–Vem Lena, sobe logo, ou você vai perder o espetáculo.

–Calma John! Falei quase sem fôlego- Essa subida é muito íngreme, não dá para ser mais rápido que isso.

–Ah não dá né? Falou tentando ser sarcástico.

–Foi o que acabei de disser. Falei parando e cruzando os braços.

–Então acho que vou ter que ajudar minha pequena. Andou em minha direção e antes mesmo que eu percebesse o que ele ia fazer, me pegou, colocou-me em seu ombro e recomeçou a subir.

–Me coloca no chão agora! Comecei a gritar e a me debater, mas ele só fazia dar risada, e ria cada vez mais alto- Sério, estou começando a me sentir mal de tanto ficar de cabeça para baixo.

–Não por muito tempo, já estamos quase lá.

–Jonnyyy, se você não me colocar ... mas ele parou e deixou antes que eu terminasse de falar.

–Pronto, agora que já acabou toda essa gritaria, vê se agora aproveita um pouco a paisagem.

Fiz uma cara fechada para John, mas assim que comecei a observar atentamente o local em que estava, não consegui manter aquela expressão por muito tempo.

–Mas... mas... isso aqui é o paraíso. Eu nunca tinha visto algo assim, aquele definitivamente era o mais belo pôr do sol que poderia existir.

John veio lentamente me abraçando por trás e beijou levemente meu pescoço.

–Faço tudo para agradar o meu amor. E beijou novamente meu pescoço.

Acordei com os olhos cheios d’agua, porque tinha de lembrar desse desgraçado ainda? Já fazia tanto tempo que fui embora daquela maldita cidade. Está tudo no passado, mas porque tenho que ficar sonhando com essas coisas que vão me fazer sofrer? Rever essas lembranças de falsa felicidade?

Levantei e fui até a cozinha preparar um chá de camomila. Era tudo que precisava naquele momento, um bom, morno e doce chá para me tranquiliza. Logo estaria dormindo, teria que estar. Coloquei a água no fogo e quando fui pegar a camomila, me deparei com os imãs da geladeira e sorri lembrando do Steve. Era estranha a sensação que aquilo estava me causando, mas era boa. Desliguei o fogo e coloquei a camomila e o açúcar. Deixei minha mente flutuar por aí enquanto sentia o cheiro bom do chá que começava a se espalhar pelo local. Fiquei nesse estado por um tempo e depois peguei minha bebida para saborear no quarto. Bebi em 5 goles, coloquei a xícara no criado mudo e voltei a tentar dormir.

Dessa vez seria um bom sonho. Steve estava sentado no tapete de emborrachado na sala, enquanto Sarah caminhava quase perfeitamente em sua direção. Ele olhou para min e falou mexendo os lábios sem emitir som.

– Acho que você tem razão, ela gostou mesmo de min. Sorriu para Sá e pegando-a entre seus braços e levantou-a um pouco acima de sua cabeça, aproximando-a quando beija rapidamente suas bochechas, alternando os lados do rosto.

Sarah ria tanto que já começava a ficar com o rostinho um pouco vermelho. Steve parou e deixou ela sentada no tapetinho, deixando perto dela o ursinho do gatinho.

– Voltou logo minha princesinha. Saiu do meu “cercadinho” improvisado e foi em minha direção- Sabe Helena, acho que tem alguém aqui me devendo um almoço.

–E quem seria? Pergunto me fazendo de desentendida.

–Você mesma. Pegando na ponta do meu nariz e apertando de leve com o polegar e o indicador.

– Tudo bem. Falo fazendo sinal de rendição com as mãos - É só falar o local e a data.

Mas antes dele responder, acordo com os primeiros raios solares no rosto e me levanto de uma vez só antes que coragem se perda e eu volte a dormir.