“Ele, por fim, guardou aquela camisa cinza com a sigla do departamento de polícia, obviamente, depois de sentir o cheiro dela impregnado no tecido pela milésima vez. Rick lembrou exatamente as vezes que ela usara aquela camisa na frente dele, os treinos na academia do distrito, quando eles ficaram presos dentro do carro dela no fundo do rio Hudson ao trabalharem para descobrir o significado de Pandora e Linchpin, e diversas outras vezes.

Mais cedo, ela havia dito: Eu gostaria de passar no loft para pegar o resto das minhas coisas. Ela deixara a camisa. Poderia ser um sinal de que ela voltaria, ou talvez uma desculpa para vê-lo mais uma vez.

Ainda de pé defronte à cama de casal, com apenas seu lado bagunçado, Rick pensou em algo que era, de fato, seu direito.

***

Kate se assustou ao ouvir as batidas na porta, ninguém sabia onde ela estava morando, e aquilo fez com que ela levasse sua arma junto ao corpo. Antes de abrir a porta, checou se a janela que dava para a escada de incêndio estava aberta, respirou fundo ao ter sua confirmação e, por fim, abriu a porta.

– Uou! Você poderia abaixar a arma? – Seu gritinho fez com que Kate duvidasse, por um segundo, da masculinidade do marido.

– Castle, o que está fazendo aqui? – A surpresa fora grande, mas não o suficiente para impedir sua risada.

– Eu vim... Eu... – As palavras que ele havia treinado antes de bater na porta sumiram de sua mente. Sempre que a via isso acontecia.

– Facilitando: Como conseguiu esse endereço? Ninguém sabia sobre esse apartamento. – Ela o encarou antes de deixa-lo entrar para fechar a porta, não sem antes conferir o lado de fora.

– Eu tenho novos recursos querida.

– Recursos esses que têm nome e sobrenome: Alexis Castle e Hayley Shipton.

– Touché! – A capitã revirou os olhos de uma maneira divertida e isso o fez rir. – Eu sinto sua falta. – Rick foi direto, fazendo-a engolir a saliva com um pouco mais de dificuldade que o normal.

– É complicado... – Agora, as palavras haviam sumido da mente da mulher.

Castle suspirou, a esposa dele sentou-se no pequeno sofá e voltou a comer a saborosa comida chinesa.

– Sabe você me perguntou o porquê de eu estar aqui. Bem, eu vou responder. – Kate deixou a caixinha branca com símbolos estranhos de lado e voltou sua total atenção para o homem.

– Estou escutando.

– Eu não me contento apenas com suas fotos pelo apartamento, ou com as nossas antigas mensagens maliciosas ou com a Lucy... – Nesse momento a capitã franziu o cenho, deixando em evidência seus medos. – Ela é uma pirâmide de metal com um avançado programa de computador embutido, enfim, eu não quero me contentar com seu cheiro em uma camisa.

Ela permaneceu calada, mas ele continuou.

– Eu quero seu cheiro impregnado em mim e nos lençóis da cama depois de fazermos amor repetidas vezes todas as noites, como sempre foi. Eu sinto falta do seu corpo colado no meu, suado e trêmulo. Eu quero a minha esposa de volta, quero a mulher que eu amo de volta.

Por alguns segundos, Kate tentou processar as palavras dele, sendo interrompida pelo beijo que ele lhe dera de repente.

A falta que ela sentia dos lábios dele, de fazer amor com ele em lugares loucos no loft ou em qualquer lugar que desse quando seus corpos imploravam um pelo outro, não podiam ser medidos por uma escala incomum e muito menos por uma comum.

Ainda lutando para mantê-los juntos naquele momento, Castle segurou a cintura dela e tirou a camisa dele que ela havia levado consigo.

– Achei a camisa que eu estava procurando. – Os dois sorriram entre um pequeno beijo e outro.

Ela suspirou e se afastou o suficiente para olha-lo nos olhos.

– Eu sinto tanto a sua falta, você não tem ideia do quanto.

– Acredite, eu sei. – Rick a puxou junto a si, mais uma vez.

Ela sussurrou algo incompreensível, fazendo-o parar de acaricia-la.

– Não pare, continue. Eu apenas pedi para que você fizesse amor comigo. Só isso. Eu quero você, Rick. – A combinação da última frase com o som da voz manhosa dela fez as lembranças da primeira noite deles surgirem em um turbilhão na mente do escritor, e ele soube que ela tinha feito de propósito quando ela repetiu a frase.

***

– Como eu disse, prefiro seu corpo suado e colado ao meu. – Ele sussurrou quando, por fim, ela descansou a cabeça em seu peito.

Kate riu, mas parou quando sentiu o corpo dele ficar tenso embaixo do seu.

– Beckett, quando você sumiu eu soube que você estava ferida. Muito ferida. – A mulher suspirou pesadamente e sentou-se na cama, deixando que o lençol não mais cobrisse seu corpo.

– A cicatriz da cirurgia abriu quando eu levei um tiro. – Kate repousou a mão sobre a ferida quase cicatrizada. – Eu tive tanto medo de não ver mais você. – O sussurro foi quase inexistente.

Castle levantou e voltou a abraça-la.

– Eu estou com você. Conte comigo, não me deixe no escuro. Por favor.

– Não posso envolver você nisso. Eu peço, não insista. – As lágrimas caiam por seu rosto.

Mesmo depois daquele momento ela ainda precisava mantê-lo afastado.

– Tudo bem, mas não vá muito longe. Eu não quero te perder, Kate. Não quero que deixe aqueles muros envolverem seu coração de novo.

– Não, não. Você os derrubou, Cas, para sempre. Eu só peço um pouco mais de tempo.

A contra gosto, ele sorriu.

– Eu te amo, Kate.

– Eu te amo. Eu sempre... – Ele a interrompeu com um dedo em seus lábios.

– Não, por favor. Diga apenas que me ama, não precisa dizer essas últimas três palavras. O contexto em as escutei, pela primeira vez, não foi o melhor. – A face dela ficou rosada, ele nunca deixaria de ser um escritor. – Eu te amo Sra. Castle.

– Eu te amo, Castle.

Mais nenhuma palavra fora pronunciada entre eles.

Uma camisa naquele apartamento, uma camiseta no loft. Por enquanto era o suficiente, afinal era uma maneira de terem um pouco um do outro para si.”