A Nova Rosa escrita por Koini


Capítulo 1
Alexia, codinome: curiosidade.


Notas iniciais do capítulo

Olá pipouuuuus!
Estou feliz em estar aqui de volta apesar de tudo e depois de tanto tempo Hu3

Os primeiros capitulos tem a mesma base dos antigos, apenas revisados, e creio eu q estão melhores! (creio eu...)

Enfim, boa leitura!!



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Quando te vi passar fiquei paralisado
Tremi até o chão como um terremoto no Japão
Um vento, um tufão
Uma batedeira sem botão
Foi assim viu
Me vi na sua mão

(Pra sonhar - Marcelo Jeneci)

.::.

Fazia quase cinco anos que Alexia morava em Rodório, mas não conhecia muitas pessoas e podia dizer que não tinha nenhum amigo íntimo. Seus pais sempre se deslocavam muito pela Itália, onde nasceram, em busca de melhores condições para a pequena filha, e finalmente pareciam ter encontrado estabilidade na pequena vila, trabalhavam com costura, e a maioria das vendas eram destinadas ao Santuário, o que dava à família Catellan livre acesso para circular por lá. Revezavam-se entre as entregas pela vila e pelo Santuário, e assim ganhavam a vida.

Alexia terminava de comer seu café da manhã, preparando-se para um árduo dia de entregas pelas cansativas escadarias das doze casas. Como ainda era muito cedo, seus pais não haviam acordado, e ela rasgou um pedaço do saco de pão para deixar-lhes um bilhete avisando que já havia saído.

Pegou as sacolas de pano com muitas roupas dentro e trancou a casa, indo na direção do Santuário. A vila começava a se movimentar na manhã, os comerciantes colocando produtos frescos em suas tendas, e o cheiro de pão dançando pelo ar. Alexia passou por sua vizinha Agathia, que tinha mais ou menos sua idade, mas nunca lhe dera tanta atenção. Ainda tinha esperanças de construir uma amizade ali, visto que não havia muitas chances de mudar-se novamente, e por não querer morrer solitária em Rodório, sempre cumprimentava a florista com um sorriso.

Logo atravessou os altos muros de rocha que demarcavam a saída de Rodório, chegando à casa de Áries. O cavaleiro que a guardava estava sentado à porta, como que esperando pontualmente o que havia pedido. Ao vê-la, levantou-se com um sorriso simpático e surpreso:

— Olá Alexia. Quanto tempo não faz as entregas! Tem passado bem? – Shion era a gentileza em pessoa. Ao se aproximar notou que ele segurava um cantil com suco de laranja bem gelado, que estendeu à ela – Estava esperando por vocês e preparei um pouco de refresco, o verão está furioso este ano.

— Olá senhor Shion, muito obrigada! – sorriu ela, pegando do cantil e apressando-se em separar as entregas dele - Bem, tenho as roupas que o senhor mandou arrumar e duas camisetas que mamãe fez.

— Era o que eu precisava! – disse ele, tomando as roupas e tentando ajudar a garota que se atrapalhava com as duas sacolas enormes. Alexia riu de si mesma, conseguindo por fim se ajeitar.

— Certo! Vou indo, ainda tem muitas escadas para subir. Até mais, senhor Shion, e muito obrigada pelo suco! – exclamou, recebendo um sorriso cordial de volta.

Deixou algumas peças com a aprendiz de Touro e subiu as escadas até a casa de Câncer, onde parou para ver o que Manigold pediria dessa vez. Os dois mantinham uma relação de alfinetadas e piadas, e Alexia sabia que se ele morasse na vila e não no Santuário, com certeza seriam muito amigos.

— Olá bela costureira, quanto tempo não a via! – exclamou ao vê-la, com seu habitual sorriso zombeteiro.

— Como tens passado, nobre cavaleiro de ouro? – perguntou ela, munida do mesmo humor que ele, que caiu na gargalhada.

— Mais entediado que os rostos defuntos que me cercam. – reclamou, e Alexia se arrepiara. Sempre tentava ignorar a existência das cabeças penduradas pela casa de Câncer.

— Aqui estão as roupas que mandou arrumar e as que pediu para fazer. O que vai querer agora? - falou entregando-lhe as peças e sentando-se no chão para descansar rapidamente as pernas.

— Ah, sabe como é, um cavaleiro importante como eu acaba estragando roupas demais pra ajudar o santuário, a Terra e...

— Manigold, não enche linguiça, você é o mais preguiçoso daqui se duvidar. Me dê logo o que tenho que levar. – riu fazendo-o parar seu discurso.

— Uh, vamos com calma, senhorita! Toma aqui, é isto. – terminou, entregando-lhe uma lista com mais cinco pedidos. Manigold era mais vaidoso que o necessário, pois gostava muito de sair nos dias de folga.

— O que pretende fazer este mês, hein? – Manigold sorriu malicioso, deixando implícitas suas intenções.

— Você sabe, não gosto de calmaria.

Alexia tomou do suco que ganhara de Shion enquanto comia um sanduíche. Caminhar sempre a deixava faminta, e durante sua pausa, escutava as histórias mirabolantes de Manigold – dessa vez era sobre uma pirata ruiva que conhecera na Taverna de Rodório. Dizia que ela era a mulher mais bonita e sensual que havia conhecido, e que cau piamente em seus encantos, o que Alexia duvidava. Por fim, despediu-se do cavaleiro e seguiu para terminar a jornada de trabalho.

Já do lado de fora da Casa de Câncer, olhou para o fundo da sacola, que havia apenas uma toga e uma calça de malha. Havia um papelzinho com a letra de seu pai, escrito “Peixes”. Estranhou, pois nunca havia entregado nada na casa de Peixes, visto que o cavaleiro também nunca pedira. Ele era como um mito, todos falavam sobre ele, mas Alexia nunca o havia visto de fato, e muitos eram os boatos que o cercavam. Como a curiosidade foi atiçada, resolveu não questionar a ordem do pai, já que também finalmente poderia checar com seus próprios olhos tal figura, e empolgada subiu as escadas até a última casa.

Assim que entrou pôde sentir um aroma de rosas no ar. Mas era um cheiro forte e quase sombrio, que a deixara receosa. Poderia ser verdade o que falavam sobre ele ser mau? Forçou-se a ignorar tal ideia, afinal eram apenas boatos de velhas desocupadas de Rodório, e continuou procurando pelo guardião da casa. O encontrou caminhando distraído por um corredor, parecia ir para os fundos. Ele era alto e tinha longos cabelos azuis claro, maiores que o dela até. Sentindo-se subitamente nervosa, respirou fundo e o chamou.

— Olá, você é Albafica de peixes? - perguntou, tocando seu ombro. Alexia sentiu um frio na barriga ao ver o homem sobressaltar-se, e tão rápido quanto ela pôde acompanhar, correr para longe dela, escondendo-se num canto escuro da casa.

— Não se aproxime de mim! – gritou.

— Mas... quem é você? Cadê você? – perguntou ela, virando-se na direção da voz, completamente desnorteada e assustada. Tentava o mais rápido recuperar sua segurança.

— Albafica de Peixes. Posso saber por que está aqui?

— Ora, você não fez um pedido pra senhora Marina, em Rodório? Estou aqui pra lhe entregar! – exclamou, irritada por sentir-se tão perdida.

— Mas não chegue perto de mim. Pode deixar as roupas ai. – afirmou. Alexia não entendeu exatamente onde era para deixar as roupas, já que não tinha sequer uma mesinha no corredor em que estavam.

— Aqui aonde? No chão?

— Sim.

Ela agachou-se lentamente, como se qualquer movimento brusco pudesse assustá-lo, e deixou as roupas onde havia sido dito.

— Pode me dizer por que não gosta de ter as pessoas perto de você?

— Não importa. Já fez o seu trabalho, muito obrigado. Pode ir.

— C-como você é rude. – disse, desconcertada. Nenhum dos cavaleiros jamais a tratara com tanta indelicadeza, nem mesmo o sistemático El Sid de Capricórnio. No entanto, isso a tornava mais obstinada a fazê-lo sair das sombras.

— Pode ao menos me dizer porque não posso me aproximar?

— Sou perigoso. Isso te basta?

— Não. – respondeu, toda sua segurança voltando a seu corpo, numa injeção de adrenalina. Sentia-se atraída para ele, e andou na direção de sua voz, mal sentindo as próprias pernas. Seu maior defeito sempre fora a curiosidade, e queria saber por que aquele homem corria tão desesperadamente, nunca antes se interessou tanto pelo mistério que o envolvia como neste momento.

— Você é muito teimosa. – murmurou, a voz mais baixa - Por favor, não se aproxime mais. Está duvidando demais das minhas palavras. – sua voz agora parecia uma súplica. Ela até queria parar, mas não conseguiria.

— Então apareça! - exclamou – Sou eu quem deveria temê-lo, ou você quem me teme?

O silêncio pairou por alguns longos segundos. Alexia não saberia dizer o quê exatamente estava acontecendo com ela mesma, mas sabia que gostava de desafios, gostava de mistérios, e com certeza estava diante do maior enigma de sua jovem vida. Neste momento, tudo que ouvira sobre ele durante todos os anos em Rodório brincava em seus pensamentos, e ela queria saber o que era verdade. Era arrogante? Tão belo que achava-se superior à todo o resto? Ou simplesmente sentia-se incompreendido? Poderia mesmo ser tão nocivo como diziam?

Sem dizer mais nada, ele saíra das sombras. Parou à frente dela, a uma distância segura, e a fitou com olhos cheios de uma indecifrável curiosidade.

— Quem é você? – perguntou, a voz aveludada como a rosa rubra em sua mão.

A morena estava atônita, como quem chega à um objetivo e não sabe o que fazer com o prêmio. Sim, ele era tão belo quanto diziam os boatos. À sua frente, estava altivo, a pele branca sem nenhum defeito, os cabelos lhe caindo como uma cortina, e a armadura delineando cada um de seus trabalhados músculos. Nada disso, no entanto, sequer beirava a profundidade dos olhos azuis que a fitavam. Tomando ciência de sua postura completamente boba, tentou retomar o controle sob seu corpo para respondê-lo:

— Alexia Catellan, de Rodório.

— Alexia Catellan – ele repetiu num sussurro demorado, deliciando-se com cada sílaba - Eu possuo um veneno letal correndo em minhas veias, e por isso posso te machucar agora, mesmo não querendo. Espanta-me ainda não ter desmaiado com o forte perfume das rosas. Diga-me então, quem você acha que deveria temer? – disse ele, vendo-a refletir e hesitar sob suas palavras antes de responder.

— Eu não entendo. Você não parece perigoso, do contrário... – Alexia estava confusa, alguns dos boatos se confirmando com a fala dele, outros caindo por terra, e ela simplesmente não conseguia lidar com tantas informações diante da presença dele.

— Vá embora e esqueça isso tudo.

 Sentindo-se cansada, a morena assentiu, fitando aqueles olhos azuis uma última vez antes de virar-se para tomar seu caminho. Seus pensamentos rodavam, mas ela com certeza não deixaria por isso. Não havia resolvido nem a primeira peça do enigma.


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Notas finais do capítulo

Postarei o próximo cap. em breve, obrigada a quem leu!
Beijos de luz e rosas perfumadas, até logo!

:D



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