Estou pensando e lágrimas escorrem do meu rosto. Uma música um tanto atipica, mas leve e profunda sai pelos fones de ouvido que estão "conectados" em mim. Olho pras minhas mãos, tirando com um algodão o sangue das minhas unhas. O sangue das minhas mãos. Ele mancha minha mão inteira de um vermelho profundo... Mas nenhuma ferida. Ninguém morto ou assassinado, até porque, como eu poderia ter matado alguém dentro do meu quarto, onde estou sozinha?

Percebo que esse esmalte vermelho profundo que mancha minhas mãos estão simbolizando o sangue invisivel que eu derramo todos os dias. O meu próprio sangue. Num mundo onde sofrem aqueles que querem ver bem, eu sou só mais uma vitima que todo o dia sou ferida por assassinos incessantes: pessoas, ou meu próprio desejo de ver bem.

Entenda, quando se vai contra a própria vontade para ver o bem do outro, dói mais do que... Não sei bem dizer. Só sei que dói muito. O bem que você acha que pode estar provocando nem sempre é o certo, mas quando se quer tanto fazer o bem, o mesmo se faz sob qualquer circunstância. Ah, essa música fica aprofundando tudo, tão bom... E por favor, não me venha com esse papo de que precisa ser mais egoista. Por favor, isso não existe na minha moral, nem no meu dicionário. Egoísmo não é comigo, nunca foi, nunca será. Até porque, por que ser egoísta, quando existe, entre duas pessoas, uma coração frio e outra dolorido? Prefiro ser o coração amável que irá ouvir e ajudar o dolorido. Só acho que há tantos assassinos sem armas que me pergunto, por que ser mais um?

O problema de ser um herói é que o bem que a gente faz, é aquele sem esperar nada em troca, além da felicidade alheia. E bem, na vida real não existe uniformes coloridos e legais para podermos chamar atenção. Só que não se engane. Esse "sem esperar nada em troca" é sem esperar nada em troca mesmo. Mas isso não quer dizer que estamos eternamente bem. Uma ajuda sempre vai cair bem...

Porém, quem disse que os outros se importam?

Quem disse que existe outros assim no mundo? Na verdade, existem. Mas pode procurar. Achará um nos confins da Terra. Pra ser realista, pode ter um do seu lado, mas quem disse que você irá se abrir? Os pensamentos de "Os outros não precisam saber sobre você.", "Eles tem coisas melhores com que se preocupar, vá ajudá-los. Você se conserta sozinha.", "Não os faça sofrer mais com suas ladainhas repetitivas" atormentam cada segundo depois que você decide se abrir.

O sentimento de "useless" inunda seu ser, você não deixa as lágrimas sairem, porque há um lado seu que se acostumou e gosta da dor. E por mais que não queira sentir ela, ama cada segundo que está com ela. Afinal, já sentiu tantas vezes que já se tornou sua amiga. É uma tristeza gostosa, admito. Porque no final das contas, você sabe que está ajudando. Será que está mesmo? Ah, quem se importa...

E o mundo reclama tanto de que não existe pessoas que possa ouvi-los, possa ser real, possa ser amigo. Quando você conhece esse "mundo", percebe que ele não quer nada mais do que atenção. Mas não atenção boa. Atenção ruim. Aquela pra ele subir nas costas dos outros. Usar-te. As vezes, minha vontade a cada vez que vejo um status escrito algo desse gênero é: "Você deveria dar uma medalha para a pessoa que está do seu lado, porque ela pode estar lutando mais do que você sabe para: te fazer feliz, esconder o que ela sente e te dar o sorriso mais confortante do mundo."

Ah mundo, se você soubesse da minha dor... Da própria dor que eu mesma provoco em mim. E se soubesse que não sou a única, talvez você fosse capaz de se satisfazer, ser feliz e nos ajudar a sermos felizes também. Mas sei que nem isso vai ler.

Porque afinal de contas, é só um pensamento bobo.