre os dedos.
A dor fez Emma parar, os olhos presos nos escuros da prefeita.
— Como....? — Murmurou.
— Um Dark One não pode ter o coração arrancado, nós sabemos. — Regina respondeu. — Exceto em uma situação: Ao tê-lo despedaçado no próprio peito. Belle, por exemplo, era a única que poderia ter feito isso com Rumple. Nunca teve coragem, mas eu...
— Devolva o meu coração, Regina. — Murmurou outra vez, ríspida.
O corpo de Emma se posicionou de maneira defensiva, aproximando-se de um animal buscando a melhor maneira de atacar. A morena se afastou mais um passo.
— Você me pediu para destruí-la, Emma. — Inspirou, sentindo a voz tremer. Apertou o coração outra vez, e Swan gritou de dor. — Mas eu não posso.
Uma das gavetas atrás de Regina se abriu. Nela, o nome de Emma estava estampado. A Rainha recuou até a parede e colocou o coração cuidadosamente dentro da caixa na gaveta, que se fechou de imediato.
Em um piscar de olhos, a Dark One tinha atravessado o espaço que as afastava e segurava a garganta da prefeita com uma das mãos. Não houve tempo para reagir antes que ela arrancasse o coração da morena com a outra mão. Regina gemeu de dor e encontrou os olhos insanos, cheios de raiva, daquela criatura que dizia ser Emma.
— Devolva meu coração. — Ordenou. — Ou eu vou esmagar o seu!
— A gaveta com o seu nome está encantada, Miss Swan. — Sussurrou sem lutar contra ela. — Eu sinto muito. Eu não poderia destruir você, não posso matar você. E você sabe. Mas eu precisava encontrar um modo de impedi-la de continuar a destruir todos que você ama, até conseguirmos encontrar um modo de salvá-la.
— NÃO HÁ UM MODO DE ME SALVAR, RAINHA! — Gritou com ódio e a empurrou contra a parede antes de soltá-la. — EU SOU ASSIM AGORA, POR QUE É QUE VOCÊS NÃO ENTENDEM?
— Então você estará para sempre condenada, Dark One. — Respondeu, massageando a garganta com as mãos. — Apenas uma pessoa pode tirar o seu coração de dentro daquela caixa. Não importa quem você mate ou tente manipular.
— Quem?
— Emma Swan. — Sorriu. — A salvadora. Quando conseguirmos trazê-la de volta, o coração estará livre.

Outro rugido animalesco soou da garganta de Swan, que não esperou para continuar a conversa. Ela rodopiou e sumiu em um círculo de fumaça, deixando a outra sozinha. E então o abismo voltou.
Mills recostou as costas na parede de corações, ouviu o de Emma em um ritmo diferente dos demais, mais rápido e intenso. E fechou os olhos, finalmente se permitindo chorar. As lágrimas correram por suas bochechas e morreram no pescoço.
A Dark One estava correta: Toda magia tem um preço. E o seu era continuar a viver fingindo que o seu amor verdadeiro era Robin. Talvez para sempre.


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